Vou fazer este trabalho de resgate da nossa História, transferindo para este espaço o documentário produzido pela Brasil Paralelo, publicado em 20 de setembro de 2017, com a participação de diversos convidados que colocam suas opiniões, como forma de contribuir para o burilamento de nossas consciências quanto a Verdade.
A terra que hoje abriga Portugal era considerada o fim do mundo.
A fronteira com o oceano desconhecido sempre foi atraída e cobiçada. Diversos povos viveram por lá até virarem sessão do império Romano, a entrada das tribos germânicas, dos suevos e visigodos.
Os visigodos formaram cidades na Europa Ocidental e durante três séculos ocuparam grande parte da Península Ibérica, preservando e absorvendo a cultura dos seus antepassados.
Como essa cultura veio parar no Brasil?
O que a guerra entre diferentes visões de mundo tem a ver com nossa história?
Para enxergar melhor o presente, nós precisamos voltar um pouco no tempo.
No ano 700 ad, aproximadamente, surge a fé mulçumana. Ela estava se ampliando em todo Oriente médio, norte da África.
A fé mulçumana nasce em Meca, na Arábia Saudita, com Maomé. Era o pregador que dizia ter recebido a revelação de ser um enviado de Deus. Nesta revelação, a missão dele seria resgatar ensinamentos feitos por profetas como Moisés, Abraão e Jesus. Mas ao longo do tempo muito foi distorcido. Então, muitos adeptos, após sua morte, compilaram seus ensinamentos no Alcorão, livro que embasa a fé islâmica e discorda das crenças judaicas e católicas.
Também eles criaram a jihad, a guerra de manter o islamismo pleno dentro de si para o maior número de pessoas possíveis.
Desta forma, buscaram alargar os horizontes do território islâmico, incialmente tomando o Oriente Médio e o norte da África, depois entraram na Europa Ocidental.
A estratégia foi longa na duração e rápida na conquista. Os muçulmanos precisaram de menos de uma década para dominar a maior parte do território europeu.
A invasão começou em 711 ad e em três anos já habitavam a maior parte da Península Ibérica. O curioso é que essa ocupação foi incentivada pelas mesmas pessoas que habitavam a região.
Os visigodos viviam em disputas internas, e por causa dessa rivalidade uma facção dos visigodos pediram ajuda a um líder muçulmano do norte da África. Ele não só atendeu o pedido, mas também deu-se conta da riqueza do território e aproveitou para toma-lo para si.
A entrada foi muito rápida. Eles entraram precisamente por Gibraltar e se espalharam pela Espanha, e gradualmente foram tomando as vilas e cidades. Aos poucos a península foi sendo conquistada e se expandiu até a Luzitânia.
As teorias que os historiadores levantam quanto a facilidade da invasão, foi em primeiro lugar que o reino visigótico não deixava que as populações de origem romana tivessem acessos a armas ou a exércitos. Era um processo de desarmamento que facilitou a queda do seu próprio Estado.
Os que escaparam fugiram para o alto das grandes montanhas no norte da Península Ibérica. Estabeleceram o chamado Reino das Astúrias. Aclamaram Dom Pelágio como seu novo rei.
A fé muçulmana surge quando já existia a fé cristã. Os muçulmanos invadem as terras habitadas pelos cristãos e impõem a sua fé à força da espada. Os cristãos recuam para sobreviver e manter a sua fé.
Observamos neste ponto um conflito ideológico sobre a fé, sobre o verdadeiro Deus e seu representante aqui na Terra. Como sair de tal conflito de fé sem o uso da espada? Como uma compreensão adquirida da existência de Deus e de como agir para nos melhorar e aproximar dessa divindade que é imaginada como o Criador de tudo, o Pai de todos?
O Cristianismo defende que todos somos filhos do mesmo Pai, por isso somos todos irmãos. Devemos compreender a ignorância dos irmãos e por isso devemos amá-los como a nós mesmos, pois se nós fôssemos ignorantes de alguma verdade, gostaríamos que algum irmão viesse nos ensinar. Foi isso que Jesus fez em sua missão junto de nós. Ensinar essa forma de amar, até mesmo aos inimigos, até mesmo de oferecer a outra face ao adversário ignorante que nos machuca. Exemplificou isso na cruz, sob os mais ignóbeis suplícios.
