Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
16/10/2020 00h15
CRISTO

            Há 2.000 anos Tu andaste entre nós, humilde e de tanta graça. Trazias uma missão dolorosa cuja compreensão Te fez verter suores de sangue. Pelo veículo carnal que administravas, tinhas completo domínio sobre o Behemoth, jamais vimos a expressão dele em Teu comportamento, a não ser quando fizestes a maior confusão com os mercadores do Templo, se aquilo foi verdade. 

            Tuas lições ecoaram por todos os séculos, passados e vindouros. Nós, tão dependentes do Behemoth, citado na Bíblia, temos em Tuas lições um verdadeiro manual de como domesticar essa fera, para que ela atue apenas nos atributos pelos quais Deus a criou: facilitar e administrar a nossa sobrevivência automática, mas sem levar prejuízos ao próximo que tem idênticas necessidades como nós.

            O Mestre se coloca como exemplo, com suas lições teóricas e com seu comportamento prático. Um modelo ao qual devemos seguir como Caminho, Verdade e Vida. Tenho essa convicção de fazer a vontade de Deus seguindo as lições do Mestre Jesus. Mas, confesso, parece que ainda não estou preparado para adentrar essa sala de aula, estudar e procurar imitar, pois não consigo disciplinar adequadamente esse monstro que habita em mim. Como poderei entrar nessa sala de aula tão maravilhosamente divina, se trago em meu veículo corporal as marcas tão evidentes do Behemoth, como o sobrepeso perto da obesidade?

            Parece que tenho de passar por uma fase de desintoxicação dos efeitos mentais dessa fera, ficar 40 dias no deserto como uma prova de controle do meu espírito sobre as tentações ilícitas do Behemoth, assim como o Cristo antes de iniciar sua missão, passou 40 dias no deserto sofrendo as piores tentações do inimigo de nossas almas.

            Há muito tempo eu tento ingressar nessa sala de aula, mas não consigo. Aos 33 anos, imaginei: agora irei pegar o bastão do Mestre que foi morto aos 33 anos de idade. Como naquela corrida de revezamento, eu imaginava pegar o bastão das mãos do Cristo e seguir adiante com a tarefa que ele tinha. Ledo engano! Facilmente me esqueci desse propósito. Ao completar 60 anos, observei que Jesus ao completar 30 anos iniciou sua missão. Então imaginei... já que sou mais fraco e menos competente, o Pai está me dando o dobro da idade do Cristo e daí em diante desenvolverei uma missão própria para mim, mas muito parecida com a do Cristo, e conduzirei o bastão durante 6 anos, o dobro do trabalho missionário do Cristo.

            Mais uma tristeza para a minha alma. Agora, faltando 4 dias para completar os 68 anos, faço uma retrospectiva e me vejo ainda sem o devido fardamento para adentrar a sala de aula do Mestre. Mas o Pai, sempre me aparece com nova chance de redenção. Coloca em minhas mãos um livro com o título “Imitação de Cristo”, escrito pelo padre Tomás de Kempis, em um convento para monges. Nele fala o Cristo, o homem de todos os tempos e lê-se o Evangelho que será pregado até a realização do Reino de Deus.

            Será que é isto que o Pai quer de mim desta vez? Me preparar mais uma vez para adentrar a sala de aula do Cristo pegar o seu bastão e seguir na caminhada até o fim dos meus dias? E como será agora esses novos prazos? 

            Então, chega a intuição. Eu deverei me preparar para pegar o bastão, a partir dos meus 68 anos, lendo e praticando este livro que é uma recapitulação prática do Evangelho. Com o bastão nas mãos, terei o tempo de vida dado a João Evangelista, 94 anos, produzindo todo esse tempo da mesma forma que ele. João mais tarde voltaria à Terra assumindo o corpo biológico de Francisco de Assis, o qual, por milagre, adquiri o seu próprio nome acrescido da partícula “das Chagas”, como prenúncio do sofrimento que eu iria sofrer.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/10/2020 às 00h15
 
15/10/2020 00h13
NUVENS

            As nuvens carregadas sempre chegam às nossas vidas como prenúncios de sofrimentos, de dores, de desolação. Sempre queremos viver invariavelmente sob um céu azul no firmamento, um sol brilhante de dia e inúmeras estrelas embelezando a noite. No entanto, chegam as nuvens de contrariedade, de projetos frustrados, de esperanças desfeitas.

