Uma amiga muito querida, com quem dividi muitas noites de quarta feira da minha vida, mas nos afastamos por entrarmos em rota de colisão entre o que nós desejámos um para o outro, me enviou esse texto de André Luiz, que achei por bem reproduzi-lo neste espaço por trazer talvez uma contribuição maior da que eu consigo perceber...
“Quando uma porta se fecha, outra se abre; quando um caminho termina, outro começa... nada é estático no Universo, tudo se move sem parar e tudo se transforma sempre para melhor.
Habitue-se a pensar dessa forma: tudo que chega é bom, tudo que parte também. É a dança da vida... dance-a da forma como ela se apresentar, sem apego ou resistência.
Não se apavore com as doenças... elas são despertadores, tem a missão de nos acordar. De outra forma permaneceríamos distraídos com as seduções do mundo material, esquecidos do que viemos fazer neste planeta. O universo nos mandou aqui para coisas mais importantes do que comer, dormir, pagar contas...
Viemos para realizar o Divino em nós. Toda inércia é um desserviço à obra divina. Há um mundo a ser transformado, seu papel é contribuir para deixa-lo melhor do que você o encontrou. Recursos para isso você tem, só falta a vontade de servir a Deus servindo aos homens.
Não diga que as pessoas são difíceis e que convivência entre seres humanos é impossível. Todos estão se esforçando para cumprir bem a missão que lhes foi confiada. Se você já anda mais firme, tenha paciência com os seus companheiros de jornada. Embora os caminhos sejam diferentes, estamos todos seguindo na mesma direção, em busca da mesma luz.
E sempre que a impaciência ameaçar a sua boa vontade com o caminhar de um semelhante, faça o exercício da compaixão. Ele vai ajuda-lo a perceber que na verdade ninguém está atrapalhando o seu caminho nem querendo lhe fazer nenhum mal, está apenas tentando ser feliz, assim como você.
Quando nos colocamos no lugar do outro, algo muito mágico acontece dentro de nós: o coração se abre, a generosidade se instala dentro dele e nasce a partir daí uma enorme compreensão acerca do propósito maior da existência, que é a prática do AMOR. Quando olhamos uma pessoa com os olhos do coração, percebemos o parentesco de nossas almas.
Somos uma só energia, juntos formamos um imenso tecido de luz... Não existem as distâncias físicas. A Física Quântica já provou que é tudo uma ilusão. Estamos interligados por fios invisíveis que nos conectam ao Criador da vida. A minha tristeza contamina o bem estar do meu vizinho, assim como a minha alegria entusiasma alguém do outro lado do mundo. É impossível ferir alguém sem ser ferido também, lembre-se disso.
O exercício diário da compaixão faz de nós seres humanos de primeira classe.”
Muito boa a mensagem, e acredito que eu estou procurando cumpri-la na integridade. Talvez eu não consiga ainda ter uma boa empatia, ainda dou muita ênfase aos meus pontos de vista, principalmente aqueles que acredito ser a vontade de Deus dentro da minha consciência. Como eu poderia agir diferente para ser empático com o próximo? Acredito que aí esteja um limite considerável para a empatia com o próximo distorcer aquilo que Deus espera de nós.
Mas, enfim, a mensagem valeu a pena!
