A XVII Jornada Norte-rio-grandense de Psiquiatria está se desenvolvendo neste período de 28 a 30-11-14, com o tema – “Drogas: Desafio clínico, ético e social”, no Praiamar Hotel. Fiquei encarregado de falar em uma mesa redonda que se realiza hoje, sobre o tema: “Famílias dilaceradas: o desafio de toda a sociedade”.
Disse inicialmente que não tinha conflito de natureza comercial, pois não recebia salário de nenhuma empresa ou laboratório; não tinha conflito religioso, pois respeito igualmente todas as religiões; num entanto, apesar de não estar filiado a nenhum partido político, devo confessar que estou em conflito com o atual partido que está no poder, por não concordar com a forma de gerir o estado, apoiado na mentira e corrupção, com sérias consequências ideológicas sobre o médico e seus atos profissionais.
Ressaltei o projeto de extensão universitária “Foco de Luz” que estou realizando na comunidade da Praia do Meio, e também a visão que tenho do aparelhamento do Estado sobre a nação e suas instituições. Lembrei a figura do Leviatã. O colega que me antecedeu havia falado de Ulisses que pediu para ser amarrado no mastro do navio a fim de passar pelas sereias, ouvir os seus cantos e não se perder dentro deles. Falei que o cientista político Hobbes havia resgatado a figura mitológica do Leviatã, como o mais poderoso monstro marinho, que ninguém poderia enfrentá-lo ou derrotá-lo, e que representaria o Estado. Teria a função de coibir a natureza animal do homem, da tendência que o homem possui de ser o lobo do próprio homem. Evitando isso poderia se trazer harmonia à sociedade em busca do bem comum.
Acontece que esse Leviatã foi contaminado por ideias contraditórias ao bem estar plural, e começa a agir de forma a desviar os recursos da nação para os bolsos dos seus parasitas e até de outros povos que já estão contaminados ou que desejam atingir essa condição. Os cidadãos que conseguem perceber essas manobras não conseguem fazer quase nada, pois não tem o tempo necessário para a militância, não são preparados para isso e sofrem a intimidação do Leviatã desviado.
O Leviatã foi considerado pela igreja católica durante a Idade Média, como o demônio representante do quinto pecado, a inveja, também sendo tratado como um dos sete príncipes infernais. É caracterizado por diferentes formas, como dragão marinho, serpente ou polvo. No diálogo descrito na Bíblia, Deus pergunta a Jó: “Ninguém é bastante ousado para provocá-lo; quem o resistiria face a face? Quem pode afrontá-lo e sair com vida debaixo de toda a extensão do céu? Quem lhe abriu os dois batentes da goela, em que seus dentes fazem reinar o terror? Quando se levanta, tremem as ondas do mar, as vagas do mar se afastam. Se uma espada o toca, ela não resiste, nem a lança, nem a azagaia, nem o dardo. O ferro para ele é palha, o bronze pau podre.”
Porém Deus dá uma solução a tamanho poder do Leviatã. Assim Ele diz: “Contemplas agora o Behemoth, que eu fiz contigo, que come a erva como o boi. Eis que sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do ventre. Ele é obra-prima dos caminhos divinos; foi feito e provido de espada.”
Segundo a tradição judaica ortodoxa, sua missão é esperar pelo dia que Deus lhe pedirá para matar o Leviatã. As duas criaturas morrerão no combate, mas o Behemoth será glorificado por cumprir sua missão. O Behemoth é o monstro da terra por excelência, em oposição a Leviatã que é o monstro do mar.
Seguindo a alegoria desse raciocínio social, verificamos que da mesma forma que a sociedade deu condições para a criação desse Leviatã, também temos a condição de criar o Behemoth e que inevitavelmente haverá o confronto com a morte dos dois. Isso significa derramamento de sangue e podemos imaginar que isso já está acontecendo em muitos países que estão envolvidos em guerras ou atos de terrorismo.
O que pode evitar tamanho massacre é fazermos a aplicação das lições do Mestre Jesus, evidenciando a Verdade que sempre está embutida ou distorcida pelas mentiras. Assim o monstro Leviatã será dissolvido da mesma forma que foi construído. Então, esta é a tarefa dos cristãos comprometidos com as lições do Mestre, levar a Verdade à opinião pública como forma de dissolver o Leviatã sem a necessidade de criarmos o Behemoth e entrarmos em luta fratricida.
Não fiz essas considerações na minha palestra, o tempo que eu tinha não era suficiente, e mesmo, muito do que escrevi só veio à minha consciência após a minha fala. Mas fica aqui esse registro, de como as lições de conteúdo espiritual tem tão forte aplicação nas questões materiais.
