Devido o confronto ideológico em curso no Brasil, podemos ver textos como este que irei reproduzir abaixo, que mostra a mudança de paradigma quando o cidadão se defronta com fatos que vão de encontro ao que ele acredita. Vejamos:
Esquerdista, doutor em filosofia, abre o coração, faz confissão e explica com coerência “de onde surgiu o Bolsonaro” 28/02/2020 às 14:05 – 1772 COMPARTILHARAM ISSO
Existem pessoas na esquerda que ainda pensam racionalmente. Diferentemente de aloprados como Gleisi Hoffmann, Paulo Pimenta, Fernando Haddad ou Marilena Chaui, o doutor em filosofia, Gustavo Bertoche, desenvolve um raciocínio lógico e coerente sobre o surgimento de Jair Bolsonaro. Comete inúmeros equívocos, mas, pelo menos, é capaz de reconhecer o quanto a esquerda brasileira, representada por nomes como os acima mencionados, é despreparada, desonesta e burra.
Leia o texto:
"Desculpem os amigos, mas não é de um "machismo", de uma "homofobia" ou de um "racismo" do brasileiro. Os eleitores do Bolsonaro, candidato do PSL, não são fascistas, machistas, racistas, homofóbicos nem defendem a tortura. Aliás, o próprio Bolsonaro não é nada disso, e nós sabemos disso. A maioria dos seus eleitores nem mesmo é bolsonarista.
O Bolsonaro surgiu daqui mesmo, do campo das esquerdas. Surgiu da nossa incapacidade de fazer a necessária autocrítica. Surgiu da recusa em conversar com o outro lado. Surgiu da insistência na ação estratégica em detrimento da ação comunicativa, o que nos levou a demonizar, sem tentar compreender, os que pensam e sentem de modo diferente. É, inclusive, o que estamos fazendo agora. O meu Facebook e o meu WhatsApp estão cheios de ataques aos "fascistas", àqueles que têm "mãos cheias de sangue", que são "machistas", "homofóbicos", "racistas". Só que o eleitor do Bolsonaro não é nada disso nem se identifica com essas pechas. As mulheres votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Os negros votaram mais no Bolsonaro do que no Haddad. Uma quantidade enorme de gays votou no Bolsonaro.
Amigos, estamos errando o alvo. O problema não é o eleitor do Bolsonaro. Somos nós, do grande campo das esquerdas. O eleitor não votou no Bolsonaro PORQUE ele disse coisas detestáveis. Ele votou no Bolsonaro APESAR disso.
O voto no Bolsonaro, não nos iludamos, não foi o voto na direita: foi o voto anti-esquerda, foi o voto anti-sistema, foi o voto anticorrupção. Na cabeça de muita gente (aqui e nos EUA, nas últimas eleições), o sistema, a corrupção e a esquerda estão ligados. O voto deles aqui foi o mesmo voto que elegeu o Trump lá. E os pecados da esquerda de lá são os pecados da esquerda daqui.
O Bolsonaro teve os votos que teve porque nós evitamos, a todo custo, olhar para os nossos erros e mudar a forma de fazer política. Ficamos presos a nomes intocáveis, mesmo quando demonstraram sua falibilidade. Adotamos o método mais podre de conquistar maioria no congresso e nas assembleias legislativas, por termos preferido o poder à virtude. Corrompemos a mídia com anúncios de empresas estatais até o ponto em que elas passaram a depender do Estado. E expulsamos, ou levamos ao ostracismo, todas as vozes críticas dentro da esquerda.
O que fizemos com o Cristóvão Buarque? O que fizemos com o Gabeira? O que fizemos com a Marina? O que fizemos com o Hélio Bicudo? O que fizemos com tantos outros maiores ou menores do que eles?
Os que não concordavam com a nossa vaca sagrada, os que criticavam os métodos das cúpulas partidárias, foram calados ou tiveram que abandonar a esquerda para continuar tendo voz.
Enquanto isso, enganávamo-nos com os sucessos eleitorais, e nos tornamos um movimento da elite política. Perdemos a capacidade de nos comunicar com o povo, com as classes médias, com o cidadão que trabalha 10h por dia, e passamos a nos iludir com a crença na ideia de que toda mobilização popular deve ser estruturada de cima para baixo.