As 19h do dia 13-07-16, na Escola Estadual Padre Monte, foi iniciada mais uma reunião do Projeto Foco de Luz e AMA-PM com a presença das seguintes pessoas: 01. Paulo; 02. Edinólia; 03. Maria Queiroz; 04. Ana Paula; 05. Erinaldo; 06. Joaquim; 07. Mano; 08. Nazareno; 09. Josineide; 10. Silvestre (Pastor da Vida Plena); 11. Nivaldo; 12. Arlene (psicóloga); 13. Leonardo (1ª vez); 14. José Roberto; 15. Carlos Volu; 16. Maycon (Banco do Nordeste); 17. Gustavo (Banco do Nordeste); 18. Reginaldo (Banco do Nordeste); 19. João Maria; 20. André (1ª vez); 21. Wellington (1ª vez); 22. Luzivan; 23. Rosália; 24. Davi; 25. Severino; e 26. Jaqueline. Inicialmente foi lido o preâmbulo espiritual com o título “Padecer”, a partir do Apocalipse 2:10. Em seguida foi lida a ata da reunião anterior que foi aprovada com duas observações: onde se lê o nome de Neto em negrito, leia-se o nome de Mano com a solicitação de faixa de pedestre; e as seguintes ações administrativas da AMA-PM que não foram registradas: Ofícios entregues a SEMSUR para limpeza e manutenção da Praça Maria Cerzideira; ofício entregue a Empresa de limpeza Adelino Terceirização para limpeza da escola Padre Monte; Ofício entregue à SEMOPI para reimplante de meio fio na Escola Padre Monte, antigo ponto de lixo, onde encontra-se um fiscal da urbana para evitar colocar lixo nesse local; Solicitação direta à CAERN para troca de manilha na Rua Monte Carlo e troca de manilha de esgoto na Travessa do Motor, casa de Maria; Ofício à SEMSUR para implante de braço com luminária na Rua Rodrigues Dias (pedido de João Batista) e no entroncamento da Rua do Motor com Ladeira do Sol (pedido de Sued). COMUNICAÇÕES – Maria Queiroz faz prestação de contas da festa junina, diz que foi gasto 165,00 reais e apurado 732,00 reais, com um lucro de 567,00 que será aplicado nos serviços da escola. Edinólia informa que a pescaria realizada nesse evento junina rendeu 160,00 reais para a AMA-PM. Paulo informa que está sendo distribuído lembretes dentro da comunidade quanto a passagem da coleta de lixo de segunda a sábado, das 07 às 14h. Também informa que foi entregue ao engenheiro Tiago da SEMOPI a reposição do meio fio da Escola e solicitada a Sra. Fátima Lima da SEMSUR a podação de plantas. Luzivan informa sobre a entrega dos ofícios ao IDEMA e que irá marcar a visita técnica em um dos dias de segunda a sexta pela manhã para a implementação dos projetos. Carlos Volu comenta sobre a festa junina e sugere uma descentralização e programação feita com antecedência para a realização de eventos. Francisco informa que fez o empréstimo de um DVD para Paulo sobre a vida de “Paulo, o apóstolo dos gentios” como uma boa inspiração para o trabalho que realizamos. Disse que essa atividade de empréstimos de livros, CDs e DVDs devia ser socializada dentro da AMA-PM e se comprometeu a administrar esse serviço, já que foi aceito por todos, e dentro do critério de quem dá a sugestão ser o primeiro voluntário a colocá-la em prática. Mano informa que o informativo produzido por Davi deve conter mais informações sobre o bairro. Ana Paula comenta que onde aconteceu falhas no trabalho da AMA-PM foi devido a falta de engajamento de voluntários. Paulo lamenta a falta de representantes dos Curumins e da Igreja católica para ser dado o seguimento de festa da Santana e do apadrinhamento das crianças. Jaqueline lamenta a falta de informações que a deixou sem condições de colocar o seu carro de lanche na festa junina, mas que está disposta a colaborar dentro do voluntarismo da Associação. Foram sugeridos a formação de dois grupos com seis pessoas cada, que continuarão reunidos depois desta reunião, para aquisição do Crediamigo do Banco do Nordeste da seguinte forma: Grupo 1 – Silvana (mercadinho); Leonardo (mercadinho); Carlos Eduardo (ambulante); Josineide (Natura); Severino (salgadinhos); e Jaqueline (lanches). Grupo 2 – Erinaldo (barraca de praia); José Roberto (carro ambulante); João (ambulante de coco na praia); Wellington (ambulante de bebidas na praia); André (ambulante de churrasquinhos e xingas na praia); e Joaquim Neto (comércio de Guarda-Sol). As 20h30m a reunião foi encerrada, o pastor Silvestre fez a condução da oração do Pai Nosso, fizemos a foto coletiva e degustamos o lanche fornecido pela escola.
