No decorrer de nossa evolução material e espiritual, iremos observar no início da vida, em nossa fase de infância, a prevalência dos interesses materiais sobre o espirituais. É importante que o sistema educacional, tanto dentro de casa quanto na escola, vá dilapidando o psiquismo do jovem desde cedo.
Observamos que sempre acontecerá tipo um conflito comportamental, entre os interesses da matéria, ego, biologia, e os interesses do espírito. A pessoa ainda imatura comportalmente ainda vai apresentar insegurança, medo das críticas e dissabores, com insucesso nos empreendimentos e na falta de estímulos para empreender.
O ciúme, a insegurança e a desconfiança, agem como um ácido corrosivo nos relacionamentos, fazendo mal tanto para quem sente, quanto para quem é “alvo” desses sentimentos.
Esse conflito comportamental pode gerar um bloqueio psíquico, que é identificado pelo medo das opiniões alheias e pelo recuo frente as opções enriquecedoras. Dessa forma sofremos uma série de perdas, como o crescimento interior, realizações e felicidade; por outro lado, ficamos sob tormento, confusão e cheios de dúvidas. O comportamento de uma pessoa fica hostil com as pessoas que são dependentes dela, fica crítico demais das ações dos outros, agrada na presença e na ausência é um crítico mordaz, sempre insatisfeito, com os sentimentos geralmente ocultos.
Esse bloqueio comportamental é uma jusante dos sete principais centros de força (chakras), cada um com uma especificidade: 1 – Coronário/Apego à matéria; 2 – Frontal/Ilusão; 3 – Laríngeo/Mentira; 4 – Cardíaco/Pesar; 5 – Solar/Vergonha; 6 – Sexual/Culpa; e 7 – Básico/Medo. No campo periférico, material, os passes feitos com as mãos sobre o corpo da pessoa, contribui para o desbloqueio, mas é necessário uma tomada de consciência para o tratamento se tornar adequado.
Os sentimentos podem adquirir uma percepção de que eles são adversários da nossa vida, quando eles vão de encontro aos desejos do Ego. Surge o impulso para escondê-los, e que assim seja escondida a nossa própria personalidade. A pessoa geralmente opina sobre o que não conhece, como forma de compensação, de ser o que não é, e evita assumir o que é.
Lembremos que, emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna, e com o tempo a repressão dos sentimentos pode facilitar a degeneração de controle biológico e o surgimento do câncer.
O Estar e o Ser parecem sinônimos em línguas como a inglesa (verbo To Be = Ser ou Estar), mas possuem grande diferença em nossa língua. O Estar corresponde a experiências físicas, e o Ser corresponde a experiências espirituais. É importante adquirirmos essa compreensão para manter um equilíbrio: o que se está, deixa-se, vai passar; o que se é, permanece, é nosso. Quando em desequilíbrio, queremos ser o que estamos.
Importante essa distinção, pois assim podemos estar no mundo, mas não ser do mundo.
É interessante verificar que pode haver uma transformação do Ser no Estar e vice-versa. Nascer enfermo ou sadio é condição do ser. Mas, com uma boa programação mental eu posso transformar uma depressão ou alguma tara mental em boa saúde mental, transformei assim a condição de ser doente, em estar doente, agora sou sadio. Da mesma forma pode acontecer com uma programação mental ruim; nasci sadio, era sadio, mas transformei minha condição para doente. O sadio passou a Estar e o doente agora passou a Ser.
O Autodescobrimento é um objetivo que todos devem empreender no caminho evolutivo. Tornar os sentimentos positivos, direcionar as emoções para fazer as devidas compensações psíquicas, que tragam alívio dentro dos conflitos, fazer autocrítica sincera, exercícios mentais, conversa edificante e se portar com naturalidade frente às censuras pertinentes.
A nossa instrutora, Joana de Ângelis, tem duas frases interessantes a esse respeito: “O autodescobrimento se torna uma necessidade prioritária na programática existencial da criatura”; e “O homem possui admiráveis recursos interiores não explorados, que lhe dormem em potencial, aguardando o desenvolvimento.”
Devemos admitir em consciência crítica que todas as pessoas estão sob exame de outras, principalmente quando se conquista uma posição de destaque é que nos tornamos alvos. Devemos manter sempre os sentimentos positivos, o desejo de ajudar ou de nos submeter às provas que a vida nos traz quanto a coerência de nossas intenções. Devemos, por outro lado, evitar os sentimentos negativos de inveja, despeito, preguiça mental e espírito derrotista.