A própria decisão de lançar o Lula e o Haddad como candidatos mostra que não aprendemos nada com nossos erros - ou, o que é pior, que nem percebemos que estamos errando, e colocamos a culpa nos outros. Onde estão as convenções partidárias dos anos 80? Onde estão as correntes e tendências lançando contra-pré-candidatos? Onde estão os debates internos? Quando foi que o partido passou a ter um dono?
Em suma: as esquerdas envelheceram, enriqueceram e se esqueceram de suas origens. O que nos restou foi a criação de slogans que repetimos e repetimos até que passamos a acreditar neles. Só que esses slogans não pegam no povo, porque não correspondem ao que o povo vivencia. Não adianta chamar o eleitor do Bolsonaro de racista, quando esse eleitor é negro e decidiu que não vota nunca mais no PT. Não adianta falar que mulher não vota no Bolsonaro para a mulher que decidiu não votar no PT de jeito nenhum.
Não, amigos, o Brasil não tem 55% de machistas, homofóbicos e racistas. Nós chamarmos os eleitores do Bolsonaro disso tudo não vai resolver nada, porque o xingamento não vai pegar. O eleitor do cara não é nada disso. Ele só não quer mais que o país seja governado por um partido que tem um dono. E não, não está havendo uma disputa entre barbárie e civilização. O bárbaro não disputa eleições. (Ah, o Hitler disputou etc. Você já leu o Mein Kampf? Eu já. Está tudo lá, já em 1925. Desculpe, amigo, mas piadas e frases imbecis NÃO SÃO o Mein Kampf. Onde está a sua capacidade hermenêutica?).
Está havendo uma onda Bolsonaro, mas poderia ser uma onda de qualquer outro candidato anti-PT. Eu suspeito que o Bolsonaro só surfa nessa onda sozinho porque é o mais antipetista de todos. E a culpa dessa onda ter surgido é nossa, exclusivamente nossa. Não somente é nossa, como continuará sendo até que consigamos fazer uma verdadeira autocrítica e trazer de volta para nosso campo (e para os nossos partidos) uma prática verdadeiramente democrática, que é algo que perdemos há mais de vinte anos. Falamos tanto na defesa da democracia, mas não praticamos a democracia em nossa própria casa. Será que nós esquecemos o seu significado e transformamos também a democracia em um mero slogan político, em que o que é nosso é automaticamente democrático e o que é do outro é automaticamente fascista?
É hora de utilizar menos as vísceras e mais o cérebro, amigos. E slogans falam à bile, não à razão."
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Texto muito lúcido e corajoso, colocando de público seus equívocos. Também reconheci meus equívocos, quanto a colocar a esquerda no poder, com a primeira eleição do Lula. Mas quando percebi que ele mentia descaradamente com a questão do mensalão, mudei de imediato os meus paradigmas quanto a ele e ao partido e serviu para que eu abrisse os olhos quanto aos desastres genocidas patrocinados por essa ideologia, pelos partidos por onde passou.
Filho, que estás fazendo do que te dou? Virtudes, lições, minha presença constante perto de ti? Acumulastes tantos conhecimentos, desenvolvestes tantas boas intenções... mas o que fazes? Por que não sinto ainda no meio dos meus filhos as boas ações que tens para a humanidade? Bem sei que já fazes alguma coisa no meio familiar, que esse meio familiar já tem um toque da família universal e que em tuas ações colocas como prioridade o amor incondicional, como teu irmão maior, Jesus, já bem ensinou.
Sei que hoje é o dia que escolhestes para falar publicamente comigo. Sei que tu falas e eu sempre respondo no âmago da sua consciência, talvez isso não fique fixado na sua memória, talvez prevaleça mais as suas palavras, o toque de vaidade, de orgulho, pois sabes que muitos dos teus irmãos irão ter conhecimento e farão uma boa imagem de ti por conta desse comportamento, mesmo que seja mensal. Isso, filho, é vaidade, irmã próxima do egoísmo.
