Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
17/07/2019 00h15
O FANTASMA DA ÓPERA – UM MITO (13) – PONTO SEM RETORNO

            Continuando a transcrição da palestra sobre a obra de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, feita pela professora Lucia Helena, voluntária da Nova Acrópole, e que está disponível no Youtube, muito útil para nossas reflexões.

            Tem outra coisa que eu gostaria de chamar a atenção de vocês. Se alguém me perguntasse sobre esse filme específico, que foi feito sobre o musical, sobre o livro, qual a minha melodia predileta?

As melodias são idênticas, no musical e no filme, mas eu realmente tenho uma especial predileção pelo “Ponto sem Retorno”. É um momento onde quase que Raoul já tinha vencido, ele estava noivo de Christine, de repente no meio dessa peça teatral, ou seja, no meio do mundo, dos olhos, Eric faz uma aparição bombástica. Consegue vencer um pouco a verdade dela, ou seja, mata todos aqueles que se opunham e entra no palco do mundo manifestado e diz para ela: não tem volta, não tente voltar, a ponte se queimou, é um ponto sem retorno. Quanto tempo nós vamos esperar para sermos um só? Vem comigo, não olha para trás, vamos observar a ponte queimando.

Mas o problema é que ela tire ainda a experiência daquele outro mundo.

            Se vocês virem aquele livro que eu falei para vocês, do Bhagavad Gita, que mostra a guerra entre os vícios e as virtudes humanas, com a consciência humana no meio, que nesse drama é Arjuna, é como se Christine fosse Arjuna, com a sua vida sendo disputada por dois mundos. Eu poderia dizer que o “Ponto sem Retorno” é como se fosse um Bhagavad Gita. Ela está sendo puxada por ele, o Fantasma, e por outro lado puxada por Raoul e ela acaba hesitando, em voltar atrás. Então, a letra desse Ponto sem Retorno é uma coisa muito bonita. Ele vai dizer o seguinte:

Você me trouxe para aquele momento

Em que as palavras falham.

Para aquele momento em que a linguagem desaparece

Dentro do silêncio, vim até aqui, mal sabendo a razão.

Ultrapassou o ponto sem retorno, não há volta agora.

Nosso drama finalmente agora começou.

Já se foram as dúvidas de certo e errado.

Uma pergunta final.

Quanto tempo devemos esperar antes de sermos um apenas?

Quando o sangue vai começar a correr

E o botão adormecido explodir em flores?

Quando as chamas finalmente nos consumirão?

Ultrapassou o ponto sem retorno, o limiar final

A ponte foi cruzada. Então pare e observe-a queimar.

Agora não podemos mais retornar.

            É como se fosse um golpe de misericórdia que Eric dá. Acabou, agora você veio, não tem volta. Acontece que Raoul não desiste e novamente entra no palco, resgata Christine... então diante desse palco que é o inimigo final, Raoul, só restava a Eric uma coisa: matar Raoul. Matar as fantasias infantis dela, as paixões, as necessidades de status quo... ele tinha que matar Raoul senão ele perderia. E ele realmente tenta. Mas quando na cena final e quase matando Raoul, ele sente o quanto ela necessitava dessa experiência, o quanto ela estava disposta a sacrificar-se por Raoul, ele a entrega e vai embora.

            Qual foi o meu “Ponto sem Retorno”? O ponto em que eu decidi e não pude mais voltar? Que segui em frente sem olhar para trás?

            Acredito que foi quando a minha consciência reconheceu a importância do amor incondicional, que eu não poderia viver subordinado ao amor condicional, preso aos diversos preconceitos que ele produz.

            Foi quando eu resolvi que não poderia viver subjugado pelas regras do casamento, da família nuclear, da exclusividade dos sentimentos, principalmente o amor, com tudo aquilo que ele traz, inclusive o ato sexual.

            Foi quando eu decidi que poderia namorar com as amigas que Deus colocou no meu caminho, desde que fosse de interesse mútuo, sem coerção ou fingimento, e por ação da justiça, a minha esposa deveria ter o mesmo direito.   

