“Venha comigo, Pedro, Eu lhe darei uma nova vida, deixarás de ser pescador de peixes para ser pescador de homens. Iremos mudar o mundo!”
Esse convite feito por Jesus a um pescador no Mar da Galiléia há 2000 anos, continua a ecoar nos ouvidos do mundo, a quem essa voz alcança, a quem tem condições de escutar além de ouvir.
Esse convite chegou aos meus ouvidos e me atrevi a escutar. Primeiro procurei saber de quem partia esse convite cheio de tanta presunção. Por que Pedro aceitara esse convite, sem saber quem era esse homem. Fiquei a imaginar a situação. Pedro acabava de voltar do mar com o seu barco vazio, sua rede não conseguiu pegar uma simples piaba. O mar não tinha peixes, explicou pra aquele Nazareno de barba e cabelos compridos que perguntava se podia ajudar. Ajudar como, explicava Pedro, se o barco estava vazio? Mesmo assim Jesus entrou n’água, pediu ajuda para subir no barco e disse com uma autoridade serena para içar velas e jogar novamente a rede ao mar. Pedro, descrente, não queria ser grosseiro com aquele estrangeiro tão delicado e disposto a servir. Fez o barco novamente ao mar e jogou com enfado mais uma vez a rede. Sentiu um ligeiro tremor na corda que prendia a rede e começou a puxar. A rede era cada vez mais pesada e ele necessitava realmente da ajuda daquele desconhecido para subir com a rede e encher os seus sextos as diversas vezes que a lançava no mar. Cansado por tanto esforço, olhando os seus sextos abarrotados de peixes, ele lança um olhar de admiração e faz a pergunta: Quem és tu? Jesus responde com o convite.
Agora, eu me coloco no lugar de Pedro. Que faria eu numa situação dessa? Ao ser beneficiado dessa forma? Ao ser ajudado sem nenhum acordo de recompensa? Ao ter na minha frente uma pessoa que me envolvia de um sentimento casto, harmônico, suave, embriagador? Que prometia mudar minha vida para um projeto mirabolante de pescar homens para mudar o mundo?
Por mais que eu procure sentir o que Pedro sentiu nessa ocasião, sei que não atingirei a sua realidade naquele momento, pois não tenho comigo agora a presença do Mestre, como ele tinha. Por isso a minha mente racional não acompanha a decisão de Pedro. A minha mente pergunta por que eu deva seguir alguém que não conheço para uma mudança de vida que não sei como será, num projeto que eu sei que está muito além do meu alcance, tanto físico quanto psicológico. Não, eu não aceitaria o convite!
Mas continuei a estudar a vida desse Nazareno e a refletir em Suas lições. Ele dizia que era o Filho bem amado de Deus, o nosso irmão maior, filho do mesmo Pai de toda a humanidade, de toda a criação. Disse que veio para cá enviado pelo Pai para ensinar como seria a forma de amar mais pura, sem a contaminação dos condicionamentos egoístas, o Amor Incondicional. Ensinava e praticava com sabedoria e coragem. Chegou ao ápice de toda a sabedoria e coragem com a crucificação. Não observei nenhuma incoerência em Suas lições. Eu não teria nem coragem nem sabedoria para fazer o que Ele fez, de cumprir uma missão para mim impossível.
Com todas essas informações aquele Nazareno deixou de ser desconhecido para mim. Ele entrava agora no meu dia a dia, fazia comparações dos meus atos com os atos que Ele praticaria se estivesse no meu lugar. Notei que muitas pessoas se transformaram porque tentavam seguir suas lições, e com isso o próprio mundo estava mudando. Eu também estava mudando. Sem querer aceitar o seu convite, mesmo assim eu estava mudando!
Refleti mais uma vez sobre o convite e senti que eu era, como o Mestre ensinou, um dos trabalhadores da última hora. Então, aquela lição que me pareceu na primeira vez que ouvi ter muita injustiça, um trabalhador que trabalhara o dia todo receber o mesmo salário daquele que trabalhou somente na última hora, agora me parecia cheia de sentido. Assim, comecei a trabalhar em Sua seara!
