Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
25/10/2017 00h59
AMA-PM REFLEXÃO E ATA (13-09-17) – PREGAÇÕES

“E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas para que eu ali também pregue; porque para isso vim.” (Marcos, 1:38)

            Neste versículo de Marcos, Jesus declara ter vindo ao mundo para a pregação. Todavia, como a significação do conceito tem sido erroneamente interpretada, é razoável recordar que, com semelhante assertiva, o Mestre incluía no ato de pregar todos os gestos sacrificiais de sua vida.

            Geralmente, vemos na Terra a missão de ensinar muito desmoralizada. A ciência oficial dispõe de cátedras, a política possui tribunas, a religião fala de púlpitos.

            Contudo, os que ensinam, com exceções louváveis, quase sempre se caracterizam por dois modos diferentes de agir. Exibem certas atitudes quando pregam e adotam outras quando em atividade diária. Daí resulta a perturbação geral, porque os ouvintes se sentem à vontade para mudar a “roupa do caráter”.

            Toda dissertação moldada no bem é útil. Jesus veio ao mundo para isso, pregou a Verdade em todos os lugares, fez discursos de renovação, comentou a necessidade do amor para a solução de nossos problemas. Nos entanto, misturou palavras e testemunhos vivos, desde a primeira manifestação de seu apostolado sublime até a cruz.

            Por pregação, portanto, o Mestre entendia igualmente os sacrifícios da vida.

Enviando-nos divino ensinamento, nesse sentido, conta-nos o Evangelho que o Mestre vestia uma túnica sem costura na hora suprema do Calvário.

ATA DA REUNIÃO DA AMA-PM E PROJETO FOCO DE LUZ

No dia 13-09-17, as 19h, na casa de Paulo Henrique, foi realizada mais uma reunião da AMA-PM e Projeto Foco de Luz com a presença das seguintes pessoas: 01. Soraia (98711-3316); 02. Paulo; 03. Edinólia; 04. Leandro (99956-3030); 05. Francisco; 06. Ana Paula; 07. Nivaldo; 08. João Maria; 09. Mano; e 10. Netinha. Após os 30 minutos de conversa livre, foi lido o preâmbulo espiritual com o título “Semeadura”. Após a reflexão sobre o conteúdo do texto, foi lida a ata da reunião anterior que foi aprovada pelos presentes sem alterações. Francisco faz referência aos moradores da proximidade com o muro do hospital que ficaram de fazer um documento coletivo, mas não compareceram a reunião para fazer qualquer encaminhamento. Edinólia deixou agendado para a próxima terça feira às 10h no hospital Onofre Lopes, a prestação de contas do mês de setembro. Nivaldo coloca o desinteresse da direção da Escola nas atividades da Associação e que poderia ser autorizado alguma atividade pontual dos moradores dentro da escola, desde que solicitado com antecedência. Frente a essas dificuldades que surgem dentro de um trabalho associativo com base cristã, onde não se exige nenhuma forma de recompensa pelo trabalho realizado, político ou financeiro, foram feitas diversas reflexões pelos presentes. A partir da grande maioria dos moradores que não possuem mobilidade nem consciência suficiente para participar do trabalho associativo e esperam sempre a ajuda assistencialista. O pequeno grupo que faz parte da Associação sente que precisa compreender essa dificuldade dentro da comunidade e ser coerente com as lições do Cristo, se tornando uma tocha de Luz, onde o sacrifício do nosso corpo impregnado pelo Amor divino sirva para afastar as sombras e ser modelo para as pessoas de bom coração se aproximem e colaborem conosco, na seara que o Pai colocou à nossa disposição. Paulo ficou de ver a possibilidade de convidar 1 ou 2 jovens a cada reunião para verificar a possibilidade de nossa ajuda as suas dificuldades pessoais e familiares e possível engajamento nas atividades da Associação. As 20h30 a reunião foi encerrada, Nivaldo conduziu a oração do Pai Nosso e todos posamos para a foto oficial.    

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em 25/10/2017 às 00h59
 
24/10/2017 00h14
A TOCHA DO AMOR

            Quinto Varro, o nobre patrício romano, que tentava viver as lições do cristianismo, descobre que a sua esposa está lhe traindo com seu patrão, a quem tinha como amigo e dedicava toda estima. Fica desesperado com essa descoberta, principalmente por não saber o que fazer com o seu filho pequeno, por não possuir posses suficientes para a sua manutenção e educação. Procurou o aconselhamento de Corvino, um velho gaulês que fazia palestras nas catacumbas sobre o cristianismo e estava hospedado na casa de um amigo. As palavras experientes do gaulês, burilado nas dores do próprio sofrimento, são importantes instruções para nós que pretendemos também seguir as lições do Cristo.