Por isso, agora, dia 01-02-2020, 03h28, antes que você pense em falar comigo na oração deste dia e deixe agendado, eu tomei a iniciativa. Fiz você assistir o filme “Sem Limites” onde o protagonista usando uma droga ilegal aciona todos os neurônios com os quais lhes formei e deixa de ser preguiçoso, sem criatividade, e passa a usar a inteligência e coragem para vencer seus defeitos. Sei que logo você iria fazer a correlação contigo mesmo, e fazer a reflexão de que não precisa de uma droga qualquer para vitalizar tudo que já lhe dei e se tornar realmente um instrumento eficiente da minha vontade. Não precisas de drogas, basta usar a fé que já tens, deixa ela iluminar o teu espirito, a mente, o cérebro e se difundir entre os trilhões de células do teu organismo, através da capilaridade sanguínea.
Sei que o corpo que te dei como um veículo para operar na matéria está cheio de forças instintivas preparadas para manter a viabilidade do organismo e da espécie. Mas o teu espírito já está capacitado para domesticar essas forças animais e prevalecer as forças espirituais para sua aproximação cada vez mais próximo de mim.
É tempo de focar sua inteligência nos primeiros passos que são necessários para que a humanidade te conheça os pensamentos, que defenda com coragem a minha vontade que está dentro deles. A sabedoria é o elemento mais importante para a melhor tomada de decisão, usando o caminho que te ofereço através das diversas pessoas que coloco ao teu alcance. Não tenhas medo de sentir o amor romântico, associado à família nuclear e ao egoísmo, pois vejo que não deixas que ele fique acima do amor incondicional, associado à família universal e à Fraternidade.
Sim, hoje te advirto dos três principais adversários que deves combater: a preguiça, que deixa sempre alguma tarefa importante para depois, que deixas acumular e impede que novas lições e oportunidades sejam bem aproveitadas; segundo, o medo das consequências que podem advir de suas ações praticadas em meu nome, nos diversos níveis de relacionamentos; e por fim, a gula, que mesmo não atingindo diretamente o espírito como os dois primeiros adversários, prejudica a salubridade do corpo perfeito que deixei sob sua administração, e causa a baixa autoestima no teu espírito.
Vai em frente, avante com esperança e perseverança. Sabes que eu estou sempre perto de ti, que te peço para cuidar da minha Seara que te ajudei a preparar para isso. Não basta dizer que vai fazer, é preciso que realmente faças. Esqueceu da parábola que teu irmão maior ensinou, sobre a obediência com o pai?
A Comunhão Espiritual, segundo a igreja católica, é um encontro com Jesus em nosso coração que acontece quando cremos na sua presença Eucarística e pedimos que Ele venha em nós espiritualmente para adorá-Lo, agradece-Lo e receber dEle o conforto e ajuda.
A Comunhão Espiritual não se compara com a Comunhão Sacramental, isto é, quando se recebe partícula consagrada, mas é o melhor modo de alcançar os benefícios da Santa Missa quando não se pode comungar sacramentalmente.
Embora com uma intensidade menor e dependendo da fé e do sincero desejo de cada um, a Comunhão Espiritual produz os mesmos efeitos da Comunhão Sacramental: coragem nas dificuldades, crescimento espiritual, união com os irmãos tendo capacidade de perdoar, e zelo pela salvação de todos os que estão longe de Deus.
Dessa forma, os frutos da Comunhão Espiritual são amor, alegria, paz, paciência, bem querer, bondade, fidelidade, mansidão, pureza, e todos podem fazer sempre que o quiserem e se recolherem interiormente colocando-se na presença do Senhor pela fé.
Aconselha-se o seguinte modo de fazer a Comunhão Espiritual: 1. Procurar desligar-se de tudo o que está em volta por um momento. Fazer um ato de fé reavivando no coração o sincero desejo de receber Jesus na sua intimidade; 2. Pedir ajuda aos mentores espirituais que ajudam na nossa evolução, principalmente ao Anjo da Guarda e a Santa Maria, para que possamos receber dignamente o Mestre Jesus. Pode-se rezar uma Ave Maria; 3. Fazer um ato de contrição, de arrependimento dos pecados cometidos e de renúncia ao mal; 4. Pedir que Jesus venha no próprio coração. Pode-se rezar um Pai Nosso; 5. Fazer um ato de sintonia silencioso, crendo que Jesus está verdadeiramente presente no próprio coração. Manifestar a Ele todo o amor por palavras e com afeto do coração; 6. Apresentar a Jesus os próprios pedidos e para todas as pessoas do nosso círculo que passam por dificuldades emocionais, presas da ignorância, e que não encontram os caminhos do Pai; 7. Agradecer e fazer um propósito concreto de mudança de hábitos para que possamos nos desenvolver melhor no amor; 8. Pedir a bênção de Deus para si mesmo e para todos; 9. Concluir, com a saída do Mestre e voltando a gerência do nosso Ego, que ele se sinta disciplinado para operacionalizar aquilo que foi sentido e prometido.
