Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
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04/05/2021 00h01
DOM VIGANÒ (8) – SOCIEDADE E RELIGIÃO ABERTAS (1)

            Continuação da íntegra do pronunciamento de Dom Viganò sobre a crise na Igreja, as heresias do Vaticano II e a “igreja paralela”. Esta arrasadora conferência dada por Dom Antônio Carlo Maria Viganò, Arcebispo e ex-Núncio Apostólico dos EUA (em 29 de outubro de 2020), na qual ele trata de modo dramático sobre a grande crise atual na Igreja e a terrível "máfia eclesiástica" que nos assola, denunciando a proliferação das heresias promovidas pelo Vaticano II, as profanações de toda sorte cometidas pelos próprios clérigos, os erros gritantes do Papa Francisco (que segundo ele teria sido eleito por influência da maçonaria) e a apostasia generalizada. Vejamos a íntegra desse pronunciamento e façamos nossas reflexões. O tema desta palestra é: como o Vaticano II serve à Nova Ordem Mundial.

7. SOCIEDADE ABERTA E RELIGIÃO ABERTA

A presente análise não seria muito completa se não falasse da nova língua tão popular na esfera eclesial. O vocabulário católico tradicional foi deliberadamente modificado com o objetivo de alterar o conteúdo que expressa. O mesmo aconteceu com a liturgia e a pregação, em que a clareza da expressão católica foi substituída pela ambiguidade ou pela negação implícita das verdades dogmáticas. Mil exemplos podem ser dados. Este fenômeno remonta ao Concílio, que tentou criar versões católicas de slogans mundanos. No entanto, gostaria de enfatizar que essas expressões emprestadas de vocabulários secularistas também fazem parte da novilíngua. Pensemos na insistência de Bergoglio na Igreja partidária ou na abertura ao mundo como um valor positivo. Além disso, coloquei algumas citações da Fratelli tutti:

“Um povo vivo, dinâmico e com futuro é aquele que está permanentemente aberto a novas sínteses, incorporando o diferente” (n. º 160).

«A Igreja é uma casa de portas abertas» (n. 276).

«Queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, que sai das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser um sinal de unidade […] construir pontes, romper paredes, semear reconciliação » (Ibid.).

A semelhança com a "sociedade aberta" adotada pela ideologia mundial de Soros se destaca a tal ponto que quase constitui uma religião aberta como um contraponto a ela.

E essa religião aberta está totalmente em sintonia com as intenções do globalismo. Dos comícios políticos por um novo humanismo abençoado pelas autoridades da Igreja à participação da intelectualidade na propaganda verde, tudo segue o pensamento dominante em um grotesco e lamentável agrado ao mundo. 

«Procuro o favor dos homens ou de Deus? Ou estou tentando agradar aos homens? Se ainda tentasse agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1,10).

A Igreja Católica vive sob o olhar de Deus; existe para sua Glória e para a salvação de almas. E a anti-Igreja vive sob o olhar do mundo, promovendo a blasfema apoteose do homem e a condenação das almas. Durante a última sessão do Concílio Vaticano II e na presença de todos os padres sinodais, estas palavras inusitadas de Paulo VI ressoaram na Basílica do Vaticano: «A religião de Deus que se fez homem encontrou a religião - porque tal é - do homem que se faz Deus. Tem acontecido? Um choque, uma luta, uma condenação? Poderia ter acontecido, mas não aconteceu. A antiga história do Samaritano tem sido o fio condutor da espiritualidade do Concílio. Uma imensa simpatia permeou tudo. A descoberta das necessidades humanas - e tanto maiores quanto mais velha fica a criança da Terra - chamou a atenção de nosso sínodo. Vocês, humanistas modernos, que renunciam à transcendência das coisas supremas, atribuam-lhe até este mérito e reconhecem o nosso novo humanismo: também nós - e mais do que ninguém - somos promotores do homem ».

Essa simpatia – no sentido etimológico de συμπάϑεια [sympatheia], isto é, de participação num sentimento alheio, é a imagem do Concílio e da nova religião – por ser religião da anti-Igreja. Uma anti-Igreja nascida da união imunda entre a Igreja e o mundo, entre a Jerusalém celestial e a infernal Babilônia. Vejamos bem: a primeira vez que um pontífice voltou a falar "humanismo" foi no encerramento do Concílio e, hoje, o encontramos como um mantra repetido por todos os que o consideram uma expressão perfeita e coerente da mentalidade revolucionária do Concílio.

