Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
06/10/2017 23h38
HENRIQUE V (01) – ESCÁRNIO

            Eis a história de William Shakespeare adaptada para o cinema por Kenneth Branagh e transcrita como visto nas legendas para este trabalho.

Relator: Oh, como uma musa de fogo, que se eleva a mais brilhante imaginação de céu. Um reino para um palco, príncipes como atores e monarcas como espectadores de uma cena sublime! Em seguida, os Harry bélicos, como são, iriam adotar a atitude de Marte, e em seus calcanhares, atrelados como cães, fome, a espada e o fogo, agachados estão para serem empregados. Mas perdão, senhores, por me atrever a trazê-los a esse indigno cadafalso, um tema tão grande. Poderia conter esta bodega os vastos campos da França? Ou, então, poderiam conter esta sala de madeira todos os cavalos que assombraram o céu de Agincourt? Ah, desculpe! Deixo os números relativos a este grande espetáculo, ao trabalho de sua imaginação, porque são os seus pensamentos que devem adornar nosso rei, e conduzir aqui e ali, saltando no tempo, despejando a realização de muitos anos em uma ampulheta. Para tal plateia, permita-me ser o coro desta história, que, a título de prefácio, pergunto-lhe em sua humilde paciência, escute atentamente e julgue com gentileza...A nossa peça!

            Diálogo secreto

            Milorde, vos digo: é o mesmo projeto que, no reinado do último rei, quase foi usado contra nós. Mas como, Milorde, resistiremos agora?

            Temos de refletir. Se aprovado, podemos perder a metade de nossa possessão.

            Mas como evita-la?

            O rei está cheio de graça e de boa vontade.

            É um amigo sincero da Santa Igreja.

            Durante sua juventude não prometia isso, e sua predileção por banalidades. Seu tempo ocupado com agitação, banquetes, esportes; e nunca percebi nele qualquer estudo.

            Mas, Milorde, como pode mitigar tais projetos reclamados pela Câmara? E Sua Majestade, estará de acordo ou não?

            Parece-me indiferente, ou melhor, se inclina em direção ao nosso lado, porque eu tenho feito uma oferta de Sua Majestade, tão atraente quanto a França...

            Henrique V – Onde está vossa graça, Lorde de Canterbury?

            Chegam atrasados e apressados – Deus e seus anjos guardem vosso trono sagrado e faça-o reinar por um longo tempo.

            Agradeço-vos. Sábio Senhor, pelo que expliqueis, justa e religiosamente, se a lei que existe na França, exclui ou não, meus direitos e minhas reivindicações. Faça-o cuidadosamente, com o penhor de minha pessoa, senão, despertarás a dormente espada da guerra. Exorto-vos, em nome de Deus, faça-o cuidadosamente, porque esses dois reinos jamais lutaram sem grande derramamento de sangue.

            Então, ouça, gracioso Soberano. Nada impede vossa pretensão sobre a França! Exceto isso, atribuída a Faramond: “Em Terram Salicam mulieres ne sucedant.” “Nenhuma mulher herdará terras, em Salice”. O Estado francês defende, injustamente, que as terras em Salice pertençam ao reino da França. No entanto, seus autores dizem que as terras em Salice estão na Alemanha, entre os rios Elba e Câmara. Assim, é evidente que a lei sobre Salice não foi concebida para o reino da França. E que as terras em Salice não pertencem aos franceses. Até 420 anos após a morte do Rei Faramond, alegado autor desta lei. Rei Pepino, que destronou Childerico, reclamou para sua descendência com Blitilda, filha de Clotario, a herança da coroa da França. Também Hugo Carpeto que usurpou a coroa de Carlos, Duque de Lorena, único herdeiro masculino descendente direto de Carlos Magno, não acalmou sua consciência, levando a coroa da França para garantir que a bela Rainha Elizabeth, sua avó, descendia de dona Ermengara, filha de Carlos, acima do Duque de Lorena, por cujo casamento, na linha de Carlos Magno aderiram à coroa da França. Desta forma, é tão claro como o sol do verão. Tudo coincide em sustentar seu direito a este título de herança, como fazem os reis de França até este dia. Contudo, defendem o direito sobre Salice para privar vossa Alteza dos direitos, a partir de sua linhagem feminina.

            Posso, na lei e na consciência, fazer esta afirmação?

            Que o pecado caia na minha cabeça, temido Soberano. Defenda vossos direitos, mostre sua bandeira com seu sangue!

            Esperam que a levanteis, assim como fizeram os primeiros leões de vosso sangue.

            Nunca, um rei da Inglaterra ou nobre por mais rico, nem  mais leais súditos, cujos corações têm seus corpos aqui deixados, plantou sua bandeira nos campos da França.

            Ah, se seus corpos o seguissem, meu caro senhor, com sangue, fogo e espada para conquistar vosso direito. Um montante tão elevado como nunca ofereceu o Clero a qualquer um dos seus antecessores.

