Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
VIII
Lentamente, o movimento ganha força e homens poderosos começam a notar Hitler. Homens como o capitão Ernst Rohm.
Para os nazistas, Rohm, oficial ativo no exército alemão, pode ser um trunfo. Ele tem acesso a soldados e armas.
Rohm era um soldado altamente condecorado da Primeira Guerra Mundial, ganhou muitas medalhas por bravura. Ele adorava guerra. Adorava o exército, combate e conflito. Acreditava que só se conseguia algo por meio de violência. Mas sob o Tratado de Versalhes, o querido exército de Rohm encolheu a apenas 100 mil homens, e os Aliados estão confiscando e destruindo seus equipamentos.
O Exército escolhe Rohm para secretamente estabelecer grupos paramilitares não oficiais e estocar armas.
Rohm construía uma base de poder fantástica. Era um contrabandista de armas, e isso lhe rendeu o apelido “Rei da Metralhadora”. E Rohm usa medo e violência para fazer as coisas. É um homem desagradável, um valentão, um arruaceiro, e é viciado em poder e autoridade.
Rohm é inevitavelmente atraído pela mensagem nazista e pelo carismático novo porta-voz, mas sua relação com Hitler não é nenhum caso de amor. Para ele, Hitler é apenas um meio para um fim. Ele é um oficial, um capitão, ele se vê acima de Hitler, que deveria vender sua ideia.
No início o Partido Nazista não considerava Hitler um líder, era mais um mensageiro. Era um homem que poderia atrair apoio. Então, para Rohm, uma figura muito poderosa, isso era perfeito.
Rohm se junta ao movimento, bancando Hitler financeiramente e apresentando-o a militares patriotas de alta patente. O partido está crescendo, mas para fazer a diferença precisam fazer mais do que discursar em cervejarias.
Em dezembro de 1920, Eckart e Rohm veem a chance de espalhar a mensagem nazista pelas ruas. Eles levantam fundos para comprar o jornal falido da Sociedade Thule. É uma incursão precoce em propaganda de massa, uma ferramenta que os nazistas aprenderão a usar muito bem.
O Partido da Verdade, o Volkischer Beobachter é um exemplo clássico de como os nazistas usam a mídia para espalhar sua mensagem. No jornal, havia manchetes enormes com conteúdos impressionantes e imagens poderosas. Qualquer editor de jornal atual veria isso como ferramenta poderosa.
Nesta altura, Hitler é oficialmente apenas o porta-voz do partido, mas Eckart, como editor-chefe do jornal, não perde tempo em vender sua visão de Hitler como o messias da Alemanha.
Hitler não se considera um messias, no máximo era João Batista, e, em algum momento, o messias apareceria.
Eckart se refere a Hitler como “der Kommenden Grossen”. “A Chegada do Grandioso”. Atribuindo a ele os poderes místicos de um cacique teutão ariano e mítico, isso captura a imaginação dos leitores e alimenta o ego de Hitler.
Ele começa a perceber, encorajado por Eckart, que pode ser a pessoa que salvará a Alemanha. Hitler começou a se enxergar como alguém que praticamente tinha poderes divinos. E Eckart não é o único nazista que vê Hitler dessa forma. O agora devotado Rudolf Hess passa a vender a visão de Hitler.
Hess é um dos sujeitos no movimento que poderia ser definido como adulador. Ele tem necessidade de admirar, respeitar, idolatrar. Parece que Hitler era indiferente, frio, mas isso não afastou Hess. Só o tornou mais atraente, o mistério. Hess está praticamente apaixonado por Hitler. Hipnotizado por ele. Como um cachorrinho, todo afetuoso. Ele vê que sempre viverá à sombra desse homem, e ele quer isso.
Logo após o artigo de Eckart, Hess começa a chamar Hitler de líder, o fuhrer. O fuhrer de Hess está prestes a ser transformado.
Mesmo sem estar devidamente lapidado, a aura maléfica, furiosa, revanchista de Hitler, começa a atrair pessoas com idêntica sintonia. Hess e Rohm foram os primeiros. Mesmo não tendo consciência da dimensão psíquica que Hitler viria a obter, como Rohm, por exemplo, a essência do mal estava presente e precisava se beneficiar de tais fluidos.