Mesmo quando estamos envolvidos em mentiras sempre existe alguém que percebe a Verdade. Podemos considerar que aqueles que não percebem a Verdade estão perdidos no cipoal de mentiras. Nesse ponto podemos evocar as lições do Evangelho citado por Lucas, quanto a ovelha perdida que foi encontrada pelo pastor o qual voltou para casa cheio de júbilo. Queria Jesus com essa lição que o céu se mostraria jubiloso por um só pecador que fizesse penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
Aproveitando essa lição do Mestre, podemos aplicá-la na atual conjuntura social de nosso país, considerando como ovelhas as pessoas de bem. Quando uma delas se perde na confusão das mentiras, ficará a sociedade muito mais jubilosa no seu resgate pela Verdade do que os 99 que já estavam sintonizados com a Verdade.
O cristão que percebe essa situação e sente a necessidade de cair em campo para livrar a ovelha perdida no laço da mentira, adquire a condição do Bom Pastor, ao passo que aqueles que percebem que estão usando a mentira em seu proveito são os lobos. Muitos deles estão misturados com as ovelhas, disfarçados, lobos em pele de ovelha. As próprias ovelhas não conseguem fazer a distinção e caminham lado a lado com o inimigo sem perceber o perigo no fim do caminho. Quem pode fazer essa distinção é o Pastor que além de ser capaz de fazer picadas na selva de mentiras para chegar até a consciência da ovelha perdida, ainda tem que mostrar coragem no enfrentamento do lobo que não quer largar a sua presa.
Isso ficou bem claro nos movimentos populares que ocorreram em todo o Brasil, quando uma multidão foi à rua de forma pacífica para protestar contra os desmandos do governo. Ali estavam as ovelhas, mas entre elas existiam os lobos que destruíam e queimavam o que encontravam pela frente, deformando o caráter pacífico das passeatas. Foi necessário usar os cães (policiais, no bom sentido da proteção) para fazer o enfrentamento com os lobos.
Assim, ovelhas, lobos, cães e pastores, são as quatro instâncias psicológicas dentro do comportamento humano as quais o divino Mestre quis se reportar na sua lição do Bom Pastor. Nascemos todos na condição de ovelha, protegidos pela inocência. À medida que nos desenvolvemos, os instintos que garantiram a nossa sobrevivência nos primeiros dias de nascido e que continuam sendo importante por nossa vida toda, tendem a extrapolar suas funções e prejudicar a existência do próximo. Essa tendência de nos transformar em lobos é uma força derivada dos instintos e que precisa ser controlada com base na Verdade descoberta pela inteligência, instigada pela educação. Quando isso não acontece e o processo consegue se disseminar no redil, parece que todas as ovelhas se transformam em lobos, lobos que continuam em pele de carneiro, pois as conquistas éticas da civilização impedem que os lobos se apresentem como tais. Torna-se necessária a constante presença dos cães para coibir os abusos contra as ovelhas a cada instante. Aqueles que conseguem ter acesso às lições de Jesus e aceitam como verdade o seu conteúdo, se transformam em pastores que procuram libertar as ovelhas do labirinto do mal e até mesmo os lobos, fazendo-os reconhecerem sua condição natural de ovelha e que também podem se transformar em pastores e trilhar o caminho em busca do Pai.
Chegará um tempo que não necessitaremos mais da figura do pastou nem dos lobos, pois cada ovelha nascida inocente terá os devidos requisitos de educação para controlar os seus instintos e construírem a sociedade fraterna com base na família universal, com o esteio em todos os níveis de relacionamento do Amor Incondicional.
Hoje foi o dia programado para a palestra sobre drogas a ser ministrada pelo Prof. João Dantas. Logo cedo, as 13h, nós nos encontramos no departamento de Medicina Clínica e fiquei de chegar mais cedo no local da reunião, na Escola Olda Marinho, para ajudá-lo na montagem dos equipamentos que ele iria levar. Antes de sair de casa Radha informa que não iria participar, pois teria que voltar em casa, a sua tia havia caído e precisava dela. Não pude acompanhá-la, mas dei toda a segurança para ela se deslocar e socorrer a tia.
Quando cheguei na Escola o professor João Dantas já havia começado a montar o seu equipamento. Pedi licença a ele para colocar um PPS enquanto as pessoas chegavam. Tinha um grupo de alunos na sala e coloquei um PPS que abordava as mensagens de Jesus. Improvisei uma dinâmica onde uma das crianças lia o texto e tentava fazer a interpretação. Tentei instruir quanto o comportamento de cada um, auxiliei na leitura e fiz a interpretação dos dois textos que foram lidos. Já estávamos com 15 minutos além das 19 horas, então fiz a apresentação do Prof. João Dantas e passei a palavra para ele dar início a sua palestra.