Ao aceitar Jesus como o filho mais evoluído que Deus mandou para nos ensinar sobre a Sua essência que é o amor, como trocar por outro, à força da espada? A esse agressor que nos atinge com tais objetivos, não podemos oferecer a outra face, pois ele não está no nível de aprendizado e sim de aplicar o seu método de cooptação ou de escravização. O nosso método cristão de cooptação é pelo exercício do amor, mas devemos usar a espada para nos defender da ameaça de nos obrigar a abandonar o nosso Pai em direção a outro, cuja essência não é o amor racional, fraterno, construtivo, e sim a obediência fanática, destrutiva, mortal.
O Islamismo marchou contra o Cristianismo na Europa Ocidental, com pouca resistência organizada. Portugal, o nosso berço enquanto nação, estava localizado no ponto mais extremo do ocidente, no fim do mundo. Mas foi aí que a história que vamos conhecer mostra que o Cristianismo se fortaleceu e deu condições para suas caravelas identificadas pela cruz do Cristo chegar até nós, com a indicação espiritual que seríamos “O coração do mundo e a pátria do Evangelho”.
Vou fazer este trabalho de resgate da nossa História, transferindo para este espaço o documentário produzido pela Brasil Paralelo, publicado em 20 de setembro de 2017, com a participação de diversos convidados que colocam suas opiniões, como forma de contribuir para o burilamento de nossas consciências quanto a Verdade.
CAPÍTULO 1 – A CRUZ E A ESPADA
Somos tão jovens na história da humanidade que até esquecemos o que nos permitiu chegar aqui e viver desta forma. Há 30 mil anos, nossos antepassados tentavam dizer alguma coisa pintando nas rochas. São as primeiras mensagens que temos de nossos ancestrais. A vida era difícil e nós lutávamos muito para sobreviver. Os humanos não sabiam onde estavam e imprevistos com animais selvagens fazia parte do dia-a-si compreendido. O mundo era um lugar aberto e desconhecido onde nossa chance de sobrevivência parecia baixa. Alguns de nós fizeram o que parecia impossível. Aprenderam a olhar para o futuro quando viam as estrelas, prevendo o clima e a migração de animais.
Graças a essa incrível descoberta a humanidade teve uma oportunidade única de entender o ambiente à nossa volta. Começamos a plantar, domesticar animais e estabelecer uma residência.
Pela primeira vez na história os humanos pararam de fugir e de passar fome. Tínhamos mais do que podíamos carregar. A escrita nascia para mudar a nossa história. Decidimos registrar ideias e eventos. Era uma forma de transcender o medo da morte. Enviar ao futuro nossos pensamentos, nossas crenças e experiências tornou-se possível. Foi quando começamos a herdar o conhecimento da humanidade. Isso tudo nos levou de caçadores a filósofos, de fugitivos a arquitetos. Nós criamos a ética para melhorar a coexistência, as leis e o júri para aperfeiçoar a justiça e constituir família passou a fazer parte de nossa tradição de levar a humanidade adiante.
Quando vivemos o nosso dia-a-dia neste século 21, desfrutamos deste legado. A filosofia grega, as leis romanas e a moral judaico-cristã e a experiência acumulada de nossos ancestrais são parte de nós.
Esta é a herança que chamamos de civilização ocidental.
Se hoje os territórios estão divididos em países com línguas e regras estabelecidas, nem sempre foi assim. Ao longo do caminho, cada povo colocou um pedaço da estrada que hoje trilhamos.
É importante que possamos ajustar a nossa história brasileira ao conhecimento e hipóteses do nosso passado ancestral, o que está conhecido da história escrita da humanidade, por mais rústica que sejam, como se formaram os países civilizados até chegar ao conhecimento de nossa terra, da condição de colônia de Portugal até os dias atuais.
O mais importante é que possamos fazer tudo isso com o foco principal na verdade, aquela que a natureza conduz, e não aquela derivada de nossos interesses egoístas que geram ideologias e que fomentam uma realidade baseada em falsas narrativas, ou, na melhor das suposições, em inocentes convicções.
Este é o propósito do documentário que estamos analisando e refletindo, aplicando a nossa própria crítica aos informes, sugestões e teorias que nos são apresentados.