            A partir desse momento foi como se o “Fantasma da Ópera” que vive em mim assumisse o controle de minhas ações, que me deu coragem para eu ir em frente, não ficar mais preso aos preconceitos.

            Agora eu vejo essa história com todo o simbolismo e me coloco no lugar de Eric, mas com um certo orgulho. Orgulho de ter obedecido à minha voz interna, que está mais sintonizada com Deus com o Amor Incondicional, e que eu fazendo assim me tornei um Fantasma da Ópera, instrumento da vontade do Criador, obedecendo à Natureza assim como Ele a fez, e tendo cuidado para não prejudicar o próximo, e ensinando a quem tenha boa vontade para também se livrar dessas amarras do falso amor, do amor condicional, do amor romântico. Mas assim como Eric não teve sucesso com Christine, também não tive sucesso, até hoje, com quantos corações eu entrego a minha flor vermelha.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/07/2019 às 00h15
 
16/07/2019 00h15
O FANTASMA DA ÓPERA – UM MITO (12) – DOIS EM UM

            Continuando a transcrição da palestra sobre a obra de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, feita pela professora Lucia Helena, voluntária da Nova Acrópole, e que está disponível no Youtube, muito útil para nossas reflexões.

Já devem ter tido experiências de algumas vezes ouvir dois músicos, dois cantores, que têm uma técnica equivalente. Mas um canta com a alma e o outro é meramente... um, digamos, um exibicionismo técnico, uma performance técnica. Lembro bastante quando eu ouvi um compositor argentino que uma vez interpretou uma música que lembro, Astor Piazolla. Diziam que era um prodígio ao tocar no bandoneon suas obras e que depois de uma apresentação chegaram para ele e disseram: nossa, você tocou maravilhosamente! E ele teria dito: muitas vezes eu toco maravilhosamente, mas poucas vezes eu faço música.

É muito interessante, fazendo a comparação é como se o Fantasma dissesse: muitas vezes eu falo como Christine, mas algumas vezes falo como Eric. Ela usa minha voz para eu vir ao mundo e ela forma tipo um canal, o cano de bambu lá dos paulistas.

Através desse cano há o sopro do espírito que chega ao mundo, ela se torna um canal de manifestação divino no mundo. O divino que vive dentro de mim mesmo. Então, ele fala isso claramente.

Christine & Fantasma

-Seu espírito e minha voz reunidos em um;

O Fantasma da Ópera está aqui,

Dentro da sua mente

            Veja, seu espírito, Eric, que é o meu próprio espírito, grandioso. E a minha voz, Christine, a voz da personalidade, seja o meu aparelho fonador, a minha projeção de voz, a técnica, a ferramenta, o veículo, mas o espírito que está por trás, aí, os dois, não um só.

            Isso é muito bonito. Pensem um pouco a respeito e vejam como isso obviamente está falando pra nós sobre o sentido mítico da obra.

            Continuando ainda nessa música, o Fantasma vai dizer:

Fantasma:

-Em todas suas fantasias, você sempre soube

Do homem e do mistério,

            Ou seja, da superfície e da profundidade. E Christine responde:

Christine:

-Ambos em você.

            Em todas as suas fantasias, você sempre soube que havia o homem e o mistério, e ela responde: ambos em você. Através de você eu reconheço os dois. É um momento de lucidez extrema nos subterrâneos do teatro, caminhando para o casamento, mas ela ainda olhava para trás, ela tinha que virar estátua de sal. E Christine e o Fantasma cantam em dueto:

Christine & Fantasma:

-E neste labirinto onde a noite é cega,

O Fantasma da Ópera está aqui

Dentro da minha (sua) mente.

            Nesse labirinto interior que é o mesmo labirinto que Teseu penetrou e conseguiu matar o Minotauro, usando um machado do fio que trabalhava sobre sua personalidade externa e sobre a sua essência interior. Juntando esses dois num só, ele entra no labirinto da vida e vence todas as provas que o animaliza.