Não observamos nenhuma influência do bem nesse grupo que começa a se formar. Certamente as pessoas mais sintonizadas com o bem sentiam a rejeição natural advinda de tal aura que era formada.
Tenho um exemplo pessoal. Na época que o PT estava sendo formado no meu estado, eu, como aluno universitário, fui chamado para participar. Na primeira reunião, quando eu ouvia os argumentos autoritários, prepotentes, vaidosos, intolerantes, fui de imediato repelido por minha consciência. Como queria ter uma vida política, na defesa da dignidade humana, que foi o meu lema político sempre que me candidatava, escolhi o PDT (Partido Democrático Trabalhista), liderado por Leonel Brizola para me filiar. Era um partido mais tolerante com aqueles que cometiam algum erro politico de alguma natureza e estavam dispostos a se corrigirem.
Mesmo que depois em tenha descoberto que também o PDT tinha suas mazelas, a partir do líder máximo, e que isso tenha causado minha decepção e desfiliação, com a intensão de não mais me filiar.
Hoje sinto que minha filiação política estar associada as lições do Mestre Jesus e que minha militância se resume a fazer a vontade do Pai de acordo com a sua lei colocada em minha consciência.
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VII
Por enquanto, esse homem está longe de estar pronto. Embora Eckart acredite que Hitler seja o salvador profetizado, ele reconhece que esse jovem agitador é uma pedra bruta que precisa ser lapidada.
Eckart acabou virando o mentor de Hitler. Eckart veste Hitler para que ele pareça respeitável. Ele lhe arruma uma gravata, uma camisa, um terno e um belo casaco. E desfila com ele entre vários apoiadores ricos, dizendo: “Este é o homem que um dia libertará a Alemanha e nos liderará.”
Mas Eckart descobre que a pedra bruta é difícil de ser lapidada. Podia coloca-lo de terno e gravata, e pentear seu cabelo, mas quando estava em coquetéis sofisticados, ele começava a soltar diatribes imprudentes contra os judeus, que chocavam as matronas. E ele enfiava muita comida na boca, pois estava faminto, era pobre, mas não tinha modos.
Mas, aos poucos, Eckart refina a etiqueta de Hitler, e esses dois homens, embora com mais de 20anos de diferença, se tornam próximos. A relação é fascinante, pupilo e professor. Pai e filho. Há um sentimento fraternal entre eles.
Com Hitler como protagonista da propaganda do partido, os dois homens começam a refinar as teorias e crenças do movimento. Juntos são uma equipe formidável. Hitler e Eckart se complementavam perfeitamente. Embora Eckart não fosse um bom orador, era um ótimo escritor e teórico. Já Hitler tinha pensamentos desconexos e não escrevia muito bem. Então, o que Eckart fazia era pegar as palavras de Hitler, poli-las, ordená-las e entrega-las de volta a ele. E Hitler poderia fala-las em uma oratória fantasticamente poderosa que fascinava o público. Funcionava brilhantemente.
Os nazistas prometem retomar as terras roubadas pelo Tratado de Versalhes e por fim aos pagamentos incapacitantes exigidos pelos Aliados. A genialidade disso é que é muito simples. É fácil de se lembrar. Então, atraiam muita atenção política.
Eckart cria o grito de guerra “Deutschland erwache”. “Acorde, Alemanha”. E o partido ganha um novo emblema que os místicos da Sociedade Thule acreditam ter origem ariana; a suástica. E o movimento é rebatizado como Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Nasce o Partido Nazista.
Fico imaginando como se dá esse movimento social, se tudo não é simplesmente obra do acaso, que não tem nele qualquer participação ativa de Deus. Uma série de acontecimentos surgem para que determinada condição se torne viável, o que antes não era possível. Uma organização tão maligna como esta que foi desenvolvida por Hitler, ter encontrado as pessoas certas para que o seu potencial antes não existente de influencia a sociedade acontecesse de forma tão cadenciada, que parece a influência de uma força abstrata por trás, que não seria Deus, claro.