Foi abordada a questão sobre as cartilhas estão disponibilizadas pela CONAD, Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas. Focou principalmente no álcool e distribuiu uma cartilha e um questionário a ser respondido em casa, com o gabarito a ser disponibilizado em outra oportunidade. Apresentou um vídeo que demonstra a abordagem de um paciente num consultório e com a aplicação de um questionário para ressaltar a motivação e o compromisso de assumir a abstinência da droga por algum período. Finaliza com outro vídeo musical com frases de motivação e esclarecimento.
No decorrer da apresentação o vereador do bairro, Ubaldo, compareceu a reunião, convidado que fora por Ezequiel. Após a palestra o convidamos para usar a palavra. elogiou o trabalho realizado e disse que apresentou um projeto na câmara para aplicar recursos na comunidade para rádios comunitários e boletins informativos. Também falou em off da necessidade de homenagear o diretor do Hospital, Dr. Lagreca, com o título de cidadão natalense pelos serviços prestados.
Ao fim da reunião foi pedido ao vereador Ubaldo que conduzisse a oração do Pai Nosso. Após a introdução e a oração do Pai Nosso, seguida por todos, posamos para a foto coletiva.
Fui hoje pela primeira vez à reunião do grupo que se denomina “Força Democrática RN”, que estava fazendo a terceira reunião no Chaplin Recepções. Fiz Xerox dos três artigos políticos que publiquei no Recanto das Letras, e preparei um PowerPoint para usar, caso tivesse necessidade. Cheguei cerca de 10 minutos adiantado e não havia ninguém do grupo. A recepcionista procurou saber se iria haver a reunião que eu disse que iria participar. Telefonou para alguém e logo pediu para eu aguardar sentado no salão. Achei estranho, pois a sugestão que eu dei de ser colocado um balcão para funcionar logo no início da reunião para ensinar a todos o uso das mídias havia sido aprovada pelo whatsapp, e nada. As 19h coloquei mensagem no whatsapp perguntando pelo pessoal, foi quando se manifestaram os que já estavam chegando. Perguntei pelo projetor e foi dito que havia um e que iria ser projetado num canto da parede, mas que dava para ser visto por todos. Achei que poderia ter sido mais bem organizada a reunião, mas não fiz qualquer manifestação para não parecer invasivo onde estava indo pela primeira vez.
Sentei pacientemente em uma das mesas do ambiente e logo chegou a palestrante da noite, uma médica cubana que iria falar sobre sua vivência em Cuba, de como era antes da revolução, a personalidade destruidora de Fidel Castro, que corrompia ou destruía quem podia se interpor aos seus planos, inclusive o Che Guevara, que era um jovem médico idealista e se transformou num assassino frio. Confessou que até hoje tem resíduos de medo dentro de si e só veio a essa reunião por não ter como recusar o convite de um dos coordenadores a quem deve muito favor.
Depois houve a participação apaixonada de vários participantes, colocando a aversão ao PT, se colocando como pessoas de Direita, e, de forma desorganizada, as diversas sugestões de ação. Aproveitei uma espécie de diálogo entre dois participantes para pedir espaço para colocar minha opinião.
Disse da minha motivação política desde que comecei a trabalhar como médico no Conjunto Santa Catarina. Que havia me candidatado a presidente do Conselho Comunitário daquele bairro, e o governo do Estado colocou toda sua influência para me derrotar com o argumento que eu era filiado ao PT devido a minha forma independente de fazer política, sem pedir favores ao estado para ganhar uma eleição. Não sabiam eles que eu intuitivamente evitei até hoje a filiação ao PT por sentir algo ruim dentro da rigidez de comportamento e de se sentir a palmatória do mundo, como se todos fossem corruptos, menos eles. Fiz a filiação ao PDT, fiz militância como secretário do partido a nível municipal e deixei o partido quando o presidente nacional, Leonel Brizola, apoiou a intervenção em nosso diretório para colocar sem eleição um deputado estadual com cargo eletivo em detrimento do presidente atual, que apesar de fazer um bom serviço ideológico, estava sem cargo eletivo. Achei aquilo intolerável e sai do partido, para não servir de massa de manobra para quem quer que seja. Votei em Lula para que assumisse a presidência da República, mas logo retirei o meu apoio, quando soube que o PT havia patrocinado o escândalo do mensalão, e o presidente, unha e carne dos vilões, dizia não saber de nada. Agora com a reeleição da presidente conquistada na base da mentira e patrulhamento dos mecanismos de estado, que teve o mérito de dividir o país com o estigma do ódio e do medo, decidi participar de um grupo como este com o objetivo de repor a Verdade. Fiz questão de ressaltar esse foco de ação sobre a restauração da Verdade como o principal eixo de nossa atuação. Informei que estava trabalhando na comunidade de Praia do Meio onde resido, com a estruturação de uma Associação de Moradores e Amigos, sem filiação político partidária nem religiosa, mas seguindo com rigor as lições evangélicas, dentro de um comunitarismo de base cristã. Disse que a totalidade do meu pensamento não poderia colocar nesse pequeno tempo que eu tinha para me colocar, mas que eu havia trazido três artigos que estava deixando à disposição de quem quisesse verificar.
