A parábola do Bom Pastor foi uma das melhores lições que Jesus nos deixou sobre o amor incondicional. Na sua linguagem campesina ele mostrou a responsabilidade que o pastor deve ter com suas ovelhas, que percebendo o extravio de uma das 100 que tomava conta, ele deixará as 99 em lugar seguro e irá em busca daquela que se extraviou.
Dizendo assim, se reportava ao Seu próprio comportamento e ensinava que todos deviam agir de igual forma. Quem seriam as ovelhas? Todos nós que estamos na Terra para aprender ou pagar algum erro cometido. Como somos ainda muito ignorantes, a tendência é que desviemos do caminho correto do aprisco e fiquemos envolvidos em situações de difícil retorno, que precise da ajuda do pastor. E quem são os pastores? Jesus se colocava como Pastor, dando o exemplo do Pai que é o Pastor por excelência, que ouvindo o bramido da sua ovelha perdida e que sofre, vai com bondade e misericórdia ao seu socorro. Porém, esta lição que vem do Pai, e é exemplificada por Jesus, deve ser seguida por todos nós, que compreendemos a lição e que estamos dispostos a fazer a vontade do Pai, isto é, ser o Pastor das ovelhas perdidas.
Isso quer dizer que somos simultaneamente, ovelhas e pastores, mais ovelhas que pastores.
Quando é que somos ovelhas? Quando nos encontramos no erro, não sabemos que é errado e precisamos de alguém que nos ensine, ou então, sabemos que é errado, mas não temos forças para sairmos sozinhos do erro. Estamos constantemente nessa condição. Por sermos ainda muito ignorantes, estamos constantemente caindo em desvios da estrada que conduz a Deus, por esse motivo passamos mais tempo na condição de ovelhas.
Quando é que somos pastores? Quando sabemos que o irmão se encontra no erro e não sabe que está errado, e nós podemos ensiná-lo; quando o irmão sabe que está errado, mas não consegue sair sozinho do erro que ele entrou ou foi colocado, e nós sabemos e podemos ajudar.
E quais são os principais desvios que nós, ovelhas ignorantes, podemos entrar por curiosidade ou aconselhamento? Tudo aquilo que nos leva a priorizar os interesses do corpo, geralmente ligados ao egoísmo e que faz parte da nossa condição animal. Já foram identificados como os sete pecados capitais, quase tão antigos quanto o cristianismo. Mas eles só foram formalizados no século 6, quando o papa Gregório Magno, tomando por base as Epístolas de São Paulo, definiu como sendo sete os principais vícios de conduta: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça e inveja.
Nós, ovelhas, devemos ficar atentos nesses desvios do caminho. Porém, o poder maligno colocou em nosso caminho uma pedra para desviar nossa atenção: a dependência química. Quando inadvertidamente nos tornamos dependentes de qualquer substância química, perdemos a nossa condição de raciocínio e mais do que nunca precisamos de ajuda para sairmos do erro. Muitas vezes não temos condições de sair com nossos próprios pés e é preciso que o pastor nos carregue em seus braços até o aprisco e que nos vigie com cuidado para que não voltemos a cair no erro que se tornou um vício.
Quando troquei minha militância política partidária aqui no mundo material, pela militância espiritual, se é que posso chamar assim, também no mundo material, mas prestando contas diretamente com Deus, tendo Jesus, o Cristo, como mestre e dirigente, fui advertido por pessoas amigas da possibilidade de estar embarcando na canoa insana do messianismo. Que é isso?
Messianismo é a crença na vinda ou retorno de um enviado divino, libertador, um messias, com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido.
Acredito que eu não esteja encaixado nesse conceito. Não acredito na vinda desse enviado divino com essas características. Acredito que este enviado já veio, Jesus, e cumpriu a Sua missão de nos ensinar sobre o Amor e da construção do Reino de Deus a partir da transformação do nosso coração, da reforma íntima. Dessa forma, agindo com honestidade dentro dos Seus princípios, estaremos trazendo a fraternidade e justiça ao povo oprimido. Isso já está acontecendo com muitos.
Mas, existe outro conceito para messianismo, e talvez dentro desse eu me encaixe melhor: sentimento de eleição ou chamado para o cumprimento de uma tarefa sagrada. Qual “tarefa sagrada” seria essa para a qual eu fui chamado?
Amor Incondicional. Aprender, praticar e difundir a essência do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos, íntimos, familiares, profissionais, e sociais de forma geral, esta foi a “missão” que entrou na minha mente como “vontade do Pai” e que aceitei o Mestre Jesus como o instrutor mais próximo.