            Eu procuro dar voz ao meu “Fantasma da Ópera”, talvez quem participe atuando como eu seja na maior parte do tempo ele. Mas, talvez ninguém perceba isso, a não ser que se interesse e procure conhecer a minha intimidade. Mas será que irá tolerar, compreender a “feiura”, segundo os padrões da sociedade, que está por trás da máscara?

            Já tenho tido essas experiências, e o máximo que obtenho de positividade é um misto de horror e admiração. Por isso eu sinto que meu destino é viver sozinho, pois quem tem a coragem de conviver com esse meu “Fantasma da Ópera” chega um momento que não suporta a pressão da sociedade e termina por me expulsar do seu convívio. Rogo a Deus que não seja com violência, pois eu não reagirei e continuarei a entender...

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/07/2019 às 00h15
 
15/07/2019 04h18
O FANTASMA DA ÓPERA – UM MITO (11) – DENTRO DA MENTE

            Continuando a transcrição da palestra sobre a obra de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, feita pela professora Lucia Helena, voluntária da Nova Acrópole, e que está disponível no Youtube, muito útil para nossas reflexões.

            Raoul representa para Christine uma necessidade de aceitação social, um local onde ela se sente segura, respeitada... você vai ser uma vice condessa, ou seja, um elemento passional, adocicado e um medo profundo do novo. Esse monte de elementos que são patrocinados por Raoul, ele não consegue matar. Mas ele não consegue matar porque Christine não deixa, porque ela opta por isso, ela se identifica com isso. É uma das coisas que fazem com que o público fique indeciso, pensando: “bom, esse Eric é um monstro, está matando todo mundo! ”

Quantas coisas nós já tivemos de matar dentro de nós para crescer: terrorismo, insensibilidade... se não tivéssemos matado, estaríamos presos a isso até hoje. Não esqueçam, nós estamos falando de um mito. Não tem muitos seres humanos, tem um só. O que está morrendo são elementos internos que impedem que se vá em direção ao seu destino. E faltava Raoul, mas o Fantasma não conseguiu matar, não era o momento. Christine ainda precisava de Raoul ao longo de sua trajetória. Então, o Fantasma não consegue vencer nesse ponto.

            Uma coisa interessante que nós podemos perceber, que acho importante. É a letra do filme, é muito importante. Quando num determinado momento, Eric rouba Christine e a leva para o subterrâneo, para o seu reino. Ele começa a cantar uma música que vai mostrar para ela onde nasceu a beleza das melodias, o conhecimento que ele tem de música, e ela vendo tudo aquilo, mas olha para trás e hesita, duvida, e tudo isso é refletido na letra da música, onde mostra a hesitação dela de fazer o casamento, a união profunda com o seu ser. Ela teme, ela hesita, olha para trás, como a história da mulher de Jó que virou estátua de sal quando olhou para trás. Ou seja, ela está sem mobilidade, ainda está presa às coisas do passado. Veja a letra dessa música e prestem atenção. Christine começa a cantar para o Fantasma e ela diz:

Reflexo no espelho:

-No sono, ele cantava para mim, nos sonhos ele vinha,

Aquela voz que me chamava,

E falava meu nome.

Eu sonho de novo? Por agora, eu encontro

O Fantasma da Ópera, que está aqui

Dentro da minha mente.

            Ela não fala de um homem que está do lado de fora, ameaçando. Isso é um símbolo, é claro! A mente dela começa a ouvir a voz do seu ser interior. É o momento legítimo de vida interior, um momento de espiritualidade. “Eu ouço ele dentro da minha mente.” É como se ele não existisse como outro personagem, fosse ela mesma, no momento mais elevado da sua consciência. E o Fantasma devolve, vejam só:

Fantasma:

-Cante outra vez comigo nosso estranho dueto;

Meu poder sobre você cresce fortemente.

            Ele sente que a atrai para seu mundo.

