Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
05/01/2015 00h59
A GRAÇA DE DEUS

            Na liturgia de hoje foi lida em todas as igrejas católicas um trecho de Isaías (60, 1-6) muito interessante:

            Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A glória do Senhor se levanta sobre ti. Vê, a noite cobre a terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina. As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora. Levanta os olhos e olha à tua volta: todos se reúnem para vir a ti; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são transportadas à garupa. Essa visão te tornará radiante; teu coração palpitará e se dilatará, porque para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações.

            Sei que a Bíblia é tida como um livro sagrado que reflete a palavra de Deus, mas que foi escrito pela mão de diversos homens, que mesmo inspirados pela divindade, podem ter colocado nos seus escritos todas as tendências de suas convicções pessoais. Mesmo assim, posso ver nas mensagens, algo da inspiração divina, caso eu consiga atravessar com algum nível de percepção o sombreamento da luz.

            Esse texto aponta para a presença da luz que está ao nosso redor e que podemos alcançá-la com os bons propósitos do coração. Fazendo assim a glória do Senhor se aproxima e podemos ver nas entrelinhas da natureza os caminhos que são apontados. Quem não consegue atingir esse estágio, consegue sentir a atratividade das pessoas que o conseguiram e assim procuram ficar à sua volta, algumas vezes desejando ou lutando por sua posse. Essas pessoas perceberão os tesouros disponíveis, ao seu alcance, mas deles não darão a prioridade de suas ações, pois é ao Senhor que toda a sua atenção está dirigida, e todos os tesouros do mundo só serão úteis se estiverem dentro dos propósitos divinos.

            Eu sei que essa possibilidade de percepção divina e profunda da natureza pode existir e se constituir uma verdadeira glória de Deus ao alcance, mas infelizmente não tenho as condições psicológicas necessárias para perceber com a intensidade suficiente essa glória divina, de ser digno dela em toda plenitude. Tenho dificuldades em manter focado o interesse de Deus em meus pensamentos e termino desviando o caminho para meus interesses pessoais. Sei que isso não é o que prevalece nas minhas ações, mas é o suficiente para não ocorrer o preenchimento cognitivo capaz de perceber e aplicar essa glória.

            O tempo urge, as oportunidades surgem e se esvaem... Tenho formado os paradigmas suficientes para colocar em prática a vontade do Pai, no entanto a força dos instintos ainda não estão suficientemente domesticadas. Até mesmo a preocupação com o meu status social entra em cena quando imagino a decisão de colocar em prática determinadas orientações que imagino partirem do Pai. Portanto, sei por tudo isso, que essa glória de Deus que está à disposição de todos de bom coração, necessita de uma capacitação psicológica livre dos instintos animais e dos preconceitos sociais.

            Pelo menos é mais uma identificação que faço de minhas fraquezas e isso torna menos difícil a minha recuperação.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 05/01/2015 às 00h59
 
04/01/2015 00h59
PESCARIA AO ...AMOR...

            Devo fazer uma retrospectiva para fazer essa pescaria mental em busca do conceito do Amor. Primeiro, devo afastar aquilo que deixei de aceitar como verdade, o que seria mais importante no relacionamento íntimo.

            Iniciei a minha vida entendendo o amor romântico como o ponto mais alto desse sentimento e que deveria guardá-lo com fidelidade para a mulher que aceitasse dividir a vida comigo e que dividisse o mesmo sentimento de amor.

            Logo percebi que o Amor Incondicional era a forma de Amor mais pura, que representa a energia do Criador, e que o amor romântico devia a Ele ser subordinado. Com essa compreensão, a exclusividade exigida pelo amor romântico perdeu o sentido. Quebrei todos os preconceitos sobre isso, inclusive os fortes sentimentos machistas que existiam dentro de mim. Dei à minha companheira o mesmo direito de se relacionar com quem ela tivesse desenvolvido algum afeto, como acontecia comigo. Nesse contexto tornou-se viável a prática do swing, e desenvolvemos iniciativas nesse sentido, mas não foi concretizado nenhum encontro nesse sentido. No entanto desenvolvemos Relações Livres, afetos, paixões e intimidades sexuais com diversos parceiros, e assim também procedia minha esposa. Caracterizava assim o Relacionamento Aberto, onde tínhamos nossas relações afetivas na condição de serem secundárias. Aconteceu de ser desenvolvido por mim um forte sentimento por minha prima e nesse momento coloquei a proposta de viver equilibradamente com as duas. Foi uma proposta de Poliamor dirigida as duas, mas de Relacionamento Aberto com relação as demais. Como a minha esposa não aceitou, passei a conviver com minha prima, defendendo o Relacionamento Aberto, mas sem ser aceito por ela. Até que chegou o momento que ela não conseguiu tolerar mais as minhas experiências afetivas fora do lar e me expulsou literalmente de nossa casa.