O instinto sexual é uma força significativa presente nos seres humanos, principalmente nos homens, nos quais se mostra com uma maior amplitude, comparada à mulher que mostra maior profundidade. Isto é, o homem tem mais facilidade de se envolver com várias mulheres, enquanto a mulher tem mais facilidade em aprofundar o relacionamento com um só homem. Esse aspecto já é bem conhecido pela ciência, principalmente nos estudos da sociobiologia, quando foca o assunto no sucesso reprodutivo. O homem desenvolve a estratégia de quanto mais mulheres puder fertilizar ao longo de sua vida, com seus milhões de espermatozoides, melhor para a sua performance reprodutiva; a mulher deve ter o cuidado de escolher aquele companheiro que pode lhe ajudar todo o tempo na criação do filho gerado pelo seu único óvulo.
Essa situação gera um conflito, pois no encontro homem-mulher, apesar de no primeiro momento os interesses coincidirem, no desenvolver do relacionamento as estratégias inconscientes de cada um irão se chocar na consciência e no surgimento dos desejos: o homem irá perceber com mais clareza as diversas oportunidades femininas ao seu redor e a mulher irá fortalecer o seu lado de segurança para garantir a presença exclusiva do companheiro ao seu lado.
Para evitar um relacionamento injusto devido a força física do homem, o casamento se tornou uma instituição poderosa para conter esses poderosos instintos, principalmente do homem, que tenderia a desestruturar a família, com a geração de diversos filhos espalhados sem o devido apoio financeiro e emocional.
Poderíamos então, pensar que esse instinto é um mal incrustado dentro de nós? Não, pois ele serve à preservação de cada espécie animal, dentro dos quais nos incluímos. Ele não poderia ser criado de forma diferente? Acredito que não, pois quem assim fez foi o Criador, inteligência suprema dos Universos, não susceptível de erros, e que gera uma Natureza harmônica e progressiva.
Pois bem, se o instinto sexual não é um mal e sim um bem, como evitar que ele cause tanto estrago como o que vemos na sociedade? Inclusive com a destruição de tantos casamentos? Reconheço que ele é um importante instrumento de sobrevivência, mas por outro lado um importante instrumento de desagregação, de egoísmo, de manipulação.
A única solução que vejo para transformar o potencial periculoso do instinto sexual em ação benéfica nos relacionamento afetivos, é fazer a aplicação do Amor Incondicional e usar a bússola comportamental que o Cristo nos ensinou: “Fazer ao próximo o que desejaríamos que fosse feito a nós”.
Quando encontro uma mulher e sinto despertar dentro da mente o desejo sexual, tenho que observar as condições ao redor, verificar que tipo de dano vai existir se esse desejo se expressar: se é uma mulher casada e de boa convivência com sua família, se é uma jovem que sonha em ter um companheiro somente para ela, se é alguém que no momento precisa apenas da minha ajuda material e não afetiva... enfim, se uma ação de cortejo a essa pessoa irá causar mais constrangimento, ou até mesmo prejuízos que ela não pode perceber por imaturidade, mas eu sim; que eu não iria querer que isso fosse feito comigo ou com uma filha minha, então, com certeza, essa ação sexual jamais deverá se manifestar!
Mas não fica somente nesses cuidados. Para o instinto sexual se transmutar do mal para o bem, é necessário que eu não o repudie na sua força de aproximação com o outro. Aquele desejo de fazer o bem deve permanecer, não para ter uma recompensa sexual, mas porque o outro conseguiu despertar forças dentro de mim, de fazer bem ao próximo, e que posso até usar como modelo para ter o mesmo comportamento com pessoas que não despertam esse desejo sexual. O instinto se torna assim instrumento do Amor Incondicional.
