Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.
Santo Afonso dizia que ignorância invencível pode garantir a salvação, a culposa nunca. Acaba se tornando até uma questão moral.
Sempre tive muito interesse pela História da Igreja, pela História Geral, e como todos nós, fiz um caminho nessa busca de conhecimentos. Quando criança eu ia à escola católica, pois sempre fui católico e começava a ouvir a respeito da inquisição, da Cruzada, da Reforma Protestante... aquele combo anticatólico que todos ouvimos um dia. O que eu pensava? Não tinha argumentos ao 10-12 anos para debater com meu professor e eu pensava comigo: eu sou católico, gosto, mas disso eu tenho vergonha. Depois fui descobrir que eu tinha vergonha na verdade de um Espantalho, um fantoche, aquilo não existia, era uma construção. Eu percebia e sentia isso, ficava naquela angústia, naquela coisa que acabou me salvando de certa maneira.
Fui ser coroinha naquela época de crise financeira no país e meu pai avisava para eu não inventar coisas para comprar. Você pode ser coroinha, mas sem trazer despesas. Assim que fui, o padre disse que tinha que fazer a roupa e eu logo pensei que tinha de comprar alguma coisa. Falei para o padre e ele disse para eu ir ao Carmelo conversar com tal freira que ela irá resolver o problema.
Chegando lá fiquei horrorizado, um monte de freiras atrás das grades e elas me pediram pela grade para fazer as medidas da roupa. Disseram que com um mês a roupa estaria pronta. Quando voltei, com a roupa pronta, perguntei por educação qual era o preço, pois eu não podia pagar, mas conversaria em casa. Ela respondeu que ia ser muito caro, que deveria ser pago durante muitos anos. Disse que o capelão era muito velho e precisava de alguém que esteja junto com ele para mudar a página do missal, ele enxerga mal, e você tem que acompanhar o ritmo com ele, ajuda-lo. Aí fica pago.
Eu não imaginei o salto histórico que eu dei. O sacerdote do qual fui coroinha não era nada menos que o sacerdote que restaurou a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ele foi o padre que encompridou o cabelo da imagem de Nossa Senhora para fixar a cabeça na imagem.
Eu nem imaginava que era esse padre e o que era lidar com fonte histórica primária. Eu estava ouvindo ali uma pessoa que restaurou, que viu e lidou com o maior objeto de devoção do povo brasileiro que é a imagem da Padroeira do Brasil.
Dali a coisa foi aumentando esse desejo de conhecer. Ganhei um gibi de São João da Cruz, bem didático para crianças, né? Mas eu gostei, pois era o primeiro santo que eu ficava sabendo dos detalhes da vida dele. E perguntei se tinha mais e vi que tinha prateleiras inteiras que eu podia pegar, e fui lendo vidas de santos.
Também passei por essa experiência de ser coroinha na minha cidade, Macau, no Rio Grande do Norte, Brasil. Também fui escoteiro e estudava no colégio organizado pelo Padre Penha, que depois vim a saber que era tio de um colega professor da UFRN. Mas não tive a sorte do professor Raphael Tonon, de ter uma biblioteca tão vasta para poder ler tantos livros quanto eu quisesse. Minha família tinha mais dificuldades financeiras do que a dele e tive que logo cedo gastar muito odo meu tempo em atividades de trabalho informal para contribuir com o esforço dos parentes. Porém, hoje estamos aqui fazendo essa conexão que a providencia divina nos oferece e dividimos com tantos outros que precisam dessas informações.
Irei colocar aqui, com poucas adaptações, a aula do Prof. Luiz Raphael Tonon, com estreia no dia 26-06-2022, pelo Centro Dom Bosco, no Youtube, com 58.000 visualizações em 16-07-2022.
Ainda menor, entrei no seminário menor dos redentoristas e no ano 2000 eu vim um tempo emprestado pela província dos redatores de São Paulo para a província do Rio e vim para ficar na igreja de Santo Afonso, na Tijuca. Padre Penido era vivo ainda e esta foi minha experiência de Rio.
Já gostava muito de história, gostei muito de vir ao Rio e por ver aquilo que eu já conhecia. Depois deixei o seminário e fui me dedicar ao magistério, me licenciei em filosofia e tornei-me professor da rede pública do Estado de São Paulo. Depois ingressei na rede particular e depois fui fazer História, que era meu desejo inicial.
