Meu coração parece divorciado da razão. A Natureza é vasta, diversificada, e me vejo cercado de muita beleza. Meu coração devia se apaixonar por alguém, por alguma coisa... quero sentir a sensação de estar apaixonado. Vejo nos filmes, nos livros, nas músicas como é poderoso esse sentimento da paixão. Mas acontece uma coisa estranha com meu coração. Ele ama tudo, toda a Natureza... o brilho do sol, o reflexo da lua; o perfume das flores e o toque das abelhas; a madrugada que desperta, e o ocaso que acende as estrelas; o mar que me acalanta a alma e a brisa que me afaga o rosto; o sorriso da criança, as rugas do vovô; a chuva que me lava o rosto, e as cores que pintam o arco íris; amo o toque da mulher, o sorriso, o olhar, o cuidar...
Mas, não consigo me apaixonar. O meu amor é tão difuso que tem medo de se apaixonar e deixar de amar o resto das coisas. É algo que está dentro de mim, o Criador me fez assim. Dizem que ninguém se apaixona voluntariamente, que acontece a qualquer momento, com qualquer pessoa. Corresponde a paixão ao orgasmo do Amor, tenho essa impressão.
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... dizem que o céu fica mais perto, a linha do horizonte sai de dentro do coração... dizem que se consegue voar com os pássaros à luz do arrebol... dizem que podemos subir num tapete mágico e assistir um concerto de anjos ao lado do Criador... dizem que o beijo por mais singelo que seja tem sabor de mel e o hálito lembra o frescor da hortelã... dizem que a presença da pessoa toca alvorada no coração e que a ausência solta os sonhos mais férteis da imaginação...
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... queria te levar para dentro dos meus sonhos, te levar pela mão pelas campinas verdejantes, deitarmos na relva e ouvir a melodia dos pássaros tocando para nossos corações... queria te dar emoldurado o meu coração para tu colocar como troféu na sala dos teus desejos... queria te dizer sem falar, aquilo que seu coração tanto deseja e tu nunca tivesse coragem de pedir... queria te dizer que o meu nome é o teu, para que eu dizendo quem sou jamais esquecer de ti... queria ser o anjo da tua guarda para te proteger as 24 horas do dia e que ao dormir tu me chamasse de santo, de zeloso e que ficasse sempre perto de ti...
Ah! Como eu queria estar apaixonado! ... mas o meu Pai não quis. Não sei se é uma missão ou uma provação. Só sei que é um desejo tão forte, uma esperança tão fraca.
Inspirado em Emmanuel, autor espiritual, tracemos algumas considerações sobre o suicídio.
Quando a pessoa decide pelo suicídio, é porque está vivendo dramas íntimos gravíssimos, e que em suas reflexões a melhor saída será a morte, pois deixando o corpo físico tudo se apaga, dissolve, deixa de existir.
A maioria dos suicidas não tem a compreensão que a vida corporal é somente um detalhe da vida física, que seus tormentos irão ser apenas transferidos do mundo material para o mundo espiritual. E nesta transferência, a pessoa irá ter a consciência do erro que fez, pois adquiriu novas dívidas que precisarão de resgate.
A consciência de que não existem problemas sem solução, por mais difíceis ou pesados que sejam, que provoquem sofrimentos físicos e morais, deve nos motivar a continuar seguindo em frente, trabalhando e servindo, olhando sempre com atenção para constatar que criaturas carregando fardos de tribulações muito maiores e mais pesados do que os nossos.
O melhor meio de prevenirmos na Terra contra o suicídio, será sempre manter a atenção no trabalho que devemos o podemos realizar, aquilo que a vida nos confiou para realizar, pois essa é a forma mais eficaz de dissolver quaisquer sombras que nos envolva a mente e nos leve à destruição do corpo físico, justamente àquele que devia estar fixo no trabalho a ser realizado.
Por fim, consideremos, nas piores situações que nos situamos, que Deus, cujo infinito amor nos sustentou durante toda a vida, apesar dos nossos pecados, vícios, ignorância, vem nos apresentando os propósitos de regeneração e melhoria que podemos reconhecer e partirmos para a regeneração de nossa alma estropiada.
A valorização da vida é uma obrigação da pessoa consciente da vida espiritual, pois entende que ela não pode destruí-la destruindo o corpo. Como esse caminho é estreito, sempre é fácil sair dele do que permanecer nele.
Tenho observado por força do meu trabalho na psiquiatria, quantas pessoas se perdem nesses desvios do caminho, vão agora por estradas que levam à destruição sem nem ao menos que estão cometendo suicídio lento e progressivo com o uso de drogas, fumo, bebidas alcoólicas, etc. São pessoas que sofrem pelas consequências dos seus atos, são diagnosticadas com tal ou qual distúrbios, algumas vezes não aceitam o problema que acometem suas vidas, outras vezes aceitam, mas não podem mais recuar sozinhos. Precisam de uma atitude mais forte, uma internação psiquiátrica até mesmo contra a sua vontade, uma internação involuntária.
Caso a pessoa seja doente mental, tem a justificativa desse tipo de pensamento suicida fazer parte do elenco sintomatológico e devemos ter a competência profissional de ajudar, de prevenir o desenlace fatal.
