Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
23/04/2019 00h22
HOMEM CAVALO

            Viemos da Natureza, do barro da Terra, da forma que a Bíblia coloca de forma simbólica. Associado ao tempo, desenvolvi o meu atual corpo ao longo das eras, junto com todos os seres vivos, principalmente com os mamíferos com os quais tenho uma origem muito próxima.

            Com o meu potencial, enquanto humano, de racionalidade mais desenvolvida, capaz de entender a existência de um Criador universal, um Pai para todas as coisas, materiais e imateriais, vim a entender que estou dentro de duas evoluções. Uma ocorre no campo material, biológico, representado pelo meu corpo, que ao longo dos milênios foi se aperfeiçoando e diversificando frente aos outros seres vivos, até chegar no estágio atual.

            O outro nível de evolução é o espiritual, que se desenvolve naqueles que possuem uma racionalidade desenvolvida capaz de uma auto percepção e imaginação que ultrapassa os limites da materialidade. Que percebe a existência de uma instância imaterial, de maior importância, associada ao corpo e que tem necessidade de uma evolução de outra natureza, associada aos aspectos morais.

            Esta é uma observação interessante que pode fazer um redirecionamento de nossos interesses e motivações, deixar de priorizar os aspectos materiais e considerar melhor os interesses espirituais. Mas como estamos fortemente ligados à matéria, somos instintivamente impulsionados para os interesses biológicos, de preservação e manutenção da vida física, mesmo que isso traga prejuízos à saúde do corpo, numa ação meio paradoxal. É como se o corpo focasse mais em seus prazeres, sem refletir sobre os prejuízos que isso pode causar, se for além do necessário.

            Isso acontece com a alimentação. O ato da alimentação nos traz prazer, pois é uma atividade muito necessária à nossa sobrevivência. Isso geralmente leva ao exagero da alimentação para adquirir esse prazer. A pessoa deve manter o controle alimentar para não entrar em obesidade, que é problema de saúde.

            Encontro-me neste estágio, onde vejo a necessidade de controlar esses impulsos instintivos, e o período da Quaresma serve de bom estímulo para manter um controle rígido sobre o corpo. Aproveito e, além do controle alimentar, com um jejum firme, também pratico exercícios físicos regularmente e intensamente.

            Foi assim que decidi ir da Praia do Meio até o Morro do Careca, em Ponta Negra, cerca de 15 quilômetros. Correndo no início, andando da metade do percurso adiante. Durante a corrida, alternava com movimentos, como a marcha militar, forçando os pés para trás como se fosse o coice de um cavalo.

            Daí veio a ideia de batizar esse período, onde meu corpo de comporta como um cavalo, de homem-cavalo, para dar uma sequência espiritual de acordo com os próximos movimentos que abordarei em seguida, com o título de homem-caranguejo e homem-anjo.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 23/04/2019 às 00h22
 
22/04/2019 00h18
SERENIDADE (04)

            No livro Ave Luz, do espírito Shaolin através do médium João Nunes, o discípulo Tiago Menor é quem faz a pergunta sobre a Serenidade.

            Tiago, também conhecido como Santiago Menor ou São Tiago Menor (para distingui-lo de Santiago Maior). Alguns estudiosos e especialistas consideram que ele (Tiago, o menor) e Tiago, o Justo são a mesma pessoa.

Homem de pequena estatura, ministrara ensinamentos nas sinagogas, inspirado nos escritos de Moisés, o chefe espiritual dos judeus. Queria e deveria ser mais tarde um dos sacerdotes.

No seu coração, o raciocínio o levava ao tribunal da consciência, acusando-o de traição à religião que o vira nascer. No entanto, os sentimentos avançavam no meio do tumulto, dizendo que Jesus era o Cristo que havia de vir.

Por isso ele perdia a Serenidade e procurava uma oportunidade para interpelar o Mestre. Jesus, com seus discípulos ao redor, passa seus brilhantes olhos por todo o grupo, parando de mansinho, nos inquietos olhos de Tiago, como se tivesse dizendo: “fala, meu filho, fala! O que queres que eu ouça? ”

E o antigo pregador das sinagogas descontrai seu coração, entendendo que chegara a vez de expor ao mestre suas dúvidas acerca da brandura. Levanta-se com deferência, a fala um pouco trêmula

- Senhor, podes nos dizer alguma coisa sobre a Serenidade? O que devo fazer para que a serenidade faça parte de mim como meus olhos, meus pés, minhas mãos, minha cabeça, enfim, como todo o meu corpo?