Sei que a personalidade de cada pessoa é peça necessária para que as ações tanto para o mal quanto para o bem aconteçam, e talvez as circunstâncias estejam se desenvolvendo de acordo com o “fazer coletivo”. A Alemanha sofria os efeitos de uma guerra, que também já fora uma ação do mal. Foi engendrado dentro de cada um dos cidadãos desprevenidos, um ressentimento e desejo de vingança pelos mais afoitos, que prepararam esse caldo de cultura onde surgiu a virulência de Hitler. Agora bastava uma boa lapidação para que tudo pudesse fluir dentro dos interesses do mal.
Da mesma forma o bem pode se desenvolver, através de personalidades catequisadas pela ética cristã, por exemplo. Porém, uma dificuldade dentro dessas personalidades associadas ao bem, é o grau de timidez que elas possuem e assim, muitas ações malignas são desenvolvidas com mais facilidade.
Nós, que pretendemos agir na sintonia com o bem, devemos ficar atentos com esta condição e procurar sermos mais afoitos nas ações que sentimos que Deus deseja que nós assumamos.
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
VI
12 de setembro de 1919 – Cervejaria Sterneckerbrau
No outono de 1919, em uma reunião do Partido dos Trabalhadores Alemães, um espião se esconde na multidão. Ele foi enviado pelo exército alemão para registrar os acontecimentos. Mas o jovem descobre que as visões anticomunistas e antissemitas são muito parecidas com as suas. Ele descobre que eles falam uma língua que ele entende.
Inspirado, ele para de anotar e começa a falar para as pessoas dali. Ele percebe que sua voz é cativante. A cervejaria ficou em silêncio. Ele se levanta e fala, e todos ficam impressionados com esse homem que fala com tanta paixão e veneno também. Seu nome é Adolf Hitler.
Eckart está maravilhado. Ele pula nas mesas e faz uma oratória fantasticamente fervorosa. E rapidamente Eckart percebe que ele é o homem certo. É o homem que os liderará adiante.
Em Hitler, Eckart vê o homem que levaria sua mensagem ao povo, espalhando os ideais arianos além da elite metropolitana, talvez até inspirando uma nação inteira.
Quando eles se conhecem, há uma atração mútua. Eckart usa a ideia de messias e diz, em termos menos dramáticos, que Hitler era um homem de grande visão e que poderia lidera-los. Ele faria coisas que outros não conseguiriam. Hitler e ele se deram bem, embora, de várias formas, eles fossem diferentes, pois Eckart era do tipo bom vivant, fumava e bebia, coisas que não interessavam a Hitler. Eckart gostou de Hitler ser um soldado comum e estar ali articulando claramente ideias das quais Eckart também compartilhava.
Eckart não é o único que fica cativado por Hitler. No público, há um jovem universitário, Rudolf Hess.
Rudolf Hess é muito jovem e impressionável, mas Hitler vê que ele fica fascinado por todas as suas palavras. De família rica, Hess foi um soldado corajoso e disciplinado durante a guerra. Ele também encontrou refúgio nas míticas políticas da Sociedade Thule. Assim que ouve Hitler, fica enfeitiçado por ele.
Ele volta para casa e conta à namorada sobre Hitler. Ele deixa claro sua adoração por Hitler na longa descrição que faz das habilidades, do carisma e da qualidade messiânica do homem que conheceu. Foi o início do que quase se torna um caso de amor.
O obcecado Hess se tornará um dos primeiros discípulos de Hitler e um membro fundador do seu círculo íntimo. Ele logo terá a companhia de outros. Entre eles está um problemático jovem de 19 anos, filho de professora. Seu nome é Heinrich Himmler.
Himmler fez 18 anos nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial e ficou desesperado para provar seu valor como soldado. Mas era tarde demais.
Uma das grandes frustrações de Heinrich Himmler era de ainda ser novo para servir na guerra. Era uma grande frustração para ele. Então ele tem ambição militar frustrada.
Himmler, um ávido escritor de diários e colecionador de selos, foi uma criança doente. Era um jovem estranho, não era sociável, pode-se dizer que era reprimido sexualmente. Ele tinha um profundo complexo de inferioridade, que ele contornava sendo muito agressivo e muito destrutivo ao abordar as pessoas.
O pai de Himmler tentava mantê-lo longe de problemas e o matriculou em Agricultura na Universidade de Munique. Mas a cabeça de Himmler é cheia dos mesmos mitos e monstros dos ocultistas Eckart e Hess, e sua abordagem da agricultura é bem diferente de seus colegas.
