Inicia o segundo episódio da série Netflix.
Após a tentativa de assassinato no México, Trótski sai de sua casa procurando entender o que aconteceu, quem fez tamanho tiroteio em sua direção. Sua esposa o adverte com preocupação:
- N. Leon! Aonde você vai? Você está louco? O que está fazendo? Acha que vai vencer trabalhando para eles? Que Trótski vai vencer ao sair graciosamente? Claro que não! Nem pense em desistir desse jeito. Você não vai desistir...
- T. Natália! Só vou desistir se eu teme-lo. Você não entende? Ele vencerá quando Leon Trótski tiver medo de andar quando quiser...e onde quiser.
O jornalista Jacson chega correndo.
- J. Eu ouvi tiros.
- T. Eu não estou ferido.
- J. É melhor voltar para casa.
- N. Leon, vamos para casa.
Chega um carro de polícia comandado por um oficial. – O senhor está bem?
- T. Estou. Eu sou... a vítima fracassada do ataque.
Enquanto a polícia faz o seu trabalho, tira fotografia, registra o morto, surge um comentário de Jacson: - Trótski, você sempre foi um perigo para aqueles ao seu redor.
- T. A culpa não é minha. Não fui eu que matei todos que um dia apertaram a minha mão. Não fui eu que enviei milhões de inocentes para os campos. Não sou eu que contrata assassinos pela noite.
- J. Tem certeza de que é o Stalin? Não se gabe. Ele já venceu. Por que caçaria você? Você não é ameaça.
- T. Você não vê nada, Jacson. Sempre serei uma ameaça para ele. Mesmo se me calar, se me render. Mas não vou. É um bumerangue, Jacson.
- J. O que? Um bumerangue?
- T. Eu fiz um golem (metáfora altamente mutável com simbolismo aparentemente ilimitado. Pode ser vítima ou vilão, homem ou mulher - ou às vezes ambos. Ao longo dos séculos tem sido usado para conotar a guerra, comunidade, isolamento, esperança e desespero). E ele não vai parar até destruir seu criador.
Neste diálogo Trótski apaga o conceito de genocida que é feito dele, que não é ele o autor desses crimes em tão ampla dimensão. Pode ser acusado do fuzilamento sumário de soldados frente aos seus colegas, para induzir o medo e o respeito nos que ficam, e evitar que eles fujam da luta por um objetivo maior, que é benéfico principalmente para eles mesmos, soldados simples e ignorantes. Esse golem que ele representa na Rússia e no mundo, é o principal alvo de Stalin, pois ele sabe quem é o autor, e sua liderança pelo medo. Isso implica na guerra entre os dois, com maior poder para Stalin, e maior coragem para Trótski.
Série da Netflix.
A cena volta ao México. Entrevista com o jornalista Jacson.
- T. Está tarde. Espero que tenha respondido todas suas perguntas?
- J. Obrigado.
- T. Escute, Jacson. Se decidir continuar... volte. De hoje em diante você é bem-vindo nesta casa.
O jornalista sai, o caseiro fecha o portão, Trótski vai para a cama, deita e ouve vozes do passado?... “Você está indo embora, mas... voltaremos a ficar juntos? Sim, claro”. De repente a casa é metralhada por seis homens fortemente armados... enquanto Trótski continua ouvindo as vozes, indiferente aos tiros. “Está cansado, Leon? Estou, Alexsandra, querida”. “Papai, estou aqui! Papai, não me deixe! Pai! Pai!” Alexsandra cobre o corpo do marido como se quisesse o proteger e o que de fato acontece. Ele escapa ileso do intenso tiroteio. Natália entra apavorada no quarto do marido.
- N. Leon, você está vivo?
Trótski abre os olhos e termina o primeiro episódio da série.
Esta última cena deste primeiro episódio, mostra uma retrospectiva da vida do revolucionário, um homem de princípios éticos, caráter firme, mas sem suficiente flexibilidade social. Isso o tornava intolerante com perfil agressivo. Assustava os seus colegas, apesar desse tipo de comportamento ajudar a controlar as massas pelo medo, já que elas não tinham educação e informações suficientes para tirarem suas próprias conclusões do momento político. Isso implicava em assassinar inocentes para passar a lição. Agora, exilado, vive sofrendo constante perseguição de seu ex-companheiro, Stalin, que tem uma visão diferente da sua: enquanto Trótski pode ser considerado um genocida por uma causa maior, Stalin é outro genocida por uma causa menor, mas ambos, como Trótski já avaliava, são dois monstros. O que chama atenção é que esse perfil monstruoso desses ícones da revolução socialista não surge na consciência dos povos. Mais uma vez a influencia da propaganda, construindo narrativas do interesse dos seus patrocinadores, levam à ilusão ao imaginário popular e deixa as pessoas hipnotizadas por cenas que elas não têm condições de contestar com o uso da verdade ou pelo menos da coerência. Sentimos isso aqui no Brasil, quanta energia é colocada nesses movimentos socialistas sem a preocupação dos seus participantes irem em busca da verdade do que está por trás de tudo, e que pode comprometer suas vidas e, talvez, estejam lutando por algo contrário as suas convicções mais íntimas.