            Passei a viver sozinho, mas com a proximidade maior de uma companheira que sabia de todos os detalhes da minha forma de amar e de manter o relacionamento e que pretendia se ajustar tentando se comportar como Radharani, uma princesa indiana da espiritualidade oriental que acolhia todos os afetos femininos do seu amado Krishna, sem nenhuma rejeição ou ressentimento. Era mais uma vez a tentativa do Relacionamento Aberto, onde as outras relações afetivas se desenvolveriam de forma secundária. Ela não conseguiu manter o “padrão Radharani” e suas constantes recaídas em rusgas e rejeições dos meus afetos, terminou esse tipo de relacionamento e ela perdeu a convivência explícita comigo.

            Hoje eu sei, depois de tantas experiências, que não encontrei nenhuma mulher que desenvolvesse o sentimento básico capaz de garantir a convivência comigo, de amar sem fingimento a pessoa que me ama, de cuidar da pessoa que cuida de mim, de defender a pessoa que me defende... da mesma forma que estou capacitado a fazer com qualquer afeto extra que minhas companheiras desenvolvam.

            Dentro dessa atual circunstância a forma de amar que eu apresento é o Poliamor, com a possibilidade de ter diversas relações afetivo-sexuais ao mesmo tempo, todas com a mesma importância.

            Sei que o ideal ainda não é este perfil comportamental e afetivo. Com a compreensão de que este afeto deve servir para a construção do Reino de Deus, compreendo que o Relacionamento Aberto seja o mais adequado, desde que a companheira prioritária consiga acolher com afeto e fraternidade todas as novas companheiras que surjam no caminho. A prioridade conseguida pela companheira deveria ser em função do tempo de companhia, mas que ela aceite como natural toda a força do afeto, e suas consequências, que surge por uma nova pessoa, sem qualquer rejeição ou intolerância.

            Enquanto a companheira compatível não surja, e talvez isso nunca aconteça comigo, desenvolverei o Poliamor, onde todas que desenvolvem afeto por mim de forma recíproca têm a mesma importância. Ressalto apenas que as companheiras mais recentes tem uma força afetiva maior por está mais próxima do instinto sexual, enquanto as companheiras mais antigas têm um compromisso maior por manterem a convicção ao longo do tempo.

            Estou muito longe ainda de atingir esse estágio ideal de relacionamento, pois não depende de mim. São as minhas companheiras que não conseguem desenvolver um comportamento de solidariedade uma com as outras e termino dentro de um campo de conflito onde prevalece a separação do que a união. Mas tenho que tolerar essa falta de maturidade espiritual necessária para conter os impulsos instintivos do egoísmo inerente à condição humana, que ainda é mais prevalentemente animal.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/01/2015 às 00h59
 
03/01/2015 00h59
...AMOR...

            Ao refletir sobre a matéria da revista IstoÉ que trabalhei ontem, que abordava a forma de amar afetiva e sexualmente com a possibilidade de formação de vínculos, de companheirismo, percebi que a ideia que tenho não se ajusta a nenhuma delas, mesmo sabendo que estou no campo do amor não exclusivo. Como então definir a minha ideia sobre o Amor? Sei que ele não é romântico, apesar de em alguns momentos ter essa característica. Sei que ele é subordinado ao Amor Incondicional, capaz de bloquear os desejos da minha carne se isso ofende aos interesses do próximo. Daí eu entender que essa forma de amar está dentro dos ensinamentos do Cristo e a Ele me refiro como Mestre por perceber em Seu comportamento uma pureza espiritual que ainda não possuo. Mas Ele não quis se envolver nessa questão da sexualidade, da intimidade que gera vínculos, filhos, companheirismo, família, solidariedade e que deve ser a mais universal possível. Ele preferiu caminhar em suas lições com seus apóstolos sem tentar explicar como isso funcionaria na relação homem-mulher. Então me deparo agora com essa questão. Por um lado a cultura milenar que aponta um determinado comportamento padronizado e por outro a minha consciência que intui outra forma de relacionamento, mais próxima da Verdade que o Cristo ensinou. Então, como captar essa ideia, como conseguirei ver essa forma, segundo Platão, que são seres imutáveis, perfeitos, ideais, dos quais tudo no universo é uma cópia melhorada ou piorada? Como conceituar o Amor que acredito ser o mais racional para conquistarmos o Reino dos Céus? Devo exercitar a mente no raciocínio, pensar a respeito e realmente entendê-las, especialmente ao filosofar.