A reunião desta semana da AMA-PM e Projeto Foco de luz foi feita no dia 03-04-15, sexta-feira da Paixão, na rua do Motor, com início as 19h. Estava presentes os convidados e as seguintes pessoas que participam com mais assiduidade nas nossas reuniões: 1. Ana Paula 2. Ezequiel 3. Costa 4. Nivaldo 5. Luzimar 6. Rawllison 7. Netinha 8. Damares 9. Edinólia 10. Radha 11. Sued 12. Francisco. Inicialmente estava programado ser projetado um filme sobre a vida de Jesus, mas como o DVD estava com muita falha, foi projetado um filme sobre Tomé. O filme centrava sobre a falta de fé de Tomé e tinha como destaque mais dois personagens: o centurião Longinus e José de Arimatéia.
Longinus, pouca gente conhece. Foi o centurião que chefiou a patrulha que levou Jesus até o calvário, que supervisionou o pregamento dos seus membros superiores e inferiores, e lancetou o lado para verificar Sua morte.
José de Arimatéia foi o rico comerciante judeu e cidadão de Roma, que pediu e obteve a permissão de Pilatos para recolher o corpo de Jesus e sepultá-lo na tumba de sua família.
O filme mostra a peregrinação de Tomé em busca do corpo de Jesus que havia desaparecido. Ele acredita que devido o grande amor que tinha pelo Mestre não podia deixar que o Seu corpo fosse permanecer em Jerusalém, na tumba de um amigo dos romanos. Nessa busca obsessiva, Tomé se envolve em muitas dificuldades.
Primeiro ele reclama dos seus colegas e amigos de ter deixado o Mestre sozinhos, de tê-lo abandonado. Agora vai a busca do corpo e tem o primeiro contato com José de Arimatéia. Desconfiado, vai com ele falar com o Sumo Sacerdote, Caifás, para que interceda junto a Pilatos e assim os discípulos possam levar o corpo do Mestre. Aparentemente Caifás concorda, mas depois termina por denunciar José de Arimatéia perante Pilatos e depois do interrogatório é levado para a prisão.
Depois Tomé vai à procura de Caios, soldado malicioso da guarda romana que tenta lhe enganar vendendo um corpo que está apodrecendo nas catacumbas como se fosse o corpo de Jesus. Mas depois, arrependido por ter sido salvo por Tomé, aquele que ele estava tentando enganar ou até prender, ensina onde se encontra Longinus, que pode dizer onde se encontra o corpo de Jesus, como pensa Tomé.
Tomé encontra Longinus no deserto, cego e colocado no meio dos loucos. Tomé leva-o para a comunidade dos essênios para ser cuidado. Longinus diz o que aconteceu na tumba, que uma luz muito forte lhe ofuscou, que tirou a pedra do lugar e que vinha do céu. Depois ele foi de joelhos até o local e não encontrou mais o corpo. Diz que tudo passou a fazer sentido, pois ouvira Jesus dizer na hora da morte que entregava o seu espírito ao Pai. Ele se arrependia de ter castigado o filho de Deus, de ter ferido o seu corpo com a lança. Mas agora ele tinha a fé que Ele era tudo o que dizia e passou para Tomé a ponta da lança que ferira seu Mestre.
Decepcionado e envergonhado, Tomé volta ao encontro dos demais discípulos. Encontra Maria Madalena que disse ter visto Jesus pela primeira vez. Mais uma vez Tomé falha, pois não consegue acreditar como o seu Mestre aparece pela primeira vez a uma prostituta e não a sua mãe ou qualquer um dos seus colegas, ou mesmo a ele que tão desesperadamente procura pelo seu corpo. Diz abertamente que não consegue acreditar em nada que todos dizem, que todos os seus amigos já conseguiram ver e falar com Jesus, mas ele só acreditará quando conseguir tocar nos ferimentos do seu Mestre.
Foi nesse momento de descrença plena que surge o Mestre e com voz compassiva chama o nome do seu discípulo sem fé. Com humildade pede para Tomé vir comprovar a realidade da Sua existência, que ele pode vir tocar em Suas feridas. Tomé envergonhado vai até o Mestre e toca em todas Suas feridas.