O título deste capítulo que estamos iniciando informa dois principais aspectos que motivam as ações humanas nesse período que irá formar a nossa pátria: a cruz que representa a fé que compreendemos ser a mais coerente com nosso desejo de evoluir harmonicamente, biológica e espiritualmente, e a espada que se levanta nos momentos críticos de conflitos, para que não sejamos despojados daquilo que ganhamos a convicção de sua realidade e necessidade.
Será interessante a reflexão deste documentário apresentado pela METAFISICAMENTE e publicado no Youtube em 14-10-2019, com 655 mil visualizações em 13-03-2022, com o título: “A Origem – Existência de Deus, Dualidade, a Força Motriz do Universo.
Você já se perguntou o que é o mundo? E por que estamos aqui? Já se perguntou quem é você realmente? De onde nós viemos? E para onde iremos após a morte? Qual o sentido da vida? Evolução? O geoantropocentrismo? O Heliocentrismo? O Big Ben? São peças do jogo de uma elite, o topo de uma pirâmide, porquê nos escondem... Deus!
Desde as mais antigas eras, o sangue derramado, a guerra entre a semente da mulher contra a semente da serpente ainda não teve fim. Desde então o mal adoeceu a natureza.
Desde a era antiga, a manipulação das espécies com a hibridização, mistérios antigos por toda a Terra nos ocultam a energia livre, abrem-se portais, o engano espacial. Ergue-se a globalização, tecnologia e informação se multiplicam. Manipulação genética, transumanismo (movimento filosófico intelectual que visa transformar a condição humana com o uso de tecnologias emergentes alcançando as máximas potencialidades em termo de evolução humana, deixando em segundo plano a evolução biológica, alcançando assim o patamar de pós-humano). A ruminação desoladora quer aceitar-se no centro do espírito... procuremos a revelação.
Deus existe? É uma pergunta crucial para três grupos de pessoas no mundo.
Ao longo da história, há aqueles que reconhecem a existência de uma mente inteligente no Universo em si e sobre a própria existência da vida, da qual ela fecha seus olhos e medita, e sente Deus vivo e real dentro de si mesma.
Há aquelas que ao longo da história tem dúvidas quanto ao funcionamento do Universo e do próprio sentido da vida. Pessoas as quais seguem seus cotidianos, estagnadas ao sistema da vida vazia que lhe doutrinaram, presas a dogmas, materialismo e futilidades.
E há um grupo em especial que nega todas as evidências, provas e coisas que mostram claramente a existência daquele que chamamos de Deus. Opõe que o Universo surgiu apenas por um acaso e usa as leis universais conhecidas pela ciência e muitas vezes passam esse conhecimento de maneira deturpada visando o controle, pois a ignorância do povo dá poderes aos senhores do mundo. Usam todo conhecimento e tecnologia para explicar tudo, mas sem dar créditos ao autor da vida. Escondem quem é Deus, o que é Deus, e onde está Deus.
As primeiras perguntas do documentário estão presentes em todo imaginário humano, por mais ignorante que seja a pessoa, com menor ou maior complexidade de racionalizações que ela possa desenvolver. Acompanha nossa evolução biológica, psíquica, racional.
No meu processo evolutivo experimentei diversas fases de respostas a essas perguntas, desde a fase de criança em que fui colocado passivamente dentro da religião católica, seguindo os padrões culturais dos meus pais, sendo inclusive batizado com o nome do santo (São Francisco) que promoveu o milagre do parto da minha mãe sem fatalidade para nenhum dos dois. A medida que desenvolvia o meu racional, passei a ter mais dúvidas e conflitos de coerência e existência. Mudei para a religião evangélica, desisti de tudo e fiquei na condição de ateu por algum tempo.
A minha constante tentativa de responder a essas questões fez me aproximar da doutrina espírita, que, ao ler “O Livro dos Espíritos”, organizado por Allan Kardec, senti que muitas de minhas dúvidas se dissiparam e eu encontrava uma forma de aplicar a ciência que já estudava aos conhecimentos metafísicos existentes e praticar a psiquiatria, e ensinar na academia com essa perspectiva transcendental mais harmonizada com a eminência dos conhecimentos materialistas.