Como o horário já estava avançado, decidimos encerrar a reunião com a proposta de continuar a conversação pelo whatsapp e pelo Face. Tiramos a foto do conjunto com a bandeira do Brasil a nossa frente.
Foi uma experiência positiva e de esperança na melhor conjuntura para nosso país.
Após as eleições de outubro/2014 quando o Brasil saiu das urnas dividido e a maioria dos eleitores tendo plena consciência de que prevaleceu a mentira para a vitória dos eleitos, inclusive com dúvidas não esclarecidas sobre o sistema eletrônico de apuração dos votos, ficou a nítida sensação que devemos protagonizar uma “Revolução Moral” no país. Não é que o desejo majoritário seja o retorno das forças armadas, nem que nós mesmos peguemos em armas para impor o nosso pensamento. Não, a ideia é usar a inteligência e o trabalho para ressaltar a verdade que foi escamoteada e levá-la à praça pública para destruir a mentira como ferramenta dos meios para se atingir os fins, através dos cidadãos conscientes e que se consideram e agem como pessoas de bem. Não importa que essa atividade favoreça ou prejudique partido A ou B, ou qualquer outra instância social que seja avessa ao esclarecimento da verdade.
Esse pensamento e ações coletivas que essa forma de Revolução pretende implementar no meio social para nos livrar do jugo da mentira, tem semelhança com o pensamento e ações defendidos e praticados por Gandhi para libertar a Índia do jugo britânico. Lá, foi usada a desobediência civil numa atitude de não-violência; aqui podemos usar o boicote capitalista numa atitude de esclarecimento da verdade.
Divulgar o que está acontecendo com o endereço certo de pessoas, intenções e atos, é importante para o esclarecimento do público interessado, a partir de nossas próprias atividades: onde acontecem as reuniões, as atividades planejadas, os meios de contato e engajamento e assim por diante. Mostrar que a política é uma das ações mais nobres que o ser humano pode realizar; que o político sujo pela mentira não pode representar a pureza da política. Ensinar que a política não é um esporte de expectador, e que cada um tem algum grau de contribuição dentro do esforço coletivo, do esforço heroico de restabelecer a verdade, sem interesses partidários ou monetários. Enquanto imaginarmos que nossos concidadãos são egoístas, estúpidos e preguiçosos, não temos esperança.
Esse tipo de revolucionário deve ser consciente da aceitação de uma disciplina rígida enraizada na sua consciência. Uma disciplina que vise alcançar objetivos futuros (governo democrático pela verdade) capaz de superar os apelos do prazer no presente (ir a praia, ao cinema, ao barzinho, ao lazer doméstico). A autodisciplina é como um músculo, quanto mais exercida mais forte fica.
Para dar uma motivação extra, podemos encarar a situação que iremos nos defrontar como um jogo de videogame, só que aplicado na realidade. No videogame o jogador procura individualmente uma vitória épica, conquistada por poucos, com seu esforço e inteligência. Na vida real, o jogador de forma coletiva, enfrenta o petismo da estrela vermelha que se encontra no poder e usa a mentira como arma de virulência que parasita o esforço do nosso trabalho coletivo, envia para o exterior para a conquista de simpatia com os seus iguais (Foro de São Paulo) e espalha ao redor mais e mais mentiras, enfraquecendo nosso poder de reação; apaga a memória dos benefícios conquistados pelos governos anteriores, e elabora núcleos de desconstrução moral dos adversários, de intimidação física e imaginária das instituições democráticas. Os vilões da sociedade, criminosos condenados pela justiça, são elogiados e reverenciados como heróis do petismo.
Tudo funciona como o imaginário do filme “Matrix” onde a realidade parece funcionar dentro da normalidade, mas nas entranhas do poder tem toda uma realidade paralela que manipula os cidadãos através da central da mentira que sustenta o cinturão de miséria. Enquanto isso os cidadãos, todos juntos nos seus diversos postos de trabalho, geram recursos com seu suor durante meses do ano, para serem sugados pelo superfaturamento de contrato de trabalho das estatais e pelos altos salários disseminados para a militância que se entranhas na administração pública e pela doação de recursos a entes sociais não governamentais, prontos para fazerem a baderna social se contrariados os seus interesses.
Esta é a situação, meu caro candidato a Revolucionário Moral. Voce está sendo convidado a ser uma formiguinha num trabalho longo e doloroso sob o canto sinistro das cigarras que, talvez sem saber, estão a construir um provável e tenebroso inverno das nossas liberdades.