Esta é a forma da Igreja Católica ensinar sobre a Comunhão Espiritual para aqueles que estão impedidos de fazer a Comunhão Sacramental, devido a algum pecado grave cometido e ainda não confessado, ou a situações de irregularidades matrimoniais: quem está junto sem casamento, quem é casado só civilmente. Cumprindo essas exigências, a pessoa se torna capacitada a usufruir de toda a liturgia católica e se aprofundar nos exercícios espirituais conforme a intensidade de sua fé. Reproduzi o texto acima com muitas adaptações ao meu modo de pensar e sentir, e considero que a Comunhão Espiritual é um ótimo exercício de sintonia com Jesus, acima mesmo da Comunhão Sacramental que depende de símbolos materiais para sua execução.
Recebi um folheto explicando o que significava a Santa Missa num evento católico que aconteceu em Campina Grande-PB, durante o evento da Nova Consciência. Confesso que tive uma nova visão desse ritual, mesmo tendo muita proximidade com a religião católica, desde menino quando ajudava o padre na missa e recebia sua orientação enquanto escoteiro. Vejamos o que orienta esse folheto:
Missa significa envio para a missão. Foi instituída por Jesus na Quinta-feira Santa e transmitida fielmente pelos apóstolos, desde Pedro que foi o primeiro papa até os dias atuais, com o Papa Francisco.
A Missa permaneceu a mesma, igual em todas as partes do mundo, nas suas orações, nos gestos e orações do sacerdote celebrante, nas suas cores litúrgicas, nas suas leituras bíblicas.
A Missa torna presente ao mesmo tempo a Última Ceia, o Sacrifício da Cruz e a Ressurreição em todas as partes da Terra e em todos os momentos da história. Em Deus não existe espaço e tempo, tudo é eterno presente. Portanto, quem participa da Missa participa verdadeiramente da Última Ceia, da Paixão e da Ressurreição como se fosse transportado naqueles momentos e lugares e, esses acontecimentos são aplicados à sua vida trazendo-lhe ao coração a fé, a esperança e o amor de Deus.
Através da Missa somos presenteados espiritualmente com a mesma Graça dos apóstolos que foram chamados a acompanha-lo durante sua missão. Se recebermos Jesus na comunhão com verdadeiro amor, o nosso coração ficará cada vez mais parecido com o dEle.
É Cristo o grande e eterno Sacerdote que celebra a Missa. O Padre, por uma graça especial do Sacramento da Ordem dada pelo próprio Jesus, é interiormente transformado e capacitado com uma especialíssima semelhança a Ele, o Bom Pastor, e não como mero representante, mas na pessoa de Jesus mesmo, pode consagrar o seu corpo e o seu sangue e perdoar os pecados. Na Missa o padre empresta a Jesus a sua boca, as suas mãos, o seu coração, mas é somente Jesus que celebra, oferecendo-se a si mesmo aos que estão presentes.
Quanto mais participamos com amor e atenção da Santa Missa, tanto mais abundantes graças alcançaremos e bons frutos veremos na nossa vida e na vida de nossos irmãos. Portanto, mesmo que um padre não dê um bom testemunho de vida, não fale dele, mas reze muito por ele, pois irá prestar conta, a um preço alto, de tudo que está fazendo ao próprio Deus.
Fiquei curioso com essa nova visão da Santa Missa que eu não entendia dessa forma, como se fosse dramatizado uma situação, dentro de uma coreografia de palavras e gestos, evocando a presença do próprio Jesus como condutor do evento. Fiquei curioso para checar essa nova perspectiva, e logo me propus para checar se era assim mesmo.