E, embora você se volte para olhar para trás,

O Fantasma da Ópera está aqui

Dentro da sua mente.

            Ele está ganhando terreno e atraindo ela para casar com ele, ter a união final, a união do homem com sua alma. E ela continua cantando:

Christine:

-Aqueles que viram seu rosto

Recuaram com medo.

Eu sou a máscara que você usa.

Fantasma:

-É a mim que eles ouvem.

            Vejam que lindo, gente, ela cantava maravilhosamente bem, era a sua máscara do seu ser interior que falava através dela. Ela se torna uma voz fiel ao seu ser interior, por isso a beleza daquilo que ela fazia fora do comum.

            Nós temos, realmente, dentro de nossa intimidade, no subterrâneo do inconsciente, as vozes que vislumbram a realidade de nosso espírito, mas muitas vezes não tem sequer a consciência, não possui ainda a mínima oportunidade de seguir esse “Fantasma da Ópera”.

            O mundo real, material, oferece muitos obstáculos à beleza interior do nosso mundo, e muitas vezes deixa se contaminar por nossos próprios instintos, contaminando toda beleza do nosso potencial espiritual.

            Seguir a voz do “Fantasma da Ópera”, significa deixar de lado o poder da cultura (Raoul), das condições sociais, do status quo, da segurança. Quem tem a coragem de tomar essa decisão? De não olhar para trás?

            Eu sei que me tornei um “Fantasma da Ópera” para muitas mulheres que se aproximaram do meu “canto” e tentaram conviver comigo. Podem até ter se encantado com tudo que fluía de mim, mas com certeza apavorada pela ameaça do novo, pelo confronto com a cultura, com a falta de segurança. Terminei sendo abandonado, algumas vezes com bastante violência... não tive a sorte do Fantasma da Ópera, que foi abandonado, mas com muito carinho, pela mulher que ama.

            Mas, diferente dele, não fui agressivo nem vingativo. Mesmo sendo agredido fisicamente, reconheci os motivos da revolta e me distanciei triste e cabisbaixo, sem necessidade de quebrar espelhos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/07/2019 às 04h18
 
14/07/2019 00h12
PUREZA (15)

            Tiago Menor, um dos discípulos de Jesus, apesar do nome era grande no equilíbrio das horas difíceis. Compreendia que o homem de bem não podia participar da ignorância e que toda alma iluminada o era pela sabedoria. Entendia que o saber não ocupa lugar, ele é dono de todos os lugares. Tinha por amor, zelo pela Pureza, que entendia ser irmã da sabedoria. Reconhecia que poucos ouvem e menos ainda entendem o que se fala. Participante da escola do saber, amava a Pureza, se dava ao trabalho mental e selecionava muito o que falava. Nunca tomava uma decisão pelo impulso. Discreto, deixava fermentar a massa para assar o pão. Ao comparar os feitos do Cristo com os anúncios proféticos, reconheceu o Cordeiro de Deus em figura humana. Esforçava-se para que o Evangelho fosse pregado em todo o mundo, para todas as criaturas.

Certo dia, que precede a noite de encontrar Jesus, foi abordado por uma velhinha que se dizia paralítica. Como pedia a caridade da cura com muito apelo, na frente de tanta gente, Tiago ao se aproximar ela descobriu a farsa e acusou Tiago de impostor, que não havia descoberto que ela não era paralítica. Terminou sendo injuriado pelos presentes, que jogaram nele até enxertos de cavalo.

Tiago, impressionado com essas acusações e agressões, caminhava amargurado pelas ruas de Betsaida ao encontro do Mestre, pois já estava próxima a reunião. Instalou-se na reunião na casa de Pedro, que fez a oração inicial. Notou a insistência do olhar do Mestre em sua direção, que desajeitado pelo que ocorreu momentos atrás, levantou-se entendendo o pedido silencioso de Jesus, e expressou-se, melancólico:

Mestre! Porventura podes nos falar esta noite sobre o que entendes sobre a Pureza? E por que eu me preocupo tanto com essa virtude? Não tenho direito de te pedir tanto, mas ficaria muito agradecido se pudesses responder-me, porque certos esforços meus parecem ficar em vão nessa conquista que tanto almejo.