Os padrões de preferência que nossa mente deve seguir na aceitação de que há uma variação infinita de respostas comportamentais por todos que fazem parte do nosso entorno, por mais parecidos que sejamos uns com os outros. Jamais poderemos agradar a todos, nem mesmo a pessoa mais perfeita que encarnou entre nós, Jesus de Nazaré. Da mesma forma como somos vistos, também estamos vendo ao redor. Isso exemplifica um painel de comportamento geral, onde cada pessoa corresponde a um botão que emite um sinal e que se tocado exibe um comportamento, nunca semelhante a qualquer outro. Para isso existem diferenças na óptica emocional quanto a interesses, comportamentos, aptidões, sentimentos nobres ou inferiores.
A ação saudável deve ser uma prática transformada em hábito, um permanente esforço para ser melhor a cada dia, promover a conquista de novos patamares, atingir maiores níveis de autoiluminação para não temer obstáculos, não recear os outros, não temer o desconhecido, melhorar o grupo social, o mundo onde nos encontramos, mas que não nos pertence; e que esse mundo não nos detém, nem nele paramos, que estamos indo rumo ao infinito. Não nos ofendemos, ninguém pode nos magoar, não nos limitamos, ou criamos obstáculos no caminho para outros, não desanimamos, nem perturbamos aos demais, e estamos sempre vigilantes com nossos defeitos e ativos nas ações.
Esses passos para a autoiluminação podem ser difíceis, mas não impossíveis.
É preciso estarmos aptos a fazer a transferência do Estar para o Ser. Quando se Estar mal, por exemplo, é relativamente fácil atingir o bem-estar; mas quando se É mal, é muito difícil se tornar bom. Isso implica numa transformação profunda onde permanecemos úteis e produtivos, evitando o negativismo de que a sociedade e o mundo são maus.
Por fim, lembrar essas duas frases de Gandhi: “Nos momentos de dificuldade de minha vida, lembrei-me que na história da humanidade o amor e a verdade sempre venceram”; e “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele seja sujo por completo.”
Vou colocar aqui como li na internet um texto atribuído ao espírito André Luiz que fala sobre nossa condição humana e o papel que devemos ter neste cosmo... vale a pena, para refletir.
Quando uma porta se fecha, outra se abre; quando um caminho termina, outro começa... nada é estático no Universo, tudo se move sem parar e tudo se transforma sempre para melhor.
Habitue-se a pensar desta forma: tudo que chega é bom, tudo que parte também.
É a dança da vida... dance-a da forma como ela se apresentar, sem apego ou resistência.
Não se apavore com as doenças... elas são despertadores, tem a missão de nos acordar. De outra forma permaneceríamos distraídos com as seduções do mundo material, esquecidos do que viemos fazer neste planeta.
O Universo nos mandou aqui para coisas mais importantes do que comer, dormir, pagar contas...
Viemos para realizar o Divino em nós. Toda inércia é um desserviço à obra divina.
Há um mundo a ser transformado, seu papel é contribuir para deixa-lo melhor do que você o encontrou. Recursos para isso você tem, só falta a vontade de servir a Deus servindo aos homens.
Não diga que as pessoas são difíceis e que convivência entre seres humanos é impossível.
Todos estão se esforçando para cumprir bem a missão que lhes foi confiada.
Se você já anda mais firme, tenha paciência com seus companheiros de jornada.
Embora os caminhos sejam diferentes, estamos todos seguindo na mesma direção, em busca da mesma luz.
E sempre que a impaciência ameaçar a sua boa vontade com o caminhar de um semelhante, faça o exercício da compaixão.
Ele vai ajudá-lo a perceber que na verdade ninguém está atrapalhando o seu caminho nem querendo lhe fazer nenhum mal, está apenas tentando ser feliz, assim como você.
Quando nos colocamos no lugar do outro, algo muito mágico acontece dentro de nós: o coração se abre, a generosidade se instala dentro dele e nasce a partir daí uma enorme compreensão acerca do propósito maior da existência, que é a prática do AMOR. Quando olhamos uma pessoa com os olhos do coração, percebemos o parentesco de nossas almas.
Somos uma só energia, juntos formamos um imenso tecido de luz...
Não existem as distâncias físicas.
A física quântica já provou que é tudo uma ilusão. Estamos interligados por fios invisíveis que nos conectam ao Criador da vida.
A minha tristeza contamina o bem-estar do meu vizinho, assim como a minha alegria entusiasma alguém do outro lado do mundo.