Lembro de quando dava plantões médicos e era chamado para atender uma jovem cheia de vitalidade e atributos sensuais. Como eu era atencioso e procurava fazer tudo para ser simpático e solidário! Lembro que quando era chamado para atender uma idosa que perdera com o tempo esses atributos, ou mesmo um homem que não despertava em mim desejos sexuais, como ficava tentado a ficar abusado, crítico de comportamentos inadequados, mas a lembrança do comportamento que eu fizera alhures com aquela jovem, freava de imediato essas minhas reações hostis. Eu me aproximava do Amor Incondicional forçado pela coerência que devia ter, e devo isso a força que experimentara dentro de mim do instinto sexual, e agora, ao aplicar a bússola comportamental do Mestre, eu teria de ser da mesma forma, solidário e paciente.
Dessa forma concluo que, o instinto sexual é um importante instrumento para a harmonia dos relacionamentos, para o fortalecimento da família, principalmente a Família Universal, quando devidamente compreendido e aplicado dentro do critérios do Amor Incondicional, seguindo a bússola do Cristo.
Encontrei uma frase no livro de “Urântia” que despertou minha atenção: “Cada mortal sabedor de Deus, que abraçou a carreira de cumprir a vontade do Pai, já embarcou na trilha longa que vai até o Paraíso, na busca da divindade e do alcançar da perfeição.”
Refleti que já atendo a quase totalidade dessa informação. Sou sabedor de Deus, reconheço Ele como o meu Pai transcendental e procuro cumprir a vontade dEle, e portanto já estou dentro da trilha que vai em Sua direção.
O que me faz ficar atento ainda e em alguns momentos com interrogações, é se a minha mente conseguiu fazer a devida interpretação do que Deus quer de mim.
Utilizo o máximo de racionalização para checar sempre se esse caminho do Amor Incondicional construindo a família ampliada com perspectivas da Família Universal, está correta, se isso é mesmo “Amor Incondicional” ou simplesmente um artifício que encontrei para dar vazão aos meus instintos, como muitos dos meus críticos dizem.
Mas não tem jeito, sempre que aplico a bússola comportamental que o Mestre nos ensinou (fazer ao próximo o que eu desejo para mim mesmo) a minha razão considera que estou correto. O que eu sinto que está ainda precário é o nível de transparência, do que eu faço, por onde ando, com quem caminho. Mas sei que se for totalmente transparente nesse aspecto, irei causar mal-estar ao meu redor, talvez de forma desnecessária, quem está ao meu lado no momento talvez não tivesse interesse em ter tal informação, como algumas companheiras já afirmaram isso.
Portanto, continuo a seguir a trilha para o divino, muitas vezes não sabendo qual o passo que irá ser dado um pouco mais à frente. Vejo quantas alterações já ocorreram desde que decidi entrar na trilha, mesmo sem, perder o meu foco eu sei que o caminho foi radicalmente modificado, sem que disso eu tivesse feito nenhuma projeção. Tudo acontece de forma inesperada, como se o Pai colocasse em alguns momentos tipo uma bifurcação da estrada, para ver qual é o caminho que sigo. Sei que sempre tem um caminho melhor que outro, e que ambos conduzem a Deus, agora de uma forma mais ou menos rápida, mais ou menos complicada, dolorosa.
De alguma forma eu percebo que essa Família Ampliada está se dilatando, mesmo sem eu planejar essa ampliação. É como se o Pai desse as opções convenientes para que eu siga a Sua vontade, que ela seja feita de forma perfeita e que só depende da minha decisão, do meu livre arbítrio, seguir o caminho mais coerente. Por isso é que eu imagino que tudo tem mais a participação do Pai do que minha, é Ele quem coloca constantemente as diversas opções para que a trilha siga em direção a Ele, que seja mais objetiva, mais precisa.