Tiago sentou-se, sem conseguir se livrar da tristeza. Cristo, compreendendo o que se passava com o discípulo, fez-se ouvir, com grandeza d’alma:

- Meu filho! Jamais penses que se perde o que já se ganhou. Todo o teu trabalho buscando a perfeição é abençoado por Deus, e os resultados ficarão contigo eternamente, crescendo com a força do progresso. O sol desponta com toda a sua pujança divina, ilumina o mundo e depois desaparece. Mas torna a nascer de novo na sua missão incomparável. Assim são os nossos dons. De vez em quando eles se deparam com as trevas da incompreensão humana e desaparecem. Mas voltam a brilhar em obediência a lei do bom esforço.

‘Não turbes o coração com simples ruídos que se desfazem minutos depois. A Pureza de que falas é a nossa meta principal: perfeição em tudo. No entanto, exige de nós muito trabalho, muita dor e imensuráveis sacrifícios. O preço de alcança-la turba qualquer cálculo da razão.

‘Passastes por um vexame passageiro nesta tarde, por confiares somente na vigilância. Esquecestes da oração, porque vigiar é competência do saber, mas orar é força que movimenta a inspiração divina. Vigilância e oração se completam no esforço de evitar novas tentações.

‘De qualquer maneira, o escândalo te fez lembrar que é preciso algum reparo no modo como proceder diante dos outros. Estamos numa marcha que não pode sofrer interrupções. Se queres a Pureza, hás de te submeter às tuas exigências consigo mesmo.

‘Os primeiros dias da criança junto ao professor que estabelece planos de ensino e se entrega durante toda a vida para o esclarecimento de jovens e crianças, seria de brincadeiras, de ouvir contos de fadas, de sorrir nas suas ingenuidades que marcam as características infantis. Eis que o mestre, diante de tais circunstâncias, poderá falar coisas sérias aos homenzinhos em formação. Todavia, é bem provável que eles comecem a correr, a gritar e a sorrir da luz que está começando a aparecer em suas vidas.

‘O perdão é o apanágio natural do professor, sem que dele se apodere a intolerância. O faltoso compreende o erro e procura repará-lo, e a vingança assusta e distancia cada vez mais as trevas da luz.

Tiago deixou transparecer no semblante alguns raios de alegria, sentindo a sabedoria de Jesus acerca do que se passara com ele. “O Mestre tem razão”, pensou.

Jesus continuou:

- Tiago! Todos temos, de certo modo, razão, como todos somos úteis, de certa forma. Se não fossem os que nos atacam, os que nos apedrejam. Os que nos caluniam, como experimentar o coração que antes sorria? Como testar a alegria da paz interior? Como experimentar o amor ao próximo? Eis que é necessário o escândalo, mas ai daquele que ainda é escravo dele. Se te consideras livre pelas linhas da verdade que pretendes dominar e seguir, não dês muita atenção aos ruídos exteriores, pois eles somente espantam os que desconhecem as leis de Deus.

‘Quando nós nos preocupamos em nos servir dos extremos com alguma virtude, é devido a sua escassez no reino de nossa alma. É bom que as providências sejam tomadas, mas escuta bem, sem exagero, para que não se torne uma imposição para nós e para os outros. Se procuras a Pureza em todas as suas nuances, não te esqueças de vigiar todas as fraquezas, de vigiar todas as ideias, a começar por manter guarda, permanentemente, sobre o que falas e fazes, porque a Pureza é a unidade de todos os dons da vida.

‘Muito depende de ti, do teu esforço no auto aprimoramento. As bênçãos de Deus, pelo tempo, conferir-te-ão esse estado de espírito como glória de um bom lutador.

