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29/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (58) – QUEDA DA FRANÇA

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LVIII

NOVE DE ABRIL DE 1940

Primavera de 1940, a Luftwaffe de Göring lidera o caminho enquanto Hitler realiza a próxima fase de seu plano para conquistar a Europa. Primeiro, tropas alemãs ocupam a Dinamarca e a Noruega. Depois, uma grande invasão força caminho através de Luxemburgo, Países Baixos, Bélgica e vence a França em seis semanas.

As forças britânicas no norte da França estão chocadas com a rapidez da Blitzkrieg alemã. Eles são encurralados na costa e evacuam nas praias de Dunquerque.

Göring acredita que possa derrotar a Grã-Bretanha quando for a hora certa. Em dois meses, a situação da Alemanha na Europa se transformou. E a situação para Hitler e seu grupo também se transformará.

A conquista da França é o marco máximo de sucesso militar do Terceiro Reich. Hitler está triunfante. Essa vitória era sua ambição de vida e a vingança pela derrota humilhante na Primeira Guerra Mundial.

Göring deleita-se com o sucesso do Führer. Para ele, a queda da França significava que ele havia alcançado o auge da sua carreira. Ele ainda mantinha sua posição no topo da pirâmide. 

Recém-promovido a Reichsmarschall, a patente militar mais superior, Göring vai a Paris, ao Louvre, e pega espólios de guerra. Hermann, ou um dos seus compradores, olhava todas as coisas e dizia: “Certo, coloque em um trem para a Alemanha.” Era roubo por atacado, basicamente.

A escala total da pilhagem de Göring só será revelada no final da guerra quando seus tesouros escondidos na Alemanha são descobertos pelos aliados.

Os favoritos do círculo, Bormann e Goebbels, também estão em Paris, aproveitando o sucesso do Führer. Goebbels providencia a melhor foto de propaganda do herói conquistador. Mas há um líder fora da festa em Paris. O vice do Führer.

Isso indica que a influência de Hess está em queda. Ele não tem mais o acesso que tinha a Hitler. Outras pessoas que são mais espertas, maquiavélicas e das quais Hitler gosta mais, estão se aproximando dele.

Um dos quais que está constantemente ao lado de Hitler é Albert Speer, que antigamente era da equipe de Hess, mas agora é o arquiteto do Reich. Ele assume aos poucos o papel de confidente de Hitler, e seu diário registra a queda de Hess: “Hitler me disse, após uma conversa de hora com Hess: ‘Com Hess, toda conversa se torna um tormento insuportável. Ele sempre trata de assuntos desagradáveis e não vai embora.’”

Então, há provas por parte de um acólito próximo a Hitler de que Hess está sendo... como pode ser dito? Numa expressão vulgar: “Está sendo um pé no saco.” Isso era verdade no caso de Hess e revela que ele estava dando trabalho.

Excluído do círculo íntimo, a pressão está afetando Hess, e os outros viam isso. Göring fofoca que o vice do Führer usa poderes psíquicos para adivinhar se uma carta traz boas ou más notícias. E Hitler não o leva mais a sério, dizendo: “Espero que ele nunca assuma me lugar. Não sei de quem eu mais sentiria pena, de Hess ou do partido.”

A guerra mundial travada é o que interessa a Hitler no momento. Ele não está interessado nas ansiedades de Hess sobre rivalidades no partido. 

Surge outra faceta comportamental associada aos participantes do mal: a pilhagem. O roubo que Göring realizou nas obras de arte da França é um bom exemplo disso. E mostra o paralelismo que existe no comportamento de Lula ao deixar o Palácio da Alvorada: fazendo a pilhagem do que encontrava e que só foi denunciado com a entrada de nova gestão. Enfim, são esses comportamentos deletérios que tais agentes públicos fazem acontecer sobre nossos recursos, que devemos nos precaver. E o primeiro sinal de perigo de que o mal pode estar se instalando, é a mentira. Por isso não podemos ser complacentes ou displicentes com a mentira. Se a identificarmos a qualquer momento ou local, de imediato devemos repudiar e nos afastar dela.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 29/01/2021 às 00h20
 
28/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (57) – HERÓI DESCONHECIDO

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LVII

OITO DE NOVEMBRO DE 1939 – MUNIQUE

No outono de 1939, o círculo íntimo se reúne em Munique para comemorar o golpe fracassado de 1923. Como sempre, Hitler discursará na cervejaria Bürgerbräukeller, onde tudo começou. Ele pretende ir de avião a Berlim à noite. Mas por causa da neblina na capital da Baviera, seus planos são alterados. Seu piloto, Hans Bauer, diz que ele não pode voar. Então ele decide ir de trem, e seu discurso na cervejaria teria de ser mais curto. Hitler sairia mais cedo da cervejaria.