Assim, ao ler um texto com esse conteúdo, eu me sinto integrado à vontade do Pai, mesmo sabendo que consigo ter ido tão avante pela extrema bondade dEle ao querer incentivar as minhas intenções.
Não sabia ainda nada sobre o amor... eu era uma criança de oito anos quando sem saber porque desenvolvi uma atenção toda especial por uma coleguinha da sala de aula. Era uma menina esbelta, de porte aristocrático, grandes olhos, sorriso enigmático, pele morena, curiosa, inteligente. Não posso dizer que era minha amiga, eu pouco falava com ela, apenas a olhava à distância. Afinal eu era muito tímido para me aproximar e começar uma conversa, principalmente quando o meu coração ficava inquieto com a pessoa, como acontecia quando eu a via. Por isso eu posso dizer que foi a primeira manifestação de amor romântico dentro de mim, pois eu ficava imaginando e sentindo como seria bom uma aproximação com ela, de conversar, ver o seu sorriso dirigido para mim, a sua voz me indagando ou respondendo. Ela não percebia essas minhas inquietações, a vontade de fazer algo de bom para ela, que ela pudesse sentir algo de bom vindo de mim assim como eu sentia algo de bom vindo dela, apesar dela não fazer nenhuma ação nesse sentido.
Foi um dia especial para mim, que ficou incrustado na minha memória, quando eu ganhei um livro de histórias, um gibi colorido, que achei a coisa mais encantadora. Logo pensei na minha pequena “amada”, que ela devia sentir o que eu estava sentido ao ler aquelas histórias e ver as gravuras. Enchi- me de coragem e levei o gibi para a escola, mas como eu não tinha coragem suficiente para chegar perto e falar sobre ela do conteúdo da revista, continuei à distância, porém abri o livro de forma que ela pudesse ver o conteúdo. Meu objetivo foi alcançado com relação a percepção, mas não com relação a emoção. Eu imaginava que ela iria se sentir grata por aquela visão, mas demonstrou irritação, como se eu quisesse me mostrar para ela só porque estava com uma revista nova. Falou com suas amigas de forma irritada e disse palavras irônicas para me atingirem. Não lembro que palavras foram, mas sei até hoje a marca que me deixou na alma, no coração.
O tempo passou e vim a conhecer o que era o amor romântico e principalmente o amor incondicional. Mas nunca mais voltei a sentir aquele mesmo sentimento por outra pessoa, fui adolescente, amadureci e agora estou descendo a montanha da vida. Meus cabelos se perderam nas estradas da vida e o pouco que restou ficaram pintados de neve.
Lembro que procurava sentir aquela sensação com tantas das mulheres que passaram na minha vida. Queria ver o que acontecia se determinada pessoa correspondesse aos meus sentimentos, acredito que seria uma experiência do paraíso. Mas cada pessoa que eu simpatizasse, que começasse a sentir a mesma sensação do passado, logo uma cortina de frieza me gelava a alma, o coração desacelerava, e o encanto se perdia. O que salvou minha vida, foi o conhecimento do amor incondicional. Ele me ensinou que o mais importante era a capacidade de amar sem condicionamentos, que se a pessoa amada me amasse em correspondência, ótimo! Mas se tal não acontecesse a minha vida seria digna, somente pela capacidade de amar ao próximo e a Natureza, que representa a figura de Deus sempre ao meu lado.
Mas, confesso, queria ter essa experiência de um amor correspondido, mas não podia me aproximar dos meus relacionamentos, pois uma força muito mais forte me impedia de aprofundar esse relacionamento. Foi então que eu passei a frequentar os cabarés, as boates, locais onde as mulheres se prostituíam para ganhar a vida. Como esse aprofundamento do relacionamento até a intimidade sexual fazia parte do trabalho delas, passei a frequentar pelo menos uma vez no mês esses ambientes. Queria aprender como chegar perto de uma mulher, aprofundar o relacionamento, trocar fluidos, ter a relação sexual. Mas não tive sucesso. Até hoje continuo virgem. Mas encontrei paz em minha consciência.