            Para Platão as ideias eram entes extramentais que habitavam a realidade exterior, não visíveis aos olhos, mas passíveis de serem conhecidas pela mente. Hoje em dia pensamos em ideias como conceitos ou imagens que existem, no máximo, na mente de uma pessoa. Mas para isso acontecer é necessário que essa pessoa tenha conseguido êxito e “pescado” essa ideia extramental e trazido ao campo da realidade mental, no início individual, mas que será em seguida socializada. Essa é a minha tarefa, fazer essa procura do que a minha mente intui como verdadeira, fazendo a “pescaria” racional.

            Entendo essa ideia que quero “pescar”, como um arquétipo de algo que existe na mente de Deus; Deus esse que antes de criar o universo e tudo que o contém, já tinha em Sua mente a ideia do universo e de tudo que ele conteria.

            Devo procurar ver em minha mente um tipo de imagem desse conceito que ferve em meus pensamentos, pois é a ela que se refere a ideia do conceito de Amor que eu possuo, uma coisa, um sentimento. Expressar o que vem à mente à menção de fantasia, noção, espécie, ou aquilo com que a mente se ocupa enquanto pensa. Devo transformar essa ideia em objeto do pensamento e torná-la capaz de ser considerada ou discutida por duas ou mais pessoas.

            Devo respeitar as ideias já consideradas como objetos do pensamento, como liberdade, justiça, guerra, intriga, fraternidade, paz, governo, amor romântico, poliamor, swing, relações livres, relacionamento aberto, casamento, fidelidade... e tantos outros objetos mentais. Devo trabalhar o meu pensamento para transformar a ideia que quero “pescar” em mais um objeto do pensamento nessa ampla prateleira consciencial.

            Para isso eu tenho que fazer uma retrospectiva de quando a minha mente andava pela prateleira consciencial usando as ideias expostas e tentando aplicá-las em minha vida. Identificar quando essas ideias já não atendiam ao meu senso de Justiça ou de coerência com a Verdade superior. O Amor foi descoberto, a meu ver, como a força mais poderosa do universo, essência do Criador, e, portanto, não poderia ser subjugada por nenhum interesse menor, interesse das criaturas em detrimento do interesse do Criador. Portanto, a minha forma de amar deveria ter a maior coerência possível com o Amor maior, que é o Amor Incondicional. É por isso que sinto a necessidade de “pescar” em meus pensamentos essa ideia que também se encontra na mente de Deus e trazê-la à realidade e assim preencher as reticências que ainda uso ao redor do: ...Amor...  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/01/2015 às 00h59
 
02/01/2015 00h59
POLIAMOR

            Hoje, dia de Confraternização Universal, que parece remeter para o Amor Universal necessário para o Reino de Deus, recebo um recado dEle da forma mais estranha, para ajustar dentro da minha principal missão delegada por Ele, de construir a família ampliada como pré-requisito para a Família Universal.

            Foi uma matéria publicada na revista IstoÉ de 29-08-14, que guardei em algum lugar e hoje descubro debaixo do sofá. Tem o título “Será o fim do tabu da Monogamia?” e logo percebi que era o sinal para que eu fizesse as pontuações práticas do comportamento que idealizo, e que enfrenta os fortes preconceitos culturais. Muitos acreditam que o amor ampliado jamais será possível. A revista mostra exemplos de que isso é viável e já está sendo colocado em prática, talvez não com o viés espiritual que eu coloco sobre a questão. Vejamos o que diz a revista:

            A exclusividade afetiva e sexual é o único dos três pilares ainda inabaláveis do casamento. Os outros dois, o caráter indissolúvel do matrimônio e a heterossexualidade, já caíram por terra, derrubados pela possibilidade do divórcio e o reconhecimento legal das uniões homoafetivas. A monogamia, no entanto, continua sendo considerada a única opção possível para grande parte dos casais. “Vivemos esse padrão há milênios, mas sabemos que na prática, ele pode não funcionar”, afirma a antropóloga e jornalista Maria Silvério, autora do livro “Swing – Eu, Tu... Eles” (Chiado Editora). Apesar de ainda serem vistas com receio, as relações não monogâmicas vêm se tornando uma alternativa para aqueles insatisfeitos em seguir o modelo vigente. Segundo uma pesquisa publicada neste ano no periódico “Journal of Social and Personal Relantionships” 4% a 5% dos americanos se consideram em um relacionamento não monogâmico consensual, embora a maioria prefira esconder a opção. “Essas outras formas de amar não significam que a família vai acabar, tampouco o casamento entre dois indivíduos, mas é importante notar que há uma crise no modelo padrão e que há alternativas”, diz Maria.

