Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
É importante entendermos que o Banco Mundial é na verdade um banco americano, atendendo a interesses americanos, pois os EUA tem poder de veto sobre as decisões, já que é o maior fornecedor do capital. E de onde eles tiraram esse dinheiro? Acertou: ele foi criado do nada pelo sistema bancário de reservas fracionadas. Das 100 maiores economias do mundo, com base no PIB, 51 são corporações, das quais 47 ficam nos EUA. A Wal-Mart, a General Motors e a Exxon têm mais poder econômico que a Arábia Saudita, a Polônia, a Noruega, África do Sul, Finlândia, Indonésia e muitos outros. E a medida que as barreira comerciais são quebradas, moedas são unificadas e manipuladas nos mercados de especulação, as economias do governo passaram para o lado do inimigo no capitalismo global. O império se expande.
Você fica diante de sua telinha de 21 polegadas e reclama sobre os EUA e a democracia. Os EUA não existem, nem a democracia. Existem apenas a IBM, a ITT e AT&T, DuPont, Dow, Union Carbide e a Exxon. Estas são as nações do mundo de hoje.
Do que você acha que os russos falam em seus conselhos de estado, Karl Marx? Eles pegam seus gráficos de planejamento linear, teorias de decisões estatísticas, soluções mínimas e máximas, e calculam as probabilidades de custo-benefício de suas transações e investimentos, como nós. Não vivemos mais em um mundo de nações e ideologias, Sr. Biel. O mundo é um grupo de corporações, inevitavelmente determinadas pelas regras imutáveis dos negócios. O mundo é um negócio, Sr. Biel. Tomadas de modo crescente, as integrações do mundo como um todo, especialmente no quesito qualidades de capitalismo de “mercado livre”, representa um verdadeiro “império” no seu direito. Poucos têm sido capazes de controlar os “ajustes estruturais” e “condicionalidades” do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, ou as decisões da Organização Mundial de Comércio, que mesmo inadequados, ainda determinam o significado de globalização econômica. O poder da globalização é tão grande que durante nossas vidas provavelmente veremos a integração mesmo que desigual de toda economia nacional no mundo num único mercado de sistema livre global.
A tese defendida é que não existe países nem democracia. O que existe na realidade são as corporações que manipulam tanto os países quanto a democracia para atingir os seus interesses, cada vez mais eficazes em detrimento à liberdade e a saúde do ser humano. No entanto, parece que essa tese foi derrotada na última eleição para presidente do Brasil. O candidato eleito declarou que não aceitaria nenhum donativo das corporações e assim fez. O pouco que foi arrecadado ainda teve devolução. A democracia parece que foi fortalecida, pois venceu a opinião do povo, cansado de tanta corrupção, a avalanche de mentiras e falsas narrativas, atacando a honra e até a própria vida desse candidato tão diferente. Vejamos agora como se comportará esse candidato, eleito dessa forma, com democracia e sem corporações. Veremos se esses dois aspectos continuarão vigorando, pois sem a ingerência das corporações podemos ter democracia. Veremos a verdade sobrepujar a mentira e isso fará toda a diferença para mudar a nossa história e talvez contribuir para o pensamento político do planeta.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
Esse processo de manipulação corporativa através de dívidas, corrupção e golpes também é chamado de globalização. Assim como a RF mantem o povo americano em uma posição de servidão incondicional através de dívidas infinitas, inflação e juros, o Banco Mundial e o FMI cumprem esse papel em nível global. A farsa é simples. Coloque um país em dívida, seja por sua própria imprudência ou pela corrupção do líder desse país, e então imponha “condicionalidades” ou “políticas de ajuste estrutural” que frequentemente consistem em: 1. Desvalorização da moeda – quando o valor de uma moeda cai, o mesmo vale para tudo avaliado através dela. Isso torna os recursos nativos disponíveis para países predadores por uma parcela do seu valor real; 2. Cortes no financiamento de programas sociais, que normalmente incluem educação e saúde, comprometendo o bem-estar e a integridade da sociedade e deixando as pessoas vulneráveis à exploração; 3. Privatização de empresas públicas – isso significa que sistemas com importância social podem ser comprados e controlados por corporações estrangeiras que visam lucro. Por exemplo, em 1999 o Banco Mundial insistiu que o governo boliviano vendesse o sistema de água e esgoto da terceira maior cidade e isso aconteceu a uma subsidiária americana Bechtel. Assim que isso aconteceu, as contas de água dos moradores locais já empobrecidos, dispararam. Foi só depois de uma intensa revolta popular que o contrato com a Bechtel foi anulado. 