Sim, teve um momento que tudo indicava que eu iria ter sucesso e essa história não fica completa se eu não relatar esse momento. Eu passei a ser considerado nos diversos bordeis que frequentava como o “Bondoso”. Isso porque a garota que ficasse comigo naquele momento, tinha a oportunidade de falar um tanto da sua vida, receber bons conselhos, algumas vezes até encaminhamentos para algum emprego, eram recompensadas acima do esperado, mas não era realizado o ato sexual. A minha fama se espalhou e quando eu chegava a esses locais, logo as inquilinas ou frequentadoras do bordel se insinuavam para mim no sentido de serem eleitas companheiras para aquela noite. Sabiam que quem ficasse comigo, teria no dia seguinte uma vida até transformada, não tanto pelo generoso pagamento que recebiam como pela orientação ou mesmo um bilhete para se apresentarem em determinada empresa para um trabalho.
Foi numa noite destas que eu cheguei e procurei sentar numa mesa discreta, como sempre fazia. Fiquei a observar as diversas garotas à distância, elas sabiam que eu não gostava do exibicionismo sexual e sempre escolhia quem demonstrava ser a mais discreta também. Foi quando observei, através da luz negra da boate, aquela mulher linda, vestida de forma sóbria, sem muito glamour ao redor dela. Sua pele morena, seus olhos grandes, seu perfil aristocrático, logo enviou a minha memória ao passado e trouxe a imagem daquela menina que nunca saiu dos meus pensamentos. Não tinha nos lábios mais o sorriso enigmático, mas eu sabia que era ela. Meu coração acelerou como naquele dia, parece que o tempo não havia passado. Ela percebeu o meu olhar fixado nela, mesmo assim não fez nenhum gesto de sorriso, nem demonstrou me reconhecer. Eu percebia que estava travado, aquela cortina de gelo queria me envolver mais uma vez, mas agora eu já estava treinado com aquelas garotas e dei um sinal para ela se aproximar.
Seu caminhar continuava nobre, uma rainha num corpo de prostituta. Sentou a minha mesa de forma profissional, como se dissesse com seu silêncio que estava pronta para o serviço a ser solicitado. Perguntei o seu nome. Respondeu. Perguntei se queria beber alguma coisa. Uma soda limonada. Suas respostas eram breves, precisas, cirúrgicas, sem emoção. Sim, definitivamente, ela não me reconheceu. Ela certamente sabia que eu era uma pessoa excêntrica, e isso deve ter justificado na sua mente a minha postura tensa, com os meus olhos fugindo dos seus na maioria das vezes, de não tomar atitudes eróticas, de evitar até em tocá-la...
Eu sentia a dificuldade de comunicação, não sabia mais o que dizer além dessas primeiras perguntas iniciais. Não queria tocar no nosso passado, sabia que seria muito constrangedor para ela. Principalmente quando eu dissesse quem era eu, e o que ela fizera comigo e que me marcara para sempre. O silencio se tornava pesado naquela mesa. Foi ela que veio em meu auxílio, perguntou o meu nome. Respondi a verdade, sabia que ela não iria fazer conexão com aquele menino esquisito de sua sala de aula. Perguntou se eu gostaria de dividir com ela a soda limonada. Aceitei. Perguntou o que eu queria fazer. Conversar com você, respondi. Só isso? Mostrou pela primeira vez seu sorriso e descobri nele aquela mesma ironia de criança. Então converse... me provocou.
Jamais me senti tão perdido na vida. Não sabia o que dizer, o que pedir. Ela era a esfinge do enigma, pronta a me devorar. O coração sempre acelerado parecia querer fugir de dentro do peito. Por outro lado, eu sabia que ali estava a solução do meu problema. Se eu conseguisse agir com ela como uma prostituta, leva-la para o quarto e a possuir com a vitalidade de macho, estaria livre do feitiço que ela me colocara sem saber. Mas o meu afeto estava acima dos meus instintos. Acima da oportunidade de usá-la como um objeto sexual para exorcizar os meus demônios, estava o meu desejo de ajuda-la, como uma pessoa muito especial e que me ensinara, mesmo de forma torta, como era o sentimento do amor.