Passei a ensinar mais História que Filosofia e já são 18 anos como professor. Sempre lecionei Filosofia, Sociologia, História e Ensino Religioso, por conta das matérias do tempo de Seminário.
Em Campinas, onde deixei o Seminário, conheci minha esposa, namorei, casei e hoje pertenço ao Instituto Laical, que é um Instituto Misto, uma comunidade com sacerdotes e leigos, muitas famílias, minha esposa faz parte e eu também.
Fui professor da História da Igreja no Seminário em Campinas e fui desligado da função por motivos óbvios, como vocês verão. Não permaneci na função, mas ensinei aos seminaristas por um tempo e também fiz um apostolado semelhante a esse do Centro Dom Bosco, e que aqui é mais extenso. Aqui se fala de todos os assuntos, eu era mais restrito, eu dava um curso da História da Igreja que funcionou por 10 anos, presencial e muito procurado por protestantes. Eu sempre perguntava, o que vocês vieram fazer aqui? Eles me diziam que procuravam ali o que nas suas denominações não ouviam. Nós falávamos da Igreja Primitiva até os Atos dos Apóstolos e depois dávamos um salto até o século 16.
Uma vez um protestante disse que não era possível que o Espírito Santo ficou dormindo esse tempo todo. Essa pessoa disse que era filho de um pastor batista e depois de acabar o curso ele pediu o sacramento e eu fui o padrinho dele.
E assim aconteceram vários casos lá em Campinas, com pessoas que estudavam a história da Igreja e como consequência final tornaram-se católicos. Para quem é católico, o curso fazia tornar-se melhor ainda, um católico de verdade, aferrado aquilo que é a fé da Igreja, a fé dos apóstolos, a fé de sempre. E é um caminho natural, lógico.
Atualmente sou professor, ainda atuo em dois colégios católicos, mas a minha presença nas escolas tem diminuído ano a ano e tenho passado a dar aulas particulares. Tenho vários alunos em todos os cantos do Brasil e tenho migrado mais para isso justamente por essa questão ideológica.
Hoje em dia há uma militância, uma perseguição, uma ignorância mesmo, não invencível, mas culposa: as pessoas não sabem e não querem saber dentro das instituições de ensino.
Realmente, essa invasão ideológica nas escolas trouxe um enorme prejuízo para o potencial racional do país. Não sabemos a realidade da nossa história e quais os principais fatos que deviam nortear nossa opinião para um caminho reto, sem os desvios propositais que as falsas ou tendenciosas tentam nos colocar. Digo isso pois fui vítima desse processo perverso e somente hoje, professor universitário e com doutorado e longos anos de militância em partidos de esquerda, é que vejo o quanto fui ludibriado e que, infelizmente, muitos colegas meus de academia, continuam reféns das falsas narrativas que foram inoculadas em suas consciências, nessa revolução cultural da qual somos vítimas inocentes.
Fui aquela festa na companhia da minha irmã que fora convidada por uma amiga dela. Apesar dos meus 19 anos, época de ser festeiro como a maioria da minha faixa etária, eu sempre fui avesso, uma espécie de Dom Casmurro, introvertido com minhas emoções e inibido nas minhas relações, principalmente com o sexo feminino. Isso ficava mais evidente quando eu percebia uma garota e sentia por ela alguma emoção positiva, uma sensação libidinosa que me vinha a mente e era automaticamente rechaçada por meu espírito. Por isso, mesmo me sentindo atraído pela garota, eu procurava ficar afastado dela, nem ao menos me permitia olhar para ela.
Pois assim fiquei naquela festa... depois que minha irmã se encontrou com as amigas, eu terminei ficando escanteado, assistindo o volateio das pessoas umas entre as outras e o burburinho de um falatório entremeado de risadas e mudanças de tons. Alguns se contorciam numa pista de dança improvisada, outros sem querer soltar os seus copos, que parecia ter dentro algum combustível para liberar tanto gasto de energia.