4. Liberação do comércio ou a abertura da economia pela remoção de obstáculos para o comércio exterior. Isso dá margem de manifestações de abuso econômico, como corporações transnacionais trazerem seus produtos de fabricação em massa, prejudicando a produção nativa e arruinando economias locais. Um exemplo é a Jamaica, que depois de aceitar empréstimos e condicionalidades do Banco Mundial perdeu seus maiores mercados e safras por causa da competição com importados ocidentais. Hoje, muitos agricultores estão sem trabalho porque não podem competir com as grandes corporações. 5. Outra variação é a criação aparentemente despercebida das várias fábricas exploradoras, desumanas e não-fiscalizadas que se aproveitam das dificuldades econômicas vigentes. 6. Além disso, devido a produção descontrolada, a destruição do meio ambiente é contínua uma vez que os recursos de um país são frequentemente explorados por corporações indiferentes que também emitem enormes quantidades de poluição proposital. O maior processo em direito ambiental da história mundial está ocorrendo em favor de 30 mil pessoas do Equador e da Amazônia, contra a Texaco, agora propriedade da Chevron logo, é contra a Chevron, mas sobre atividades realizadas pela Texaco. Estima-se que a quantidade de poluição seja 18 vezes o que o Exxon Valdez despejou na costa do Alasca. No caso do Equador, não se tratou de um acidente. As petroleiras agiram de propósito, elas sabiam que estavam fazendo isso para economizar, em vez de fazer o escoamento correto. Indo além, uma rápida observação do histórico de desempenho do Banco Mundial revela que a instituição que declara publicamente ajudar países pobres e reduzir a miséria, não fez nada além de aumentar a pobreza e as diferenças sociais, enquanto os lucros corporativos só sobem. Em 1960, a desigualdade de renda entre o quinto mais rico e o mais pobre do mundo era de 30 para 1. Em 1998, era de 74 para 1. Enquanto o PIB global cresceu 40% entre 1979 e 1985, a margem de pessoas na faixa da pobreza cresceu 17%. Entre 1980 e 2000, o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia cresceu 18%. Mesmo a Comissão Conjunta de Economia do congresso americano admitiu que a taxa de sucesso dos projetos do Banco Mundial é de meros 40%. No fim dos anos 60, o Banco Mundial interveio no Equador, com grandes empréstimos. Nos 30 anos seguintes, a pobreza cresceu de 50 para 70%. O sub ou o desemprego foi de 15 para 70%. A dívida pública saltou de 240 milhões para 16 bilhões, enquanto a parcela de recursos destinados aos pobres caiu de 20 para 6%. Em 2000, 50% do orçamento nacional do Equador estava sendo alocado para pagamento de dívidas.
O fenômeno da globalização atende a evolução que acontece no mundo material, principalmente na área tecnológica, digital, informática, que deixa o mundo conectado dentro de segundos. No entanto, essa tendência globalizante, que não podemos evitar pois faz parte da enxurrada evolutiva, atende aos interesses egoístas de nossa natureza animal, deixando o homem mais explorado pelo próprio homem, afirmando o adágio: “o homem é o lobo do homem”.
Essa orientação comportamental dentro do processo evolutivo do homem contra o próprio homem, vamos observar que não obedece a lei de amor que está na base de tudo e que determina a evolução positiva em direção ao Criador. Assim, é necessário que surja outra orientação, de natureza positiva, que privilegie a fraternidade ao invés do egoísmo. Somente quando isso acontecer a globalização se torna positiva, partiremos para a construção de um planeta de regeneração, formação da família universal e instalação do Reino de Deus.
Feliz quem ama o Senhor, nosso Pai, e segue os caminhos que Ele coloca à nossa disposição, com Amor, Justiça e Misericórdia. Que saibamos reconhecer o monstro que habita em nossas entranhas, como criado por Deus para garantir nossa sobrevivência biológica, mas que ele não tenha força suficiente para fazer nosso espírito desviar dos caminhos que levam à intimidade com o Pai.
Viveremos do trabalho de nossas mãos, da inteligência do nosso cérebro, entendendo que tudo foram dons que Deus nos deu a cada um, sem favorecimentos, e que desenvolvemos de acordo com o nosso esforço pessoal. Jamais deveremos permitir que qualquer aspecto de superioridade que exista como uma conquista nossa, não sirva para colocar e manter nossos irmãos dentro da escravidão, usando o seu suor para garantir a nossa ociosidade ou mordomia.