Jesus então ensina mais uma lição que dessa vez tem importância para todos nós que não convivemos com Ele nem tivemos a oportunidade de vê-lo de qualquer forma. Diz a Tomé que ele acreditou porque o viu e tocou, mas bem aventurados são aqueles que acreditam nEle sem ver ou tocar.
Então, bem-aventurados somos todos nós desta Associação que acreditamos no Cristo sem necessidade de ver ou tocar no Seu corpo ou nas Suas chagas. Bem-aventurados somos todos nós que estudamos suas lições e procuramos colocar em prática. Luzimar, Nivaldo, Ezequiel e Damares falaram da importância da atividade no dia de hoje, na sexta feira da paixão do Mestre de todos nós.
Concluímos com a apresentação da produção de um vídeo das atividades da Associação, produzido sob a direção de Ana Paula. Costa disse do valor espiritual do evento, e conduziu a oração do Pai Nosso; Luzimar conduziu a oração do coração e encerramos a atividade. Despedimos-nos com abraços fraternos.
Voltei a hidroginástica na aula seguinte. Refiz os mesmos passos daquele fatídico dia que poluí a praia. Ainda tinha certo temor na alma, de que o Pai me pusesse à prova em outro teste de igual sofrimento. Não, Ele não apresentou nenhum teste dolorido para mim dessa vez, mas Ele observava meu comportamento como se tivesse testando a garantia do que eu havia prometido naquele dia. Da mesma forma que o comprador de qualquer objeto tem um determinado tempo de garantia para que se não for atendido naquilo que foi prometido possamos devolvê-lo, o Pai também estava testando a garantia do perdão que eu disse que tinha aprendido com a lição que me foi dada. Vim perceber isso no justo momento que estava caminhando de volta para casa.
Vi novamente fezes, principalmente de animais no trajeto, mas não despertou em mim nenhuma revolta como antes. A crítica revoltada que se instalava de automático na minha consciência havia sido substituído por uma procura do que eu poderia fazer para atenuar a situação. Mais adiante vi um senhor conduzido o cão pela coleira e este tentando se agachar para defecar. Vi que o senhor não estava conduzindo nada que pudesse limpar a sujeira, e seria mais um monte de fezes no trajeto da praia. Não senti nenhuma revolta por aquela pessoa permitir isso, mas sim compaixão pela ignorância do mal que ele estava fazendo. Usei a minha inteligência para ver como eu poderia ajudá-lo a compreender o mal que estava sendo feito, sem ofender a sua honra de cidadão até mais idoso do que eu. Refleti que eu poderia comprar saquinhos plásticos de recolhimento de fezes, como eu já faço com a compra de saquinhos de biscoitos para cães e levo sempre que lembro um ou dois para dar a cadela vizinha do meu apartamento que está sempre grávida ou em aleitamento. Também eu poderia sair com esses saquinhos de recolhimentos de fezes e numa situação como essa eu poderia chegar perto do dono do cão e oferecer, com educação e respeito, um saquinho ou dois para ele recolher as fezes do seu animal e depositar no local apropriado.
Sei que vai ser mais um aprofundamento das minhas lições espirituais que o Pai está intuindo em minha mente, deixando que ela trabalhe com essas reflexões, pois Ele sabe da minha dificuldade de comunicação, do quanto eu tenho bloqueio de dizer um simples bom-dia a um transeunte desconhecido que cruza comigo na caminhada. Agora está sendo proposto eu abordar um cidadão que não conheço, falar com educação e respeito sobre um assunto que pode lhe ofender; vai ser necessário mais um esforço da minha alma.
Parece até que essa hidroginástica que procuro fazer com regularidade para melhorar o meu corpo está se tornando também outro campo de exercícios, dessa vez exercícios espirituais para melhorar a minha alma. Da mesma forma que acontece dentro d’água onde os exercícios vão ficando cada vez mais complexos e exigentes, a minha alma cada vez mais vai sendo exigida para domesticar os valores egóicos do meu corpo.
Enfim, acredito que eu tenha passado no teste de garantia que o Pai estava verificando quanto a qualidade da minha capacidade de perdoar. Vejo agora os erros dos irmãos sem as murmurações de antes, e a vontade de ajudar, de atenuar o mal que foi feito sem jogar críticas ao ar, prevalece. Talvez seja um tipo de promessa que minha alma está engendrando, o pagamento não por uma graça recebida, mas de uma culpa perdoada.