A defesa de comportamentos novos que sigam a recuperação do projeto divino do homem não podem ser condenados por nenhuma pessoa ou instituição que os defendam. Isso parece ser o que acontece no Concílio Vaticano II promovido por um papa com boas intenções humanistas e sintonizado com doutrina da Santa Igreja. Conceitos como: “aberta a novas sínteses”, “casa de portas abertas”, “sair ao mundo e ser um sinal de unidade”, “construir pontes, romper paredes, “semear reconciliações”, “promotores do homem”, são difíceis de serem destruídos como negativos, pois não o são. Este é o “cavalo de Tróia” que foi colocado dentro da Igreja Católica, o Forte Cristão inexpugnável pelos inimigos. No momento que o “cavalo de Troia” foi colocado dentro da fortaleza cristã, no momento do Concílio Vaticano II, saíram de dentro deles os adversários da fé para corromper a pureza da Santa Igreja. Os conceitos positivos passam agora a servir uma ideologia alienígena aos propósitos do Cristo. Diversos comportamentos contrários aos ensinamentos cristãos passam a se manifestar, até com supremacia, sendo a pior consequência o desvio do homem para deixar de seguir a Cristo e construir o Reino de Deus com base na justiça, fraternidade e amor. Em vez disso, passa a se configurar o reino do anticristo, caracterizado pelo controle autoritário de todos, que cada um deve servir sem liberdade pessoal ou acreditar num Pai espiritual a quem devemos respeito e obediência acima de todos e de tudo.  

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 04/05/2021 às 00h01
 
03/05/2021 00h01
SALMO 6 INTERPRETADO – IRA

            Senhor, sei que És a essência do amor, não pode expressar ira por ninguém, por nenhuma das tuas criaturas. Porém, nós, teus filhos, criados simples e ignorantes, temos que aprender com nossas próprias forças espirituais, que gerenciando um corpo como instrumento, que é cheio de motivações egoístas próprias da carne, podemos expressar a ira ou ser vítima da ira de alguém, próxima ou distante de nós, de forma justa ou injusta.

            Sei que tudo que eu plantar aqui agora irei colher os frutos mais adiante. Os frutos da ira que eu plantar, virá sobre mim como um castigo, uma disciplinação. Não posso pedir, Senhor, para que me livre de tal consequência, pois faz parte do meu aprendizado. Quero apenas forças para suportar o furor dessas consequências, que me fazem tremer, desfalecer. 

            Vejo agora o quanto plantei na sementeira da ira, mesmo que tenha tido uma boa justificação, que eu tenha reagido a ira que tenha sido jogada sobre mim. Mas, não estou livre das consequências, mesmo quando jogo ira contra ira. O Mestre que enviastes nos ensinou que devemos voltar a face ao adversário que com ira nos golpeou. Esta é a lição que devo aprender e praticar. Devo segurar o fogo da ira que sobe à minha mente vinda da reação do Behemoth, o monstro que criaste dentro de mim para a minha defesa corporal. O meu espírito deve ter sabedoria e força para segurar a ira do Behemoth e ajudar na aprendizagem do meu irmão com a minha suposta fragilidade, por não reagir com a mesma ira.  

            Atenta, Senhor, para as minhas fraquezas, inunda com o Teu amor a minha alma, para que ela se fortaleça frente as investidas do Behemoth. Estou exausto de tanto lutar contra essa fera que se manifesta em mim com as sete cabeças dos pecados capitais. Sei que as cabeças que mais me atormentam são a luxúria, gula e preguiça, mas a cabeça da ira também se manifesta com força em muitas ocasiões. 

            Talvez eu precise mais ainda me manifestar com essas fragilidades para que possas me atender, entendendo a minha humildade no pedir. Devo ficar exausto de tanto gemer, de chorar, inundar de lágrimas a minha cama, dos meus olhos a tristeza se expressar, como um tributo para que eu não jogue a ira em qualquer um dos meus adversários, próximos ou distantes.

            Ah! Senhor, ouvi as minhas súplicas, mesmo que, por deficiência espiritual, dos meus olhos não vertam lágrimas do choro que não é liberado.