            - Varro, aceitaste o Evangelho para que Jesus se transforme em teu servidor ou para que te convertas em servidor de Jesus?

            - Oh! Sem dúvida – suspirou o rapaz -, se alguma coisa aspiro no mundo é  ao ingresso nas fileiras dos escravos do Senhor.

            - Então meu filho, cogitemos dos desígnios do Cristo e olvidemos nossos desejos.

            E, fitando o céu pela janela humilde, deixando perceber que solicitava a inspiração do Alto, acrescentou:

            - Antes de tudo, não condenes tua mulher. Quem somos nós para sondar o coração do próximo? Poderíamos, acaso, torcer o sentimento de outra alma, usando a maldade e a violência? Quem de nós estará irrepreensível para castigar?

            - Todavia, como extinguir o mal, se não nos dispomos a combate-lo? – ajuizou Varro, gravemente.

            O ancião sorriu e considerou:

            - Acreditas, porém, que possamos vencê-lo à força de palavras bem feitas? Admites, porventura, que o Mestre haja descido das Alturas, simplesmente para falar? Jesus viveu as próprias lições, guerreando a sombra com a luz que irradiava de si mesmo, até o derradeiro sacrifício. Achamo-nos em um mundo envolvido em trevas e não possuímos outras tochas para clareá-lo, senão a nossa alma, que precisamos inflamar no verdadeiro amor. O Evangelho não é somente uma propaganda de ideias libertadoras. Acima de tudo, é a construção de um mundo novo pela edificação moral do novo homem. Até agora a civilização tem mantido a mulher, nossa mãe e nossa irmã, no nível de mercadoria vulgar. Durante milênios, dela fizemos nossa escrava, vendendo-a, explorando-a, apedrejando-a ou matando-a, sem que as leis nos considerem passíveis de julgamento. No entanto, não será ela igualmente um ser humano? Viverá indene de fraquezas iguais às nossas? Por que conferir-lhe tratamento inferior àquele que dispensamos aos cavalos, se dela recebemos a bênção da vida? Em todas as fases do apostolado divino, Jesus dignificou-a, santificando-lhe a missão sublime. Recordando-lhe o ensinamento, será lícito repetir – quem de nós, em sã consciência, pode atirar a primeira pedra.

            E, fixando significativamente o ouvinte, acentuou:

            - O cristianismo para redimir as criaturas, exige uma vanguarda de espíritos decididos a executar-lhe o plano de ação.

            - No entanto – ponderou o jovem romano, algo tímido -, poderemos negar que Cíntia esteja em erro?

            - Meu filho, quem ateia fogo ao campo da própria vida, decerto seguirá pelas chamas do incêndio. Compadece-te dos transviados! Não serão suficientemente infelizes por si mesmos?

            - E meu filho? – perguntou Varro com a voz embargada de pranto.

            - Compreendo-te a aflição.

            E vagueando o olhar lúcido pela sala estreita, Corvino pareceu mostrar um fragmento do próprio coração, acrescentando:

            - Em outro tempo, bebi no mesmo cálice. Afastar-me dos filhinhos foi para mim a visitação de terrível angústia. Peregrinei dilacerado, como folha relegada ao remoinho do vento, mas acabei percebendo que os filhos são de Deus, antes de pousarem suavemente em nossas mãos. Entendo-te o infortúnio. Morrer mil vezes, sob qualquer gênero de tortura, é padecimento menor que esse da separação de uma flor viva que desejaríamos reter ao tronco do nosso destino...

            - Entretanto – comentou o patrício amargurado -, não seria justo defender um inocente, reclamando para nós o direito de protege-lo e educa-lo?

            - Quem te ouviria, contudo, a voz, quando uma insignificante ordem imperial poderá sufocar-te os gritos? E além do mais – aduziu o ancião, afetuosamente -, se estamos interessados em servir ao Cristo, como impor a outrem o fel que a luta nos constrange a sorver? A esposa poderá não ter sido generosa para com o teu coração, mas provavelmente será abnegada mãe do pequenino. Não será, pois, mais aconselhável aguardar as determinações do Altíssimo, na graça do tempo?

            Detendo-se na dolorosa expressão fisionômica do pai desventurado, Corvino observou, depois de longa pausa:

            - Não te submetas ao frio do desengano, anulando os próprios recursos. a dor pode ser comparada a volumosa corrente de um rio, suscetível de conduzir-nos à felicidade na terra firme, ou de afogar-nos, quando não sabemos sobrenadar. Ouve-nos. O Evangelho não é apenas um trilho de acesso ao júbilo celestial, depois da morte. É uma luz para a nossa existência neste mundo mesmo, que devemos transformar em Reino de Deus. Não te recordas da visita de Nicodemos ao divino Mestre, quando o Senhor asseverou convincentemente: “importa renascer de novo”?