Foi assim que percebi entre tantas, uma garota, meio simplória. Não tinha sobre si tanta maquiagem e sua roupa era também simples, mas bem adequada ao seu corpo, bem torneado, permitia mostrar suas curvas devidamente cobertas, sem nenhum excesso de exibição. Centrei a minha observação nela, à distância. Notei que ela estava naquele salão de dança improvisado, sem demonstrar tanto interesse, cortejada por um rapaz com copo na mão e que exibia seus passos de dança, sendo correspondido pela garota, sem tanta energia. O seu aspecto físico me atraia e o seu modo de se comportar mais ainda. Notei como destoava daquele parceiro, talvez uma paquera ou mesmo namorado.
Passei a ter uma atenção centrada naquela menina... passou a funcionar em mim o que eu tinha de mais forte: a imaginação, os sonhos... imaginava que passava perto dela, trocava um olhar e um leve sorriso. A partir daí nossos olhares se procuravam, discretamente, sempre ela procurando fugir do assédio do companheiro que dançava e bebia na sua frente.
Por uma feliz coincidência (ou não?) o seu olhar cruzou com o meu, apesar da distância. Senti uma espécie de choque elétrico na mente, me puxando dos sonhos para a realidade. Notei que ela procurava novamente o meu olhar e aí fui dominado por meus impulsos inibitórios, negativistas, e procurei fugir do olhar dela. Até mesmo de sua presença. Fui para um espaço mais distante, onde eu não tinha mais a visão do salão improvisado.
Fui até uma mesa onde tinha a disposição uma jarra com sucos arrodeada de salgadinhos. Pequei um copo e fui até a torneira onde tinha um suco de cor amarelada, sem identificação, mas que imaginei ser de cajá ou maracujá, ambas frutas que gosto.
Senti uma presença logo atrás de mim e meu coração disparou. Antes de vê-la eu a senti. A garota do salão estava também com um copo na mão esperando a vez de enche-lo com o suco que eu também iria beber. A minha mente entrou em descompasso. Não tinha mais condições de construir nenhum tipo de imaginação. Queria fugir daquela situação, desaparecer, me tornar invisível. Nunca imaginei que uma torneira como aquela da jarra de suco, fosse tão lenta para encher um copo tão pequeno. Mas eu devia me controlar, não podia deixar que o alvoroço da minha mente e do meu coração se expressasse em tremor nas minhas mãos...
Não cheguei a encher o copo. Um pouco acima da metade, fechei a torneira e dei espaço para ela se aproximar. Não podia sair correndo como eu queria e fiquei parado, melhor dizendo, paralisado ao lado dos salgados e com medo de pegar algum e mostrar o tremor que eu começava a sentir no meu corpo. Para piorar, ela voltou aquele olhar angélico sobre mim e um leve ar de riso. Isso foi como uma injeção de adrenalina diretamente no centro do coração. Acredito que o meu olhar era de estupefação, e o riso que deveria sair solidário, acho que saiu na forma de uma careta. Minha imaginação voltou a funcionar no modo negativo... “ela deve estar pensando que sou um retardado mental”. Essa imaginação não ajudava em nada, pelo contrário, piorava!
Mas a situação foi se enrolando cada vez mais. O rapaz que fazia parceria com ela no salão, chegou próximo de nós com o seu inseparável copo na mão. Pude perceber pelo modo dele falar e do hálito que exalava, que se tratava de bebida alcoólica e que já estava fazendo efeito. Ele chegou no modo “macaco” do alcoolismo, onde a pessoa faz tudo para ser engraçado, até inconveniente. Chegou perto de nós e sem a menor cerimônia foi logo falando...
- Ei... então você está aí, né? Fugiu de mim? E achou um amiguinho? Então vamos brincar... vamos fazer um joguinho...
E se dirigiu para mim, com uma postura meio cambaleante e um sorriso irônico no rosto.
- Vamos ver se você sabe o valor do prazer... responda rápido... eu f... você. Você f... ela. E ela me f.... Quem tem maior prazer?
Respondi rápido como ele queria.
- Eu não participo desse jogo!
- Mas porque não?...
- Por que eu não quero f..., eu quero a amar!
Isso foi uma bomba que eu soltei que não soube de onde veio. Imagino que do fundo do coração, se revoltando contra a minha inibição e com tamanha falta de consideração dessa pessoa que me interpelava atingindo uma pessoa que eu admirava.
De repente aquela festa deixara de existir. Eram apenas nós três sentindo os efeitos emocionais da bomba que eu acabara de lançar com minhas palavras. Senti o efeito do álcool se dissipar da mente do meu interlocutor, sua voz ficou titubeante, sem conseguir se articular. Pediu refúgio em mais um gole do seu copo, como para voltar o grau de embriagues que o protegesse de sua gafe.
