Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/11/2013 01h01
O AMOR AO SENHOR

            O amor ao Senhor, à Sabedoria suprema, é uma glória conquistada através da pequena Sabedoria que nos cabe; uma fonte de alegria, uma coroa de regozijo.

            O amor ao Senhor (entender como a Sabedoria suprema personificada) alegra o coração. Ele nos dá alegria, regozijo e vida eterna, pois usamos a mesma energia (Amor) com a qual Ele criou e mantém o universo.

            Quem ama ao Senhor sentir-se-á bem em todos os momentos, alegres ou tristes,  inclusive nas passagens do mundo material para o mundo espiritual (morte do corpo físico) e vice-versa (nascimento no corpo físico). Todos os movimentos inter-dimensionais da vida são abençoados impulsos do Amor para promover nossa evolução.

            O Amor de Deus é uma fonte inesgotável de energia a impulsionar o universo com todas as suas criaturas; o Amor a Deus é um reconhecimento racional de nossa origem primordial e um pouco de retribuição ao muito que recebemos.

            Aqueles que percebem a força do Amor como a essência de Deus, amam logo que a sentem e a aceita em suas consciências, logo que reconhecem os prodígios que realizam na base da inclusão e da fraternidade.

            O Amor ao Senhor é o início do intercâmbio da Sabedoria do Criador-Natureza-criatura; o Amor se origina no Senhor que nos utiliza para o irradiar ao nosso redor, ajudando aos irmãos mais necessitados de acordo com Sua vontade e assim nos estabelece a cada um, uma missão.

            O Amor ao Senhor e vice-versa é a religião da ciência, profunda, enigmática, racional. O cientista deve estar imbuído da metodologia científica e da Sabedoria transcendental para ser capaz de produzir novos recursos acadêmicos, litúrgicos, em busca da Verdade Universal pelos caminhos mais apropriados.

            Essa religião atende as exigências da mente racional e santifica com Sabedoria o coração; traz consigo satisfação e alegria, confiança num sentido da vida.

            Aquele que ama o Senhor achar-se-á confortado em todas as passagens inter-dimensionais, pois já conhece o movimento pendular da vida, material-espiritual, em busca de uma evolução que o aproxima da Sabedoria Suprema.

            O Amor ao Senhor é a plenitude da Sabedoria para a criatura que assim percebe e sente, que tem condições de gerar seus frutos também em plenitude.

            Fica aqui uma exortação: já que conhecemos a Lei do Amor, sabemos o que (quem) é, como aplicá-la, teremos que fazer muito esforço e ter bom ânimo para vencer nossas resistências internas e não sair dos seus trilhos. Com essa consciência não podemos odiar ninguém ou nada que incomode o corpo, provoque inveja ou ciúme; devemos executar o trabalho que a força do Amor ordena, no lugar e tempo apropriado, mesmo que pareça cruel, errôneo, pueril ou amoral; sem temer os efeitos penosos (lágrimas de pessoas queridas, viver na solidão, rodeado de incompreensão e de intolerância) do dever, de cumprimento da vontade de Deus. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/11/2013 às 01h01
 
22/11/2013 01h01
ORIGEM DA SABEDORIA

            A origem da inteligência, comparada a origem da Sabedoria é mais fácil de explicar. Uma simples ameba, um ser unicelular, já demonstra inteligência ao se aproximar de estímulos positivos (nutrientes, temperatura apropriada) e se afastar de estímulos negativos (tóxicos, choques elétricos). Existe um mecanismo na sua formação biológica que promove isso. Agora, a Sabedoria é algo muito mais complexo e que utiliza a inteligência para a sua expressão. De todos os seres vivos conhecidos é o homem que apresenta a complexidade neural mais desenvolvida, que possui o cérebro proporcionalmente maior que todos os animais, com o número de neurônios suficientes para processar raciocínios complexos. Dai entendermos que o grau de inteligência do homem seja bem maior que a inteligência da ameba e dos demais seres conhecidos na Natureza até hoje. A partir daí observamos o surgimento da Sabedoria, que parece ser independente do grau de conhecimentos que o homem tenha adquirido, mas que pode ser usada para melhorar a sua expressão.

            Podemos ver essa dependência da expressão da Sabedoria, da existência da inteligência, no caso do retardamento mental. As pessoas que por um motivo ou outro tenham perdido sua capacidade de inteligência, também deixam de demonstrar Sabedoria em suas ações.