Não sei de onde veio tal intuição, certamente do meu anjo da guarda, vendo a minha aflição: de que forma posso lhe ajudar a realizar um sonho que você tenha? Perguntei. Ela parou, surpresa e refletindo... e você pode fazer isso? Quem sabe? Devolvi a pergunta. Mas agora ela é quem estava na berlinda, devia dizer ou não o que tanto desejava?
A música brega inundava o ambiente, naquele clima carregado de fumaça e pouco iluminado, com a luz negra que refletia em dois pontos de lágrimas que se formavam nos seus olhos Tu não pode me ajudar, disse com melancolia na voz. Perdi a pessoa que me ensinou a amar, mas que nunca ligou pra mim. Quando eu tive coragem e declarei o quanto eu o amava, ele me esnobou e debochou de mim junto com seus amigos. Fiquei com tanta vergonha, que nunca mais consegui encontrar aquela mesma forma de sentir com outra pessoa. Tentei me envolver com alguém sem esse afeto, mas ele me desonrou e me jogou contra meus pais, minha família, e minha comunidade. Sem profissão e sem outra chance de sobrevivência fui convidada a frequentar esses locais onde estou tentando fazer algo para viver com mais dignidade, mesmo que sem amor, pois acredito que jamais o alcançarei. Conto tudo isso pra você, pois já sei da sua fama e do quanto já ajudou as minhas colegas. Mesmo sabendo que o meu caso é mais complicado, pois além da questão profissional e financeira, que você pode ajudar, existe a emocional, onde você não pode fazer nada.
O relato dela teve o benefício de trazer paz ao meu tumulto emocional, descobri naquela pessoa como funciona o rigor da lei de causa e efeito: a ironia que ela teve com o meu sentimento por ela, ela sentiu a mesma ironia quando desenvolveu o mesmo sentimento por outra pessoa, mesmo que não tenha feito essa relação.
Confirmei com ela, sim eu iria ajuda-la. Conhecia um amigo que precisava de uma secretária com suas características. Disse que no dia seguinte iria falar com ele e nessa mesma semana daria o retorno para ela. Notei um brilho no seu olhar e mais ainda quando lhe disse: quanto ao lado emocional, talvez eu não seja tão eficiente em ajuda-la, mas sei da história de um rapaz que sofreu um problema parecido com o seu, mas que se sentiu muito aliviado quando percebeu o quanto nós sofremos por pequenas ações que marcam o nosso destino. Ele também não conseguia amar ninguém, foi traumatizado por alguém como você foi. Mas aprendeu a amar de forma incondicional, isto é, ficar feliz por amar ao próximo, mesmo que não seja amado por ele, mesmo que seja ironizado, humilhado.
Ela perguntou com olhar surpreso: isso é realmente possível? Sim, respondi, pode ter certeza disso, tenho visto muitas histórias para lhe garantir isso. Faça isso, procure amar dessa forma e você vai observar que a vida é muito maior do que seus medos e frustrações.
Saí daquela mesa com a sensação de que sofri uma grande transformação. De uma pessoa apagada, acuada, das primeiras palavras, parecia que eu dominava totalmente a situação, onde as minhas palavras tinham uma grande força filosófica, espiritual. Finalmente eu via naquele olhar e no sorriso que se desenhava no rosto essa mesma expressão que eu planejava receber quando criança. Mas, o que com aquele gibi tão colorido não consegui, a minha história recheada com a minha experiência de vida conseguiu. Nos despedimos com a sensação de que a própria vida nos transformou em companheiros de nossas próprias decepções, e que, finalmente, ali, um perto do outro, o feitiço perdeu sua força, estávamos livres.