            Se para alguns o desejo extraconjugal se limita ao sexo, para outros a necessidade é também emocional. Entre as alternativas à monogamia, a menos difundida é o poliamor. Essa forma de se relacionar admite a possibilidade de se ter duas ou mais relações afetivas e sexuais ao mesmo tempo. Não há dados que contabilizem o número de brasileiros em relacionamentos desse tipo, mas o interesse pelo tema tem crescido e já há até grupos que se encontram regularmente para discutir esse estilo de vida. Um desses é o Pratique Poliamor Rio de Janeiro, foi criado pelo professor de história Rafael Machado, 27 anos. Filho de pai militar, ele cresceu acreditando que a monogamia era a única alternativa. “Até os 17 anos eu tinha uma postura bem moralista, resultado da minha criação. Mas, quando conheci o poliamor, entendi que é natural amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo”, diz. Em um dos poliencontros, Machado conheceu a também professora Sharlenn de Carvalho, 31 anos. Depois de viver um casamento monogâmico por nove anos, ela buscava alternativas. O namoro cm Machado começou com a concordância do ex-marido de Sharlenn, na época casada. “A princípio ele achou a ideia interessante, mas depois pediu prioridade e, então, eu resolvi terminar”, diz a carioca. Hoje ela tem outros dois namorados: o autônomo Mário Silva, 31 anos, amigo do casal, e um rapaz de Belo Horizonte que pediu para não ser identificado. Foi Machado, inclusive, quem apresentou Silva à parceira: “Ter de podar o seu desejo e o desejo do outro é uma violência”, afirma Sharlenn.

            Diferentemente do poliamor, em que todas as uniões têm a mesma importância, o relacionamento aberto é outra opção no leque das relações não monogâmicas e se caracteriza por ter o núcleo de um casal em que ambos saem com outras pessoas. O professor Victor Zellmeister, 27 anos, e a estudante de publicidade Débora Nisenbaum, 22 anos, concordaram em abrir o relacionamento um ano após começarem a namorar e estão juntos há três. “Passamos por várias regras. Em um determinado momento percebemos que as relações humanas não seguem cartilhas, então abolimos tudo. Nossa política passou a ser conversar sempre e encontrar as linhas de conforto de cada um”, diz Débora. Tanto para o relacionamento aberto quanto para swing e poliamor, quem está do lado de fora normalmente se pergunta: e o ciúme? Adeptos desses tipos de relacionamentos dizem que o sentimento é superestimado e ligado apenas à insegurança. Por isso, é possível superá-lo. Mas depende de cada um. Para a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro “Por que Homens e Mulheres traem?” (Editora BestBolso), as relações não exclusivistas continuarão sendo um desafio. “Conciliar liberdade e segurança é o mundo ideal, mas quem consegue fazer isso? A maioria sofre”, diz.

            Assim como uma infinidade de temas ligados à liberdade sexual, o swing gera ao mesmo tempo curiosidade e preconceito. Se por um lado o casal de “Swingers” não topou revelar suas identidades, por outro eles contaram suas histórias com a animação de quem sabe que vai ter uma audiência interessada em conhecer suas experiências. A visita a uma casa de swing, por si só, é suficiente para atrair a atenção. A reportagem conheceu duas delas na cidade de São Paulo e constatou que é um negócio muito bem organizado. Na pista de dança, o clima é de paquera, com um pouco mais de sensualidade e ímpeto do que uma casa noturna tradicional, visto que o propósito de todos ali está bem claro. Dali, os casais vão para o labirinto, outro espaço onde há ambientes para cada tipo de aventura. Há salas totalmente fechadas, outras equipadas com estratégicos buracos, por onde se pode espiar e inclusive tocar outros casais, bisbilhotar por treliças de madeira, puxar cortinas ou então ficar em volta de uma das camas no meio dos corredores. Salas de cinema, cadeiras, poltronas... Tudo é lugar para tentar uma investida. Se alguém forçar, é expulso. “O lema geral é: ‘onde tudo é permitido e nada é obrigatório’”, diz Maria Silvério.