Com tudo isso que aconteceu não consigo explicar bem claro os meus sentimentos quanto este comportamento de exposição de minha caixa preta. Minha alma não quer glória e o meu ego não quer desonra. Então, parece que minha exposição nesse episódio não atende nem a um nem a outro. No entanto sinto ter alcançado um grau maior de espiritualidade com esse sacrifício da minha honra. Adquiri uma melhor qualidade de perdoar que antes era ainda muito cheia de murmurações contra os atos errados dos meus irmãos. Peço apenas a quem tenha tido oportunidade de ler esse texto que se esforcem acima de qualquer sentimento negativo ou positivo que lhes venham à mente, que tenham compaixão do meu ego, aviltado pelo que meu espírito me obrigou a fazer. Não tenho coragem de ler para ninguém esse texto como fiz com outro parecido, onde também fui humilhado, mas que não prejudiquei a ninguém, e pude até usar o humor com a sua descrição. Dessa vez foi diferente, eu poluí a praia, causei dano à Natureza e a qualquer pessoa pelo simples fato de observar o mal que foi feito. Que seja o Pai que conduza a quem precise ou mereça a leitura desse texto, antes que mais adiante ele integre o livro que pretendo publicar. Mas nesse caso o tempo terá atenuado o peso da minha culpa. O mais importante de tudo isso, acima da vergonha, ignorância e covardia que ainda tenho é que me sinto em sintonia com o Pai.
Era o dia da hidroginástica. Fui dormir na noite anterior disposto a acordar e ir para o local da praia onde ela é realizada. O despertador me acorda pela manhã como eu havia programado, mas ao acordar a preguiça domina minha mente e decido não ir mais. Desligo o despertador, mas deixo programado para voltar a ligar uma hora depois. Volta a me despertar como previsto e sinto o sol forte que entra por minha janela envidraçada a queimar o meu rosto. Sempre associo a potência irradiante do sol a uma pequeníssima amostra do poder de Deus. Interpreto que além do despertador, era o Pai que estava me acordando. Verifico a hora e vejo que faltam quinze minutos para o início da hidroginástica, se eu me apressar e correr até o local chegarei a tempo. A preguiça ainda tenta argumentar para que eu fique no apartamento, pois estamos em plena semana santa e que eu poderia retomar os exercícios na próxima semana. Mas essa argumentação reforçou ainda mais a voz de Deus na minha consciência, afinal esta semana santa deve ser lembrada pelo esforço que o Mestre Jesus fez para cumprir a vontade do Pai, uma ação que Ele fez bem mais complexa e dolorosa que a minha, sem comparações! Não tergiversei mais. Vesti a minha sunga e sai do apartamento.
Fui correndo pelo calçadão, pois a ida pela areia, pela beira da praia, como sempre faço iria me atrasar. Encontrei o prefeito de Natal que vinha em sentido contrário e nos cumprimentamos com um aceno de mão. Talvez isso tenha sido mais uma preparação do Pai dentro dos projetos da seara da comunidade.
Cheguei no local da hidroginástica e a roda de alongamento inicial ainda não havia se formado. Fui na corrida um pouco mais adiante, onde a lagoa formada pelas águas do mar represadas pelas pedras faz uma curva e fiquei de frente para o sol e para as pedras. Paro de correr e fico orando ao Pai de frente para o Sol, recebendo Sua energia e dizendo com satisfação, Pai, estou aqui. Cumpri a Sua vontade e não a minha.
Fiquei nessa contemplação do poder divino com os braços elevados em direção ao sol, a brisa fria a envolver o meu corpo cansado e como uma barreira poderosa, as pedras negras, cheias de reentrâncias e estruturas cortantes me separando das ondas do mar e limitando a quantidade de sol que meu corpo recebe. Refleti que esse é o modelo da minha vida. Também tenho dentro de mim uma barreira de sentimentos egoístas e emoções enegrecidas e cortantes que me afastam de Deus. Mesmo limitados por essas barreiras íntimas faço o máximo de esforço que meu espírito consegue para me sintonizar com Deus e pedir Sua ajuda para vencer tão fortes obstáculos.