Um fotógrafo está presente quando Hitler adianta o seu discurso. O Führer sai do local assim que termina. Exatamente 13 minutos depois explode uma bomba que foi colocada bem atrás de onde Hitler estaria. Oito pessoas morrem e muitas ficam feridas.

A bomba destrói um pilar principal. Todo o teto desaba. O local fica destruído. Vira um caos. Se ele não tivesse saído 13 minutos antes do planejado, certamente teria morrido. A vida de Hitler foi salva em 1939 por causa do mau tempo. É um daqueles incríveis “e se”, e é assombroso que pouco se sabe disso hoje em dia.

Cada um dos capangas tenta se beneficiar com a tentativa fracassada de assassinato e a usa para obter favorecimento com o Führer. Hess realiza uma cerimônia elaborada para homenagear os “mártires de sangue” e, claro, para louvar o milagroso salvamento do Führer. É uma forma de ele dizer: “Veja, ainda estou aqui. Ainda amo o Führer. Quero voltar ao círculo íntimo.” É um momento meio sinistro de desespero.

Goebbels também usa o ataque em sua vantagem. Ele praticamente diz exatamente o que seus jornais devem escrever, que tinha sido obra dos britânicos. O culpado era o nefasto Serviço Secreto britânico, justificando a guerra contra britânicos e franceses. Mas como sempre, é mentira de Goebbels. A bomba não foi obra de agentes inimigos. Foi colocada por um alemão que agiu sozinho. 

Georg Elser queria deter a guerra, temendo que levaria a indescritível sofrimento humano. Ele é pego tentando atravessar a fronteira suíça e confessa. Ele acredita, completamente com razão, que Hitler estava levando o país de volta à guerra. E diferentemente de seus colegas que também duvidavam de Hitler, ele decidiu agir, e isso demonstra a coragem de Elser.

Para Heinrich Himmler, encarregado da segurança pessoal de Hitler, a tentativa de assassinato é má notícia. Himmler está muito furioso. Aconteceu sob sua supervisão. De acordo com o chefe local da Gestapo, Himmler não hesitou em descontar sua frustração no prisioneiro. Ele intervém em parte do interrogatório e bate muito no homem. Sentia-se humilhado e, talvez, tentasse mostrar seu valor, mostrar que era grande e durão como seus rivais. “Vou fazer esse cara sofrer. Quem mexe com o Führer, mexe comigo.

Interessante como este homem, Georg Elser, que fez um ato de heroísmo tentando destruir Hitler e sua caminhada em direção a guerra, não é bem conhecido. Hitler foi salvo pelo mal tempo que alterou o tempo de permanência no local do atentado. Fica aqui outra pergunta: existe um demônio da guarda para proteger os maus, da mesma forma que existe o anjo da guarda para proteger os bons? Fica a pergunta no ar. Não vamos entrar por essas considerações, senão perderemos o nosso foco. Georg Elser confessou o atentado e sua motivação. Livrar o planeta de uma guerra mundial, salvar o mundo de tanto sofrimento. Apesar do atentado à vida de qualquer ser humano não seja visto como um ato positivo, mas considerando tudo que aconteceu a partir da quebra de compromisso, do reajustamento das forças armadas, da invasão de países vizinhos, da perseguição de pessoas por motivos étnicos, que levava a morte milhares de pessoas inocentes, ficaria assim justificado esse ato como positivo e a sua realização um ato de heroísmo. Talvez não seja bem divulgado esse fato, porque os agentes de publicidade podem se ver como agentes diretos ou indiretos de tais iniquidades, e da mesma forma ser vítima de tal heroísmo.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 28/01/2021 às 00h20
 
27/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (56) – MENTIRA, ARMA DE GUERRA

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LVI

Ansioso para provar seu valor, Hess tenta convencer a Grã-Bretanha a não apoiar a Polônia. Ele convida um alto político da Grã-Bretanha, o lorde Buxton, para conversar na Alemanha. Mas até ele percebe que Hess não tem mais poder sobre o Führer. O lorde Buxton voltou a seu país e disse que Hess não tinha valor. Não tinha influência sobre Hitler. Ele era contra a ideia de invadir a Polônia e provocar guerra com a Grã-Bretanha, mas não tinha influência.