            H – Chama os mensageiros enviados por Dauphin. Agora, estamos determinados, e com ajuda de Deus e de Sua vontade, nobres tendões do nosso poder, a ser nossa a França, a vergar-se à nossa vontade, ou parti-la em pedaços. / Estamos dispostos a ouvir o que tem a dizer nosso primo Dauphin.

            Mensageiro – Sua Alteza alegou à França possessão de alguns Ducados, pelo direito de seu grande antecessor, o rei Eduardo III. Em resposta a ela, meu mestre disse que: saboreias vossa juventude demasiadamente. Portanto, vos envia, em acordo com vosso espírito, esse tesouro. E a mudança que pretende dos ducados não são para vós. Isso é o que disse Dauphin.

            Que tesouro, tio?

            Bolas de tênis, meu senhor.

            H – Estamos contentes que Dauphin seja tão complacente conosco. Esses presentes e seu desconforto, nós o agradecemos. Quando adaptarmos nossas raquetes a essas bolas, jogaremos na França, uma partida, com a ajuda de Deus, para azar da coroa do seu pai. E nós compreendemos bem a recriminação, hoje dissipada, sem medir o uso que delas fizemos. Mas diga ao Dauphin para manter a minha pontuação, atuando como rei e mostrarei a minha grandeza, quando eu fincar meu trono na França! E diga ao bom príncipe, que esse seu escárnio, transformou essas bolas em balas de canhão, e que sua alma será cobrada pela terrível vingança que irá voar com elas, pois milhares de viúvas chorarão por seus amados, mães por seus filhos, castelos por seus muros, e que estão ainda por vir e nascer, alguns ainda, com motivos para praguejar o insulto de Dauphin. Assim, vá em paz e diga a Dauphin que seu ato parece brincadeira de mau gosto. Milhares hão de chorar por aquilo que estavas a rir. Conduza-o com segurança sob escolta. Vá com Deus.

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em 06/10/2017 às 23h38
 
05/10/2017 23h59
HENRIQUE V - HISTÓRICO

            Para entender um pouco melhor o pensamento da realeza, em tempos de tanto malefício trazido pela República ao Brasil, vou transcrever a adaptação para o cinema feita por Kenneth Branagh da obra de William Shakespeare, Henrique V. Irei usar os dados históricos como estão colocados na Wikipédia, nesta data.

            Henrique V (Monmouth, 16 de setembro de 1386 – Vincennes, 31 de agosto de 1422) foi o Rei da Inglaterra de 1413 até sua morte. Era filho do rei Henrique IV e sua primeira esposa Maria de Bohun, sendo o segundo monarca inglês da Casa de Lencastre.

            Henrique de Monmouth (assim conhecido por ter nascido no castelo de Gales com o mesmo nome) foi criado longe da corte, uma vez que não era descendente de um pretendente à coroa. Em 1399, o seu pai revoltou-se contra o primo Ricardo II de Inglaterra, acabando por depô-lo e subir ao trono. Esta mudança conferiu um novo estatuto a Henrique, agora herdeiro da coroa e como tal Duque da Cornualha e Príncipe de Gales. Estes títulos não eram só nominais. Henrique encarregou-se desde muito cedo da administração de Gales e em 1403, com apenas 16 anos, liderou os ingleses na batalha de Shrewsbury, que pôs fim à revolta organizada por Henry Percy. Apesar de seriamente ferido em batalha, Henrique sobreviveu e continuou no terreno, lutando até 1408 contra Owain Glyndwr, outro rebelde galês. A partir de 1410, Henrique assumiu o controle da administração, devido ao estado de saúde do pai, cada vez mais débil.

            Finalmente em 20 de março de 1413, Henrique de Monmouth sucede a seu pai como Henrique V. As suas primeiras medidas foram no sentido de pacificar os conflitos internos derivados da violenta subida ao poder do seu pai. Foram emitidas anistias e reinstituídos como herdeiros os filhos de homens que se opuseram a Henrique IV e morreram por isso. Livre de pressões internas, Henrique dedicou-se à política externa, nomeadamente à sua pretensão à coroa de França e a resolução da guerra dos cem anos que durava já desde 1337. A campanha de 1415 foi marcada pelo sucesso da batalha de Azincourt (25 de outubro), onde as suas reduzidas tropas derrotaram o grosso do exército francês e dos seus aliados. Em 1417, Henrique renova as hostilidades e conquista a Normandia, enquanto os franceses se encontravam divididos pelas disputas entre armagnacs e borgonheses. Ruão cai em janeiro de 1419 e em agosto Henrique acampa com o seu exército sob as muralhas de Paris. Em setembro, João o Temerário, Duque de Borgonha é assassinado e a capital perde qualquer esperança de salvamento. Depois de seis longos meses de negociações, Henrique é declarado herdeiro e regente de França pelo tratado de Troyes e casa com a princesa Catarina de Valois a 2 de junho de 1420.