            Desafiadoras para alguns, opções de vida para outros, as relações não monogâmicas devem angariar cada vez mais adeptos, o que não significa o fim da monogamia, mas apenas um melhor entendimento dessas alternativas. “Os relacionamentos com múltiplos parceiros sempre existiram, mas hoje é mais admissível discuti-los”, afirma o psicoterapeuta Ailton Amélio, da Universidade de São Paulo (USP). “Entretanto, por nos proporcionar um senso de estabilidade e segurança, a monogamia continuará sendo escolhida pela maioria das pessoas”, diz. Para a psicanalista Regina Navarro Lins, autora de “O Livro do Amor” (Editora BestSeller), a tendência é não haver mais um modelo padrão para os relacionamentos. “Acredito que, no futuro, se uma pessoa quiser ficar 40 anos casada, tudo bem. Se outra quiser morar com três parceiros, tudo bem também”, diz. Se o amor for de fato uma construção social, vivemos tempos em que a sociedade já está se encarregando de criar outras formas de vivê-lo.

            A revista também coloca uma breve história da monogamia da seguinte forma:

            IDADE ANTIGA

            A poligamia era até comum em civilizações anteriores, mas a gregos e romanos não era permitido o casamento com mais de uma mulher. Apesar de o conceito estar próximo ao modelo de monogamia atual, há algumas diferenças como o concubinato institucionalizado. Outras mulheres ocupavam papeis similares ao da esposa, e escravas também desempenhavam funções sexuais.

            IDADE MÉDIA

            A partir do século X, se dissemina entre os católicos o ritual de bênção na porta da igreja, seguido de uma missa. No século XIII, é firmada a noção do sacramento e são listados sete, entre eles o casamento (indissolúvel). A Igreja Católica passa a ter papel determinante na defesa do modelo de relação monogâmica e indissolúvel.

            SÉCULO XIX

            Marcado pelas discussões sobre divórcio, igualdade de gênero e movimento feminista, é nesse período que alguns autores, principalmente esquerdistas, começam a fazer os questionamentos sobre a monogamia institucionalizada.  

            DÉCADA DE 1950

            Surgem os primeiros encontros associados à prática do swing, os chamados “Key Clubs” realizados por casais militares na Califórnia, nos Estados Unidos. Neles, os maridos empilhavam chaves aleatoriamente e as esposas pegavam uma delas, cujo dono seria o parceiro sexual da mulher na noite.

            1972

            Escrito pelos antropólogos Nena e George O’Neill, o livro “Open Marriage” traz pela primeira vez o termo “Relacionamento Aberto” com significado que conhecemos hoje: o casal é formado por um núcleo, mas cada parceiro fica livre para se relacionar com outras pessoas. A obra foi considerada revolucionária.

DÉCADA DE 1990

            O primeiro registro de uso da palavra poliamor é de 1990, quando foi criado o “Glossário de Terminologia Relacional”. O grupo que se reuniu para elaborar o documento fazia parte da Igreja de Todos os Mundos, considerada a primeira vertente poliamorista. Em 1997, é escrito um dos livros mais conhecidos sobre o tema, “Polyamore: The New Love Without Limits”, de Deborah Anapol.  

            A revista também lista os tipos mais comuns de relações monogâmicas, como outras formas de amar:

            SWING

            Prática em que casais realizam a troca de parceiros sexuais, de forma consensual, em encontros, festas ou casas noturnas específicas.

            POLIAMOR

            Admite a possibilidade de se ter duas ou mais relações afetivo-sexuais ao mesmo tempo, todas com a mesma importância.

            RELAÇOES LIVRES

            Aceita a multiplicidade de relações afetivas sexuais, e rejeita o conceito de posse ou fidelidade.

            RELACIONAMENTO ABERTO

            Permite que o parceiro ou parceira tenha outras relações afetivas ou sexuais, porém com a condição de serem secundárias.