            Um caso bem didático quanto a isso, nós encontramos no filme “Muito além do jardim”. O jardineiro de uma mansão, que sofre de retardo mental, após a morte de seus patrões, passa a responder as questões da imprensa, que não o conhece, com frases simplórias relacionadas ao seu cotidiano, mas sem o sentido da realidade maior que as perguntas induzem. No entanto, os jornalistas sem saberem do retardo mental do entrevistado, passam a associar as respostas dele com as suas inteligências e aos diversos contextos da sociedade. Daí surge uma explosão de Sabedoria que todos creditam indevidamente ao retardado, enquanto na verdade foi a inteligência de cada ouvinte que fez as conexões que o jardineiro não podia fazer. Terminou sendo homenageado de forma pública por essa grande Sabedoria tirada de suas palavras.

            Então, podemos pensar usando nossa inteligência, que essa mesma inteligência que estudamos tem um aspecto físico, enquanto a Sabedoria tem um aspecto abstrato. Sei que é uma comparação também simplória, mas é o que minha inteligência, também simplória, consegue distinguir.

            Quando alguém diz assim: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”, a minha pequena inteligência consegue captar a informação da hierarquia das inteligências, de Deus até a ameba. Consigo perceber que esse grau de “supremo” dado na informação é algo que não conseguirei atingir com osmeus esforços acadêmicos, intelectivos.

            Como poderei contar todos os grãos de areia da Terra, as gotas de água dos mares e rios, as moléculas que formam as nuvens e as gotas de chuva para atender as exigências metodológicas da Ciência? Poderei medir com precisão a altura do céu ou dos abismos, a vastidão do Cosmo, a intimidade do átomo?

            Para isso serve a minha pequena inteligência: reconhecer limites. Reconhecer também que onde existe essa máxima inteligência, existe a máxima Sabedoria. Então, a minha pequena Sabedoria, alicerçada em minha pequena inteligência, consegue entender que tudo que existe ao meu redor, inclusive eu, é devido a inteligência/Sabedoria de um Criador, que pode ser qualquer um nome, Deus, Alá, Jeová, Krishna, ou Caos. O Criador usou uma energia especial para a Sua realização, o Amor, cuja característica principal é a harmonização e inclusividade em tudo. Por mais próximo ou distante que sejam ou estejam esses elementos/seres da criação (Natureza) devem estar harmonizados e incluídos mutuamente.

            Portanto, também chego a conclusão que essa Sabedoria criadora (divina) já existia antes de todas as coisas. Não posso cogitar de como foi criada essa energia criadora, pois não tenho alcance intelectual para isso. E também imagino na minha rudimentar compreensão que nenhuma inteligência ou Sabedoria operante neste Universo tenha condições para tal.

            Entendo que a Sabedoria suprema permeia todo o Universo e é dessa fonte que ela é espargida por toda a Natureza. Os seres mais intelectualizados tem condições de melhor absorvê-la e aplicar com mais competência e discernimento, de procurar com mais eficiência a verdade universal, e de se mostrar humilde onde a prepotência de se considerar possuidor de uma verdade inabalável é um simples sinal de ignorância.

            É dentro desta compreensão que entendo Deus como o Criador da Natureza, meu Pai primordial, fonte da Sabedoria suprema e a Ele rogo como filho carente um pouco mais de Sabedoria para cobrir minhas deficiências e dificuldades, principalmente na administração do corpo sob minha responsabilidade e nos relacionamentos que me proporciona.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/11/2013 às 01h01
 
21/11/2013 01h01
NOVO ECLESIÁSTICO

            Hoje é o dia da padroeira, Nossa Senhora da Apresentação, da cidade em que resido, Natal. Tudo vem a se encaixar, as conversas que tive com meu amigo, da minha alta espiritualidade, da condição de criar uma nova religião, e justamente no momento que a leitura diária entra no livro bíblico, “Livro do Eclesiástico”.

            Eclesiástico é um nome que significa Livro da Igreja ou da Assembléia. Foi composto por Jesus filho de Sirach (Jesus Ben Sirac ou Ben Sirá – em grego Sirácida). O livro é formado por reflexões pessoais do autor, que era comumente lido em templos cristãos. O livro foi originalmente escrito em hebraico, entre 190 e 124 aC. Possui 51 capítulos e, posteriormente, foi traduzido para o grego por um neto de Jesus, filho de Sirach em 123 aC. É tido como sagrado pela Igreja Católica e Igreja Ortodoxa Etíope, mas é reconhecido no judaísmo apenas pelo seu valor histórico. Por esta razão grupos protestantes não o inclui em seu cânone.