Viveremos assim, felizes e satisfeitos, nossa esposa será como uma vinha fecunda, geratriz dos nossos filhos, apaziguadora dos nossos erros no interior de nossas casas, e orientadoras virtuosas em nossos caminhos das labutas externas. As tentações demoníacas não terão oportunidade de corromper nossos princípios de amor e fraternidade, justiça e paz, ensinados pelo Mestre Jesus.
Nossos filhos serão como ramos da mangueira ou cajueiro, dando seus frutos/netos, tenros e doces ao alcance de nossas mãos, de acordo com a fonte saudável e nutritiva de nossos troncos. Trazem alegria e afeto ao redor da nossa mesa, com suas histórias de lutas e aprendizados.
Assim seremos abençoados, todos nós que amamos sem negociações, sem trocas ou exigências, sem condicionamentos, a todos nossos irmãos, a toda Natureza, ao Senhor, nosso Pai.
Do nascer ao pôr, do sol e da lua, que possamos ver nossa casa feliz e harmonizada como as estrelas no céu, todos os dias da nossa vida, sabendo que a casa do irmão, por mais distante que esteja, também está dentro da mesma felicidade.
E que vejamos os filhos dos nossos filhos, os netos dos nossos netos, e onde quer que esteja uma pessoa humana que não pertença ao nosso sangue, mas que sejam considerados como um verdadeiro irmão, um pai, uma, mãe, um tio, um filho, um neto, de acordo com suas características de faixa etária, de espaço físico, de condição social.
Que a paz e o amor sejam as sombras dos nossos corpos, os perfumes dos nossos espíritos, por onde andarmos.
Série Netflix
A cena se desloca para a troca de roupas de Trótski em uma oficina, sob a supervisão de Alexander.
- A. Quanto mais perfeita a pessoa parece ser, mais demônios ela tem dentro dela. E as pessoas vendo a beleza... Espere. Elas querem ver o oculto, o maligno... É atraente. Nada mau.
- T. Podemos acabar perdendo o foco com tudo isso.
- A. Nada na política é por acaso. Tudo importa. O que diz, como diz, sua aparência. Precisa parecer um todo. Um manifesto. Se lembra da Natália?
- T. A mulher que odiou meu discurso?
- A. Não pelo seu discurso em si, mas porquê... como posso explicar? Todos os sociais-democratas são feios. Se vestem mal. Eu sei que é o interior que importa. É o que é mais valioso. Mas ética sem boa aparência só atrai marginalizados. Tenho boas notícias para você. Uma carta de uma tal Srta. Sokolovskaya. Pelo visto você é casado e tem duas filhas. Se arrependeu?
- T. Eu nunca me arrependo de nada.
Leitura da carta.
“Oi, querido Leon. Faz seis meses que estamos no exílio sem você. Fico feliz que tenha chegado à Europa. Sempre soube que conseguiria. Nossas filhas cresceram. Zinaida lembra de você, quer saber quando você volta. Nina, finalmente, está saudável. Não sei mais o que dizer. Fico lembrando do nosso último dia”.
A cena recua, Trótski está recebendo de forma clandestina seu documento trazido por uma carruagem, em 1902, em Irkutsk, exílio para prisioneiros políticos.
- T. Como a Nina está?
- S. Dormindo. Quando?
- T. Hoje. Enquanto dá para passar pela taiga. Não está lamacento ainda.
- S. Não é para sempre, é? Você está indo embora, mas... voltaremos a ficar juntos?
- T. Sim. Sim, claro!
A cena se volta para um prisioneiro que conduz um trenó, escorrega, cai e é brutalmente espancado. Volta diversas cenas de violências que habitam na mente de Trótski.
Trótski está se preparando visualmente para começar a luta dentro da realidade que ele vive, para libertar o ser humano do jugo da escravidão, quer tirar o seu irmão do sofrimento, do trabalho forçado. Considera os seres humanos como irmãos, dignos da luta para libertá-los, dentro de uma perspectiva universal, que começará pela Rússia. Para isso acontecer, sua família nuclear deve ficar para trás, ele não pode ficar junto dela e cumprir uma missão que domina sua mente e emoções. Não está arrependido de ter construído essa família nuclear, pois ela também se beneficiará das consequências libertárias de suas ações. Jesus Cristo evitou criar uma família nuclear para ele, além da que ele estava inserido desde criança, para que sua missão não ficasse comprometida com essa responsabilidade. Mas Trótski sabe que irá pagar o preço desse distanciamento da família nuclear, para colaborar na construção da família universal, mesmo que isso implique na destruição de algumas famílias nucleares que ele encontrará em oposição de sua missão.