Portanto, nós que não possuímos transtorno mental grave a ponto de perdermos a capacidade de raciocínio, de juízo crítico, vamos continuar firme no caminho que o Senhor nos indicou, pois Ele sabe do que é necessário para a nossa evolução. Lutemos como fez Paulo de Tarso, com o caminho que nos foi colocado como opção, mantendo a fé para sustentar as ações nas lutas de cada dia
O passado não tem condições de voltar ao presente. Por um impositivo lógico, evolutivo a linha do tempo jamais tem uma curva de retorno. Mas nossa mente pode muito bem viajar no passado e trazer lembranças, nossas ou de outros, que façam em nossa consciência uma reflexão comparativa.
Encontrei na net um texto atribuído a José Antônio de Oliveira Resende, professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa, do Departamento de Letras, Arte e Cultura, da Universidade Federal de São João del-Rei, que reproduzo aqui para dividir com meus leitores tal reflexão.
O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho, porque a família toda iria visitar algum conhecido.
Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente à noite. Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita.
Aos poucos os moradores iam se apresentando, um por um.
- Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino, repetia-se toda a diplomacia.
- Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entre olhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora.
A nossa também era assim. Também era assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
- Gente, vem aqui para dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa. Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também.
Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida.
Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa... a mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, internet, e-mail, whatsapp... cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa.
- Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casa vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores. Casas trancadas... Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...
Que saudade do compadre e da comadre!...
Cada um tem suas lembranças da forma que o Supremo Criador nos colocou em determinado contexto de vida. As minhas lembranças são muito diferentes das lembranças do autor acima. Lembro que fui criado desde os 5 anos de idade por minha avó, pois minha mãe não tinha condições de me manter junto com o meu irmão caçula. Fui morar com minha avó que era uma mulher batalhadora. Sempre foi solteira, trabalhava com todas as garras para sobreviver, e nisso me incluiu, com os seus trabalhos. Não tive oportunidade de socialização, nem ao menos brincar livremente com os garotos da minha idade. Logo cedo eu estava envolvido em diversos tipos de trabalho: carregador de água com um galão colocado nos ombros, vender balas e cigarros nas portas dos cinemas, vender bebidas numa cigarreira, além de trabalhos domésticos, como varrer e arrumar a casa, lavar pratos. Felizmente minha avó tinha uma perspectiva de bom alvitre: educação. Ela queria que eu aprendesse para poder lhe servir de forma no futuro. Então, eu trabalhava muito, estudava nos horários previstos e brincava nas raríssimas horas vagas, geralmente sozinho. O ambiente que nós morávamos e trabalhávamos não era favorável à socialização. O máximo que eu podia fazer nesse sentido ir para a casa da minha mãe, distante cerca de dois quilômetros, para interagir com meus irmãos e demais colegas da vizinhança. Sempre atento com o horário de voltar e com a possibilidade de punições por qualquer erro cometido.
Sim, parece que comigo ocorreu o contrário. As minhas lembranças levam de uma solidão a uma socialização, mesmo que eu também sinta todos os efeitos da tecnologia atual, mas não sofro a dependência dela tão forte quanto tantos. Por isso entendo que com cada um deve acontecer os mesmos. Suas memórias levam a uma reflexão sempre diferente uma das outras, mesmo que a experiência seja muito parecida com a minha ou com a do autor acima.
Não tenho tanta saudade do passado, tenho muita perspectiva no futuro construindo com as atividade do presente.
As lições que Jesus trouxe à Terra terminaram sendo deturbadas e aplicadas de forma enviesada em muitas igrejas. Chegou-se a um ponto onde formaram-se exércitos para lutar e derramar sangue em nome do Cristo, para a recuperação da Terra Santa, Jerusalém. Mais próximo dos nossos dias, observamos a morte na fogueira promovido pela inquisição, justificada por expulsão dos demônios que obcecavam as vítimas.
A essência do Amor que o Cristo veio nos ensinar foi perdida. As diversas igrejas elaboram formas rígidas de comportamento, dogmas acima de qualquer refutação lógica, que afasta pessoas honestas que percebem incoerência no que é dito e no que é praticado.
Foi preciso que o véu entre o mundo espiritual e o material fosse rompido de certa forma, que aparecesse diversos fenômenos espirituais, muitos deles levados na brincadeira para que alguém com uma percepção crítica e metodologia científica conseguisse perceber a inteligência que existia por trás dos fenômenos e que era possível a comunicação. Dessa forma foi codificado por Allan Kardec toda estrutura racional do mundo espiritual, ensinos promovidos por Espíritos Superiores, capitaneado pelo Espírito da Verdade, que entendemos ser o próprio Jesus, pela qualidade das informações transmitidas, tendo como pilar central desses ensinamentos, o mote: “Fora da caridade não há salvação.”