            Ben Sirá escreveu esse livro como uma espécie de longa meditação sobre a fidelidade hebraica. Ele procura reavivar a memória e a consciência histórica de seu povo, a fim de mostrar sua identidade própria e o valor perene de suas tradições. Mas ele não é intransigente, mostra ter assimilado diversos aspectos da cultura grega, iniciando uma síntese que culminará no Livro da Sabedoria, ou seja, o livro dirige-se a todo aquele que queria se comportar como judeu em um mundo que mudava. Trata-se de uma obra de um conservador lúcido, que quer preservar o essencial, sabendo que não se deve ignorar as situações novas, que se deve procurar a Sabedoria na experiência concreta como o caminho para a vida eterna.

            Pela Lei do Amor Incondicional, pelas palavras dos profetas enviados por Deus em todas as latitudes, e por outros escritores que os sucederam nas diversas mídias da informação, recebo constantemente inúmeros ensinamentos importantes e cheios de sabedoria. Isso me deixa constantemente abastecido, cheio da graça de Deus, digno de respeito pela doutrina e Sabedoria amealhada. Assim posso passar adiante todos os esclarecimentos a respeito do Reino de Deus, da forma que temos de o construir e de como será sua manutenção.

            Foi assim que após voltar minha atenção cada vez mais ao estudo minucioso da Lei do Amor, das palavras dos profetas e todos aqueles que os secundaram, também quis escrever algo instrutivo e cheio de sabedoria, a fim de que as pessoas desejosas de se instruir, esclarecidas por suas lições, pudessem dedicar-se mais  e mais à reflexão e progredir na vida conforme a Lei do Amor.

            Uma maneira eficiente de ensinar ao outro o que aprendemos é com o nosso próprio exemplo. Assim, as páginas deste diário servem a esse propósito. Desde o início estou colocando nele toda minha percepção de mundo, de diretrizes da Lei do Amor, e de como fazer a sua aplicação na vida cotidiana.

            Convido e oriento a todo leitor que procure fazer essa leitura com boa vontade e atenção muito particular a prováveis deslizes com relação a Lei e/ou favorecimentos indevidos aos interesses egoístas naturais do corpo biológico.

            Portanto, é necessário eu tenha sempre a consciência crítica, racional, para que meus interesses pessoais não sejam confundidos com os interesses universais. Também peço desculpas, porque em diversas ocasiões eu não consigo encontrar as palavras necessárias para a expressão de meus pensamentos, e peço auxílio ao pensamento de outros, como acontece agora com este texto, cuja inspiração ficou bem próxima da cópia, desse Livro do Eclesiástico (Bíblia Sagrada).

            No dia 25-12-11 dei início a este diário e publico a cada dia um novo texto no Recanto das Letras no seguinte site: http://www.siostiodelapa.net. Fica aberto às críticas e sugestões dos leitores e pretendo divulgar na forma de livro, no sentido de ampliar a divulgação do pensamento e da oportunidade de interação com o leitor.

            Não existe o direcionamento para nenhuma religião em particular, e sim da espiritualidade no geral, e principalmente seguir as instruções do Mestre Jesus para a construção do Reino de Deus. É uma lição pela qual devemos pautar a nossa vida, pois corresponde a vontade de Deus. Por isso é útil dedicar tempo para entendê-la em profundidade e aplicar na vida real com honestidade.

            Já faz quase dois anos que essas folhas são produzidas neste Recanto das Letras e agora parece que o Pai está orientando que o trabalho seja colocado também nas prateleiras das livrarias.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 21/11/2013 às 01h01
 
20/11/2013 01h01
NATUREZA DESORDENADA – CAOS

            Após o texto que fiz ontem continuei com as leituras diárias nos seis livros que deixo em destaque sobre a mesa: Bíblia Sagrada, Bhagavad Gita, O Livro dos Espíritos, Boa Semente (devocional 2013), Pão Diário, e Pérolas de Sabedoria (seleções dos escritos do Báb, Bahá’u’llah e Abdu’l-Bahá para meditação diária). Nos dois últimos encontrei informações como se fossem respostas ao meu comportamento na visita do meu amigo.