- Tiago, a Serenidade de que queres ser portador é tesouro dos anjos que a receberam das mãos do tempo, pelos impulsos de milênios incontáveis, sob as bênçãos de Deus.

- Entretanto, esse tempo somente age quando abrimos nossos corações pela boa vontade, onde o esforço próprio nunca falta.

- Os milênios são como o calor divino que somente amadurece e harmoniza o universo interior quando nos dispomos a respeitar e a viver o princípio das leis que nos governam a todos.

- E as bênçãos de Deus são a execução da melodia celestial que se irradia pela vivência da Serenidade imperturbável.

- Tiago, a mansuetude imperturbável, no seio dos homens, parece-nos muito difícil, pela largueza de ignorância que ainda alimentam sob todos os aspectos da vida, mas não é impossível de ser adquirida.

- No perpassar dos anos e séculos, sem que a interrupção do bem se faça, ela passa a fazer parte do teu corpo físico e espiritual

- A lei te impõe uma condição: que cada dia coloques no teu alforje um grãozinho de areia de auto aprimoramento, de autoeducação, de amor sem descanso, de fé revestida de obras, para que, no amanhã da eternidade, possas sentir o nascimento, dentro e fora de ti, da serenidade imperturbável.

- É importante que não te esqueças de que, desde quando deres os primeiros passos com sinceridade e confiança, começarás a viver e a sentir a felicidade oriunda dos primeiros raios do equilíbrio espiritual.

- A bondade de Deus é tão grande que mandou a mensagem de salvação ao vivo, para que possas sentir a sua paternidade e acreditar no amor que se estenderá de uns aos outros.

Jesus, parece meditar, e, tranquilo e confiante, prossegue sem cansaço

- Tiago, uma árvore para se manter de pé no solo que lhe dá a vida, estica suas raízes em todas as direções da terra, e os seus galhos obedecem ao mesmo esquema, no ar, para que, no centro, se avolume seu corpo, o tronco, com segurança.

- Pois assim é a Serenidade de que falas e da qual estamos dialogando. Não pode ser fruto somente de dentro de cada alma, como não deve ser um resumo apenas de fora.

- O que te garante a brandura inalterável nos cofres do teu ser é o amor de Deus, que parte de dentro de nós em busca da sua manifestação para fora e que vem de fora para que se manifeste dentro das criaturas.

- Enquanto somos tomados pela insegurança, somos qual árvore mirrada que não pode demonstrar seus frutos, como valores por gratidão ao agricultor que a adubou durante o seu crescimento.

- Se desejas que cresça a árvore da Serenidade em ti, começa cultivando-a sem cansaço, aduba os ideais elevados e trabalha pela paz, tua e dos outros.

- Sê benevolente com o próximo e não esqueças a caridade, onde passar. Serve sem interrogação e ama indistintamente.

A voz de Jesus serenou em ritmo de sinfonia. Os outros discípulos, empolgados de esperança, desenvolviam igualmente os seus ideais para a pregação do Evangelho. E como por encanto, não viram mais naquela noite o Cristo. Ninguém comentou o fato, por já ser costume o Senhor se tornar invisível. Uma multidão tornava difícil a saída com naturalidade, da casa de Pedro.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 22/04/2019 às 00h18
 
21/04/2019 00h59
LÁGRIMAS DA CASA

            Não sei como explicar. Sou feita de cimento e tijolos, não tenho movimentação e muito menos emoções. Mas hoje amanheci diferente. Talvez com o que aconteceu comigo nas últimas horas. A minha dona pareceu transtornada. Fechou todas as portas, inclusive o portão para o carro não entrar, se trancou em seu quarto e escreveu para meu amigo: não precisa você voltar para casa...