Começou em 13 de janeiro deste ano. Joseph Goebbels, confiável ministro da Propaganda de Hitler, não tem ressalvas sobre guerrear, e dá um pretexto para invadir a Polônia. Sua máquina de propaganda mostra histórias, algumas narradas em inglês para um público internacional, de alemães étnicos sendo atacados na Polônia. Milhares deles fogem de perseguições de gangues polonesas. Suas casas são queimadas e destruídas por poloneses. Mas essas histórias são falsas. Eles basearam a propaganda em fortes sentimentos antipoloneses que os alemães tinham.

Goebbels se aproveitou disso. Foi fácil para ele incentivar esse sentimento antipolonês e de que deveria haver guerra contra a Polônia. A propaganda se amplia para culpar o governo polonês de organizar ataques a alemães em seu território. Centenas de milhares de pessoas cansadas, angustiadas e em pânico aparecem diariamente em campos refugiados alemães. Havia histórias de brutalidade, assassinatos, confisco de propriedades, famílias alemãs retiradas de suas casas, agredidas, tendo seus direitos negados, discriminadas e perseguidas.

É tudo mentira, mas o povo acredita. O problema é que o povo alemão começa a acreditar nessa propaganda, já que não tem acesso a outro ponto de vista. Goebbels tem o monopólio sobre todas as opiniões. 

As histórias falsas dão certo. Equipamentos militares alemães são levados para perto da fronteira polonesa e preparados para a ação. Goebbels preparou o fogo. Agora só precisam da centelha para inflamar as chamas da guerra.

31 DE AGOSTO DE 1939 – GLEIWITZ, ALEMANHA

Não demora para ter a centelha para a chama da guerra. A estação de rádio alemã próxima à fronteira com a Polônia é atacada. Alguns dos autores foram mortos. Eram soldados poloneses. Mais tarde naquela mesma noite, a rádio de Berlim noticia essa provocação. Mas não é o que parece ser. O acontecimento foi encenado por ideia do líder da SS, Heinrich Himmler. Os autores eram membros da SS vestindo uniformes poloneses e carregando armas polonesas. E os corpos na cena? Não eram de poloneses também.

Prisioneiros de campo de concentração foram retirados de seu confinamento, baleados, vestidos com uniformes do Exército polonês e dispersados na área da rádio alemã para parecer que havia sido um ataque do Exército polonês.

Agora Hitler tem desculpa para retaliar. A guerra está próxima. E Göring sabe disso. Ele está muito irritado. “Meu Deus, será o fim da Alemanha.”

Para sobreviver no círculo, é preciso pensar rápido, então o líder da Luftwaffe se recompõe. Após se recuperar do choque e desespero, ele pensa: “Mas o Führer é magnífico, somos apenas peões, somos pequenos perto de sua grandiosidade e devemos obedecê-lo.”

01 DE SETEMBRO DE 1939 – POLÔNIA

A alvorada de primeiro de setembro de 1939, o ponto sem volta do conflito mais mortal na história humana. A Luftwaffe de Göring dá início à Segunda Guerra Mundial bombardeando alvos civis na Polônia. Depois os navios de guerra Kriegsmarine se juntam ao ataque. E a Wehrmacht atravessa a fronteira.

Agora que o conflito começou, com novo ânimo, Hess assina os documentos que incorporam o território polonês ao Terceiro Reich. Sua devoção fanática a Hitler supera quaisquer dúvidas pessoais que ele tinha sobre guerrear. Percebe que precisa fazer o que Hitler quer, e se Hitler quer invadir a Polônia, ou você o segue ou não.

Dois dias após a invasão o jogo muda quando a Grã-Bretanha declara guerra. As previsões de Göring, ignoradas por Hitler, se realizaram. Göring parece ter murmurado: “Se perdermos esta guerra, que Deus tenha misericórdia de nós.” Ao mesmo tempo, ele sabe que não é hora para desafiar Hitler, e que ele não gostaria de ouvir: “Eu avisei.” Então, apesar de suas ressalvas, ele decide continuar e apoiar Hitler.

A Inglaterra está na guerra, mas isso não impede a Alemanha de dominar a Polônia em cinco semanas. Göring é o herói do momento, é mais uma conquista após a anexação da Áustria e Tchecoslováquia.

Agora Heinrich Himmler toma o palco. Ele manda a SS acabar com qualquer resistência. Mas eles vão além, buscando e atacando judeus e outros indesejáveis. É outro passo fatídico em direção ao que ficará conhecido como Holocausto.