Tiago! Não esmoreças, meu filho. Segue avante nas tuas pesquisas e no teu impulso de ser grande, sem esquecer que, para ser maior, é de lei que deves aprender a ser também o menor de todos. O homem de valor é aquele que tira das decepções ensinamentos, das ofensas lições maiores e, sentindo a violência dos outros, nota, com urgência, o quanto vale o amor.

Aprendamos, pois, com os métodos que a vida nos propõe.

Jesus saiu e muitos o acompanharam. Alguns procuraram Tiago querendo saber o que houve com ele.

Tiago, já sorridente, abraçou Pedro e saiu contando a cura que ele operou, sem ter operado.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 14/07/2019 às 00h12
 
13/07/2019 00h12
O FANTASMA DA ÓPERA – UM MITO (10) – MORTE AOS VÍCIOS

            Continuando a transcrição da palestra sobre a obra de Gaston Leroux, O Fantasma da Ópera, feita pela professora Lucia Helena, voluntária da Nova Acrópole, e que está disponível no Youtube, muito útil para nossas reflexões.

            Bom, uma coisa que chamo a atenção de vocês, que é interessante. Olhem as imagens do filme e vocês vão ver. Tem o candelabro maravilhoso que tem um papel importante, porque quando a cena se destrói, o candelabro que é a luz artificial cai e toca fogo em tudo. No processo ele é como a luz da fogueira dentro da caverna de Platão. Você vai ver que na decoração dentro do teatro, tem um determinado local, homens com as mãos amarradas para trás com os olhos vendados, como se fossem os escravos da caverna, assistindo ali aquele espetáculo. Elementos que tiveram o requinte de colocar na decoração do teatro para o filme. Homens com as mãos amarradas para trás e olhos vendados, vários em fila. Aquilo é muito indicativo, muito claro. O teatro começa com a sua luz artificial, com seu mundo de fantasia e os homens estão ali aprisionados, cegos, presos naquelas ilusões. São muitas as indicações, muitas as dicas.

            Nós vamos ver, num determinado momento, Christine, a sua hesitação entre o Fantasma e Raoul, o medo que ela tem do Fantasma, começa a ter medo dele, de incitar o medo dele, como se fosse um ser destrutivo. E de fato, no filme, eles nos deixam na dúvida. Porque Eric, que é o Fantasma, começa a matar um monte de gente, diz um monte de coisas e isso vai apavorando Christine, vai fazendo com que ela realmente ache que ele é um monstro. Ele mata um dos cantores da ópera, mata uma das pessoas que estão nos bastidores manipulando as cordas do teatro. Ele começa a matar todas as coisas que fazem com que Christine fique presa àquele mundo. Começa a matar os atores pequenos que estão ali, mantendo Christine presa àquele mundo. Então, se você ver, por exemplo, o cantor vaidoso que ia contracenar com ela, o Don Juan, ele vai lá e mata, ele consegue matar a vaidade. O cidadão que operava as cordas, ou seja, a manipulação, o jogo, para manter o jugo naquela superficialidade, ele mata a manipulação, e mata a vaidade e vai matando todos os aspectos da personalidade de Christine que impedem que ela vá para ele. Mas tem um elemento que não consegue matar, porque ela tinha necessidade da experiência, que é Raoul.

            A simbologia da morte de pessoas representando aspectos da personalidade de Christine que devem ser extintas, levam inevitavelmente a considerar a maldade nos atos de Eric. O que o autor do livro/filme demonstra poder acontecer com as ações de o Fantasma da Ópera, na sua simbologia de destruir os vícios do outro, não pode acontecer na vida real. Uma pessoa não pode apagar os vícios de quem quer que seja, isso depende apenas da pessoa, se ela quiser e se esforçar para tanto.

            Serve para nós, assistentes, a lembrança que possuímos todos os vícios dentro de nós, ativos ou não, e que devemos gastar muita energia se quisermos nos livrar deles, pois estão incrustados nos porões do nosso inconsciente, as vezes sem nem notar a existência deles.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 13/07/2019 às 00h12
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