            Sinto chegar perto de mim tais nuvens. Tantos projetos que possuo, acadêmicos, clínicos, espirituais..., no entanto as energias que dispendo para a realização parece não ser suficiente.

            No entanto, vem da Bíblia uma explicação que traz alento ao meu coração. Lucas registrou (9:35) que se encontrava Jesus em reunião com Moisés e Elias, e os discípulos ficaram atônitos com a intensa luz que os aureolava. Porém, uma grande sombra chega e os envolve. Não mais se distingue o maravilhoso quadro. Todavia, do manto de névoa espessa clama a voz poderosa da Revelação Divina: “Este é o meu amado Filho, a Ele ouvi.” Manifestava-se a palavra do céu na sombra temporária. 

            Fica a informação de que essas nuvens que sempre nos atinge, trazendo angústias inquietantes e aflições amargosas é uma oportunidade da voz sábia e amorosa de Deus falar através delas.

            Nós que estamos engajados na Batalha Espiritual ao lado da Verdade e da Luz podemos ser sombreados por influências negativas, mas Deus sempre está ao nosso lado, não deixará de dar Seus comandos para nós que vivemos sintonizados com Ele.

            Estou firme no meu posto de combate, mesmo com pernas trêmulas e um tanto assustado pela espessura da nuvem que me envolve. Mas sei que o Pai irá se manifestar e colocar ao meu alcance o caminho mais apropriado para eu completar minha missão.

            Compreendo que o mais importante é que eu não desista de minhas intenções de fazer a vontade do Pai, mesmo contra todas as opiniões de terceiros e das minhas grandes dificuldades, que tentam me prender na zona de conforto.

            Sei que posso ficar paralisado como me sinto algumas vezes, como agora, mas sempre tem um caminho que o Pai aponta e desperta o fogo da minha fé. Talvez os momentos de paralizações retardem o cumprimento da minha missão, que eu perca oportunidades interessantes. Isso acontecendo, muita coisa que eu poderia fazer nesta atual existência se transfere para existências posteriores.

            O meu Behemoth ainda é um ser poderoso dentro de mim, me arrastando ainda para onde não quero ir, me obrigando a ficar na zona de conforto deixando eu de ir para onde quero. Ele se aproveita das nuvens e reforça o seu poder sobre mim, de onde desperto com a ação do Pai sobre mim. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/10/2020 às 00h13
 
14/10/2020 00h13
O BRASIL TEM UMA MISSÃO – PORTUGAL POBRE? (20)

            Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quinto capítulo “Os escravos”.

Calara-se a voz de Jesus por instantes; mais confortado, Ismael continuou: 

— Senhor, não teríeis um meio direto de orientar a política dominante, no sentido de se purificar o ambiente moral da Terra de Santa Cruz? 

Ao que o Divino Mestre ponderou sabiamente: 

— Não nos compete cercear os atos e intenções dos nossos semelhantes e sim cuidar intensamente de nós mesmos, considerando que cada um será justiçado na pauta de suas próprias obras. Infelizmente, Portugal, que representa um agrupamento de espíritos trabalhadores e dedicados, remanescente dos antigos fenícios, não soube receber as facilidades que a misericórdia do Supremo Senhor do Universo lhe outorgou nestes últimos anos. Até aos meus ouvidos têm chegado as súplicas dolorosas das raças flageladas por sua prepotência e desmesuradas ambições. Na velha Península já não existe o povo mais pobre e mais laborioso da Europa. O luxo das conquistas lhe amoleceu as fibras criadoras e todas as suas preciosas energias e qualidades de trabalho vêem esmorecendo sob o amontoado de riquezas fabulosas. Entretanto, o tempo é o grande mestre de todos os homens e de todos os povos, e, se não nos é possível cercear o arbítrio livre das almas, poderemos mudar o curso dos acontecimentos, a fim de que o povo lusitano aprenda, na dor e na miséria, as lições sagradas da experiência e da vida. 

Ismael retornou à luta, cheio de fervorosa coragem e os acontecimentos foram modificados. 

Os donatários cruéis sofreram os mais tristes reveses no solo do Brasil. 

Os Tupinambás e os Tupiniquins, que se localizavam na Bahia e haviam recebido Cabral com as melhores expressões de fraternidade, reagiram contra os colonizadores, transformados, para eles, em desalmados verdugos. Lutas cruentas desencadearam contra os brancos, que lhes depravavam os costumes. 