            Senhor, aceita a minha oração. Desejo alcançar a mansidão que o Mestre ensinou; quero ensinar aos meus adversários, com o sacrifício do meu próprio ego, que a expressão da ira não é semente a ser cultivada, pois seus frutos sempre serão amargos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/05/2021 às 00h01
 
02/05/2021 00h29
VINHA DE LUZ (33) – VÊ, POIS

            Lucas registrou em seu Evangelho (11:35) uma advertência feita pelo Mestre Jesus: “Vê, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas”.

            Há ciência e há sabedoria, inteligência e conhecimento, intelectualidade e luz espiritual. Sei de tudo isso, mas posso não saber onde estou situado, dentro da verdade ou da ilusão. Geralmente tenho uma inteligência lenta, mas consigo raciocinar as demandas ao meu redor, sou capaz de discernir entre o certo e o errado desde que me deem as informações corretas. 

Posso ser interpretado à conta de pessoa sábia, comparado a maioria dos meus irmãos, que ainda passam por dificuldade de alfabetização. Porém, hoje percebo o quanto trabalhei como militante político engando pelas bandeiras de partidos de esquerda. Quando percebi o comportamento desses líderes no governo, patrocinando uma série de iniquidades e se defendendo com mentiras, entendi que aquele não era meu lugar, que eu deveria me afastar o mais rápido possível.  

            Depois que mudei minha percepção política, verifico que ainda não possuo qualidades para registrar a verdadeira luz, pois posso ser ludibriado por falsas narrativas. Tenho que ficar bem atento ao que querem passar para mim. Daí a necessidade de prudência e vigilância. 

            As pessoas que estão ao meu redor em todos os lugares, podem ser trabalhadores e entendidos, conhecedores e psicólogos, porém, muitas vezes não passam de oportunistas prontos para o golpe do interesse inferior.

            Quantos escrevem livros abomináveis, espalhando veneno nos corações? Quantos se aproveitam do rótulo da própria caridade visando extrair vantagens com ambição? Podem acenar para nossos desejos mais carnais ou para as virtudes mais espiritualizadas, mas por trás com intenções camufladas.

            Para escapar dessas armadilhas, não bastam o engenho e a habilidade científica, não satisfaz a simples visão psicológica. É preciso que tenhamos a luz divina. O que pudermos contribuir, que seja com o sentido da fraternidade, da caridade, pois mesmo que sejamos aparentemente iludidos, no fundo estamos sintonizados com Deus, e estamos fazendo a vontade dEle. Depois, as pessoas que agem de má fé, mesmo que não sejam descobertos aqui no mundo material, com certeza prestarão contas no mundo espiritual. 

            Há pessoas que, num instante, apreendem toda extensão de um campo, conhece a terra, identifica-lhe o valor. Não tenho ainda essa capacidade de percepção tão ampla, mas procuro estudar. Quero saber muito mais sobre as mazelas que atingem o meu próximo para que eu possa melhor auxilia-lo, suar por ele, amando-o antes de explorar seus talentos em seu próprio benefício, compreendendo suas dificuldades antes de exigir eficiência. 

            Nem sempre a luz reside onde a opinião comum pretende observa-la. Sagacidade não chega a ser elevação e o poder expressivo, apenas é respeitável e sagrado, quando se torna ação construtiva com a luz divina.

            Devo raciocinar sobre a minha própria vida, ver com clareza, mesmo se a pretensa claridade que imagino está em minha aura, não é uma sombra de cegueira espiritual.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/05/2021 às 00h29
 
01/05/2021 00h29
ORAÇÃO MAIO 2021

            Pai, o mundo está conturbado, cada vez fica mais evidente que o mal prevalece sobre o bem, mesmo nas pequenas coisas do cotidiano até nas políticas praticadas em todo o mundo, evidenciado pela pandemia provocada e disseminada por interesses escusos. A própria Igreja Católica, criada sob a inspiração do nosso Mestre Jesus, enviado por Ti para nos ensinar, hoje se encontra invadida por essência espiritual contrária à Tua vontade. Eu, que percebo o que está acontecendo, mesmo não estando dentro da Igreja Católica por entrar por outros caminhos que Tu me apresentaste, como a melhor forma de cumprir a minha missão, não posso deixar de me solidarizar àqueles que estão lutando para manter o trabalho apostólico tradicional, de sintonia com o Cristo.