Ante o sinal afirmativo de Quinto Varro, o ancião continuou:

- Também sofri muito, quando, ainda jovem, me decidi ao trabalho da fé. Repudiado por todos, fui compelido a distanciar-me das Gálias, onde nasci, demorando-me por dez anos consecutivos em Alexandria, onde renovei meus conhecimentos. A igreja de lá permanece aberta às mais amplas considerações, em torno do destino e do ser. As ideias de Pitágoras são ali mantidas em um grande centro de estudos, com real proveito, e, depois de ouvir atenciosamente padres ilustres e adeptos mais esclarecidos, convenci-me de que renascemos muitas vezes na Terra. O corpo é passageira vestidura de nossa alma que nunca morre. O túmulo é ressurreição. Tornaremos à carne, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, até que tenhamos alijado todas as impurezas do íntimo, como o metal nobre que tolera o cadinho purificador, até que arroje para longe dele a escória que o desfigura.

Corvino fez ligeiro intervalo, como a dar oportunidade a reflexão do ouvinte, e prosseguiu:

- Jesus não falava simplesmente ao homem que passa, mas, acima de tudo, ao espírito imperecível. Em certo passo dos seus sublimes ensinamentos, adverte: “melhor entrares na vida aleijado que, tendo duas mãos, te aproveitares delas para a descida às regiões inferiores”. Refere-se o Cristo ao mundo, como escola onde procuramos nosso próprio burilamento. Cada qual de nós vem à Terra, com os problemas de que necessita. A provação é remédio salutar. A dificuldade é degrau na grande subida. Nossos antepassados, os druidas, ensinavam que nos achamos num mundo de viagens ou em um campo de reiteradas expe4riências, a fim de que possamos alcançar, mais tarde, os astros da luz divina para sermos um com Deus, nosso Pai. Criamos o sofrimento, desacatando as leis universais e suportamo-lo para regressar a harmoniosa comunhão com elas. A Justiça é perfeita. Ninguém chora sem necessidade. A pedra suporta a pressão do instrumento que a desgasta, a fim de brilhar soberana. A fera é conduzida à prisão para domesticar-se. O homem luta e padece para aprender a reaprender, aperfeiçoando-se cada vez mais. A Terra não é o único teatro da vida. Não disse o próprio Senhor – a quem pretendemos servir – que “existem muitas moradas na Casa de nosso Pai”? O trabalho é a escada luminosa para outras esferas, onde nos reencontraremos, como pássaros que, depois de se perderem uns dos outros, sob as rajadas do inverno, se reagrupam de novo ao Sol abençoado da primavera...

Passando a mão pelos cabelos brancos, o velho acentuou:

- Tenho a cabeça tocada pela neve do desencanto... Muitas vezes, a agonia me visitou a alma cheia de sonhos... Em torno dos meus pés, a terra fria me solicita o corpo alquebrado, mas dentro do meu coração a esperança é um sol que me abrasa, revelando em suas projeções resplendentes o glorioso caminho do futuro... Somos eternos, Varro! Amanhã, reunir-nos-emos, felizes, no lar da eternidade, sem o pranto da separação ou da morte...

Ouvindo aquelas palavras, repletas de convicção e de ternura, o moço patrício aquietou o espírito atormentado.

Importante esse diálogo, principalmente na imagem que somos a Tocha do Amor, o corpo é a estrutura material embebido na essência do Amor e que gera a luz ao nos consumirmos em benefício do próximo.

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em 24/10/2017 às 00h14
 
23/10/2017 00h59
IGNORÂNCIA E MISÉRIA

            O Pai colocou à minha frente o livro que estava parado na minha biblioteca, “Ave Cristo” e logo percebi que Ele queria que eu o lesse, certamente alguma instrução para os meus próximos futuros passos eu irei encontrar. Pois então, deparei-me com o trecho da descrição do personagem Quinto Varro, um jovem patrício romano, que dizia o seguinte:

            “Encantado com conceitos sábios, Varro confrontava-os com os ensinamentos de Jesus, que detinha de memória, refletindo sobre a facilidade da conversão da cultura romana aos princípios do cristianismo, desde que a boa vontade pudesse penetrar  o espírito dos seus compatriotas.

            Descendente de importante família cujas raízes remontavam à República, não obstante a grande pobreza de bens materiais em que se debatia, era apaixonado cultor dos ideais de liberdade que invadiam o mundo.