É impossível ferir alguém sem ser ferido também, lembre-se disso.
O exercício diário da compaixão faz de nós seres humanos de primeira classe.
Interessante reforço para a nossa compreensão de que nosso futuro é a integração cósmica, cumprir o velho adágio: “somos todos um”. Também está coerente com as lições de Jesus quanto a formação da família universal, onde o parentesco biológico seria apenas um detalhe, e o mais importante seria a fraternidade universal, cujo entendimento seria a conexão de todos com todos, independentemente do setor do universo onde se encontra cada pessoa.
É importante sabermos disso, cristalizar essas informações em nossa cabeça e procurar praticá-las a cada momento. Sei que isso é difícil, pois nossa atenção sempre é desviada para algo de natureza material e podemos passar até um dia sem voltar a ter essa compreensão no domínio da mente.
Encontrei uma passagem da vida de Jesus, quando Ele tinha 12 anos, no livro de Huberto Rohden, “Jesus Nazareno”, que muito me chamou a atenção. Ele tinha ido com José e Maria à Jerusalém, pela primeira vez, as festas da Páscoa. Na volta José e Maria sentiram a falta de Jesus e retornaram a Jerusalém para procura-lo. Foram encontra-lo no Templo discutindo com os doutores da lei. O texto diz o seguinte:
Jesus vê seus pais, mas não se perturba nem se lança aos braços de sua aflita mãe. Levanta-se tranquilamente e, muito calmo e sério, os espera.
- Filho!, exclama a mãe com dolorosa ternura, - por que nos fizeste isto? Eis que teu pai e eu te vínhamos procurando cheios de aflição!
Jesus percebe essa censura; mas dos lábios não lhe passa uma palavrinha de desculpa nem um pedido de perdão; nenhuma nuvem de tristeza lhe tolda a fronte, nem uma lágrima de comoção lhe cai dos olhos, nem um sorriso de alegre satisfação lhe contrai os lábios...
E dos lábios lhe brotam:
- Por que me procuráveis? Não sabíeis que tenho que ocupar-me das coisas do meu Pai?...
- Teu pai, diz Maria, referindo-se a José; mas Jesus responde “com meu Pai”, referindo-se a Deus.
Aliás, através de todos os Evangelhos, Jesus nunca usou as palavras pai ou mãe referentes a seres humanos; para Ele, pai é só Deus; Maria é “mulher” ou “senhora”, mas nunca a chama mãe. Jesus se considera um ser estranho e alheio na Terra e na humanidade, um peregrino do infinito, mais solitário que solidário.
Foi essa percepção do autor quanto a condição de Jesus que me chamou atenção. Como um ser tão bondoso quanto Jesus, que tanto bem fez a tantos, rodeado de tantas pessoas, pode ser considerar mais solitário que solidário?
Mas, refletindo com mais profundidade vejo que isso á possível sim. Afinal eu também me sinto assim, apesar de rodeado por tantas pessoas me sinto solitário na minha forma de pensar, todos agem diferente daquilo que imagino ser o correto, na aplicação do Amor Incondicional.
Jesus valoriza ao extremo a Sua condição de filho de Deus e mesmo antes de entrar no exercício de sua missão já dar demonstração do seu grau de conhecimento das leis de Deus, muitas vezes equivocadas pelo raciocínio humano. Por isso quando a mãe o procura e o acha no Templo, Ele não tem a consciência de ter feito uma coisa errada. Por isso tratou a mãe com naturalidade e com muita seriedade e paciência, e disse da sua missão.
Não tenho a importância que teve Jesus ao vir a este mundo para nos ensinar. Considero-me um dos alunos de suas lições e aprendi com Ele que o Pai tem uma missão para cada um de nós, e, por mais simples que pareça, tem a sua importância. A minha missão é praticar e ensinar sobre o Amor Incondicional, da forma que a sabedoria de Deus permitiu que eu alcançasse pela inteligência. Posso até estar errado, mas não posso ficar paralisado por nenhuma dúvida. Caso eu esteja errado em algum aspecto, tenho o atenuante que tudo que faço tem o amor como baliza e a bussola comportamental que Jesus nos deixou como orientação nos caminhos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.”
Um comportamento incluído dentro das opções do bem é a tolerância. Em contraponto, a intolerância estaria colocada dentro das opções do mal. Parece uma coisa bem maniqueísta, dentro do conflito cósmico entre o reino da luz (o Bem) e o das sombras (o Mal).