Até agora, a grande campanha de Hitler por novas terras no Oriente aconteceu como planejada. Mas agora o círculo íntimo vai enfrentar uma ameaça existencial, e ela acontece no coração do Terceiro Reich.

As mentiras de Hitler e seus comparsas e a displicência dos aliados favoreceram a expansão do nazismo pela Europa, como se fosse reivindicações baseadas na justiça e na ética. Essa displicência dos aliados deixando-se enganar pelas mentiras de Hitler custou caro ao mundo, pois Hitler fortalecido ficou mais difícil de ser derrotado. Mas o que estava em jogo era a liberdade do mundo. Pagamos caro, mas valeu todo o esforço. Agora fica a lição. Não podemos ser iludidos pela mentira, por falsas narrativas, e deixar o mal se instalar com profundidade nos mecanismos do poder. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 27/01/2021 às 00h20
 
26/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (55) – TENSÃO SOBRE HESS

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LV

Após anos de firme devoção por parte dos bajuladores de Hitler, Hess se sente o menos capaz de influenciar os eventos futuros. Ele não convence mais Hitler, coisa que fazia antigamente, e isso é uma queda de prestígio que ele sente de forma pessoal. E apesar de os dois terem muito em comum, as obsessões de Hess estão começando a irritar Hitler.

Hess é um homem bem estranho. Quando visita Hitler no Berghof, ele leva sua própria comida, coisa que Hitler abomina. É muita falta de educação.

Se Hess está começando a ficar paranoico, não é sem motivo. Até sua própria equipe está tramando contra ele. Seis anos antes, Martin Bormann, um administrador de bastidores no Partido Nazista, impressionou Hess com sua eficiência discreta, nomeando-o para seu gabinete pessoal. Mas, desde então, o cruelmente ambicioso Bormann se aproximou cada vez mais de Hitler e nunca perde uma chance de minar Hess.

Para um maquinador como Bormann, seu chefe é um alvo fácil, pois está ficando obcecado por pseudociências como astrologia e horóscopo. Ele é do tipo que tem muito dinheiro e tempo livre e não sabe o que fazer. Sempre teve interesse pelo ocultismo, o que chamamos de “esotérico”. Ele se interessava por magia negra, astrologia, adivinhação, pêndulos e telecinese. 

Não admira a própria equipe ridicularizar o vice do Führer pelas costas. Uma vez, um assistente entrou no escritório dele e viu o homem do alto escalão do partido tentando usar o controle da mente sobre uma cadeira.

Francamente, quem acha que pode impedir uma cadeira de cair só com o pensamento, claramente não é uma pessoa muito estável. 

A insegurança de Hess aumenta ao descobrir que líderes do partido nazista foram convocados a uma reunião crucial na Chancelaria do Reich para planejar a invasão da Polônia, e ele não foi convidado. Sem dúvida, foi uma decepção para ele.

“Onde foi que errei? O que fazer para reconquistar meu lugar? Por que fui deixado de lado?”, Hess fica a pensar. Ele não é um político astuto e está cercado por homens tipo Göring e Himmler que são bem muito espertos.

Apesar de sua excentricidade, Hess tem razão em se preocupar com uma guerra total na Europa. E ele não é o único. 

Com os preparativos para invadir a Polônia, Hermann Göring também está apreensivo. Ele sabe que Hitler está de olho na Rússia comunista e que a Polônia é só um trampolim para o prêmio principal.

Göring tem contatos na Grã-Bretanha e acredita, bem mais que Hitler, que uma invasão no Oriente levará à entrada do Reino Unido na guerra, mergulhando a Alemanha em uma guerra de duas frentes, oriente e ocidente, e ela provavelmente não venceria essa guerra. Por isso ele está tão hesitante em 1939.

Hitler acha que a Grã-Bretanha está blefando, que não ajudará a Polônia. Göring teme que o Führer esteja errado quanto a Londres, mas não tem como fazê-lo mudar de ideia. Então ele faz um recuo tático. Vai para o seu estado, distanciando-se da decisão, caso dê errado, mas também foi para não prejudicar sua relação com Hitler, para não ser uma chateação para o Führer.