Himmler é um homem misterioso em vários sentidos. Ele adorava mistério, o oculto. Ele adorava lendas.
Himmler ficou obcecado pela ideologia de Blut und Boden, Sangue e Solo.
A sociedade alemã voltaria suas raízes volkisch, populares, e se tornaria uma economia essencialmente agrícola. E também se tornaria uma raça de arianos biologicamente pura. E ao fazer isso, a Alemanha encontraria muita força e conseguiria criar um império.
Para um jovem como Himmler, essas ideias quase mitológicas, raciais e biológicas tinham um grande apelo, e ele nunca pararia de idolatrá-las.
Em breve, esse aspirante a soldado conhecerá o homem que fará seus sonhos se realizarem, dando-lhe a chance de lutar por seus ideais malucos.
Vejamos como iniciou a hipnose de Hitler sobre os seus ouvintes: um discurso apaixonado, cheio de veneno e intolerância. Totalmente diferente do discurso do Cristo, apaixonado também, mas cheio de doçura, de verdade e solidariedade. Da mesma forma que Jesus, Hitler começou a angariar simpatias e a formar o seu círculo íntimo. Talvez não tenha chegado aos 12 discípulos ao mesmo tempo, como Jesus, mas o fato é que se formou ao redor dele um círculo das pessoas mais próximas que sintonizavam perfeitamente com suas ideias. Jesus ensinava a criação do Reino de Deus, cheio de compaixão, solidariedade e amor incondicional. Hitler lutava pela formação do mundo da raça pura, superior, ariana, que deveria ficar acima de todas as nações, intolerante com a raça impura, pela força das armas, da mentira, da intolerância.
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
V
Mas a humilhação da Alemanha está longe do fim, e logo uma nova retratação vai garantir que as ideias arianas malucas de Eckart sejam ouvidas. No verão de 1919, os vitoriosos Aliados se reúnem em Paris, e, em 28 de junho, eles e a Alemanha assinam um documento importante: o Tratado de Versalhes. Há alegria generalizada em toda a Europa, mas para a Alemanha o tratado é desastroso. Ele exige compensação e vingança pela Primeira Guerra Mundial.
Ninguém previa ao certo quanto os alemães sofreriam por causa das restrições do tratado. A Alemanha é multada em mais de 260 bilhões de marcos de ouro, o equivalente a US$ 860 bilhões atualmente. Um quinto de suas indústrias é tomado pelos Aliados. E eles perdem todas as colônias no exterior.
Na Europa, eles são forçados a entregar 13% do território alemão aos países fronteiriços. Quase sete milhões de alemães perdem a cidadania e são obrigados a fazer parte de nações como a Polônia e Tchecoslováquia.
Nacionalistas como Dietrich Eckart não conseguiam aceitar que a Alemanha fosse tratada assim. Era um grande exemplo de vergonha nacional. A orgulhosa Alemanha de Eckart, a crescente potência industrial da Europa, tinha sido incapacitada.
Em agosto de 1919, um novo governo democrático, a República de Weimar, toma forma. Criado para substituir o governo autocrático do cáiser e de seus generais. Mas, para Eckart, ele é fraco e dominado por judeus e políticos liberais. Ele quer que seu partido tome o poder. Mas para fazer isso ele precisa de um homem que fale diretamente com o povo, um líder inspirador.
A palavra “messias” é usada por Eckart mais de uma vez em seus textos. Ele queria uma Alemanha regenerada. Mas como conseguir isso? Precisamos de um messias.
Tradicionalmente, líderes eram pessoas com linhagem, mas na época havia um anseio comum por um novo tipo de líder político, que não podia ser uma figura conhecida.
Eckart escreveu um notório poema em 1918 em que descreve uma figura chamada O Inominado, ou O Grandioso, que é um soldado alemão comum com olhos de fogo que virá salvar o povo alemão.