Hoje posso dizer que o meu racional está mais sintonizado e harmonizado com a compreensão dessa inteligência primordial, autora do Universo e na qual está presente em tudo e em todos, inclusive em mim mesmo, capaz de gerenciar todas as energias vibracionais sob meu comando no conjunto corporal colocado à minha disposição.
Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.
Mas o liberalismo não tem respostas imediatas para os maiores problemas que enfrentamos: o colapso ecológico e a disrupção tecnológica. O liberalismo baseou-se tradicionalmente no crescimento econômico para resolver conflitos sociais e políticos complexos. O liberalismo reconciliou o proletariado com a burguesia, os crentes com os ateus, os nativos com os imigrantes e os europeus com os asiáticos, ao prometer a todos uma fatia maior do bolo. Com um bolo que crescia constantemente, isso era possível. Contudo, o crescimento econômico não vai salvar o ecossistema global – justamente o contrário, ele é a causa da crise ecológica. E o crescimento não vai resolver a questão da disrupção tecnológica – ele pressupõe a invenção de mais e mais tecnologias disruptivas.
A narrativa e a lógica do capitalismo de livre mercado estimulam as pessoas a ter grandes expectativas. Durante a parte final do século XX, cada geração – seja em Houston, Xangai, Istambul ou São Paulo – usufruía de uma educação melhor, serviços de saúde superiores e maior renda do que a que lhe antecedia. Nas décadas por vir, no entanto, devido a uma combinação de disrupção tecnológica e colapso ecológico, a geração mais jovem terá sorte se permanecer nos mesmos patamares.
Consequentemente, nos restou a tarefa de criar uma narrativa atualizada para o mundo. Assim como as convulsões da Revolução Industrial deram origem às novas ideologias do século XX, as próximas revoluções na biotecnologia e na tecnologia da informação exigirão novas visões e conceitos. As próximas décadas serão, portanto, caracterizadas por um intenso exame de consciência e pela formulação de novos modelos sociais e políticos. Será o liberalismo capaz de se reinventar mais uma vez, como na esteira das crises das décadas de 1930 e 1960, e emergir ainda mais atraente? Será que a religião e o nacionalismo tradicionais são capazes de oferecer as respostas que escapam aos liberais, e usar sua antiga sabedoria para moldar uma visão de mundo atualizada? Ou terá chegado o momento de romper totalmente com o passado e criar uma narrativa completamente nova que vá além não só dos antigos deuses e nações, mas até mesmo dos valores modernos centrais de liberdade e igualdade?
A narrativa do Cristianismo não pode deixar de ser colocada como opção de resposta aos problemas que enfrentamos. Resta saber qual o motivo. Por que análises inteligentes da crise atual, sabendo da existência do Cristianismo, não o coloca como alternativa e faz uma avaliação racional?
Talvez explique isso a condição de religião da proposta. Seria necessário ser colocada como uma opção sociológica, acima do viés religioso.
Sofri esse preconceito na pele, quando procurei aprovar um evento universitário com o título de Reino de Deus. Logo surgiram diversas críticas alegando que a universidade é laica e que não pode discutir esse assunto. Procurei colocar a justificativa junto aos meus colegas em reunião plenária do Departamento de Medicina Clínica onde estou lotado na UFRN. Expliquei que a discussão que pretendo fazer com a comunidade extra universitária é semelhante aquela que fazemos do marxismo, do comunismo, do socialismo, sem qualquer interesse em proselitismo religioso. Mesmo assim, para superar as críticas de que possa existir proselitismo político e isso possa estar ferindo o laicismo universitário, foi sugerido a mudança do título do evento. Por esse motivo refiz o projeto colocando como título “Construção da Sociedade Ideal” ao invés de “Construção do Reino de Deus”.
A mudança de título não muda a essência do trabalho, como podemos observar ao longo destas reflexões que estamos fazendo com o trabalho de Yuval Noah Harari.
Encontrei o pensamento de Yuval Noah Harari mesmo depois de ter adquirido os seus três livros, bastante difundidos no mundo. O autor nasceu em 1976, em Israel, Ph.D. em história pela Universidade de Oxford, é atualmente professor na Universidade Hebraica de Jerusalém. Considerei bastante relevante após ouvir os dois primeiros livros, Sapiens e Homo Deus. Resolvi ler este terceiro livro, 21 Lições para o Século 21, e fazer a exegese por trechos sequenciais. por considerar existir uma falta de consideração com a dimensão espiritual, indispensável para as conclusões que são tomadas em todos os ângulos em investigação histórica. Convido meus leitores especiais a caminhar comigo nesta nova maratona racional onde pego carona com o brilhante intelecto do autor Yuval.