A luxuosa expedição de João de Barros, que se destinava ao Maranhão, mas que saíra de Lisboa com instruções secretas para conquistar o ouro dos incas, no Peru, dispersou-se no mar, sofrendo os seus componentes infinitos martírios e resgatando com elevados tributos de sofrimento as suas criminosas intenções, na condenável aventura. 

Os tesouros das índias levaram o povo português à decadência e à miséria, pela disseminação dos artifícios do luxo e pelas campanhas abomináveis da conquista, cheias de crueldade e de sangue. A sede de ouro acarretava o abandono de todos os campos. 

Vejamos as críticas de Leonardo Marmo.

Estudos e pesquisas sobre a escravidão no Brasil confirmam que aqui ela apenas se expandia, eis que há muito tempo já era ativa no mundo todo, principalmente na Europa. Portugal já a praticava na África, buscando escravos abaixo do oeste africano, em águas atlânticas. Vejamos a seguinte passagem que é um comentário atribuído a nosso Mestre Jesus de Nazaré: p.48 “...Na velha Península já não existe o povo mais pobre e mais laborioso da Europa...”. 

Na época das navegações e nos períodos em que começava a relação de Portugal com os povos africanos, Portugal não era “o povo mais pobre...da Europa”. Se Portugal fosse o povo mais pobre da Europa, não teria a mínima condição de promover o financiamento de uma série de expedições, cujos custos eram altíssimos. Aliás, se isso fosse verdade, por que os espanhóis assinaram o “Tratado de Tordesilhas”, dividindo o mundo todo em duas partes com o “o povo mais pobre...da Europa” ?! Os espanhóis poderiam ficar com tudo ou anexarem Portugal, que, sendo “o povo mais pobre...da Europa” não poderia impor quaisquer tipo de resistência econômica e, por consequência, militar, até por ser um país pequeno em extensão territorial. Os investimentos econômico, político, tecnológico, militar e estratégico eram altíssimos e foi justamente arcando com tamanho investimento que Portugal cacifou-se como uma “Potência Naval” da época. Para ilustrar vou frisar três expedições: A de Vasco da Gama (“pano de fundo” do famoso “Os Lusíadas” de Camões) para encontrar o caminho para as Índias; a de Pedro Álvares Cabral, que não se restringiu ao descobrimento do Brasil, pois uma parte das embarcações, após ficar um tempo no Brasil, seguiu viagem para a África; e a que previamente havia descoberto o chamado “Cabo das Tormentas” (hoje “Cabo da boa Esperança”). Será que “o povo mais pobre...da Europa” teria condições de financiar tudo isso? 

Na Idade Média, considerando o período da escravidão no Brasil, Portugal tinha reis, Inglaterra, Espanha e França, também. Eles misturavam as nobrezas em arranjos interesseiros, Portugal/Inglaterra e França/Espanha, daí que a troca de favores ajudou Portugal e seu pendor para as viagens marítimas, tendo como aliada a Inglaterra, então considerada a “rainha dos mares”. 

Por outro lado, será que o povo português poderia ser considerado realmente “...o povo...mais laborioso da Europa...”? Sem desmerecer o povo português, mas tal afirmativa poderia ser facilmente questionada por historiadores da Europa e de outros povos europeus. 

            A crítica do Leonardo desta vez tem bastante procedência, houve um erro de avaliação da situação de Portugal na época. Mas de quem? Do Mestre? Deixemos para nossa reflexão.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/10/2020 às 00h13
 
13/10/2020 00h12
O BRASIL TEM UMA MISSÃO – COLABORAÇÃO OU ESCRAVIZAÇÃO? (19)

            Continuemos o estudo interpretativo da obra de Humberto de Campos / Chico Xavier... “Brasil coração do mundo, pátria do Evangelho”, continuando no quinto capítulo “Os escravos”.

OS ESCRAVOS

Certo dia, preparava­-se, numa das esferas superiores do Infinito, o encontro de Ismael com Aquele que será sempre caminho, verdade e vida. 

Por toda parte, abriam­-se flores evanescentes, oriundas de um solo de radiosas neblinas. Luzes policrômicas enfeitavam todas as paisagens celestes, que se perdiam na incomensurável extensão dos espaços felizes. 

Rodeado dos seres santificados e venturosos que constituem a coorte luminosa de seus mensageiros abnegados, recebeu o Senhor, com a sua complacência, o emissário dileto do seu amor nas terras do Cruzeiro. 