            Tudo parecia apontar para a união pessoal com a França e Henrique retirou-se, no auge do seu poder, para a Inglaterra. A visita a casa durou pouco tempo. Em 1421, o seu irmão Tomás, Duque de Clarence, morreu na batalha de Baugé e obrigou Henrique a regressar ao teatro de operações. O inverno passado em campanha, no cerco de Meaux, enfraqueceu-lhe a saúde e o rei acabou por morrer de disenteria em agosto de 1422. O corpo foi transladado para Londres e encontra-se sepultado na Abadia de Westminster.

            Henrique V foi sucedido pelo filho homônimo, então um bebê de oito meses, longe de representar o líder forte que se desejava para manter os princípios do tratado de Troyes. Assim, quando Carlos VI de França morreu poucos meses depois, o seu filho ficou à vontade para ignorar os acordos e, apesar de deserdado, reclamar a coroa francesa. Só em 1801 os reis ingleses abdicaram dessa pretensão.

            Esse texto mostra que os reis se guiavam por suas pretensões, legítimas ou ilegítimas, e que poderia levar toda a nação à guerra. O importante é que eles se mantinham dentro delas, não é como hoje que o chefe fica na retaguarda enquanto os seus comandados vão para a linha de frente. Apesar de tudo, nota-se uma maior afetividade do rei com seus súditos, diferente daquela que se ver do presidente com seus eleitores, onde geralmente são eleitos por benefícios trocados ou prometidos, e daí surge toda discrepância do poder, que ao invés de auxiliar a coletividade, se volta para os benefícios pessoais, se conquistou o poder dessa forma. Mas teremos oportunidade de fazer diversas reflexões na forma do rei Henrique V se comportar pela visão do grande William Shakespeare.

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em 05/10/2017 às 23h59
 
04/10/2017 23h59
SÃO FRANCISCO DE ASSIS

            Sempre neste dia dedicado à memória do santo de Assis, Francisco, não deixo de lembrar do meu nome que está relacionado com os milagres que ele tanto operou pelo mundo afora. Fui o primeiro filho de minha mãe e no dia do parto, com ajuda de uma parteira da comunidade do interior em que eu iria morar, na própria casa que eles viviam, ocorreu a dificuldade desse primeiro parto de minha mãe, com extrema ameaça de morte, tanto para ela como para mim.

            Como último recurso para salvar a nossa vida, foi recorrido ao Santo do mês de outubro que oferecia maior proximidade com o Cristo. Depois que o milagre foi feito, com os estudos adquiri a consciência crítica associada aos conhecimentos espirituais, que antes de ser ofertado a São Francisco, eu já pertencia a Deus, na condição de primogênito.

            O tempo passou, não senti o peso do nome nem a responsabilidade que meus parentes fizeram eu ter frente a São Francisco ou a minha primogenitura. Nos dias atuais, com maior acúmulo dos conhecimentos extrafísicos, fui percebendo cada vez mais essa responsabilidade, principalmente com o Criador, cuja “voz” passei a perceber intuitivamente em minha consciência.

            Antes de adquirir um melhor nível de consciência espiritual, eu já apresentava comportamentos sintonizados com a missão que eu viria a entender que Deus queria de mim. Claro, não era perfeito, alguns erros ainda cometi, mas nada tão drástico que não pudesse ser corrigido, ou que atrapalhasse a coerência do que eu viria a entender como “a minha missão”.

            Agora, tenho uma melhor compreensão de todos esses fatos que acompanharam minha vida e a minha resposta comportamental a cada um deles. Sei que muito do que fiz de correto não posso justificar como sorte do acaso, certamente são recursos adquiridos por meu espírito em vivências anteriores, talvez até em outras moradas do Pai, como algumas pessoas chegam a dizer na forma de ironia.

            Tenho uma compreensão mais clara das minhas fragilidades espirituais, dos erros, dos vícios que ainda atrapalham a minha caminhada, mas tenho também uma sintonia melhor com Deus, sei com mais precisão quando estou caminhando na trilha correta, quando faço algumas paradas... Consigo ouvir o que Ele quer me dizer nas diversas formas de comunicação e vou procurando colocar em prática dentro de minhas possibilidades cognitivas e motivacionais. A preguiça e a gula continuam a ser meus principais adversários, sempre estou tendo recaídas na disputa com eles, mas sinto que tenho o potencial do enfrentamento, que ainda não estou derrotado frente a eles.

            Reconheço São Francisco como um modelo comportamental de motivação quanto seguir o modelo ideal que o Cristo ofereceu, dentro de suas perspectivas emocionais dos aprendizados em outras vivências. Não posso fazer o que ele fazia, casar com a pobreza e viver em plena pobreza, a mercê da caridade dos outros. Meu perfil comportamental tem outra dimensão, que respeita todos os exemplos de comportamentos dos que praticaram com prioridade a Lei do Amor, quaisquer que sejam as formas e os caminhos que eles seguiram. Também tenho o meu caminho e devo seguir a vontade do Pai que, acredito, cada um dos meus antecessores seguiram dentro de seus diversos talentos.  