O Pai nada “falou” para mim, no silêncio da minha consciência, mas eu sabia que Ele estava ali a observar meus pensamentos e a sondar o meu coração. Só que eu não atentei que Ele também leu o que escrevi ontem sobre a coragem que eu deveria ter de publicar aquilo que trouxesse desonra para mim, mas que pudesse ser útil para a coletividade, principalmente no exercício do perdão, e que iria me colocar à prova por causa disso.
Quando terminou a hidroginástica eu voltei para o apartamento pela beira da praia. É uma caminhada de aproximadamente meia hora. Quinze minutos correndo, como fiz na vinda, e meia hora andando, como iria fazer agora. Não tinha andado nem mesmo cinco minutos quando senti uma forte necessidade de evacuar. Era estranho, pois eu não tive nenhuma sinalização fisiológica que isso poderia acontecer. Eu sabia que mais adiante tinha banheiros públicos que eu podia usar. Tinha que me controlar e chegar até lá. Parei um pouco a caminhada e até a respiração. Fazia um enorme esforço em todos os meus músculos, principalmente os esfíncteres para não deixar sair nada. Ao mesmo tempo tentava disfarçar tal esforço para que as pessoas que caminhavam não percebessem o meu desespero. Eu me curvava como se tivesse olhando com curiosidade peixinhos nas pedras, mas era só aparência, pois naquele momento até meus olhos estavam fechados. Felizmente o espasmo da região anal para expulsar o conteúdo indesejado foi aliviando e retomei a caminhada para o banheiro público. Mas não consegui nem subir para o calçadão onde ele se encontrava um pouco mais adiante, uns trezentos metros. A cólica dessa vez não respeitou os meus esforços e desesperado senti o conteúdo se despejar por dentro da sunga. Não podia mais subir o calçadão com aquele bolo fecal a me denunciar pelo volume e pelo fedor. Não podia arriar ali onde as pessoas caminhavam e felizmente não tinha ninguém ainda perto de mim. Não havia outra saída a não ser entrar dentro d’água e resolver a situação longe dos olhos dos curiosos, mas sacrificando a pureza do mar. Sentia-me um criminoso ao fazer isso, pois lembrava que antes de ter orado ao Pai, em frente ao sol, eu havia percebido cocô de cachorro e no silencio da minha consciência eu havia acusado aqueles proprietários de cães que os levam a passear sem o devido cuidado de não poluir a praia. Agora era eu que estava ali, impotente, fazendo algo pior que o cachorro e o seu dono fizeram. Tamanha lição entrou na minha mente nesse instante, de jamais condenar qualquer atitude errada que eu venha observar, como cocô na praia, quer seja de animais ou de humanos, ou mesmo alguém se aliviando na beira da estrada e agredindo o pudor público, pois eu não sabia a situação de quem fazia isso. Enquanto eu via o remanso das águas levar para longe o bolo fecal, eu fazia penitência na minha alma, pedia perdão a todos que se indignassem pelo fruto desse meu ato, e falava para o Pai que iria me esforçar para jamais condenar, de voz alta ou no silêncio da mente, atos politicamente incorretos, mas que eu não sabia as condições em que foram feitos.
Agora, lendo o que escrevi e publiquei ontem com o que tive que fazer hoje, senti mais uma vez a sondagem do Pai no meu coração: “Então, filho, vais ter coragem de publicar isso que fizeste? Pois sabes que essa lição que tivestes hoje irá servir muito pra ti, e também irá servir para muitos dos teus irmãos que ainda pensam como voce pensava ontem. Está pronto para sofrer na ‘pele’ a ironia e a condenação dos que ainda não estão prontos a absorver essas lições? Estás pronto a macular a imagem do teu ego, a brancura da tua bata de médico, as tuas teses de acadêmico, para ensinar os limites e necessidades do corpo que o espírito as vezes não consegue controlar?”
Senti vontade de apagar tudo que escrevi até agora ou mesmo guardar no fundo do meu computador para um momento que eu tivesse mais coragem de publicar. E senti o olhar piedoso do Pai a me acolher em minha miséria: “Sim, filho, eu entendo se tu não conseguires... Eu espero pelo seu tempo... Nós temos a eternidade...”