            Dessa forma a revista cobre as principais formas de relacionamento fora do exclusivismo afetivo e/ou sexual, representado pelo casamento e com aval da Santa Igreja Católica. Vejo que estou dentro do amplo espectro daqueles que se relacionam fora do exclusivismo afetivo, mas, por outro lado não me sinto encaixado em nenhum pelo simples fato de em nenhum eu consigo ver um objetivo espiritual. Todos os relacionamentos citados tem o objetivo de alcançar o prazer sexual ou afetivo dentro de uma harmonia conjugal ou não. O foco principal da minha ação a qual dei o nome de amor inclusivo, é a educação com o uso da verdade para formar uma família ampliada como pré-requisito para a formação da família universal, do Reino de Deus.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/01/2015 às 00h59
 
01/01/2015 01h31
REFLEXÕES DE FIM DE ANO

            Fim de mais um ano, 2014. Comprovo que os caminhos que sigo determinados pelo Senhor da vida e aceitos por meu livre arbítrio, não são de forma nenhuma previstos por mim. Jamais imaginei há 30 ou 20 anos que estaria hoje, sozinho, em um apartamento cheio de livros, CDs e DVDs, tão espiritualizado e na ânsia de me aproximar cada vez mais da perfeição, da divindade, que deixei de ter o meu medo horrível da solidão, da morte. Por estranho que pareça a quem observe de fora e sem sentir o que sinto, que eu me sinta tão feliz, incomodado apenas pelos meus defeitos internos, reconhecidos, mas ainda sem condições de os eliminar.

            Coloquei minha fonte que representa um casal de namorados a derramar água de um jarro no banheiro onde sempre fico a produzir os meus textos, sentado no trono. Também comprei hoje um peixinho colorido, um Beta, peixinho agressivo que não consegue viver em paz com outro companheiro. Deixei-o dentro de um pequeno aquário redondo, ornamentado por plantas artificiais. Fiquei com o compromisso de alimentá-lo apenas com três bolotas de ração, duas vezes ao dia.

            Agora estou digitando este texto exatamente nessa posição, ouvindo a água derramar do jarro da enamorada em cascatas contínuas do lado esquerdo, e do lado direito o peixinho que batizei de Chico Bento, a circular de um lado para o outro em seu minúsculo reino. Começo a fazer minhas conjecturas... será que ele consegue me ver? Consegue entender que sou eu que o alimento? Será que pensa alguma coisa? Será que se sente livre e feliz? Imagina que existam outros espaços onde ele possa viver, ou acredita que tudo que existe no mundo são essas paredes de vidro côncavas que limitam seus movimentos?

            Tenho conhecimentos acadêmicos que dizem que ele tem, assim como eu, inteligência, mas menos elaborada. Porém o que eu quero saber está no campo existencial, onde a ciência não tem alcance. O que vai ao seu coração de peixe é o mesmo que vai ao meu coração de homem, guardadas as devidas proporções? Olho agora para ele e percebo que está bem calmo, quase parado, ao lado de sua planta artificial. Vejo somente as suas guelras baterem ao filtrar o ar da água, e sua cabeça que vez por outra dirige para cima... será a espera de algo que ele pediu? Estou pensando em comprar uma rede e vez por outra colocá-lo dentro da fonte com cascatas, para ele experimentar a água corrente, o barulho, o movimento...

            Agora penso... será que estou numa situação parecida com a de Chico Bento? Será que Deus me pegou em algum lugar desse mercado da vida e me colocou dentro de um aquário com o formato de um apartamento onde eu imagino a minha liberdade? Será que Ele me alimenta sem eu vÊ-lo todos os dias? Será que Ele olha para mim com carinho como eu olho para o meu peixe?

            Depois que vem essa enxurrada de perguntas à minha mente eu passo as reflexões... sim, eu não passo de um peixinho cuidado por Deus. A diferença é que eu tenho consciência da Sua existência e proteção, enquanto imagino que o meu peixe não pensa assim. Eu sei que estou neste aquário chamado de apartamento, assim como todos os meus semelhantes procuram ficar em seus devidos aquários. Agora eu sei que posso sair dele e interagir com meus semelhantes, posso ajudá-los nas suas necessidades assumindo o papel que Deus me reserva ao representá-Lo junto aos Seus mais diversos filhos. Sei que ao término dessa experiência de vida eu saio desse aquário material e mergulho no mar da existência espiritual onde me aproximo cada vez mais da luz divina através dos bons préstimos à Sua vontade.

            Devo voltar em outra oportunidade para um novo aquário nessa vida espiritual, e espero adquirir essa compreensão que tenho hoje muito mais cedo, para não repetir tantos erros que cometi desta vez.

            Sim, meu bom companheiro peixinho, somos muito parecidos em nossos aquários, eu cuido de tu e alguém cuida de mim, e afinal de tudo, todos somos a todo instante cuidados pelo Pai.   

Publicado por Sióstio de Lapa
em 01/01/2015 às 01h31
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