            Como assim? Fiquei a pensar... se ele é minha alma? Se com ele eu sinto minhas paredes internas cheias de calor afetivo, de amor, de solidariedade? Sou testemunha de quantas vezes ele falou com alguém, em grupo ou em particular, para elevar a alma, combater o sofrimento, ser solidário nas dificuldades? As minhas paredes externas, eu vejo o seu esforço para me encher de flores, arrancar com as mãos as plantas daninhas, podar o excesso das folhas, adubar, regar, alimentar beija-flores, tolerar os sapos e pererecas. Vejo quando ele vai dormir tarde sobre os livros, procurando aperfeiçoar a sua sintonia com o Divino, quando ele acorda cedinho ao toque do despertador e vai fazer exercício para disciplinar o corpo dado por Deus, vejo o suor pingando o esforço para cumprir a ordem da consciência. Não posso fazer nada, a não ser manter o meu chão firme e acolhedor ao esforço do corpo, mas vejo as plantas e aves se solidarizarem com seus esforços, jogando pétalas de rosas e penas branquinhas que o vento suavemente depositam ao seu lado.

            Agora eu vejo ele chegar, com toda boa disposição de festejar o aniversário dela que se realiza hoje... mas o que acontece? Parece que as trevas encontraram lima brecha em seu coração e o encheu de ciúmes, o monstro de olhos verdes da mitologia. Assim dominada ela me fechou toda. Vejo meu amigo tentando me abrir e consegue com a chave que ele possui, mas sua consciência não permite ficar onde alguém não lhe deseja. Eu não posso contar, não posso votar, nem mesmo falar. O máximo que posso fazer é derramar minhas lágrimas no ventre frio das minhas paredes e que se confunde com o vazamento de minhas torneiras.

            Vejo ele sair carregando os livros, companheiros de seu infortúnio, de quem quer obedecer ao Pai, não importando que tenha de pagar o preço da solidão, do golpe triste da ingratidão.

            Vai, meu amigo, segue o teu destino ao lado do Pai, pois sei que por onde andares estarás plantando flores, mesmo que regadas com suas lágrimas.

            Eu ficarei aqui disfarçando as minhas emoções que eu pensava não existir, com as lágrimas da chuva que agora te acompanha, como solidariedade da Natureza a que tu tanto ama.

 

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em 21/04/2019 às 00h59
 
20/04/2019 00h18
O EVANGELHO E O FRUTO

            O Evangelho foi feito para dar frutos. Os frutos somos nós que iremos produzir, colocando em prática as lições do Evangelho. Mas, parece que ainda estamos na fase de evangelização, de levar aos povos as lições do Evangelho. Em fazer a sua prática, poucos estão dispostos.

            É interessante observar, que muitas pessoas dentro das igrejas, que tem uma presença constante, sempre estão indo às missas, aos cultos, mas não conseguem aplicar as lições evangélicas. É fácil observar isso, pois a aplicação do Evangelho implica a não aplicação do egoísmo. E é o egoísmo que vemos falar mais alto.

            Há pouco eu escutei de uma senhora bem idosa, muito católica, dessas que vai semanalmente a igreja, mais de uma vez. Pois bem, deveria estar dando os frutos do Evangelho, agir com compaixão, solidariedade, justiça, amor. Mas não observo isso.

            Ela mostra todo amor aos seus filhos, isso é muito justo e nobre. Muito biológico também, diretamente ligado ao interesse sanguíneo. Não serve como uma prova robusta. Como será o comportamento, quando os interesses de terceiros se confrontarem com os interesses dos seus filhos? Será que haverá justiça? Se os terceiros tiverem razão, será aplicada a justiça? Não tenho observado isso.

            Acontece que eu já possuo uma compreensão maior das lições de Jesus, já sinto as consequências do que pode acontecer comigo mesmo antes de fazer o que minha coerência exige que eu faça, a justiça, mesmo que implique ir de encontro aos meus interesses egoístas. É tanto que agi com tanta ousadia, que acredito, a maioria das pessoas não conseguem agir de tal forma.

            Para aplicar a justiça e poder namorar com outras pessoas, mesmo sendo casado, tive que aceitar racionalmente, que a minha mulher deveria ter o mesmo direito. Fiz isso e ela fez também. Levei o nome pejorativo de corno, fui criticado inclusive por minha mãe, que não queria ver o nome do filho enxovalhado.

            Poderiam me perguntar, e isso muitas vezes é feito, inclusive por minha primeira esposa que se sente a grande prejudicada, apesar da liberdade que ela tinha. Esse seu comportamento corresponde a um fruto vindo do pomar do Evangelho? Digo que sim, ela e muitas outras pessoas dizem que não.