André, irmão de Pedro, quando rapazote, num dia de festa em Tiberíades, ouviu um velho narrador de histórias, tido como louco, que se chamava Tatiê, e que falava sobre a Babilônia. Era uma cidade poderosa, centro de atenção para todo o mundo. Se localizava entre os rios Tigre e Eufrates, como um corpo sustentado pelo Golfo Pérsico, também chamado de Garganta do Diabo, que bebe todo o líquido que sustenta a Babilônia.
Babilônia cresceu com a proteção dos deuses e vinha pessoas de todos os lugares para a conhecerem e aí ficavam. Como os costumes de cada povo eram diferentes uns dos outros, começaram a brigar e se separar por tribos, cada um com línguas diferentes para se reconhecerem entre si. Passaram a não se entender cada tribo com línguas diferentes e se denominavam como Ódio, outra Vingança, Ciúme, Tristeza, Hipocrisia, Luxúria, Mentira, Maledicência.
Num dia festa começou uma guerra na grande praça. Todas as tribos lutavam entre si e o vermelho tingiu os rios que levavam para a Garganta do Diabo o sangue daquela gente. Os deuses ficaram enfurecidos e mandaram uma bola de fogo que caiu no meio da praça, explodindo e espatifando o monstro que se tornara a Babilônia. Os restos das tribos se espalharam pelo mundo, com línguas diferentes, sem nunca se entenderem e brigando entre si.
Depois disso, os deuses se acalmaram, vieram visitar as ruínas da cidade e prometeram enviar um filho da Luz, um profeta ainda maior que Moisés, para que esse povo saído da Babilônia voltasse a falar uma só língua e aprendesse com Ele a ser manso e humilde, a amar uns aos outros. Vai ser o Cordeiro de Deus, o Messias, um só Pastor para um só rebanho. Nós temos que ajudar nisso, começar desde hoje a procurar e acompanhá-lo.
André contou a Pedro o que ouviu de Tatiê. Este deu uma longa gargalhada e todas as vezes que lembrava do assunto, ria muito de André. Pedro dizia – Meu irmão, você não conhece Tatiê. Ele é o “doido das águas” já quis atravessar a pé o Mar da Galiléia dizendo ser o rei dos peixes.
André, porém, não se convenceu com o que Pedro falou. As coisas que Tatiê falou eram muito sérias. Mesmo sendo ele doido, o que o impede de falar a Verdade?
Na oportunidade que estava com Jesus, ao final da tarde, na casa em que se reuniam para aprender como o Mestre queria, sempre perguntando com interesse, André fez a pergunta: Senhor, poderias nos dizer o que vem a ser a diligência nossa com os outros e como entender a dos outros conosco?
O Cristo, usando de brandura, atributo irreversível do seu ser, iniciou sua exposição:
- André, a Solicitude não é exigida em todos os momentos da nossa vida, pois estamos permanentemente em comunicação com os outros. Quando nos falam, agrada a nossos corações que possamos ouvi-los com paciência. E, já que estamos ouvindo, a sabedoria divina nas nossas consciências nos adverte para não perdermos tempo, para procurar aprender o que estiver ao nosso alcance com o que ouvimos. Nada se perde na vida, tudo tem uma função em nós e por nós.Toda pessoa atenciosa ganha muito em virtude dessa educação que já conquistou no labor diário, e nunca lhe faltarão as bênçãos de Deus para que essa atenção se multiplique e se converta em amor, em solidariedade e em alegria.
- No entanto, meu filho, é justo que compreendamos o modo de nos empenharmos com as conversas alheias. Quando elas saem da linha da harmonia, da caridade e do bem-estar, é mais do que justo também que nos esfriemos no desejo de ouvir, para que o falante desconfie que não o estamos apoiando no esquecimento do Bem, que é toda nossa meta de vida. Nós temos de nos preocupar na disseminação das virtudes em todas as direções da vida que levamos e, se for possível, em todos os reinos das consciências dos outros que solicitam a nossa ajuda. Não uma preocupação que nos leve à impaciência, mas aquele dever de servir que todos temos pelo impulso do amor, quando uma criatura nos mostra programas de sua vida, cujas ideias estão fundamentadas na nobreza de caráter, na dignidade, na educação, na disciplina, procurando fazer e entender o Bem por todos os meios possíveis. Não existe outro dever maior para nós que a Solicitude com essas almas que procuram ser dignas, pois, encontrando em nós esse apoio, elas se fortalecerão mais e mais na vida de Luz que pretendem levar. Esse tipo de gente merece e deve ter toda a nossa atenção.