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em 04/10/2017 às 23h59
 
03/10/2017 23h29
AMOR: FILOSOFIA, HARMONIA E SAÚDE

            Consideramos Jesus como o maior terapeuta que já veio ao mundo, cumprindo uma missão do Pai de todos nós, Deus em qualquer terminologia que empreendamos, para nos ensinar sobre a prática do Amor, como forma de caminharmos na trilha evolutiva. Portanto, como essa lição tem uma aplicação prática dentro dos relacionamentos afetivos e na geração de desarmonias que redundam em doenças, é interessante fazermos uma viagem em busca dessa força Universal que pode ser confundida com o próprio Deus.

            Dentro da comunidade científica a ideia preponderante é que tudo teve início a partir de uma grande explosão (Big Bang) que produziu a força criativa e expansiva que até hoje observamos no Universo. Mas continua a interrogação que a ciência não consegue responder e a espiritualidade responde com facilidade: Deus!

            O resultado do Big Bang foi a formação das quatro forças básicas do Universo: eletromagnetismo, força nuclear forte, força nuclear fraca e gravidade.

            O eletromagnetismo é a força que mantém a coesão atômica, por exemplo: as reações químicas, os fenômenos elétricos e os fenômenos magnéticos; a força nuclear forte mantém a coesão nuclear. Como exemplo temos o desenvolvimento da fusão nuclear com a produção de bombas termonucleares; a força nuclear fraca cria o decaimento radioativo. Como exemplo temos a fissão nuclear e as bombas atômicas; e a força da gravidade que mantém a coesão universal. Como exemplo temos o movimento dos corpos celestes que podem ser observados a olho nu.

            Do ponto de vista da Filosofia, existe a busca pelo Arché, que é o princípio organizador de todas as coisas, organizador do mundo. Os Filósofos pré-socráticos desenvolveram seu pensamento em busca dessa compreensão: Tales elegeu a água; Anaxímenes a água; Heráclito, o fogo; Empédocles, o ar, a terra, água e fogo. Somente a partir do século XVII as ciências foram se particularizando como a Psicologia, a Biologia e a Sociologia.

            Tales de Mileto (640 – 548 a.C.) é considerado o primeiro filósofo, devido a sua busca pelo princípio natural de todas as coisas (Arché). Ele descobre na água o princípio de todas as coisas. Para ele as coisas nada mais são que alteração, condensação e dilatação da água. É a água a vitalidade dos seres vivos.

            A busca pela Arché, que significa literalmente “o que está na frente, a origem do começo.” Também pode ser entendida como: Realidade Primeira: que deu origem a tudo que existe. Substrato: fundamental que compõe as coisas. Força ou Princípio: que determina todas as transformações que ocorrem nas coisas.

            Nada é permanente, já dizia Heráclito, exceto a mudança. Afirmava que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois na segunda vez, tanto o rio, como nós estaremos mudados. Estudava com afinco a Natureza, o Eterno Fluxo, o Perene Devir, o Fogo, o movimento (transformação), a guerra entre os opostos, a harmonia entre os contrários, e a Dialética.

            Assim, Heráclito é o pensador do “tudo flui” e do fogo, que seria o elemento do qual deriva todo que nos circunda. Inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários, a guerra entre os opostos.

            Podemos fazer então a pergunta básica: qual a substância básica do universo conforme Heráclito? Para Heráclito a substância básica do universos era o fogo.

            Essa imagem que justifica o pensamento de Heráclito e invade o pensamento humano que é expresso nas palavra dos poetas, de todos os níveis, mundanos e eclesiásticos. Vejamos o que escreveu Camões:

            AMOR

Amor é um fogo que arde sem se ver

É ferida que dói, e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer

 

É um não querer mais que bem querer

É um andar solitário entre a gente

É um nunca contentar se de contente

É um cuidar que ganha em se perder

 

É querer estar preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor

É ter com quem nos mata, lealdade

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

 

            Observamos com nitidez que o poeta encara essa Arché do fogo na simbologia do Amor que arde dentro da gente e faz os nossos valores materiais se submeterem de forma inevitável.

            Outro poeta, Vinícius de Morais, também de cunho mundano, coloca a força abrasadora do amor capaz de destruir a própria vida do amante:

 

            SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante,

Numa sempre diversa realidade.

 

Amo-te afim de um calmo amor prestante,

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade,

Dentro da eternidade e a cada instante.

 

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

 

E de te amar assim, muito e amiúde,

É que um dia em teu corpo de repente,

Hei de morrer de amar mais do que pude.

 

            Encontramos outro autor, Paulo de Tarso, este de cunho espiritual que fala da natureza do Amor em seus escritos aos coríntios, e de como podemos identifica-lo ou pratica-lo.

              “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine...