A garota também se mostrava impactada. Seus olhos bem abertos, talvez um pouco umidificados, exprimiam admiração, gratidão. Não disse uma só palavra, não era preciso. Voltou a dar um sorriso, dessa vez mais intenso, antes de sair, como a dizer: “eu também quero te amar”.
Mas de todos, o mais impactado fui eu. Fui eu o autor e o emissor da bomba! A bomba que quebrou as muralhas que prendiam a minha verdadeira alma. Mostrou que para mim o sentimento do amor está acima do prazer carnal. Mostrou que a pessoa amada deve ser venerada antes de ser penetrada. Que o respeito à pessoa humana deve sempre estar acima dos desejos animais. E, principalmente, que meus sentimentos positivos jamais devem ficar presos ou escravizados por medos imaginários.
Aquela garota serviu de chave para abrir todas as minhas algemas emocionais. Não trocamos uma só palavra, mas nossos olhos comunicaram o que nossos corações sentiram. Ela foi embora e não combinamos nada, nem ao menos sei o seu nome nem ela sabe o meu, mas eu conheço o seu coração e ela conhece o meu. O destino talvez seja o nosso Cupido e mais adiante no tempo, talvez, a mesma frase que usei como bomba, eu possa usar como convite:
- Eu quero a amar!
Estamos acostumados a ver partos de crianças recém-nascidas, um, dois, três ou mais... Mas como pode acontecer um parto de adultos? Como pode adultos passar pelo canal do parto? Como podem se desenvolver num útero?
São questões como esta que Jesus uma vez ensinou a Nicodemos, um sacerdote judeu que queria saber como alcançar o Reino de Deus. Jesus disse que era necessário a pessoa nascer de novo. Nicodemos ficou encucado, como uma pessoa pode voltar ao útero de uma mulher para nascer de novo?
Jesus gostava muito de ensinar usando parábolas. Ele queria dizer que a pessoa devia deixar o comportamento de homem velho de lado e assumir a proposta de um novo homem; ou então queria se referir ao processo da reencarnação, onde o espírito que vai para o mundo espiritual com a morte do corpo físico, volta novamente ao mundo material através de um novo corpo (reencarnação) e assim passando naturalmente pelo canal do parto.
Vou procurar seguir a didática do Mestre para encontrar uma resposta a uma questão de complexidade maior do que aquela proposta por Nicodemos. Vejamos esta outra passagem: “A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o Reino de Deus (Lc 9:59-60).
Vamos a questão. Uma senhora, mãe de diversos filhos, todos adultos, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), com sequelas físicas e mentais, sem conseguir falar, raciocinar ou andar. Suas seis filhas mais próximas, assumiram um plantão de duplas para cuidarem de seu corpo, higiene, alimentação e medicamentos, evitar escaras e qualquer tipo de complicação. A doença de natureza degenerativa, progressiva e fatal, sem qualquer possibilidade de cura, a espera apenas do momento da morte. Os meses passam, os anos, o corpo da mãe definha e o psicológico das filhas vai desmoronando. Cada uma sofre no emocional um verdadeiro velório de pessoa “viva”. Querem fugir da situação, mas a consciência não permite. Estão prontas para morrerem uma após outra, preso aquele corpo atrofiado que se alimenta e joga fora os dejetos pelas mãos dos outros. Ela não tem consciência de liberar as filhas, de dar uma orientação que já dera no passado, de não querer viver numa situação dessa.
São essas filhas que foram ensinadas a respeitar e amar Jesus, como Mestre e Salvador, que agora chegam perto dEle e perguntam: Senhor, que devemos fazer? Acho que a resposta do Mestre é a mesma que Ele deu a cada dia que elas foram à missa aprender através dos padres: Segue-me! Imagino que a resposta delas seria a mesma da pessoa que queria sepultar seu pai: Senhor, permite primeiro nós irmos sepultar nossa mãe. Acredito que a resposta do Mestre ainda seria a mesma: Deixa aos mortos sepultar os seus próprios mortos!