            No Pão Diário estava colocado o seguinte:

            ... A conservação dos nossos pertences e moradias requer atenção constante. Precisamos lavar, tirar as pragas e consertar continuamente a nossa propriedade. Saia de férias um mês, por negligência ou guerra, e a natureza desordenada começa a tomar controle.

            O mesmo se aplica a nossa vida pessoal. Nossos corpos precisam de exercícios para manter-se em forma, as mentes precisam de bons livros e conversações para manterem-se aguçadas, nossas almas devem cultivar as práticas espirituais para relacionar-se com Deus. Tão difícil quanto contatar um velho amigo de quem não temos notícia é ler a Bíblia e orar quando não nos disciplinamos em praticar a fé.

            Jesus disse que o Seu Reino é como as sementes que caíram em solo rochoso, no espinheiro e em solo bom. As pessoas rochosas não têm profundidade e esmorecem sob pressão; as espinhosas permitem que “... os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas...” sufoquem a palavra, enquanto os cristãos fiéis frutificam  - “... a cem, a sessenta e a trinta por um” (Mateus 13:22-23).

            A diferença não está na semente, mas no solo. Se o jardim da sua vida estiver com excesso de ervas daninhas e pedras, não se desespere. Busque a força e a sabedoria de Deus enquanto prepara o solo. (Mike Wittmer).

            Esta é uma resposta que veio se aplicar diretamente ao pensamento do meu amigo e que se distancia exponencialmente do meu. Ele acredita, no seu pensamento ateísta, que toda a evolução organizada da natureza se dá através do movimento desordenado do caos que iniciou no princípio das eras, vai até um certo ponto de organização e depois tudo volta ao caos, para tudo se repetir mais uma vez e assim eternamente. A nossa condição de vida é apenas um acidente nesse percurso e quando a morte chegar para o corpo físico, tudo que conquistamos se perde na decomposição das células. O que apenas resta são os filhos, quando estes são produzidos. Não há necessidade de Deus em nenhum momento da criação e de sua manutenção.

            A leitura mostra com extrema simplicidade que uma simples casa colocada sob a tendência dessa desordem da natureza ela irá deteriorar e logo se confundirá com o caos. Toda a organização que ela tinha se perde, nada do que não tinha foi adquirido. É como uma demonstração prática de que essa capacidade organizativa do caos não existe dentro da natureza, que uma inteligência deve funcionar com o trabalho para impor a ordem e a organização. Sei que essa leitura atinge com mais eficácia quem já possui uma espiritualidade desenvolvida e que percebe a inteligência de Deus nos escritos humanos carregados de interesses subalternos. Sei que ele ao ler esse mesmo texto que li não vai encontrar nada de conversa de um Deus que ele não acredita. Então, Deus não pode conversar com ele através desses recursos tão fáceis para mim. Mas Deus tem alternativas de conversar com Ele. Uma é através de mim que consigo já ler Suas mensagens em diversos aspectos da vida e que pretendo ser o Seu porta-voz. Então Ele me deu esse argumento justamente para isso.

            No livro seguinte (Pérolas de Sabedoria) a advertência é dirigida para mim:

            ... Incumbe a todos os homens, cada um de acordo com sua capacidade, refutarem os argumentos dos que têm atacado a fé de Deus.

            E conclui a advertência no texto seguinte:

            Quando não se esforçam para difundir a Mensagem, os amigos deixam de se lembrar de Deus de um modo digno, e não haverão de testemunhar os sinais de ajuda e confirmação que vêm do Reino de Deus, nem compreender os mistérios divinos. Quando, porém, a língua do instrutor se ocupar do ensino, ele próprio será, naturalmente estimulado, se tornará um ímã que atrai a ajuda divina e as graças do Reino, e será como uma ave, na hora do alvorecer, que se extasia com sua própria canção, seu chilrear e sua melodia.