            O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”

            Esse fogo do amor que sentimos com grande ou pequena intensidade, pode ser mal compreendido e cheio de preconceitos e condicionamentos. Podemos classificar o amor como dentro de três grandes grupos: Eros, o amor erótico; Philo, o amor amigo; e Ágape, o amor sublime.

            Esses três níveis de amor podem ainda estar mais fracionados dentro de nossa condição humana, que começa por um amor material, muito associado aos bens materiais e relacionamentos humanos na forma da posse. Daí seguimos um tipo de escadaria onde podemos ir aperfeiçoando a forma de amar: lúdico, generoso, fraternal, sexual, familiar e, enfim, o incondicional, associado ao Poder Superior, à essência de Deus.

            Alguns autores formatam pensamentos que ajudam a burilar como sentir e exercer esse amor, como Inácio Dantas que escreveu: “Não pretenda condicionar uma relação com exigências de qualquer ordem. Quem ama não impõe condições no seu amor. Ama incondicionalmente!

            Também personalidades famosas do mundo acadêmico, como Sigmund Freud, afirmava que: “Nossa cultura impõe a ideia de que o amor romântico é mais importante que as outras formas de amor.” Muita gente considera este Amor Romântico como o ápice do desenvolvimento evolutivo do amor, e muitos nem sabem do Amor Incondicional e da importância dele em nossas vidas.

            Finalmente, encontramos as palavras do Mestre Jesus que veio nos ensinar sobre o Amor Incondicional e dizia quanto a importância, da principal lei: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, e de todo o entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás ao teu próximo como a ti mesmo.”

            Assim, podemos concluir que o Amor é força primordial do Universo, fogo transformador, invisível, essência da criação/Criador/Deus, pleno de energia e sabedoria para manter infinitamente a evolução constante e harmônica da Natureza.

            E nós? Seres criados e co-criadores pelo uso do livre arbítrio, devemos sintonizar com a centelha (fogo) divina para exercer à nível de nossos relacionamentos a mesma harmonia que o Criador exerce no Cosmo.

            Assim conquistaremos à saúde plena!

Publicado por Sióstio de Lapa
em 03/10/2017 às 23h29
 
02/10/2017 23h59
SABEDORIA BUDISTA

            Encontrei na net enviado pelo site consciencial um texto assinado por Matt Valentine que fala em “12 joias da sabedoria budista que transformarão sua vida”, defendido ser um tesouro de sabedoria facilmente aplicável na vida cotidiana de pessoas de diversas origens, crenças e preferências. O leitor que me acompanha regularmente, poderia imaginar que após a oração do mês que fiz ontem, onde peço a Deus com prioridade que Ele me dê sabedoria, eu tenha ido em busca de tal. Mas confesso, não tinha nenhuma intenção de ir buscar textos sobre sabedoria em qualquer fonte.

            Eu já tinha visto o texto que menciono e o guardado para ser divulgado aqui. Tal não foi a minha surpresa ao notar que ele estava se encaixando justamente abaixo do texto de ontem. “Caiu a ficha”! percebi que Deus mais uma vez estava me dando antes mesmo de eu pedir. Portanto, eis o texto que não posso deixar de reproduzir aqui com essas observações iniciais.

            “Quando eu era pequeno, minha avó tinha uma pequena estátua verde do Buda. Não era uma estátua do Buda original, mas um daquele que é considerado Maitreya, o Buda “futuro”, em geral representado como um homem gorducho sentado, com se robe parcialmente aberto e frequentemente com miçangas no pescoço. Essa estátua, em particular, é uma imagem muito comum, com uma barriga protuberante revelando o umbigo.

            Minha avó sempre me dizia, “esfregue a barriga dele e você terá boa sorte!” Então, naturalmente, como criança, eu esfregava sua barriga sempre que podia. Era para esfregar especialmente seu umbigo, e me lembro de colocar meu dedo em seu pequeno umbigo e esfrega-lo fazendo um círculo ao seu redor, apesar do fato de que seu umbigo ter o diâmetro de uma fração de milímetro.

            Eu, como muitos outros ocidentais, cresci com uma imagem bem distorcida do budismo. Eu pensava que Buda era um deus, e que o budismo era apenas um monte de feitiços e superstições para quem estivesse tentando acumular riquezas e outras buscas equivocadas. E eu achava que a meditação era só para as pessoas que estavam interessadas em aprender levitação ou algo louco assim.

            Mas assim como muitos outros ocidentais, eu tinha lido muitas citações inspiradoras e provérbios sábios de Buda que pareciam me “atrair”, e que quase sempre soavam aquela campainha na cabeça tipo “Perfeito!” ou “Isso é tão verdadeiro!”.

            É por causa disso que, apesar de todos os meus preconceitos, permaneci interessado no budismo enquanto crescia, até um dia em que peguei um livro pra valer, parei de aderir aos preconceitos coletivos da consciência ocidental e comecei a aprender a partir da fonte verdadeira.