Para aplicar a lei do amor, a principal ou única lei de Deus, devíamos nos desvincular de toda ação egoísta, principalmente aquelas que praticamos com os familiares. No entanto, o ser humano sofre de hipertrofia de sentimentos, mas sempre pelos familiares, esquece de cultivar a fraternidade com a família universal, exercendo a solidariedade somente com aqueles que considera seus.
Este é o tipo de pensamento que é potencializado pelas corporações, já que essas consistem em agrupamentos humanos. Por perseguirem exaustivamente os lucros, indiferente ao mal que causa ao redor, aos irmãos, deixando-os, se necessários para potencializar os seus lucros, na miséria, na indignidade de viver.
Esse é o fermento em que surgem os revolucionários, terroristas, se confrontando com o poder instituído e causando muito derramamento de sangue para modificar a situação. Porém, como esses revolucionários defendem ideologias salutares, mas possuem dentro de si os germes do egoísmo, latente e atuante, logo a situação se torna um novo inferno para os cidadãos que pensavam ter alcançado a redenção. Isso acontece frequentemente nos países de orientação socialista, onde o fruto do trabalho é distribuído desproporcionalmente causando insatisfação naqueles que trabalham e um número cada vez maior de corruptos e parasitas até a falência daquele país.
Isso aconteceu com o Brasil. A bondade desviada para grupos na intenção de manutenção do poder, causou a falência da harmonia financeira que deve existir para que os recursos arrecadados sejam suficientes para o pagamento das despesas e financiar projetos para a manutenção do crescimento.
O amor fica muito distante dessas ações que se praticam na política, com o desvio sempre constante da bondade que deveria ser aplicada considerando a família universal. O amor condicional que está associado ao egoísmo é muito diferente do amor incondicional que é associado à essência de Deus.
O comportamento majoritário da humanidade atual, de devorar com excesso os sentimentos negativos de orgulho criminoso, vaidade e egoísmo feroz em todas suas formas, leva a necessidade de vomitar esses venenos letais ao desenvolvimento do espírito. Certamente, todo pecado praticado aqui e não devidamente punido pela justiça humana, não conseguirá escapar da justiça divina, que usará o processo da reencarnação para a expiação daquilo que foi feito errado. Afinal estamos no planeta Terra, de provas e expiações, justamente o local apropriado para corrigir os nossos erros, tantas vezes quantas sejam necessárias.
Podem surgir quantas corporações, quantos revolucionários, guerras e injustiças, todo esse redemoinho de venenos e vômitos estarão sempre ao nosso redor até chegar o ponto de transformarmos a Terra em local mais aprazível ou sermos transportados para um planeta mais evoluído, de acordo com nosso merecimento.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
Os verdadeiros terroristas do nosso mundo não se encontram no escuro à meia-noite ou gritam “Allahu Akbar” (Alá é grande) antes de um ato violento. Os verdadeiros terroristas usam ternos de 5 mil dólares e trabalham nos mais altos cargos das finanças, do governo e das empresas.
E então, o que fazer? Como paramos um sistema de ganância e corrupção que tem tanto poder e impetuosidade? Como paramos esse comportamento grupal aberrante, que não tem compaixão por, digamos, os milhões massacrados no Iraque e no Afeganistão para que a corporatocracia controle recursos energéticos e a produção de ópio e gere lucro em Wall Street?
Antes de 1980, o Afeganistão produzia 0% do ópio mundial. Depois que o Mujahadeen ganhou a guerra com a URSS com apoio da CIA e EUA, eles passaram a produzir 40% da heroína mundial em 1986. Em 1999, eles estavam produzindo 80% do total no mercado. Mas então, algo inesperado aconteceu. Os talibãs subiram ao poder e em 2000, já haviam destruído a maioria dos campos de ópio. A produção caiu de 3 mil toneladas para apenas 185, uma redução de 94%. Em 9 de setembro de 2001, os planos de invasão do Afeganistão estavam na mesa do presidente Bush. Dois dias depois, eles tinham uma desculpa (ataque as torres gêmeas). Hoje, a produção de ópio no Afeganistão controlada pelos EUA fornece mais de 90% da heroína do mundo, quebra de recordes de produção todo ano.
Como paramos um sistema de ganância e corrupção que condena populações pobres à escravidão nas fábricas em benefício da avenida Madison? Ou que arquiteta ataques terroristas falsos com o propósito de manipular? Ou que cria “Modos Embutidos” inerentemente explorados de operação social? Ou que reduz sistematicamente as liberdades civis e viola direitos humanos para se proteger da consequência dos seus próprios atos?