Mesma situação: da Alemanha em crise ao Brasil em crise. A Alemanha ansiava por um salvador da praça, alguém que a retirasse da humilhação a que foi submetida, a situação de miséria pelo pagamento aos vitoriosos da guerra. No Brasil, esperávamos também algum político diferente dos tradicionais, que meteram o país dentro de uma crise sem precedentes, devido ao alto grau de corrupção que implantou em todos os setores da administração pública e privada. Os gritos de protestos da nação que, revoltada, encheu as ruas das principais cidades do país, sintonizaram com a postura crítica do deputado Jair Bolsonaro e o elegeu para presidente contra tudo e contra todos. Daí, bem pertinente o seu slogan: Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
Interessante que em seu nome existe a partícula, Messias, que era a procura da Alemanha por alguém que a salvasse. Terminaram por encontrar Hitler, e espero, que o nosso “Messias”, tenha um comportamento diametralmente oposto ao dele, o que é bem sinalizado para isso pelas bandeiras cristãs que levanta.
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
IV
Enquanto isso, com o esquadrão dissolvido, Hermann Goring volta a Munique.
Após a guerra, ele é considerado um herói por muitos, mas sente muita mágoa, raiva e frustração de que a Alemanha, após todo o esforço e sofrimento que deveriam levar a uma vitória heroica, tenha tido uma derrota muito humilhante.
E Goring sente na pele a humilhação. A violência nas ruas é abundante, e ex-militares como Goring estão no topo da lista de alvo das gangues socialistas. Ele é atacado por arruaceiros que tentam arrancar suas insígnias militares do seu uniforme. Não é a surra física, mas sim o desrespeito descarado pelo uniforme que o marcará para sempre.
A amargura de Goring aumenta pelo fato de que seu uniforme e as medalhas que ele ganhou não são mais dignas de respeito. Isso era incompreensível. Não teria acontecido meses antes, mas lá estava ele. O que havia em casa para pessoas como Goring?
Sem conseguir emprego em Munique, o piloto de caça é reduzido a sobreviver como piloto acrobático itinerante. No começo de 1919, ele foge do caos e sai da Alemanha. Sua compulsão em fugir do caos será uma característica de sua futura carreira.
Mas outros, como Dietrich Eckart, estão determinados a tomar uma posição. No começo de 1919, Eckart e a Sociedade Thule iniciam seu plano para espalhar sua mensagem de direita. Eles criam um novo grupo político: o Partido dos Trabalhadores Alemães. É só uma de várias pequenas facções que surgem e se encontram nas cervejarias e adegas de Munique.
Ao longo dos anos 20, essas cervejarias são microcosmos de agitação política. O partido não era especial, não tinha nada excepcional. Na época, era apenas um daqueles grupos antissemitas nocivos, vis e agitados. Geralmente gritavam bem alto e ninguém os levava a sério.
Interessante como há semelhança entre o que aconteceu na Alemanha e o que aconteceu no Brasil, inclusive a formação de um partido com o nome de Partido dos Trabalhadores. A ideologia era contrária, lá o partido era de direita, aqui de esquerda. Mas os princípios de intolerância próximos da violência e agressividade são parecidos. Aqui, o Partido dos Trabalhadores (PT) cresceu com um discurso de intolerância à miséria sofrida por uma parcela dos trabalhadores e pela grande maioria do povo que vivia na e ainda vive na miséria. Cheguei a ser convidado pelo grupo da universidade para a criação do PT em minha cidade, no meu estado, Natal-RN. Mas, logo vi que a intolerância que era a tônica daqueles pioneiros, não se adequava aos meus princípios cristãos que já estavam em formação. Terminei militando em outro partido de esquerda, o PDT (Partido Democrático Trabalhista), dirigido pelo Leonel Brizola, que acabara de retornar do exílio ao Brasil. Cheguei a ser candidato diversas vezes, para vereador, deputado estadual, federal, e até vice-governador. Era o secretário do partido à nível municipal e cheguei a ter chance vitorioso de ser o candidato a prefeito. Em nenhuma das minhas ações eu cheguei a perceber o que percebo hoje, o potencial negativo que os partidos de esquerda podem trazer ao desenvolvimento da nação, o grau de violência a que chegamos hoje, depois de 13 anos seguidos de governo de esquerda.
Agora que estamos um pouco livre do domínio total da esquerda como acontece na Venezuela, vamos nos esforçar para levar essa verdade à massa que ainda acredita nas falsas narrativas, principalmente nos diversos níveis escolares.