            Na minha compreensão, a justiça que apliquei na questão, sob a luz do Evangelho, foi o fruto que eu produzi. Digo isso porque vejo a maioria dos homens se comportando dessa maneira, namorando fora do casamento, sem o devido cuidado com a namorada, com mentiras frente a esposa e a sociedade. Aí é que não vejo frutos do Evangelho, mesmo essa pessoa indo regularmente a igreja e dando suas esmolas quando conveniente.

            Pois bem, podemos fazer muitas ações que parecem frutos do Evangelho, mas devemos observar se por trás não existe interesses egoístas. Senão, não observamos quando o fruto está estragado.

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em 20/04/2019 às 00h18
 
19/04/2019 00h18
ANJO QUEBRA OSSOS

            Estamos todos na companhia do chamado Anjo da Guarda. Um espírito, geralmente familiar, que se compromete com a estratégia divina, de ser responsável pela segurança e desenvolvimento de alguém. Responsável em parte, pois a pessoa protegida tem o seu livre arbítrio que não pode ser subjugado pela vontade de ninguém, nem de Deus, pois assim é a vontade dEle.

            Fiquei pensando em como se procede a vontade de Deus dentro dos relacionamentos humanos, e me veio a ideia de que pode existir um anjo que, para fazer a vontade de Deus, desenvolveu a estratégia de quebrar ossos. Tive essa impressão com alguns fatos recentes que aconteceram comigo.

            Por estratégia divina, me aproximei de determinada família, muito religiosa, que tinha problemas diversos, e que Deus talvez resolvesse atender os seus pedidos e escolheu alguém que estava disposto a fazer Sua vontade e ao mesmo tempo ser testado, se suas convicções eram fortes ou não.

            A aproximação se dera por um viés espiritual, mas com componentes românticos. Logo foi gerada forte resistência a essa aproximação. Da minha parte mantive a serenidade e a compreensão de todo tipo de reação que passei a sofrer. Mas, do outro lado não havia a compreensão do meu modo de ser, de falar a verdade, de ser um condutor do bem e da solidariedade. Para sair desse impasse o que fez o anjo? Deixou cair um dos componentes da família, a pessoa mais caridosa, e quebrar o braço. Logo que fui chamado fiz todo o possível para ajudar na recuperação da função óssea. Esta forte ação começou a sensibilizar muitos, principalmente a mais interessada, que foi vítima do acidente.

            Porém, a matriarca, a mais resistente, continuava dura na resistência à minha aproximação. Agora foi a vez do anjo chegar perto dessa matriarca e faze-la cair sofrendo fratura da perna. Mais uma vez, no hospital, fui chamado para ajudar. Mesmo de forma clandestina, pois a interessada não queria o meu auxílio. Mesmo assim, a minha ação positiva dentro de um contexto negativo, trouxe uma compreensão melhor da árvore que eu era pelos frutos que estava produzindo. Foi só uma questão de tempo para que essa essência de amor que fluía de dentro de mim para todos que estivessem perto, que fez a transformação da água para o vinho, da raiva para o carinho, como o Mestre já ensinara antes, que só o amor pode causar esse tipo de transmutação.

            Mas era preciso ainda outro tipo de provação, a superação do ciúme. Mais uma vez o anjo “quebra ossos” entrou em ação e fez uma pessoa amiga quebrar o braço e pedir a minha ajuda. Como era esperado, o ciúme foi desencadeado de forma explosiva. Eu mantive a calma e a boa vontade de ajudar dentro de minhas possibilidades, indiferente a qualquer tipo de reação ou preconceito, que eu considerasse ir de encontro a ação caritativa que eu pudesse realizar, como parte do compromisso que eu tenho com o Pai, de construir o Reino de Deus com a prática do Amor Incondicional e formação da Família Universal.

            O desenrolar dessas circunstâncias continuam a se processar, vejo estremecimento nos relacionamentos que construí, mas continuo firme e deixando meu claro, que meu compromisso não é com A ou B, com alianças românticas ou de qualquer materialidade, meu compromisso é com Deus, para o qual existe o direcionamento da quase totalidade do meu afeto. Portanto, ninguém pode me desviar dessa rota, seja qual for o obstáculo que seja colocado na minha frente.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/04/2019 às 00h18
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