            O budismo guarda em si um tesouro de sabedoria, sem mencionar a sabedoria facilmente aplicável na vida cotidiana de pessoas de diversas origens, crenças e preferências.

            Thich Nhat Hanh disse que “o budismo é todo composto de elementos não-budistas”. E isso não poderia ser mais verdadeiro. Basicamente, o budismo é realmente apenas uma coleção de métodos e práticas para percebermos as realidades fundamentais desta vida e o caminho para a verdadeira paz e felicidade.

            Seja você budista, um colecionador de verdades universais ou só alguém interessado em encontrar meios práticos de melhorar sua vida, esta lista apresenta 12 poderosas e potencialmente transformadoras joias da sabedoria budista das quais você pode se beneficiar.

            A Sabedoria Budista

  1. Viva com compaixão. Compaixão é uma das qualidades mais reverenciadas no budismo, e ter grande compaixão é um sinal de um ser humano altamente realizado. Compaixão não apenas ajuda ao mundo em geral, e não tem a ver apenas com o fato de que isso é a coisa certa a fazer. Compaixão é buscar compreender aqueles que estão ao seu redor, pode transformar sua vida por várias razões. Em primeiro lugar, autocompaixão é um elemento crítico para você ficar em paz consigo mesmo. Ao aprender a perdoar a si mesmo e aceitar que você é humano, você pode curar feridas profundas e se recuperar de tempos difíceis. Em segundo lugar, nós podemos frequentemente nos torturar devido ao fato de que não compreendemos completamente o porquê de as pessoas fazerem certas coisas. Compaixão é compreender a bondade fundamental que há em todas as pessoas, e então tentar descobrir essa bondade fundamental em uma pessoa específica. Por causa disso, a compaixão ajuda você a superar a frequente angústia que experimentamos por não compreendermos as ações dos outros. Mas além disso, expressar compaixão é a genuína forma de se conectar aos outros com todo o seu coração, e o simples ato de se conectar dessa forma pode ser uma grande fonte de alegria para todos nós. As razões para praticar a compaixão são numerosas e poderosas. Busque viver de um modo no qual você trata todos que conhece como você trataria a si mesmo. Quando você começa a agir assim, isso parece ser totalmente impossível. Mas persevere e você sentirá todo o poder de viver com compaixão.
  2. Conecte-se com os outros e nutra essa conexão. No budismo, uma comunidade de praticantes é chamada de “sanga”. Uma sanga é uma comunidade de monges, monjas, homens e mulheres leigas que praticam juntos e em paz buscando a meta conjunta de realizar um maior despertar, não apenas para eles próprios, mas para todos os seres. A sanga é um conjunto que pode beneficiar em muito o nosso mundo. As pessoas se reúnem em grupos todo o tempo, mas em geral é com o propósito de criar uma riqueza monetária ou obter poder substancial, e raramente com o fim coletivo de atingir paz, felicidade e conquistar maior sabedoria. O conceito da sanga pode ser aplicado em sua vida de diversas formas. A sanga é em última instância apenas uma forma de enxergar a vida através das manifestações individuais da totalidade. Vivendo de uma forma em que você está plenamente consciente do poder de se conectar com outros, seja com uma só pessoa ou com um grupo de cem pessoas, você pode transformar sua vida de maneiras que multiplicarão dividendos por anos no futuro.
  3. Desperte. Um dos mais poderosos itens desta lista, o poder que vem de simplesmente viver de um modo em que você está completamente desperto para cada momento de sua vida não pode ser exagerada por mais que eu tente. Atenção plena, maior consciência, estar totalmente atento, chame do que quiser, isso muda cada faceta da sua vida de todas as formas. É simples assim. Esforce-se para viver plenamente desperto em cada instante de sua vida diária e você vencerá suas maiores batalhas pessoais, encontrará uma sensação enorme de paz e alegria e descobrirá as maiores lições que a vida pode lhe ensinar, tudo como resultado de estar totalmente atento ao presente momento.
  4. Viva profundamente. Viver profundamente, de um modo que você se torne plenamente consciente da preciosa natureza da vida, é começar a trilhar o caminho da verdadeira paz e felicidade. Por que? Porque viver desse jeito é gradualmente se tornar consciente da real natureza do mundo. Isso acontecerá essencialmente em “partes” do todo, tal como perceber sua interconexividade (você começa a ver como tudo está conectado a tudo o mais) e impermanência (você começa a ver como tudo está sempre mudando, constantemente morrendo apenas para renascer de outra forma). Essas percepções são o feijão com arroz do budismo e de toda prática espiritual. Essas “partes do todo” são fragmentos do despertar definitivo, formas de compreendermos o que não pode ser completamente compreendido em um sentido tradicional. Ao viver de um modo em que você busca perceber essas várias “qualidades da realidade última” você encontrará uma paz cada vez maior ao se conscientizar do natural caminho das coisas. Isso cultiva em nós a habilidade de saborear cada momento da vida, de achar paz mesmo nas atividades mais mundanas, assim como a habilidade de transformar nossas experiências negativas em algo ao mesmo tempo fortalecedor e curador.