Mesmo que eu não entre num clima de fanatismo extremo, que seja bem discreto em minhas ações, mesmo assim a minha prática tem mostrado o quão distante estou da imensa maioria dos meus amigos, parentes e confrades: nos relacionamentos íntimos, no trabalho profissional, no engajamento político partidário, etc.
Como a Verdade, a transparência de minhas ações faz parte deste “comportamento messiânico”, eis porque estou fazendo esta reflexão e reconhecendo o messianismo tomando conta dos meus construtos mentais e se afastando da realidade, da cultura social. Isso acontece com a permissão cognitiva do meu livre arbítrio, da coerência que encontro no que estudo e do dever de aplicar na prática. É o caminho da insanidade? Acredito que não, pelo seguinte motivo. A prática majoritária, o comportamento egoístico da humanidade atual deve ser seguido como prova de sanidade? Devemos ler e estudar os livros sagrados, os princípios espirituais, a Lei de Amor, somente como regras utópicas que nunca poderemos alcançar? Devemos sempre dizer o que fazer, mas nunca fazer o que deve ser feito? Se podemos, com saúde mental, responder negativamente a essas três indagações, então estou dentro da “saúde mental”.
Conclusão: sou um messiânico com saúde mental, aquele que procura colocar em prática o que aprendeu de positivo nos livros sagrados, que procura fazer a reforma íntima e ser a cada dia melhor, que procura evoluir com rapidez sabendo que um dia estará mais próximo do Criador, que sabe estar em descompasso com o mundo material, mas sintonizado com os valores espirituais... sei que não estou sozinho nessa labuta messiânica, muitos como eu já atuam por aí, cada um com suas missões, mesmo que sejam em menor número, muitos inconscientes de suas importantes tarefas. Talvez entre os meus amigos, até aqueles preocupados com minha sanidade mental, sejam também messiânicos e conduzindo missões mais pesadas que a minha.
Como acreditar num sentimento que anula o que sentimos em favor de quem se ama? Como deixar de lado os meus interesses para priorizar os interesses de quem amo? Um sentimento como esse não pode ser benéfico para quem o possui, acreditava eu, fortemente nisso. Por isso evitava o amor, esse sentimento tão elogiado, e para mim tão... pernicioso!
Mas, eu não sabia que jamais conseguiria evitar o amor, pois minha constituição biológica e psicológica estava pronta para germiná-lo e espalha-lo por onde eu andasse, com quem meu coração sintonizasse, independente das minhas razões.
Foi assim que eu te vi, amada, e sem querer me apaixonei. Não consegui evitar, muito menos procurar raciocinar; quando dei por mim o fogo da paixão já me consumia. A minha mente não cansava de construir pensamentos de fulgor romântico, já que era proibido eu me aproximar afetivamente de pessoa tão distante socialmente de mim.
Agora, não penso mais em mim, e somente nela... os meus sonhos não viajam mais pelo infinito perscrutando a beleza das galáxias, mas ao redor da silhueta do seu corpo e na adrenalina das suas curvas; meu olfato não procura mais captar o perfume melífluo das flores, e sim o aroma inebriante da sua presença; meu coração bate mais rápido na sua presença como se quisesse raptá-la como houvera já acontecido com as sabinas, e quase fica parado no vácuo de sua ausência.
Quando a noite chega eu procuro confundi-la com meu travesseiro, e se a luz do sol me acorda, evito abrir os olhos e acabar com a minha ilusão.
Assim vivo eu, mergulhado num amor que se diverte comigo, se travestindo em paixão. Minha alma se tornou prisioneira dessa cadeia de sentimentos; não sei se prevalece o prazer de imaginá-la em meus braços ou o sofrimento de vê-la abraçada com outro, esquecida da minha existência. O amor diz para eu sentir o prazer dela ser feliz onde está, a paixão diz que eu sou torturado por ela jamais poder ficar comigo... cada pensamento que constata essa realidade é um açoite no coração.
O tempo passa, pinta de neve os meus cabelos que ainda restam, e a fome de amar quem tanto amo rivaliza com a sede de beijar o oásis desses lábios que de tão longe se tornaram uma miragem sempre perto...
Vai, meu sentimento de amor, filho bastardo do meu coração... vai, para nunca mais voltar... vai, antes que eu perceba que tu indo vão contigo os meus sonhos, felicidade, ventura... vai, enfim, a minha vida!