Hoje foi um dia de festa para os aniversariantes do mês, e conseguimos reunir cinco dos aniversariantes, dentro do nosso círculo familiar e de amizades, no Flat da Redinha. Tudo corria com alegria e harmonia, mas ao final surgiu um conflito quanto a participação de alguns no jogo de baralho enquanto outra pessoa, uma das aniversariantes, ficou incomodada, pois queria continuar cantando com companhia que ela desejasse no videokê. Disse que se sentia desprestigiada e que iria voltar de imediato à sua casa. Surgiu assim a intolerância. Mesmo que ela tivesse razões para esse desabafo feito com tanta raiva, quais seriam esses motivos? Irei fazer uma avaliação do meu ponto de vista, claro, que pode estar enviesado com os meus interesses.
Esta festa de aniversário teve como motivo principal, nesta data, aniversário da minha filha. Combinei com ela a possibilidade e como a “incomodada” também aniversariava neste mês e num dia muito próximo, fizemos o convite a ela. Logo ela sugeriu que fizéssemos o aniversário de todas as pessoas que completavam ano neste mês, o que foi aceito sem resistências. As compras que ela deveria ter feito para esta festa, foi feita por outras pessoas. A confecção do bolo e dos doces foram feitos por minha irmã, em colaboração com outras pessoas, inclusive a arrumação do local e a assistência dos convidados. Preocupei-me em levar dois presentes para ambas as aniversariantes e também duas plantas, “Flor do Deserto”, para embelezar o Flat. Preocupei-me com a organização do pequeno espaço para receber tanta gente e também participei da animação. A “incomodada” foi uma das últimas pessoas a chegar e encontrou já tudo funcionando devidamente. Até alguns itens que telefonamos para ela trazer, terminamos por cancelar, por encontrar voluntários dentro da festa que se dispôs a ir até a mercearia próxima. Brincamos, comemos, bebemos, cantamos parabéns, fizemos fotos coletivas e servimos o bolo com doces e refrigerantes para todos.
Feito tudo isso algumas pessoas partiram, alguns ficaram cantando no videokê, outras conversando em grupinhos, e me vi sentado ao lado da minha irmã que estava tomando conta da neta enquanto seu filho cantava no videokê. Como eu não estava mais disposto a cantar convidei minha irmã para jogarmos baralho, pois sei que ela gosta, junto com outras pessoas presentes que também gostam. Imaginei que cada grupo ficaria fazendo aquilo que lhe interessasse, sem nenhuma pretensão de obrigar ninguém a fazer nada que fosse contra sua vontade. Afinal todos tinham o livre arbítrio para decidir o melhor para si. A fase máxima do aniversário já havia passado, portanto imaginava que todos ficassem liberados para fazer o que desejassem a partir daquele momento, como até se retirarem, como aconteceu. Porém a “incomodada” imaginava que devia ficar com pessoas ao lado cantando no videokê, que era o seu interesse. Acontece que a pessoa que mais lhe interessava preferia jogar. Foi o suficiente para ela descarregar toda a raiva sobre minha irmã imaginando que ela teria iniciado o fatídico jogo de baralho, mesmo ela tendo dito que a sugestão havia partido de mim e que eu confirmava. Todos os presentes constataram a forte onda de raiva que tomou conta dela e que descarregava em todos os “Viciados em jogo de baralho” que se encontravam jogando na mesa. Acusou, e com muita razão, que ninguém se preocupou em fazer um momento evangélico nesta festa com tanta gente.
Peço perdão a Deus por essa falha, e sei que Ele em sua infinita bondade me perdoará, tolerará as minhas fraquezas, meus esquecimentos de fazer a Sua vontade em tantas ocasiões, como estou determinado. Por isso fiz o bastante para tolerar a onda de raiva que se abateu sobre todos que estavam jogando e sendo acusados de “viciados”. Também percebi que todos os presentes estavam tolerando essa onda de raiva, pois ninguém se determinou a agredi-la como ela estava agredindo, principalmente a minha irmã que havia ficado até as 4h da madrugada providenciando os ingredientes da festa, incomodada com uma gripe, e ainda por cima trabalhando a maior parte da festa enquanto todas se divertiam. Não poderia fazer naquele momento final o que tanto gosta? Sem ser acusada de má acolhedora e de viciada? Acredito que ela tenha tido o maior mérito nessa prova de tolerância a que todos fomos submetidos, pois ela tinha motivos para mostrar a mesquinhez da acusação frente ao tanto que ela trabalhou.