Sem dúvida, é isso que está acontecendo em todo o globo, quando o vácuo deixado pelo colapso do liberalismo está sendo, de forma vacilante, preenchido por fantasias nostálgicas de algum passado dourado. Donald Trump associou seu chamado para o isolacionismo americano com uma promessa de “Tornar a América grande novamente” – como se os Estados Unidos das décadas de 1980 ou 1950 tivessem sido uma sociedade perfeita que os americanos deveriam de algum modo recriar no século XXI. Os partidários do Brexit sonham em fazer da Inglaterra uma potência independente, como se ainda vivessem na época da rainha Vitória e como se o “isolamento esplêndido” fosse uma política viável na era da internet e do aquecimento global. As elites chinesas redescobriram seus legados imperiais e confucianos nativos, como um suplemento ou mesmo um substituto para a duvidosa ideologia marxista que importaram do Ocidente. Na Rússia, a visão oficial de Putin não é a construção de uma oligarquia corrupta, mas a ressurreição do antigo império tzarista. Um século depois da revolução bolchevique, Putin promete o retorno às glórias do tsarismo, com um governo autocrático mantido pelo nacionalismo russo e pela fé ortodoxa cujo poder se estende do mar Báltico ao Cáucaso.
Sonhos nostálgicos semelhantes, que misturam adesão ao nacionalismo com tradições religiosas, sustentam regimes na Índia, na Polônia, na Turquia e em muitos outros países. Em nenhum lugar essas fantasias são mais extremadas que no Oriente Médio, onde islâmicos querem copiar o sistema estabelecido pelo profeta Maomé na cidade de Medina 1400 anos atrás, enquanto judeus fundamentalistas em Israel superam até mesmo os islâmicos e sonham em retroceder 2500 anos até os tempos bíblicos. Membros da coalizão que governa Israel falam abertamente sobre sua esperança de expandir as fronteiras modernas de Israel da Bíblia, sobre reinstituição da lei bíblica e até mesmo sobre reconstrução do antigo templo de Iahweh no lugar da mesquita de Al-Aqsa.
As elites liberais olham horrorizadas para esses desenvolvimentos e esperam que a humanidade volte ao caminho liberal a tempo de impedir um desastre. Em seu discurso final nas Nações Unidas, em setembro de 2016, o presidente Obama advertiu seus ouvintes quanto ao retrocesso para “um mundo radicalmente dividido, e acima de tudo em conflito, entre fronteira ancestrais de nação e tribo, raça e religião”. Em vez disso, disse, “os princípios de mercados livres e governança responsável, de democracia e direitos humanos e lei internacional (...) são o fundamento mais firme para o progresso humano neste século.
Obama ressaltou com razão que, a despeito das numerosas deficiências do pacote liberal, ele tem um histórico muito melhor do que quaisquer alternativas. A maioria dos humanos nunca usufruiu de maior paz e prosperidade do que sob a égide da ordem liberal do início do século XXI. Pela primeira vez na história, doenças infecciosas matam menos que idade avançada, fome mata menos que obesidade e violência mata menos que acidentes.
O isolacionismo é defensável quando ele protege os cidadãos do país em questão, a manutenção de seus negócios e cultura. A atitude fraterna de acolhimento de povos em dificuldade de sobrevivência, por viés político ou por qualquer outro, não implica que os anfitriões tenham que se submeter ao pensamento ideológico das pessoas acolhidas.
Isso promove atitudes nacionalistas locais, mas de intolerância com relação a outros povos, que pode desaguar em franca reação de hostilidade contra indivíduos e contra Estados. A única narrativa que pode permitir esse nacionalismo com tradição religiosa existam sem atitudes beligerantes, é o Cristianismo com sua defesa da criação do Reino de Deus.
A narrativa liberal pode ter um bom histórico com relação às conquistas capitalistas, de paz e prosperidade, mas, por não seguir os ensinamentos da narrativa cristã, termina por agredir ao próximo e ao meio ambiente, principalmente.