Parece que Trótski está muito distante dos interesses das corporações, com todo o seu idealismo, mas quando ele aceitou ser produzido pelo jornalista e que irá coloca-lo dentro da mídia, com a sua mensagem mais forte em favor da revolução, ele está cedendo aos interesses corporativos, capitalistas, que naquele momento sintonizam um com o outro. A questão é saber quando os interesses de ambos não mais sintonizarem, quem irá prevalecer. E se nessa disputa não houver os princípios cristãos em evidência, certamente a balança influenciará os interesses egoístas da natureza humana.
Continuação da entrevista com o economista John Perkins.
E assim criamos um império mundial, mas isso foi feito muito sutilmente, clandestinamente. Todos os impérios do passado foram criados militarmente, e todos os povos sabiam que ele estava sendo criado. Os britânicos, os franceses, alemães, romanos, gregos, eles tinham orgulho disso e sempre havia alguma desculpa, como levar a civilização ou uma religião. Mas todos sabiam que isso estava acontecendo! Nós não! A maioria do povo americano não faz ideia de que vive às custas de um império clandestino, que hoje em dia há mais escravidão no mundo do que em qualquer outra época. Então, nos perguntamos: se isso é um império, quem é o imperador? Obviamente, não são os presidentes dos EUA. Um imperador não é eleito, não tem tempo de mandato e não dá satisfações a ninguém. Não podemos classificar os presidentes assim, mas temos o que considero um equivalente, que é o que chamo corporatocracia, de indivíduos que gerenciam as grandes empresas, e eles realmente agem como os imperadores, desse império. Eles controlam a mídia direta ou indiretamente através da publicidade, controlam a maioria dos políticos pelo financiamento de suas campanhas, tanto através das corporações quanto por doações pessoais. As corporações não são eleitas, não cumprem um tempo de mandato ou dão satisfações, e no topo da corporatocracia, você não consegue saber se os líderes trabalham para as corporações ou para o governo, pois eles sempre estão trocando de posição. Você tem alguém que uma hora é presidente de uma grande construtora, como a Halliburton, e em seguida ele é o vice-presidente dos EUA, ou é um presidente que vem do ramo petroleiro. Isso vale para republicanos e democratas, pois ambos têm líderes indo e vindo entre as áreas. De certa forma nosso governo é invisível a maior parte do tempo, mas suas políticas são aplicadas pelas corporações, em um nível ou outro, e novamente as políticas do governo basicamente são criadas pela corporatocracia e apresentadas pelos líderes políticos, criando uma relação muito profunda. Isso não é uma teoria da conspiração, essas pessoas não se reúnem e ficam tramando, todos trabalham a partir de uma premissa básica que é a maximização de lucros sem considerar os custos sociais e ambientais. “Maximizar lucros, independente do impacto social e ambiental”.
Identificamos assim dois pilares de condução do destino humano: a política com os discursos ideológicos mais convenientes a cada forma de pensar e de influenciar o povo; e a corporação, ente produtivo com intenção de gerar lucros de forma mais ampla possível. Em ambas as situações podemos criar impérios. Quem opera um ou outro desses dois pilares é sempre o ser humano, com toda sua carga de animalidade, egoísmo, dentro do seu psiquismo. Observamos que o homem geralmente não se encontra dentro de um ou outro, geralmente ele está em ambos, funcionando dentro da operacionalidade de ambos. Se é político oferece suas ideias aos eleitores e ao mesmo tempo recebe doações das corporações, e logo depois de eleito deve mostrar gratidão. Se administra uma corporação, percebe que para maximizar os seus lucros deve se aproximar do político e cooptá-lo com mecanismos de corrupção. Esta simbiose entre corporativista e político, sempre irá alimentar o lado egoísta do comportamento humano. Apenas quem pode se contrapor a tal desvio, seria os princípios cristãos devidamente incluídos nas propostas de governo, colocando obstáculo à aproximação corruptora das corporações. Neste sentido é que observamos com otimismo a nova administração que assumiu o poder político no Brasil, pois colocou com bem ênfase os valores cristãos dentro dos diversos setores da administração.