Ismael, porém, não trazia no coração o sinal da alegria. Seus traços fisionômicos deixavam mesmo transparecer angelical amargura. 

— Senhor — exclama ele —, sinto dificuldades para fazer prevaleçam os vossos desígnios nos territórios onde pairam as vossas bênçãos dulcificantes. A civilização, que ali se inicia sob os imperativos da vossa vontade compassiva e misericordiosa, acaba de ser contaminada por lamentáveis acontecimentos. Os donatários dos imensos latifúndios de Santa Cruz fizeram­-se à vela, escravizando os negros indefesos da Luanda, da Guiné e de Angola. Infelizmente, os pobres cativos, miseráveis e desditosos, chegam à pátria do vosso Evangelho como se fossem animais bravios e selvagens, sem coração e sem consciência. 

O mensageiro, porém, não conseguiu continuar. Soluços divinos lhe rebentaram do peito opresso, evocando tão amargas lembranças... 

O Divino Mestre, porém, cingindo-o ao seu coração augusto e magnânimo, explicou brandamente: 

— Ismael, asserena teu mundo íntimo no cumprimento dos sagrados deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos que realizam em suas existências isoladas e coletivas. Mas, se não podemos tolher-lhes aí a liberdade, também não podemos esquecer que existe o instituto imortal da justiça divina, onde cada qual receberá de conformidade com os seus atos. Havia eu determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas, aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas determinações. O homem branco da Europa, entretanto, está prejudicado por uma educação espiritual condenável e deficiente. Desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesados da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados impiedosos. Eles terão a liberdade de humilhar os seus irmãos, em face da grande lei do arbítrio independente, embora limitado, instituído por Deus para reger a vida de todas as criaturas, dentro dos sagrados imperativos da responsabilidade individual; mas, os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o mesmo martírio, nos dias do futuro, quando forem também vendidos e flagelados em identidade de circunstâncias. Na sua sede nociva de gozo, os homens brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem e que todo o determinismo de Nosso Pai deve assinalar-se pelo "amai o próximo como a vós mesmos". Ignoram voluntariamente que o mal gera outros males com um largo cortejo de sofrimentos. Contudo, através dessas linhas tortuosas, impostas pela vontade livre das criaturas humanas, operarei com a minha misericórdia. Colocarei a minha luz sobre essas sombras, amenizando tão dolorosas crueldades. Prossegue com as tuas renúncias em favor do Evangelho e confia na vitória da Providência Divina. 

Vejamos a crítica de Leonardo Marmo sobre esse trecho.

No presente capítulo, Jesus, em diálogo com Ismael parece desconhecer que os africanos eram escravizados pelos europeus ou parece desejar que os “portugueses escravizassem com amor”. Vejamos a passagem: (primeira página do capítulo): “...Ismael, porém, não trazia no coração o sinal da alegria. Seus traços fisionômicos deixavam mesmo transparecer angelical amargura”. 

Nota-se, mais uma vez a utilização de expressões tipicamente católicas. E, principalmente, existe “angelical amargura”?! Observamos uma policialesca crítica sobre o escrito. Não é considerado pelo crítico que isso seja um trabalho de reportagem que o autor escreve como aconteceu do seu ponto de vista e que pode esta “contaminado” pelas suas próprias convicções.   

Vejamos o que Jesus comenta para explicar a escravidão dos negros no Brasil que durou praticamente 4 séculos inteiros, e cujas consequências, de certa forma, perduram até hoje: “...Havia eu determinado que a terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do planeta, buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas; todavia, para que essa cooperação fosse efetivada sem o atrito das armas aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza. A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos perniciosos, no capítulo das minhas amorosas determinações...” 

Em primeiro lugar, seria mais coerente supor que Jesus dissesse “daqueles irmãos sofredores” e não “daquelas raças sofredoras”. Da maneira como o texto é apresentado, Jesus está pensando em termos de “raças”. Ora, o Espírito é imortal e pode habitar todo tipo de corpo, todo tipo de raça, em qualquer nacionalidade etc.

Também não vejo aqui tamanha discrepância entre raça e irmão. Continuamos compreendendo que cada raça é formada por nossos irmãos. Jesus foi até mais criterioso ao falar de raça, pois localiza o foco de sua atenção em determinada região.