            Tudo isso tem para mim o significado de uma tutoria de Deus muito presente em minha vida. Ele observa todos meus pensamentos, sonda o meu coração e verifica minhas intenções, confere meu comportamento e ver onde estão minhas falhas. Então com a Sua sabedoria coloca lições corretivas ao meu alcance, e que minha ínfima sabedoria não consegue compreender como isso é organizado e previsto. Como é que esses dois livros, escritos por pessoas tão diferentes, que nunca se conheceram, que possuem tipos de fé diferentes, colocam mensagem que servem aos propósitos de Deus, e que eu coloco essas mensagens numa sequência de leitura cujo momento se aplica justamente onde é mais necessário? Sei que tem a posição ateísta de que isso obedece simplesmente a lei das probabilidades, que existem tantos escritos com o mesmo sentido e muitos deles se repetindo constantemente, como os versículos da Bíblia Sagrada, que não se torna muito difícil encontrar algo que se aplique a uma circunstância de vida dentro de seis livros que se lê diariamente, com a mesma temática. Ainda mais se essa pessoa, como eu, procura ver os Sinais de Deus a todo instante, em qualquer meio de comunicação, em qualquer circunstância formada; uma pessoa que aceita sem tergiversões a existência de Deus como inteligência criadora do Universo cuja principal força é exercida na sabedoria do amor Incondicional.

            Entendo a preocupação do meu amigo, até mesmo com a minha sanidade mental, pois quanto mais eu aceito “essas mensagens de Deus” para a efetivação da missão que Ele me deu, mais eu me afasto dos interesses do mundo material, tento transmutar dentro da minha consciência do egoísmo da matéria para o altruísmo do espírito.

            Esse exemplo que eu coloquei acima com relação a conversa que Deus teve comigo através dos textos e que se relaciona com os pensamentos e comportamento dele, talvez não sirva para promover a conversão do meu amigo, sei que isso é difícil e um processo de profunda reflexão. Mas serve para que ele entenda como está o meu nível de comunicação com Deus, que Ele tem uma existência real para mim, que está presente em todos os momentos da minha vida, que tem o cuidado de me orientar, ensinar e advertir. Que eu O considero meu Pai, o Pai primordial que tudo criou inclusive a mim, a ele, e a todos. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/11/2013 às 01h01
 
19/11/2013 01h01
CRÍTICA AMIGA

            Encontrei meu amigo de infância após tantos anos. O tempo serviu, além do encanecer dos nossos cabelos, para fortalecer nossa amizade. Saímos juntos para visitar outros amigos e assim ampliarmos o leque das amizades. As conversas desenvolvidas em várias ocasiões sempre giravam em torno do nosso comportamento no passado e a compreensão do que estava acontecendo no momento atual e suas repercussões no futuro. Como não poderia deixar de ser entre amigos de tão forte profundidade, as críticas surgiram como irmãs siamesas dos comentários reforçadores da amizade. Não é que a crítica também não seja reforçadora da amizade, mas que é um instrumento importante, necessário e perigoso, tanto para quem faz quanto para quem recebe. É a crítica feita pelo amigo que vai em direção ao nosso ego e diz com outro olhar o que pode ser percebido pela sociedade e que não nos damos conta, porque a nossa autocrítica não alcançou aquela compreensão. É essa informação crítica que pode ser feita de forma pejorativa, corretiva ou condenatória; também pode ser feita de forma compreensiva, interrogativa ou educativa. Pode ser recebida de forma policialesca, repressiva ou chantagista; também pode ser recebida de forma carinhosa, reflexiva ou reformuladora. Todos esses elementos podem estar presentes na mensagem crítica e a amizade tem o papel de escolher os elementos mais positivos, tanto do lado emissor quanto do receptor, no momento apropriado, no local adequado. É uma arte conduzida essencialmente pelo coração e aproveitada totalmente pela razão.

            Assim, o encontro com meu amigo trouxe a oportunidade de ouro de ouvir suas críticas as quais procurarei colocar aqui aquelas mais importantes e que calaram mais fundo na minha compreensão de vida e do meu agir cotidiano.

            Primeiro, foi com o meu toque espiritual nas coisas da vida. Ele ficou surpreendido com minha forte espiritualidade, já que nós nunca tínhamos desenvolvido tanto interesse assim no passado. Ele via um conteúdo tão forte que até justificava a formação de uma igreja, de uma nova religião, mesmo porque esse conteúdo espiritual ele não via aplicação dentro de nenhuma das igrejas conhecidas. Ressaltou o quanto esse pensamento espiritual associado a uma divindade, Deus, se afastava do pensamento dele, pois como eu ele procurou esse Deus em vários templos, seitas e religiões e nunca encontrou. Hoje está situado de forma mais confortável na posição de ateu. Eu, de completo servo de Deus. Seus argumentos impactaram com os meus, seus paradigmas mostraram a divergência dos meus. A amizade no centro era a mediadora. Eu procurava compreender o pensamento dele, porque nós, usando a mesma razão, terminamos em caminhos tão díspares. Ele dizia que tinha a impressão que um ET tinha chegado perto de mim e com um raio fez mudanças tão fortes na minha cabeça que justificariam um comportamento tão diferente do dele e da comunidade, da cultura em geral.