Em função disso toda uma complexa rede de atitudes foi exemplificada na aplicação dessa Caridade: a fome, deve ser mitigada com urgência, mas devemos mostrar a importância do Evangelho; a pessoa desnuda deve ser vestida, mas com a aplicação da bondade em nossas ações; o enfermo precisa da nossa ajuda para receber o remédio do corpo, mas também do remédio para a alma; um coração crucificado por uma série de problemas deve ser socorrido, mas com o ensino de meios próprios para superar o problema; atender o choroso em sua penúria, mas informando recursos para estancar as lágrimas; e atender o órfão necessitado, mas com atitude acolhedora e virtudes como lições.
Os caminhos que temos à nossa disposição são variados, mas sempre estará em qualquer margem desses caminhos os necessitados a nos estenderem as mãos, explícita ou implicitamente. Portanto, devemos seguir por qualquer um desses caminho que escolhermos, aplicando o conhecimento do Evangelho que nos renovou a mente e consolou o coração. Devemos homenagear o anjo da Caridade, distribuindo o que podemos.
Quando estamos intuídos de fazer a Caridade como Jesus ensinou, estamos movidos por uma Fé legítima, capaz de enfrentar a Razão face à face, em qualquer época, em qualquer lugar. Já foi dito que, “A Razão sem Fé fica louca e a Fé sem Razão fica cega.”
A Caridade tem em muitos casos um “Regime de Urgência”, mas não podemos permitir o acomodamento, temos que dar o necessário esclarecimento para que a pessoa não fique motivada a viver somente com essa Caridade, tipo Bolsa Família, e não queira se desenvolver, ficar independente e não necessitar mais desse tipo de assistência.
Dar o pão ao esfomeado pode ser um dever imediato, retirá-lo da miséria proporcionando a sustentabilidade para manter-se é dever evangélico. Dar um tecido ao corpo despido é gratificante, mas sem esquecer a orientação para agasalhar a alma. Dar o medicamento para o corpo doente é ação de urgência, mas sem esquecer a diretriz evangélica. Dar o socorro ao aflito, mas mostrando o roteiro cristão para superar os problemas e aceitar com galhardia e sabedoria o sofrimento.
É preciso atenção constante ao que se passa nas margens do nosso caminho. É preciso ouvido aguçado e o auxílio necessário para atender ao anjo da Caridade que está sempre ao nosso lado.
Se amparamos o órfão, mostremos à ele a conduta espírita. Se damos auxílio à viuvez solitária, ofertemos também a Doutrina Espírita, como forma de Evangelho Redivivo.
A Caridade e a Fé estão sempre juntas. Lembremos da lição de Jesus ao falar com a samaritana no poço. Pedia para ela um gole d’água, e em troca lhe daria a água viva dos seus ensinamentos, um tipo de água que irá matar a sede de quem toma para sempre, de qualquer tipo de situação que possa nos angustiar.
Pai, o tempo passa e vejo que muita coisa que eu desejaria fazer não vai ser possível. O que me consola é que sei que terei as diversas chances ao longo do tempo para fazer o que é preciso, com o processo das reencarnações contínuas.
Procuro avaliar o que fez com que eu atrasasse o meu processo evolutivo, Pai, na presente encarnação. Um fator, Pai, é porque só vim descobrir a lógica de como tudo isso acontece já com bastante idade, não tive pais biológicos ou escolas que me dessem essa orientação. Quando tive o contato, passei ainda muito tempo na dúvida, se o mundo espiritual e até mesmo Tu, ó Pai, existia.
Somente hoje, adquirida a firme convicção da Tua existência, é que me considero cidadão com dupla cidadania, vivendo temporariamente no mundo material e que logo estarei de volta à minha pátria real, o mundo espiritual.
Sei também, Pai, um tanto de Tuas leis, da sementeira, que tudo que eu escolher plantar obrigatoriamente irei colher, por isso tenho que observar com cuidado a Lei do Amor, que é a Tua essência, seguindo a bússola do Cristo, de “fazer ao próximo o que desejaria que fosse feito comigo”. E fazer comigo, Pai, aquilo que gostarias que eu fizesse como instrumento da Tua vontade.
Agora sei que logo mais estarei de volta ao mundo espiritual, que irei prestar contas de minhas ações, que Tu estarás presente em tudo ao meu redor, dentro de mim e principalmente dentro da minha consciência, expresso na Tua lei.
É a Tua lei dentro da minha consciência que me inibe às vezes de falar contigo, Pai. Como falar com alguém que está dentro de mim, que sonda os meus mais íntimos pensamentos, que é testemunha do quanto faço de errado e do pouco que faço como certo?
Como posso Te pedir algo, se sei que é dever meu alcançar o que eu preciso com os meus próprios esforços, mesmo que seja algo tão difícil como controlar os sete pecados capitais, principalmente a preguiça, medo, gula...
Talvez o que eu precise mesmo pedir para Tu Pai, seja um pouco de Sabedoria, pois esta parece a mais difícil de ser conquistada, e talvez eu não esteja nem no caminho certo para a alcançar...
Portanto, Pai, este é o meu único pedido neste mês, colocado de forma tão atabalhoada, mas humilde, reconhecendo que se tal situação acontece comigo, é porque não tenho ainda a necessária Sabedoria para focar nos meus principais objetivos e despertar a sementeira de virtudes que plantastes dentro de mim na luz de Tua fagulha.