Encontrei um texto com o título acima, assinado por José Maria Alencastro, que aborda a falência daquelas pessoas que possuem o dom de comunicação com o mundo espiritual, que devem ter um compromisso maior com a espiritualidade superior e que, no entanto, desviam da porta estreita por onde devem caminhar. Vejamos o que diz o texto para nossas reflexões:
O MÉDIUM FALIDO
Muitos leitores perguntaram sobre o caso envolvendo acusações contra o médium João de Deus. As investigações apontarão o que há de verdade nesse caso. Caso seja verdade, infelizmente, não será o primeiro e nem o último caso. Muitos médiuns que trabalharam com o Dr. Fritz e outros espíritos, faliram espiritualmente pelos mais diversos motivos: busca por poder político, deslumbre com a mídia entre outros problemas que colocaram a espiritualidade em segundo plano.
Sabemos que os médiuns são humanos e falhos e na sua grande maioria longe de serem os missionários que muitos espíritas e espiritualistas acreditam. Mas há uma diferença entre aqueles que entre erros e acertos buscam vencer as más inclinações, entre aqueles que se entregam ao equívoco com a desculpa de pecadores convictos. Pecadores ou falíveis todos somos, mas há que se lutar para não jogar fora todo um compromisso mediúnico por conta de questões menores,
Quando o médium de cura começa a atender cada paciente em 15 ou 30 segundos ou ainda cobra de quase todos um “remédio” padronizado como essencial a cura “espiritual”, quando o médium começa a priorizar o atendimento de pessoas mais ricas ou socialmente poderosas, quando começa a fingir possuir determinadas mediunidades mais “vistosas” como a incorporação inconsciente mesmo claramente se observando que se trata de mediunidade 100% consciente mistificada de inconsciente, quando o médium preocupado com questões financeiras se obriga a lançar 4 ou 5 livros por ano (muitas vezes de qualidade literária duvidosa) para garantir a manutenção da empresa que criou, quando o médium começa a cobrar altos valores por cursos e eventos (mais preocupado com a aparência exterior da estrutura do que com o número maior de estudantes que poderia atrair), quando o médium se torna uma máquina comercial na qual estudos e ensinamentos todos envolvem alguma espécie de cobrança financeira e praticamente nada é gratuito, então definitivamente temos um médium falido. Quando se usa a mediunidade ou determinado poder, conhecimento ou fama advindas da mediunidade para matar, roubar, estuprar ou qualquer coisa do gênero, pior ainda.
Que cada médium possa se erguer caso esteja enveredando por um desses caminhos e que as pessoas que buscam auxílio ou conhecimento espiritual tenham um olhar mais racional sobre os médiuns e os resultados que estes produzem, evitando fanatismos e defesas cegas. Infelizmente muitos usam de palavras doces para iludir e desejam arrogar um poder que verdadeiramente não possuem, por isso muita atenção e razão antes de acreditar totalmente em algum médium e naquilo que ele diz ser capaz de fazer, pois são as ações, tanto para o bem como para o mal é que mostrarão a verdadeira índole e a verdade capacidade mediúnica do médium.
Nos 15 anos de reuniões do Dr. Fritz que acompanhei, quando ele incorporava no meu pai, pude presenciar, infelizmente, muitos médiuns falindo na trajetória. Começavam com um belo trabalho, mas depois de 10, 20 anos sucumbiam e na maioria delas em definitivo. Por isso também alerto: tempo de mediunato não representa imunidade contra a queda e falência espiritual.
Que cada um tenha essa consciência, pois em um mundo provacional como o nosso, atualmente a Espiritualidade Superior precisa não apenas lidar com as limitações mediúnicas e morais da maioria dos médiuns (que volto a dizer, em sua maioria não são missionários) como também precisar lidar com o constante assédio das trevas interessada em manipular os médiuns, tanto pela falência na difusão do conhecimento da vida espiritual, como também retirar do campo de combates possível soldados que poderiam trabalhar pelos ideais do Cristo em benefício de muitas pessoas.
Mais razão e observação meus amigos, são os melhores remédios para evitar a manipulação da fé.
José Maria Alencastro
Um texto bem apropriado para refletirmos sobre nossa condição de médiuns, que todos nós somos. Aquela virtude que possuímos em grau maior, que pode trazer benefícios ao próximo, devemos saber lidar com muito cuidado, para que não se torne uma ferramenta do egoísmo e do sofrimento de quem deveríamos ajudar. Quanto mais ostensiva a nossa mediunidade, mais esse compromisso com a espiritualidade superior deve ser observado, para não sairmos das fileiras do Cristo e terminarmos como soldados de outros senhores.