  5. Mude a si mesmo, mude o mundo. Os budistas compreendem que você dificilmente pode ajudar os outros antes de ajudar a si mesmo. Mas isso não tem a ver com você ganhando poder ou riqueza antes de ajudar os outros, ou vivendo de uma forma em que pode ignorar os outros. Isso tem a ver principalmente com o fato de que estamos todos interconectados, de forma que ao ajudar a si mesmo você cria um exponencial afeito positivo no resto do mundo. Se você quer causar impacto no mundo, não se convença facilmente de que é “você ou eles”. Você não precisa se arrastar na lama para ajudar aqueles ao seu redor. Se ficar isso, dificultará e muito sua habilidade de criar impacto positivo. No nível mais profundo de entendimento, ao ajudar a si mesmo você ajuda a todos os outros porque não há uma separação entre “você” e “os outros”. Cuide de si mesmo e busque ser mais do que apenas uma ajuda: seja também um exemplo a seguir de como viver pelos outros. Dessa forma você criará ondas de exponencial possibilidade que inspirarão outras pessoas a fazer o mesmo.
  6. Aceite a morte. A morte é em geral um tabu na sociedade ocidental. Nós fazemos tudo o que podemos não apenas para evitar o tema, mas para fingirmos que ela sequer existe. Mas a verdade é que agir assim é algo desafortunado e de forma alguma nos faz ter vidas melhores. Tornar-se plenamente consciente de sua impermanência e compreender perfeitamente a natureza da morte e a sua relação com a interconectividade são duas coisas que nos ajudam a encontrar uma grande paz. No budismo, os estudantes de várias linhagens em um ou outro momento “meditam sobre o cadáver” (uma prática que se diz ter origem que remonta à época em que Buda estava vivo). Isso é exatamente o que parece. Eles meditam sobre a imagem de um cadáver lentamente se decompondo e imaginam o processo até o final, eventualmente resultando em uma profunda e plena percepção da verdadeira natureza da morte. Isso pode soar um pouco exagerado, mas a verdade é que se você vive sua vida inteira agindo como se você nunca fosse morrer ou ignorando sua própria impermanência, então você nunca será capaz de encontrar verdadeira paz em seu interior. Você não tem que necessariamente meditar sobre a imagem de um cadáver, mas simplesmente se abrir para a ideia da morte de modo que você não evite mais pensar a respeito dela (algo que você pode fazer inconscientemente, como a maioria de nós fazemos no ocidente) pode tornar-se uma grande fonte de paz, e ajudará você a apreciar muitas das alegrias da sua vida cotidiana. Uma verdadeira apreciação da vida nunca pode ser completamente atingida até você começar olhar de frente para sua própria impermanência. Mas uma vez em que fizer isso, o mundo se abrirá de uma forma nova e profunda.
  7. Sua comida é (muito) especial. A prática meditativa oferece a habilidade de transformar cada uma de nossas experiências na vida cotidiana, o que trato no meu livro Zen para a Vida Cotidiana, e a alimentação é uma dessas experiências diárias que é significativamente transformada, frequentemente de forma interessante e gratificante. A prática meditativa budista, particularmente a atenção plena e a contemplação, ajudam você a perceber a preciosa natureza da comida na sua mesa. De fato, como a alimentação desempenha um papel importante em nossas vidas, transformar nossa relação com a alimentação é transformar um aspecto chave de toda a nossa vida, tanto presente quanto futura. Ao contemplar a comida diante de nós, por exemplo, podemos perceber o vasto sistema de interconectividade que é nossa vida, e como nossa alimentação depende de numerosos fatores para transformar-se em nosso prato de jantar. Isso nos ajuda a aprofundar nossa relação com a alimentação, cultivando profundo sentimento de gratidão diante de cada refeição, e aprendendo a respeitar o delicado e premente equilíbrio que é a vida.
  8. Compreenda a natureza do doar-se. Doar-se é mais do que o ato de presentear no Natal ou fazer doações aos necessitados, é também o ato de doar os presentes que distribuímos a cada dia e que não vemos usualmente como presentes no fim das contas. Os budistas possuem uma profunda compreensão da natureza da doação, principalmente no sentido de que a vida é um constante jogo entre o ato de doar e de receber. Isso não só nos ajuda a encontrar a paz ao compreendermos o mundo ao nosso redor, mas também nos ajuda a perceber os incríveis presentes que todos temos dentro de nós e que podemos dar aos outros a cada momento, tais como compaixão e presença.