            Neste sentido, Pai, vejo no trabalho do Centro Dom Bosco, conduzido por leigos, mostram a melhor forma de combater a heresia que entro dentro da Igreja. Já entrei em contato com o presidente, Pedro Affonseca, uma pessoa crente, estudiosa e um bom combatente pela defesa da fé, pela integridade da Santa Igreja Católica.

            Vejo que a minha missão de contribuir com a construção do Reino de Deus deve se aliar a missão do Centro Dom Bosco e com pessoas e instituições que pensem da mesma forma. É o momento de aglutinarmos as pessoas que defendem o pensamento de Cristo com honestidade de princípios, dentro e fora da universidade, dentro e fora dos templos religiosos.

            O evento de extensão universitária com o tema de construção do Reino de Deus, que já estou desenvolvendo há dois anos, neste ano pretendo dar uma maior amplitude, com pessoas de todas as correntes de pensamento, mas que não atuem atividades contraditórias ao que o Cristo ensinou.

            Permaneço com minhas sérias dificuldades, Pai, que eu sempre estou Te lembrando, pois não quero pedir. Acredito que Tu irá me dizer para eu lutar e conseguir vencer com minhas próprias forças, que já me destes por ocasião de minha criação. O que devo fazer é buscar onde essas virtudes se encontram, talvez soterradas pelo acúmulo de desejos daquilo que o Behemoth quer, para atender as necessidades do corpo.

            As vezes também me sinto soterrado, Pai, por tantas tarefas a realizar, todas elas sintonizadas com a Tua vontade, todas elas encaminhadas por Ti e que aceitei. Os recursos financeiros que advém dessa labuta, não estou enterrando a espera de Tua cobrança. Estou aplicando em caridade, mesmo que eu tenha ainda a dificuldade de dar uma simples pratinha a quem me pede no semáforo. Mas, não estou aceitando passivamente essa dificuldade. Quando recuso dar a moeda que eles me pedem, a consciência acusa. Então procuro elaborar alguma atividade que eu possa colocar em prática.

            Boa noite, Pai, e obrigado pela vida, pela mente, e por um futuro amparado por Ti de todas as ameaçam que circulam ao meu redor. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 01/05/2021 às 00h29
 
30/04/2021 00h29
PENSAMENTO DE DOM VIGANÒ (7) – MODERAÇÃO E REVOLUÇÃO

            Continuação da íntegra do pronunciamento de Dom Viganò sobre a crise na Igreja, as heresias do Vaticano II e a “igreja paralela”. Esta arrasadora conferência dada por Dom Antônio Carlo Maria Viganò, Arcebispo e ex-Núncio Apostólico dos EUA (em 29 de outubro de 2020), na qual ele trata de modo dramático sobre a grande crise atual na Igreja e a terrível "máfia eclesiástica" que nos assola, denunciando a proliferação das heresias promovidas pelo Vaticano II, as profanações de toda sorte cometidas pelos próprios clérigos, os erros gritantes do Papa Francisco (que segundo ele teria sido eleito por influência da maçonaria) e a apostasia generalizada. Vejamos a íntegra desse pronunciamento e façamos nossas reflexões. O tema desta palestra é: como o Vaticano II serve à Nova Ordem Mundial.

6. PAPEL INSTRUMENTAL DOS CATÓLICOS MODERADOS NA REVOLUÇÃO

Alguns dirão que os padres conciliares e os papas que presidiram aquela assembleia não perceberam as repercussões que sua aprovação do Concílio teria na Igreja. Se assim for – por exemplo, se houve algum arrependimento por aprovar apressadamente textos heréticos ou quase heréticos – é difícil compreender como é que eles não foram capazes de refrear imediatamente os abusos, corrigir os erros e esclarecer os mal-entendidos e omissões. Mas, acima de tudo, é incompreensível que as autoridades eclesiásticas pudessem ser tão implacáveis ​​com aqueles que defendiam a Verdade católica, e ao mesmo tempo contemporizar de forma tão atroz com rebeldes e hereges.