Acredito que a “incomodada” foi quem mais derrapou nesse teste de tolerância, pois por mais que se sentisse desprestigiada como ela acusou, poderia ter tolerado esse sentimento negativo... mas não conseguiu, e acredito que nem tentou.
Antes dela sair dessa forma tão desconcertante, pedi para ela receber o presente que trouxe para ela, um livro do Papa Francisco que fala da importância da Misericórdia. Exigiu que eu colocasse logo a dedicatória e eu de imediato, sem contestações, coloquei, um apelo para o aprendizado da misericórdia, e com certa ironia pedi a ela de viva voz, misericórdia para nós, os “viciados”.
Esta é a minha opinião sobre o ocorrido e deixei para fazer este texto 48h depois do ocorrido para que as emoções não influíssem tanto na razão dos fatos
No curso que estou dando na Cruzada dos Militares Espíritas, as duas últimas aulas versou sobre esses dois temas: amor e sofrimento, um a cada semana.
Tenho uma amiga que se considera apaixonada, e diz que sofre muito com esse amor. Refere que tem encontros com seu amado e que são maravilhosos, mas logo em seguida ele some e não deixa recados, não se comunica. Ela fica desesperada com tanto sofrimento, por querer a sua presença, o seu afeto, e não poder.
Eu, na condição de professor de um tema que afeta tão profundamente a sua alma, tenho que fazer minhas considerações. Foi assim que fiz as argumentações para tentar esclarecer o motivo e a função de tal sofrimento.
O amor puro, incondicional, não é fonte de sofrimento, por si só. Jesus, o grande Mestre do amor, sofreu barbaridade em função deste amor puro que ele ensinava. O sofrimento dele não foi em função do amor que ele possui, foi em função da ignorância de quem estava perto dele e se sentia incomodado com as verdades que iam de encontro aos interesses pessoais.
O amor que traz sofrimentos é aquele que está condicionado a alguma coisa. No caso de minha amiga, o forte amor que ela desenvolveu, que assume tonalidades da paixão, está condicionado a presença do amado ao lado dela. Sim, isso é uma expectativa que todos os amantes desenvolvem, mas aquele que já é treinado na arte do amor incondicional, não se abalará por causa disso. Irá compreender que o seu amado tem uma forma diferente de se comportar, que gosta de ficar sozinho por grande parte do tempo; pode até estar na casa de alguém, nos braços de outra pessoa. Ela irá se regozijar por seu amado está feliz, mesmo se encontrando longe dela, e até nos braços de outra pessoa.
Este é o nível de amor que a minha amiga não tem, e até agora eu não encontrei ninguém que ame dessa forma. Sempre exigem do outro algum tipo de reciprocidade. É tão grande essa postura emocional, pelo menos é a totalidade das pessoas que eu conheço. Chego a ficar preocupado as vezes com a minha sanidade, por eu pensar de forma tão diferente das pessoas. Acontece que a minha coerência, ao estudar sobre o Amor Incondicional, que eu vejo que nada pode impedi-lo de funcionar, que o meu desgosto geralmente é devido ao meu corpo não ser servido pelo corpo do outro, quer seja pelo sexo ou simplesmente pela afeto, pela companhia.
Esta expectativa de reciprocidade é quem gera o sofrimento, quando ela não acontece. O foco do amor deve ser desviado. Ele não deve se concentrar na minha amiga, numa espera de reciprocidade. Deve se concentrar no bem estar do outro, no seu amado, por sentir que ele esteja bem, consigo ou sem ela. Onde ele esteja, com quem esteja, se estiver feliz, isso deverá ser o suficiente para a sua alma também ficar feliz. Mesmo que o seu corpo reclame essa presença, afagos, sexo... o seu espírito deve saber administrar essas emoções e transformar a frustação que vem do ego, dos instintos, para a iluminação que vem da alma, do espírito.
Devemos lembrar que o espírito não tem sexo, portanto suas necessidades não devem ter nenhuma representação nesses desejos, isso é coisa exclusiva do corpo material que é administrado pelo espírito. Não devemos confundir essa hierarquia, senão terminamos por ser conduzidos pelo subalterno e a alma termina absorvendo o sofrimento como se fosse dela. Não é. O sofrimento se origina desse erro básico, e enquanto não corrigirmos isso em nossa mente o sofrimento não vai deixar de existir. Ele sempre será a sinalização de que alguma coisa estar errada conosco, com nosso pensamento, com nosso comportamento.