O estímulo do Bem, despertado pelo Cristo em seus discípulos, era uma força invisível, mas que se fazia sentir pela alegria permanente nas feições dos seus companheiros. O Mestre voltou a conversa:
- Interessa-nos, André, que possas procurar a Solicitude viva. É o afinco que podes ter de apoiar todos os gestos humanos que não perdem os roteiros do Evangelho, aqueles que trago da parte do meu e do teu Pai que está nos céus. Esse cuidado vivo de que falamos é, por assim dizer, a vivência do Bem que podes ouvir dos outros, é a vivência da caridade que já observaste nos teus irmãos, é a vivência da fé de que tens notícia nos caminhos dos profetas. Apesar de tudo, o cuidado maior e de maior esplendor que podes ter é a Solicitude contigo mesmo, de viver cada dia, cada passo da tua existência, dentro das normas divinas que pregas aos teus irmãos. A exemplificação, meu filho, é a maior força que nos deixa falar com dignidade e gratidão à Deus, pelo que Ele nos tem dado até agora. Ouvir com paciência é arte do aluno que está sendo bem sucedido na escola, e saber ouvir é transição do aprendizado para o mestrado.
André, lembrando de Tatiê, pergunta: A verdade pode nos ser dita por pessoas ignorantes? Pode ser dita por alguém considerada louca? Ou somente os profetas podem dizê-la?
O Mestre respondeu, compassivo.
- André, foi providencial a tua intervenção para que possamos entender os atributos de Deus. A Verdade, meu filho, não é patrimônio dos homens nem tampouco dos anjos. A Verdade absoluta é Deus, em todo seu esplendor divino. Portanto, não pode ser de domínio dos sábios, nem dos santos, nem dos profetas. Ela é força do Criador, que pode e deve se mostrar pelas vias que achar melhores e mais propícias. Ninguém compra a Verdade, nem a própria evolução. A Verdade é o conjunto das leis de Deus, que vêm a nós pela magnânima vontade do Criador, e pode aparecer à nossa frente por fatos simples ou por engenhosos acontecimentos. Quanto aos caminhos que ela poderá percorrer, se puros ou defeituosos, não nos compete o julgamento, porque um homem, pelo simples fato de estar com as faculdades mentais em desordem, não é impedido de acumular sabedoria, a ponto de enfrentar testemunhos que os próprios homens sadios desconhecem.
E os animais? Será que eles não podem nos dar lições sobre a Verdade que Deus deseja que conheçamos? Lembram da conhecida história da gatinha Men? Ela não podia ter filhotes por uma questão biológica. A sua dona que muito a estimava, senhora de muitos bens, também não podia ter filhos, provavelmente por questões biológicas. Certo dia, trouxeram até sua porta duas crianças que acabaram de ficar órfãs de pai e mãe. A senhora recusou a adoção. No mesmo dia a gatinha Men saiu para caçar a noite como sempre fazia e não voltou. Desesperada, a senhora colocou todos seus empregados a procurar seu animal de estimação. Foi encontrada no mato com três filhotes. Ao lado, uma gata morta, possivelmente por um animal maior. A senhora chamou Men para voltar para casa, com todo o carinho, mas Men, olhava para sua dona e não saia do lugar. Enfim, a senhora percebeu que Men adotara os três gatinhos e não queria deixa-los e voltar para a sua luxuosa casa ao lado da carinhosa dona. Uma força maior a prendia ao lado dos três gatinhos órfãos. A mulher entendeu o drama do seu animalzinho e disse com voz afetuosa: venha Men, comigo, e pode trazer os seus gatinhos. Dessa vez Men obedeceu ao pedido, entrou na cesta com os três gatinhos que os empregados trouxeram para leva-la. Antes de chegar em casa, a mulher entendendo a lição que a gatinha a havia dado, procurou onde estavam as duas crianças e as levou consigo como filhas.