Minha mente, curiosa pelos ensinamentos do Mestre Jesus, emaranhou-se nas dobras do tempo. Como a minha vibração procurava sintonizar com as vibrações vindas do Mestre, terminei ouvindo o que Ele dizia em Sua despedida da Terra, do alto de um monte, no lusco-fusco do crepúsculo, assistido por aqueles que, como eu, ansiavam por ouvir a Sua voz, mesmo que não fosse pelos ouvidos, mas que ecoassem nas câmaras do coração. Senti Sua auréola divina atingir os meus sentidos, meus joelhos dobraram em resignada submissão enquanto os olhos úmidos interpretavam o que a mente registrava...
Amados, é tempo de retornar à vida na proximidade com meu Pai, na intimidade do Seu Reino. Enviei meus discípulos mais próximos como ovelhas ao meio dos lobos, e recomendo a todos vocês, que agora me ouvem aqui e através dos séculos, que lhes sigais os passos no caminho escabroso. Depois deles, é a vós que confio a tarefa sublime da redenção pelas verdades do Evangelho. Eles serão os semeadores, vós sereis o fermento divino. Considero-vos os primeiros trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos. Para entrardes na posse desse tesouro celestial, muita vez experimentareis o martírio da cruz e o fel da ingratidão. Em conflito permanente com o mundo, estareis na Terra, fora de suas leis implacáveis e egoísticas, até que as bases do meu Reino de concórdia e justiça se estabeleçam no espírito das criaturas. Negai-vos a vós mesmos, como neguei a minha própria vontade na execução dos desígnios de Deus, e tomai a vossa cruz para seguir-me.
Séculos de luta vos esperam na estrada universal. É preciso imunizar o coração contra todos os enganos da vida transitória, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas estradas estarão repletas de fantasmas de aniquilamento e de visões de morte. O mundo inteiro se levantará contra vós, em obediência espantosa às forças tenebrosas do mal, que ainda dominam as fronteiras. Sereis escarnecidos e aparentemente desamparados; a dor vos assolará as esperanças mais caras; andareis esquecidos na Terra, em supremo abandono do coração. Não participareis do venenoso banquete das posses materiais, sofrereis a perseguição e o terror, tereis o coração coberto de cicatrizes e de ultrajes. A chaga é o vosso sinal; a coroa de espinhos o vosso símbolo; a cruz, o recurso ditoso da redenção. Vossa voz será a do deserto, provocando, muitas vezes, o escárnio e a negação da parte dos que dominam na carne perecível.
Porém, no desenrolar das batalhas, sem sangue, do coração, quando todos os horizontes estiverem abafados pelas sombras da crueldade, dar-vos-ei da minha paz, que representa a água viva. Na existência ou na morte do corpo, estareis unidos ao meu reino. O mundo vos cobrirá de golpes terríveis e destruidores, mas, de cada uma de vossas feridas, retirarei o trigo luminoso para os celeiros infinitos da graça, destinados ao sustento das mais ínfimas criaturas!... Até que o meu reino se estabeleça na Terra, não conhecereis o amor no mundo; eu, no entanto, encherei a vossa solidão com a minha assistência incessante. Gozarei em vós, como gozareis em mim, o júbilo celeste da execução fiel dos desígnios de Deus. Quando tombardes, sob as arremetidas dos homens ainda pobres e infelizes, eu vos levantarei no silêncio do caminho, com as minhas mãos dedicadas ao vosso bem. Sereis união onde houver separatividade, sacrifício onde existir o falso gozo, claridade onde campearem as trevas, porto amigo, edificado na rocha da fé viva, onde pairarem as sombras da desolação. Sereis meu refúgio nas igrejas mais estranhas da Terra, minha esperança entre as loucuras humanas, minha verdade onde se perturbe a ciência incompleta do mundo!...
Amados, eis que também vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e ásperos. Entretanto, nada temais! Sede fieis ao meu coração, como vos sou fiel, e o bom ânimo representará a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos de vencer o mal! Aperfeiçoemos a nossa escola milenária, para aí seja interpretada e posta em prática a lei de amor do nosso Pai, em obediência feliz à vossa vontade augusta!
Senti o peso da responsabilidade, da voz do Mestre através dos séculos, como se fosse hoje, como se o homem rude do campo fosse hoje, eu, o homem letrado da cidade. Senti o peso da cruz sobre meus ombros, o caminho estreito a seguir, a perversidade dos apupos, da hipocrisia... Senti a solidão do amanhã como se hoje fosse, mas a promessa do Mestre, a esperança e a ventura que brotavam dEle, me fez balbuciar...
- Sim, Mestre, eis-me aqui!