  9. Trabalhe para desarmar o ego. A forma mais fácil de resumir todas as práticas “espirituais” é esta: espiritualidade é o ato de perceber a natureza da realidade fundamental ou da essência do ser, e como resultado disso a prática espiritual é o ato de superar os obstáculos que nos impedem de ter essa percepção. E qual o primeiro obstáculo no nosso caminho? O ego. Para ser direto e claro, a razão pela qual o ego é o principal obstáculo na prática espiritual, ou simplesmente para a prática de encontrar a paz e felicidade verdadeiras (seja como for que você decida chamar, é tudo a mesma coisa), é porque sua função principal é afastar você da essência do seu ser, convencendo você de que você é um eu separado dos demais. O processo de desarmar o ego pode levar tempo, e é algo que persiste com a gente, entrelaçado com a gente, por anos. Mas é infinitamente recompensador e ao mesmo tempo necessário, se queremos viver da melhor maneira possível.
  10. Remova os 3 venenos. A vida é cheia de vícios, coisas que tentam nos prender de forma prejudicial e que portanto nos impedem de cultivar a paz, a alegria e as maiores realizações de nossas vidas. entre eles, os 3 venenos são alguns dos mais poderosos. Os 3 venenos são: apego, ódio e ignorância. Juntos, esses 3 venenos são responsáveis pela maior parte do sofrimento que vivenciamos coletivamente. É perfeitamente normal ser afetado por esses venenos ao longo da vida, então não se culpe por se deixar levar por eles. Ao invés disso, simplesmente aceite que eles são algo que você vivencia e comece a trabalhar para removê-los da sua vida. Isso pode levar tempo, mas é um aspecto central no caminho para conquistar verdadeira paz e felicidade.
  11. Viva corretamente. Todos nós deveríamos nos esforçar e viver nossas vidas de um modo que seja mais “consciente” ou atento. Essa ideia em geral significa não se envolver com coisas prejudiciais como armas, drogas e atividades que machucam outras pessoas, mas na verdade é mais profundo do que isso. Há dois aspectos principais nisso: conduza sua vida fazendo coisas que não inibam sua habilidade de conquistar a paz, e conduza sua vida fazendo coisas que não inibam a habilidade de outras pessoas conquistarem a paz. Enfrentar esse desafio pode levar algumas pessoas a situações interessantes, e como Thich Nhat Hanh diz, esse é um esforço coletivo mais do que que um esforço individual (o açougueiro não é um açougueiro apenas porque decidiu ser, mas porque há uma demanda por carne que precisa se empacotada e tornar-se disponível para ser comprada nos supermercados), mas você deve tentar o seu melhor. Seguir esse ensinamento de viver corretamente pode ajudar você a perceber o efeito prejudicial de que o seu próprio trabalho está produzindo em você mesmo, e isso o conduzirá a uma solução que pode resultar em uma mudança tremendamente positiva em sua vida, como um todo. Mas só você pode decidir se uma mudança precisa acontecer. Qualquer que seja o caso, tente o quanto possível viver por meio de uma atividade que promova a paz e a felicidade para você e para aqueles que estão ao seu redor.
  12. Vivenciei o desapego. Esse é um ponto difícil de colocar em poucas palavras, mas é algo profundo que sinto ser imensamente benéfico mencionar de qualquer forma. Vivenciar o desapego em um sentido budista não significa abandonar seus amigos e família e viver sozinho pelo resto de sua vida, vivendo de maneira que você não se apegue a nenhum desses vínculos. O desapego significa viver de uma forma em que você existe no fluxo natural da vida, em geral vivendo a típica vida moderna, construindo uma família, seguindo uma carreira, etc., enquanto ao mesmo tempo não está apegado a nenhuma dessas coisas. Simplesmente significa viver de um modo em que você está atento e aceita a impermanência de todas as coisas da vida e está sempre consciente desse fato. É perfeitamente normal para estudantes do Zen no Japão, uma vez concluído o seu treinamento, que troquem suas vestimentas e “voltem ao mundo”, por assim dizer. E isso ocorre porque, quando atingiram esse nível de consciência, percebem a beleza de todas as coisas e são compelidos a viver totalmente integrados a todas as belezas e maravilhas desta vida. A partir desse ponto, eles podem realmente “viver plenamente”, ao mesmo tempo em que não se apegam a nenhuma dessas coisas. Mantenha em mente que isso não significa parar de ter emoções. Ao contrário, essas emoções são bem-vindas e esperadas, e são plenamente experienciadas com atenção plena no momento do seu impacto. Mas esse é simplesmente o curso natural das coisas. Uma vez que essas emoções passam, porém, e quando não temos formações ou obstruções mentais para bloquear nosso caminho, um processo natural de cura passa a atuar, curando as feridas e permitindo que continuemos a viver em paz e alegria, ao invés de nos deixar arrastar para a escuridão.

Esforce-se para viver de modo livre, totalmente atento às maravilhas da vida e bem no meio dessas maravilhas, ao mesmo tempo em que se não apega a nenhuma delas. Fazer isso é vivenciar a maior alegria que a vida tem a nos oferecer.”

Publicado por Sióstio de Lapa
em 02/10/2017 às 23h59
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