            Bem que no aspecto de crer em Deus, eu estou ao lado da maioria. Ele é quem está ao lado da minoria que não acredita em Deus. Mas descobri com isso algo importante, até mesmo com relação a missão que Deus me deu de divulgar e exemplificar o Seu Reino. O poder de argumentação. Procurei na minha mente um argumento poderoso, racional e definitivo que mostrasse ao meu amigo da existência de Deus e não encontrei nada com essas características. Eu não iria discutir com ele colocando chavões da presença de Deus em nossas vidas sem uma base racional em que me apoiar, para não parecer que o meu único recurso era a fé. Isso não iria fazer nenhum efeito, pois a fé que ele tem é outra, a de que Deus não existe. Os argumentos racionais que a minha consciência aceita, a consciência dele rejeita. Procurei ainda ir um pouco nessa direção, procurei saber se ele entendia alguma coisa sendo criada sem uma causa. Ele percebeu logo que eu me referia ao universo, a tudo, a nós inclusive e trouxe à tona a raiz dos seus pensamentos: o caos. Tudo se formou a partir do caos que o tempo trouxe à organização que vemos hoje e que ainda pode ainda evoluir, mas que um dia tudo se deteriora e regride novamente ao caos, para dai tudo começar outra vez numa eterna ida e vinda de caos e organização. A inteligência superior que eu aceito como organizadora da existência, ele coloca como advinda do vazio do nada, da desorganização do caos. Eu posso provar que ele está errado e eu certo? Não tenho recursos científicos para provar essa tese. O meu único recurso é o racional, pesar as duas hipóteses na balança da coerência e verificar com a consciência qual pode ser a mais inteligente. Mas isso leva tempo e também uma posição desarmada. Nós temos que sentar um ao lado do outro, descartar nossas certezas, e avaliar com a razão ponto por ponto cada argumento que sustenta nossa fé. Nesse trabalho nosso único compromisso é com a coerência dos fatos e argumentos. Felizmente ele pretende vir morar em Natal, talvez no mesmo condomínio que eu também venha a morar. Teremos o tempo para iniciar esse trabalho tão belo e profundo que a amizade nos proporciona.

            O outro aspecto das críticas levantadas nessa visita me coloca agora no lado oposto da maioria. A questão de querer aplicar em todos os meus relacionamentos a lei do Amor Incondicional, principalmente com as mulheres. Trocar a exclusividade do amor romântico, que leva à família nuclear, base da sociedade atual, pela inclusividade do Amor Incondicional que leva a Família Universal, base do Reino de Deus. Parece até que eu me encontro isolado com esse pensamento e ações. Ele diz que eu nunca irei conseguir esse intento, e suas palavras fazem eco ao meu redor. Todos concordam com Ele. Acontece que o Deus que ele não acredita, e todos ao meu redor acredita, diz que eu posso ser o exemplo e portador dessa mensagem, uma espécie de continuador do Cristo, e que ninguém ao meu redor acredita. Então fico crucificado nesse paradoxo: o Deus que todos acreditam me dá uma missão baseada na Sua principal Lei do Amor, e que todos também aceitam o Amor como essência do Deus, mas ninguém aceita que possa ser aplicado nos relacionamentos e que ela consiga alterar nossa natureza animal que está sintonizada com o egoísmo. Essa é justamente a missão que o Deus que todos acreditam me dá: executar uma missão que ninguém acredita, mesmo que seja baseada em Sua Lei.   

            A outra crítica que ele levantou e que concordei de imediato foi com respeito a deixar estes textos que produzo neste espaço literário livres para a cópia dos interessados. A minha preocupação de reservar os direitos do que escrevo deveria ceder espaço para aqueles leitores como ele que tem interesse na leitura, mas que não tem o tempo necessário de ver tudo na tela como agora está colocado. Então, hoje mesmo, a partir deste texto, toda a minha produção no Recanto das Letras está livre para cópias. Espero que assim surja a maior oportunidade de críticas que contribuam para reorientar o meu pensamento e o tirar do erro ou da falsa interpretação de argumentos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/11/2013 às 01h01
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