Mas refleti nas lições do Mestre Jesus, na Sua missão de ensinar a prática do amor que o levou ao escárnio da população, ao sacrifício desonroso na cruz ao lado de dois ladrões, longe dos amigos e beneficiados que até pouco tempo lhe cantavam hosanas na entrada triunfal em Jerusalém. E pela imensa sabedoria do Pai, esta lição foi colocada justamente no dia da Paixão do Mestre, o dia mais importante do ano para nossa evolução espiritual: a Paixão do Cristo, a prova final do Amor Incondicional a toda a humanidade. A minha pena com certeza não será tão severa quanto a que aplicaram a Jesus. E nessa observação da extrema coragem do Cristo em levar avante Sua missão, refleti que deveria usar a pequeníssima coragem que já possuo e fazer o que o Pai me deu como missão, respeitando a fragilidade e fraqueza dos meus ombros. Portanto, não afastarei de mim esse cálice.
Publicarei esta página!
Este é o título que irei dar ao livro que irá surgir deste trabalho diário que faço neste blog. Irei colocar hoje a “Apresentação” desse livro que pode ser mudado mais adiante se eu achar conveniente. Mas por enquanto o texto é este:
APRESENTAÇÃO
“Diário do Espírito” é um trabalho que pretendo fazer a cada dia pelo mesmo espírito que administra meu corpo. Não é um trabalho inédito, de méritos exclusivos do meu espírito ou do meu ego, pois os dois sempre estão se confundindo no campo da consciência. Pelo contrário, a maioria dos textos publicados foi inspirado pelos mais diferentes autores, encarnados ou desencarnados, nos mais diferentes textos, dos livros sagrados ou profanos, incluindo filmes, jornais, revistas, circunstâncias, pessoas, etc. Em alguns eu cito a autoria, na maioria acredito que não e por isso peço desculpas, e que nunca me deem o crédito total por qualquer texto, pois sempre está influenciado pelo pensamento de alguém e dessa forma a evolução se processa.
Tenho como o exemplo o texto desta apresentação a partir do título da “minha obra” que foi inspirado no livro “O Papa Bom”, de Renzo Allegri, onde ele cita que o Papa João XXIII produziu durante a sua vida um relato de cada dia e que denominou “Diário da Alma”, e a forma de fazer essa apresentação que tirei do livro “A Conquista”, de Rubens Marchione.
Este é o interesse do espírito, deixar transparente a origem deste trabalho e o seu conteúdo, para que o antagonista do espírito, o meu ego biológico, não usufrua dos frutos como se fossem totalmente dele. Concluo assim, evidente, que o ineditismo que este trabalho propõe, é sobre a honestidade que o espírito deve ter na publicação do seu caminho evolutivo enquanto administrador de um corpo cheio de instintos acionados pelas necessidades de sobrevivência ou por uma razão de base egoísta. Tudo isso ainda passa pelo filtro da Justiça e da coragem. Justiça para que não seja publicado informações que prejudiquem mais que beneficiem a terceiros, no que se refere a vida íntima de responsabilidade individual de cada pessoa; e coragem para publicar informações que deveriam ficar na minha “caixa preta”, pois que agridem e denunciam o meu ego naquilo que de mais torpe, malicioso ou perverso ele possa imaginar, desejar e agir, e que isso traga repulsa do leitor para o autor por quem passa a ter esse conhecimento, mas que seja de interesse coletivo para a compreensão dos limites do espírito que cada pessoa possui na sua jornada evolutiva, dos problemas às vezes inevitáveis que possamos causar a nós e aos outros.
Talvez a lição que possamos aprender com toda essa saga tão cheia de erros, atropelos e incompetência que irei discorrer neste trabalho, seja o aprendizado na capacidade de perdão para os irmãos que dividem interativamente as diversas oportunidades de relacionamentos, e principalmente perdão para nós mesmos ao olhar para trás e vermos os rastros trôpegos e desastrados do nosso caminhar, mesmo que estejamos procurando fazer o certo, fazer o bem, fazer a vontade do Pai.