 Em segundo lugar, a “colaboração” é um eufemismo pouco adequado para escravidão. Jesus não poderia ignorar que havia escravidão no mundo e que os negros ficariam 4 séculos como escravos no Brasil. Em terceiro lugar, “...aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violências de qualquer natureza...” causa extrema estranheza. É possível que Jesus, como governador da Terra, tenha dirigido o processo de aproximação entre Portugal e os povos africanos, entretanto, não se pode acreditar que o Mestre esperasse que o processo de escravização ocorresse sem violências, ou mesmo crer que Portugal pudesse convencer estes povos a migrarem para o Brasil voluntariamente. Do século XVI ao século XIX, a par dos quatro séculos de escravidão no Brasil, portugueses, espanhóis, franceses, holandeses e ingleses desfalcaram a África de uma parte muito grande da sua população (cerca de 15 milhões de indivíduos). Jesus poderia esperar uma colaboração não escrava, porém, como possuímos o livre arbítrio, que nem Deus interfere, então uma escravidão foi colocada em prática a invés de outro tipo de colaboração menos dolorosa. Acredito que da mesma forma que houve migração de Portugal para o Brasil na base da negociação, teria sido conseguido também com os povos africanos. Acontece que a civilização europeia decidiu ter mais lucros com a escravização desses povos submissos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/10/2020 às 00h12
 
12/10/2020 00h51
CARNE DA MINHA CARNE

            Esta frase que podemos encontrar na Bíblia tem um significado importante que pode levar a harmonia entre os gêneros, homem e mulher, tão difícil de encontrar hoje em dia. Há registro nos Evangelhos que alguns fariseus chegaram perto de Jesus e, querendo conseguir alguma prova contra ele, perguntaram: — Será que pela nossa Lei um homem pode, por qualquer motivo, mandar a sua esposa embora? Jesus respondeu: — Por acaso vocês não leram o trecho das Escrituras que diz: “No começo o Criador os fez homem e mulher”? E Deus disse: “Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa.” Assim já não são duas pessoas, mas uma só. Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu.

            Essa informação parece que ninguém consegue alcançar o seu sentido e praticar. Se o homem deixa o seu pai e mãe para se unir a uma mulher, deve formar com ela uma só pessoa. Isso significa que o que um sentir de bom ou ruim o outro também sentirá da mesma forma. Existe ainda o sentido da hierarquia. Quem deverá ter o mando hierárquico na relação? O homem ou a mulher? Pela constituição física, de ser o mais forte, o mais apto a sair da segurança do lar e sair pelo mundo em busca dos nutrientes para a sobrevivência de todos na família, percebemos que deve ser do homem o mando pela posição hierárquica. 

            Da mesma forma, pelo lado espiritual, verificamos que o mando da família deve ser do homem, pois Deus criou o homem do barro e criou a mulher de uma costela do homem. Poderia muito bem tê-la criada também do barro dando a mesma origem a ambos. Mas a mulher teve sua origem do homem, portanto subordinada a ele.

            Isso quer dizer que o caminho a ser trilhado deve ser escolhido pelo homem, mesmo que possa receber contribuições da mulher. Isso significa que a mulher ao decidir se unir ao homem, deve conhecer bem quais são os caminhos que ele segue, quais são seus paradigmas. Se são diferentes e até contraditórios e a mulher não aceita essa forma de viver, então é melhor não haver união, pois a mulher não conseguirá fazer que o homem mude os seus caminhos para seguir os dela. Pode ser que até exista isso na sociedade, mas é exceção.

            Se torna motivo de conflito quando a mulher se une ao homem, sabendo qual o caminho que esse percorre, diz que aceita, mas quando percebe o companheiro na estrada dele fica raivosa e desnorteada, agressiva e reivindicante. Por que a mulher não deixa essa união, deixa de dizer que pode caminhar com o companheiro e ao mesmo tempo reage tão explosivamente quando percebe que ele está fazendo o que sempre disse? Essa falta de coerência é devida a que? A esperança que um dia possa mudar os caminhos do companheiro, que ele deixe de seguir a sua trilha, fazer sua missão, e passe a fazer a vontade da mulher?

            Significa tudo isso que a mulher mesmo convivendo com o companheiro, não se tornou carne da mesma carne com ele. Aquilo que ele faz e lhe satisfaz, leva desgosto e contrariedade a companheira. Se ela não consegue se tornar carne da mesma carne com o seu companheiro, é bem melhor que deixe a relação, pois irá se torna fonte de sofrimento para ambos. O homem está correto em seus paradigmas, mas a mulher está confusa, quer ficar como companheira e não consegue se tornar carne da mesma carne.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 12/10/2020 às 00h51
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