Podemos até pensar em desumanidade de Jesus considerando a dureza dessa declaração. Mas Jesus não tinha o costume de ser desumano, mas tratava com as pessoas dizendo exatamente o que precisavam ouvir. Talvez a excessiva preocupação com o corpo da mãe fizesse com que o Reino de Deus que ele advogava como prioridade, deixasse de ser importante. Então, Jesus coloca as coisas nos seus devidos lugares. Qualquer coisa que esteja acima do Reino de Deus, deve ser repensada, mesmo que seja culturalmente aceita. Ninguém pode servir a dois senhores!
Com tais argumentos, a consciência de cada filha, onde está a lei de Deus, irá se iluminar para cada uma tomar a decisão mais coerente frente aos ensinamentos de Jesus, que a mãe tanto se esforçou para elas aceitarem desde a infância.
Finalmente, através das palavras de Jesus, nossa prioridade com o Reino de Deus deve exceder qualquer outra prioridade, mesmo as culturais e sociais. Isso fica mais claro quando Ele diz: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o Reino de Deus (Lc 9:62).
Não seria o momento de haver o parto coletivo dessas filhas antes que todas morram no processo e que isso não é o desejo da mãe?
Digitando a narrativa feita por J.J.Benítez (Cavalo de Troia, volume 9), do rompimento de Jesus com sua família biológica, atendendo a vontade do Pai, veio o sentimento do que aconteceu comigo.
Também, em dado momento da minha vida, decidi fazer a vontade do Pai, deixar o amor exclusivo em troca pelo amor inclusivo, mais sintonizado com o amor incondicional, procurando construir o Reino de Deus dentro do coração e na sociedade com a família universal.
Esta proposta que considero divina, privilegia a família espiritual em detrimento da família biológica, privilegia a família universal em detrimento da família nuclear. O Behemoth, monstro energético do egoísmo dentro de nós, logo se manifestou através da sua cabeça do ciúme. Fui expulso enérgica e violentamente da primeira família nuclear que construí porque estava fluindo este amor que deveria ser exclusivo, para outras pessoas. Procurei fazer uma nova família nuclear, mas sempre advertindo para minhas prováveis companheiras, da determinação de seguir a vontade do Pai, de construir a família universal, incluindo todos nos meus mais diversos relacionamentos, com o amor amplo, geral e irrestrito, desde que seguisse a ética do Amor Incondicional.
Novamente fui vítima do famigerado ciúme. Mesmo tentando todo tipo de acordo com minha segunda esposa, inclusive de vivermos como amigos, sem intimidade sexual, como praticamos durante 8 anos, chegou um momento que ela não conseguiu mais suportar as investidas do Behemoth, e mais uma vez eu fui expulso sem nenhuma consideração, sob chuva de impropérios e violência.
Como me tocou essa fala do Mestre, quando Ele pedia para que não fosse afastado dos corações que Ele tanto amava, que eles eram também sua família, que isso nunca iria mudar, e que Ele estaria sempre com eles...
Essa é também a minha fala até hoje... amo a todos que me escorraçaram, me agrediram, jogaram montanhas de ódio sobre mim e a quem eles puderam influenciar, até os meus filhos biológicos e adotivos... mesmo agora, quando procuro me aproximar com amor, esperando que o tempo seja meu advogado de defesa, sinto o Behemoth de todas sempre armado, enquanto o meu está manietado.
Não sabem essas pessoas que agem com vingança, o quanto fazem sofrer a essas outras que procuram fazer, com firmeza, a vontade do Pai. Não veem as cicatrizes que provocam ou as lágrimas que deixam correr no rosto daqueles que só se expressam com amor. Num mundo cercado de lobos com aparência humana, nós, filhos de Deus e que queremos fazer a Sua vontade conforme Ele coloca em nossas consciências, parece que somos seres de outro planeta.
Parece que estamos condenados a caminharmos sozinhos, nossos companheiros de jornada não nos entende o pensamento, não nos sente a forma de amar. Não sentem que dou a minha vida ao meu redor, pois quando eu distribuo os frutos do meu trabalho com harmonia e fraternidade, estou doando o tempo de minha vida.
Parece algo paradoxal com quem quer fazer a vontade do Pai, criar esse Reino de Deus com base na família universal, pois terminamos sozinhos, expulsos das famílias tradicionais e ainda tão longe da ideal. Sofremos a exclusão e muitas vezes o martírio.