Como lidamos com as inúmeras instituições encobertas, como o Conselho das Relações Internacionais, a Comissão Trilateral, o Clube de Bildenberg e outros grupos eleitos de forma não democrática, que a portas fechadas, se reúnem para controlar os elementos políticos, financeiros, sociais e ambientais de nossas vidas?
Para encontrar a resposta, primeiro devemos encontrar a causa principal, pois o fato é, que os grupos egoístas, corruptos e famintos de lucro não são a fonte do problema. Eles são sintomas
A conceituação de “terrorista” para as corporações, parece forte, mas não deixa de ser bem aplicada. O terrorista é aquele que desenvolve atos de terror, de aniquilação do próximo sem nenhuma consideração, desde que sua ação o beneficie e fortaleça seu ideal. A corporações, pelos seus modos de agir, em busca do lucro cada vez maior, a qualquer custo... e esse custo implica no sofrimento de milhares de pessoas em determinadas situações. Pode ser que a ação das corporações não causem derramamento de tanto sangue como é a ação terrorista. Mas, com certeza, abrange muito mais vítimas.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
O mundo está sendo dominado por um punhado de negócios poderosos que controlam os recursos naturais que precisamos para viver, enquanto controla o dinheiro que precisamos para obtê-los. O resultado final será um monopólio mundial, baseado não na vida humana, mas em poder corporativo e financeiro.
Conforme a desigualdade cresce, claro, mais e mais pessoas se desesperam, então o sistema foi forçado a criar um novo modo de lidar com quem desafia este sistema. Assim nasceu o “Terrorista”.
O termo terrorista é uma descrição vazia, dada a qualquer pessoa ou grupo que escolhe desafiar o “establishment”. Isso não deve ser confundido com a fictícia Al Qaeda, que é na verdade o nome de um banco de dados criado pelo Mujahadeen com apoio americano nos anos 80.
“Na verdade, não existe nenhum exército terrorista islâmico chamado Al Qaeda e qualquer oficial da inteligência bem informado sabe disso. Mas existe uma campanha de propaganda para que o povo acredite na presença de uma entidade identificada. O país por trás dessa propaganda é os EUA”.
Em 2007, o Departamento de Defesa recebeu 161,8 bilhões de dólares para a chamada guerra global contra o terrorismo. De acordo com o Centro Nacional Antiterrorismo, em 2004 cerca de 2000 pessoas tinham sido mortas intencionalmente em razão de supostos atos terroristas. Desse número, 70 eram americanos. Usando esse número como uma média, o que já é muito generoso, é interessante notar que o dobro de pessoas morre de alergia ao amendoim por ano, comparado com o terrorismo. Ao mesmo tempo, a causa principal de mortes nos EUA são doenças coronárias que matam cerca de 450 mil por ano. Em 2007, os fundos destinados pelo governo para pesquisa nessa área foram cerca de três bilhões de dólares. Isso quer dizer que em 2007, o governo dos EUA gastou 54 vezes mais dinheiro prevenindo o terrorismo do que gastou prevenindo a doença que mata 6.600 vezes mais pessoas por ano do que o terrorismo. Ainda assim, os nomes terrorismo e Al Qaeda estão obrigatoriamente estampados em todos os jornais ligados a qualquer ato realizado contra interesses dos EUA. O mito se expande!
No meio de 2008, o Procurador Geral dos EUA chegou a propor que o congresso americano declarasse oficialmente guerra à fantasia, para não falar que até julho de 2008 existia mais de um milhão de pessoas na lista de terroristas monitorados dos EUA. Essas “Medidas Antiterrorismo”, naturalmente não tem nada a ver com proteção social e tudo a ver com preservação do sistema enquanto cresce o sentimento antiamericano dentro do país e internacionalmente, o que é legitimamente baseado na expansão gananciosa do império corporativo que está explorando o mundo.
Nesse ponto, minha racionalidade entra em certo confronto com as ideias do autor do texto, com o economista e analista político. Ele tenta mostrar o interesse deslocado para o controle dos “terroristas” enquanto casos bem mais graves, que causam bem mais mortes, não tem uma atenção equivalente. Tenho a impressão que se o governo não tomar essas providências quanto o “terrorismo”, eu me sentiria muito mais inseguro em ser vítima de algum ataque que não foi devidamente previsto. Enquanto as doenças, eu posso cuidar da prevenção ou usar medicamentos para atenuar as crises e a progressão da doença. No entanto, não posso fazer o mesmo com as pessoas que atacam de forma sorrateira o ser humano para mostrar a boa relação com suas ideologias. Jesus é o exemplo perfeito para essa situação. Jamais usou de violência para ensinar suas lições e foi assassinado pelos interesses corporativos do templo. Enfim, acredito que o investimento alto no combate ao terrorismo é necessário para dar segurança a nós, cidadãos pacatos e que vivemos desarmados, eternamente do medo de alguém armado entrar em nossas casas, ou nos ameaçar dentro do carro,, nas estradas, sem nada podermos fazer.