 Seja como for, a responsabilidade pela crise conciliar deve ser atribuída às autoridades que, mesmo diante de milhares de chamados à colegialidade e ao pastoreio dos fiéis, zelosamente guardaram suas prerrogativas de exercê-las em uma única direção, isto é, contra ao pequeno rebanho (pusilla grex), e nunca contra os inimigos de Deus e da Igreja.

Com raríssimas exceções, quando algum teólogo herético ou um revolucionário religioso é censurado pelo Santo Ofício, isso nada mais faz do que confirmar uma regra que está em vigor há décadas. Sem falar que ultimamente muitos foram reabilitados, e isso sem nenhuma abjuração dos seus erros, e até foram promovidos a ocupar cargos institucionais na Cúria Romana ou nos ateneus pontifícios.

Essa é a realidade, como fica claro em minha análise. Agora, sabemos que além da ala progressista do Concílio de um lado, e da ala tradicional católica de outro, há uma parte do episcopado, o clero e o povo, que procuram manter uma distância equivalente do que consideram esses dois extremos. Refiro-me aos chamados "conservadores”, ou seja, ao setor centrista do corpo eclesial que acaba levando água aos revolucionários, porque, embora rejeite os seus excessos, compartilha com eles dos mesmos princípios. 
            O erro dos conservadores não está em conferir ao tradicionalismo uma conotação negativa, e de colocá-lo ao lado do progressismo. Não consiste em colocar-se arbitrariamente entre dois vícios, mas entre a virtude e o vício. São eles que criticam os excessos da Pachamama ou as declarações mais radicais de Bergoglio, mas ao mesmo tempo não toleram que o Concílio seja questionado, muito menos a ligação intrínseca entre o câncer conciliar e a metástase atual. A correlação entre conservadorismo político e religioso consiste em estar no centro, uma síntese entre a tese da direita e a antítese da esquerda, segundo a abordagem hegeliana tão cara aos moderados partidários do Concílio.

No campo civil, o estado profundo dirigiu a dissidência política e social por meio de organizações e movimentos que aparentemente são sua oposição, mas na realidade servem para manter o poder. Da mesma forma, no campo eclesiástico, a igreja profunda usa conservadores moderados para fingir que oferece liberdade aos fiéis.  Por exemplo, o mesmo motu próprio "Summorum Pontificum”, embora permita a celebração do rito extraordinário, requer pelo menos implicitamente (saltem simpliciter) que o Concílio seja aceito, e que a legitimidade da reforma litúrgica reconhecida. Esse estratagema impede que aqueles que se beneficiam por si mesmos se oponham ao erro, o mínimo que seja, porque se o fizessem correriam o risco de dissolução das comunidades Ecclesia Dei. Assim, infiltra-se no povo cristão a perigosa ideia de que, para que algo bom seja legítimo na Igreja e na sociedade, deve vir acompanhado de algo mau ou menos bom. 
            Mas alguém teria que estar muito enganado para fingir que direitos iguais são concedidos ao bem e ao mal. Pouco importa que alguém seja pessoalmente favorável ao bem, se reconhecer a legitimidade daqueles que são a favor do mal. Nesse sentido, a liberdade de escolha do aborto, teorizada pelos políticos democratas, encontra o seu contrapeso na não menos aberrante liberdade religiosa teorizado pelo Concílio, e que hoje defende obstinadamente a anti-Igreja. Se um católico não tem permissão para apoiar um político que defende o direito ao aborto, menos é permitido aprovar um prelado que defende a liberdade pessoal de colocar em perigo sua alma imortal, ao escolher permanecer em pecado mortal. Isso não é misericórdia, mas uma grave negligência das funções espirituais diante de Deus, para ganhar o favor e a aprovação do homem.

Bastante lógico o posicionamento contra a permissão de aceitar comportamentos nocivos de natureza malévola dentro do mesmo contexto dos comportamentos positivos, com a intenção de se atingir um ideal de unidade. A unidade deve ser feita com as pessoas que sabem quais são os comportamentos ensinados pelo Cristo para se construir o Reino de Deus, e qualquer introdução de elementos contrários irá deturpar aquilo que se deseja alcançar. Neste ponto, o politicamente correto de tentar fazer uma política de alianças com todos que se dispuserem, é totalmente fora de propósito dentro da missão que a Igreja Católica tenta realizar no mundo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 30/04/2021 às 00h29
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