Dentro de um círculo onde a pressão cruel é grande pelo alcance de poder, quanto mais melhor, as pessoas frágeis tendem a sucumbir. Isso é o que acontece com Hess. Apesar de inteligente e ter uma boa percepção do que está acontecendo e das consequências de atos bélicos, não tem a malícia suficiente para impor o seu ponto de vista, mesmo porque se sente sozinho e alvo de muitas manobras para desestabilizá-lo, principalmente de Bormann, que até recentemente era seu subordinado e agora conquistou uma posição privilegiada junto ao Führer. Com tal pressão, a busca de uma solução, a inteligência termina escorregando nos labirintos da realidade. Enquanto seu chefe usa de todos os ardis de falsas narrativas para a conquista do continente, ele procura uma forma de salvar a pátria, sua autoridade e, talvez, sua sanidade mental. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 26/01/2021 às 00h20
 
25/01/2021 00h20
CIRCULO DO MAL DE HITLER (54) – CONVIVENDO COM A MENTIRA

            Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.

            LIV

28 DE ABRIL DE 1939 – BERLIM

O alto escalão do Partido Nazista toma seu lugar no Reichstag. Entre eles, o comandante Hermann Göring e o leal partidário Rudolf Hess.

Göring está bem-conceituado aos olhos de Hitler após a tomada militar da Áustria e Tchecoslováquia sem nenhum tiro disparado. Mas Hess, apesar de ter o título de vice do Führer, não está contente. Eles souberam que o Führer falaria ao povo alemão e sabem que a sorte depende dos planos dele.

Hitler está quase no apogeu do seu poder. Ele está no controle. A atmosfera é eletrizante. As grandes figuras do círculo íntimo estão sentadas no Reichstag, aguardando-o fazer o discurso mais importante de todos. Hitler diz que só quer paz. Zombando dos britânicos e americanos por exigirem garantias de que a Alemanha não invadirá seus vizinhos. Ele lê uma longa lista de países sobre os quais o Reich não tem intenções hostis. Suíça, Liechtenstein, Luxemburgo, Polônia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Rússia, Bulgária, Turquia, Iraque, Arábia, Síria, Palestina, Egito e Irã.

Mas ele diz que o Reich tem interesses legítimos e exigências, inclusive a devolução do território alemão na Polônia à terra natal.

“Nós tomaremos nossas decisões, nós faremos o nosso destino.” É esse tipo de discurso que fica bem na frente de deputados nazistas, que eram os nazistas mais vibrantes e adoradores que se podia ter.

Contudo, o governo alemão está disposto. Hitler afirma que a Alemanha é a vítima inocente de agressão estrangeira, principalmente na Polônia.

O discurso é essencialmente um apelo entusiasmado ao povo alemão. Eles vão se impor. Se causar uma guerra, que seja, mas é o direito deles. Palavras poderosas, bobagens, mas poderosas.

Nem todos concordam com a visão de Hitler. O velho herói de guerra teme que seu Führer esteja exagerando, mas é Rudolph Hess quem tem um grande mau presságio. Hess é anglófilo, ele entende a força da Grã-Bretanha, principalmente, mas também da França e dos Estados Unidos, e ele tem ressalvas sobre o quanto a Alemanha deveria enfrentar a Polônia naquele momento.

Hess conhece bem Hitler e sabe que, apesar do Führer falar de paz, está se preparando para a guerra. Ele pensou que as coisas estavam perdendo o rumo. Acabariam lutando a guerra errada. Em vez de confrontarem a Polônia e a União Soviética, acabariam lutando contra a França e Grã-Bretanha. É a guerra errada.

No passado, Hess era o confidente mais íntimo de Hitler. Ele dizia que o partido era Hitler. Que Hitler era a Alemanha e a Alemanha era Hitler. Seu comprometimento com Hitler é fanático.

Um mentiroso doméstico já faz muito mal, imagine agora um mentiroso de projeção pública, um chefe de Estado. Os danos são muito mais severos. Foi isso que aconteceu com a Alemanha. Deixou se envolver por tamanhas mentiras, que eram jogadas goelas abaixo dos cidadãos, pois não tinham outra fonte de informações como nó temos hoje a internet. E isso é o que nos salva aqui no Brasil, pois somos também bombardeados pela mídia, mal-acostumada com o pai da mentira brasileiro e somente temos a informação da verdade pelas mídias sociais. 

Observemos essa mensagem que Hitler passa na casa dos representantes do povo. Muitos sabem que é mentira, mas temem contestar e serem arrasados publicamente. Muito parecido com o império da mentira construído no Brasil e que impera até hoje nos subterfúgios das falsas narrativas. 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 25/01/2021 às 00h20
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