            Doíam-lhe na alma a ignorância e a miséria com que as classes privilegiadas mantinham a multidão e perdia-se em vastas cogitações para encontrar um ponto final aos milenares desequilíbrios da sociedade de sua pátria.

            Reconhecia-se incapaz de qualquer mensagem salvadora e eficiente ao poder administrativo. Não possuía ouro ou soldados com que pudesse impor as opiniões que lhe fervilhavam na cabeça, entretanto, não ignorava que um mundo novo se formava sobre as ruínas do velho.

            Milhares de homens e mulheres modificavam-se mentalmente sob a inspiração do espírito renovador. A autocracia do patriciado lutava, desesperadamente, contra a reforma religiosa, mas o pensamento do Cristo, como que pairava acima da Terra, conclamando as almas a descerrarem novo caminho ao progresso espiritual, ainda mesmo a custa de suor e sangue no sacrifício.”

            Esta descrição de uma forma de pensar há dois mil anos, continua ainda atual nos dias de hoje. Mesmo que tenhamos tido avanços sociais nesse período de tempo, continuamos com massas de ignorantes e miseráveis. Miseráveis de todos os níveis, aqueles que mendigam pela sobrevivência, mergulhados na mais negra ignorância, e aqueles afortunados, com riquezas incalculáveis, distribuídas por paraísos fiscais, longe do olhar da Justiça, laureados pelas honras acadêmicas, mas que permanecem ignorantes dos valores e consequências espirituais.

            Também me sinto incapaz de levar de forma pragmática uma mensagem corretora desses desvios comportamentais que fogem dos caminhos da divindade. Mesmo assim, continuo fazendo o que posso para seguir a vontade Deus conforme Ele coloca em minha consciência e afirma indicando textos como este.

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em 23/10/2017 às 00h59
 
21/10/2017 00h59
65 ANOS

            Este ano completo 65 anos nesta data. Posso considerar que entrei definitivamente na Terceira Idade. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é a fase da vida que começa aos 60 anos nos países em desenvolvimento e aos 65 anos nos países desenvolvidos.

            A Constituição Federal Brasileira menciona a Terceira Idade com início aos 65 anos, enquanto o Código Penal Brasileiro refere a idade de 70 anos. Ambos são incoerentes com o limite de 60 anos que consta na Política Nacional do Idoso.

           Mesmo que eu esteja inserido num país em desenvolvimento, considero a minha biologia e perspectiva de vida dentro de um país desenvolvido, e por esse motivo considero que agora é que entrei realmente na Terceira Idade.

            Os geriatras, sob o ponto de vista biológico, divide as idades em: primeira idade (0 -20 anos); segunda idade (21 – 49 anos); terceira idade (50 – 77 anos); e quarta idade (78 – 105 anos).

            Há ainda outra classificação que divide os idosos em 3 ramos: idoso jovem (66 – 74 anos); idoso velho (75 – 85); e manutenção pessoal (86 anos em diante).

            O envelhecimento ocorre em diferentes dimensões como posso testemunhar com a minha vida: biológica, pela queda de hormônios e consequente queda da vitalidade;  social, pelo engajamento em atividades acadêmicas e o reconhecimento em função disso;  psicológica, pela aceitação da perda de vitalidade biológica e o fortalecimento do foco espiritual; econômica, representado pelos empregos conquistados e as diversas opções de renda que surgem; jurídica, principalmente pelo estado civil, tendo casado com duas mulheres hoje estou divorciado e sem pretensão de voltar a casar; política, pela opção de conquistar o poder de forma eleitoral, onde percebi que a forma de fazer política atualo não é coerente com o meu pensamento e sentido ético, tendo feito eu me afasta da política partidária, entrar na política do Evangelho e agora ter me filiado mais uma vez a um partido político, mas agora com um objetivo mais perto do Divino.

            Hoje fiz uma reunião com todos meus cinco filhos e abordei com eles o sentido da vida, da progressão da idade e da consolidação dos motivos paradigmáticos e éticos que nos norteiam. Cada um também teve a oportunidade de se manifestar e dizerem o pensam e sentem nessa relação com um pai tão diferente dos demais, que não chegou a viver com nenhum deles por todo o tempo que eles necessitavam da sua presença, e ele sempre se envolvia com outras atividades deixando apenas as mães com o maior nível de responsabilidade. Notei que todos demonstraram uma réstia de sofrimento por essa condição, mas que todos também apresentaram algum nível de compreensão que evita a marca da mágoa ou ressentimento em seus caráteres.

            Combinei com todos a criação de um grupo no whatsapp denominado “Pais e Filhos” para que possamos manter nossa sintonia ao longo do tempo, sem que a distância ou outras ocupações atrapalhem a nossa harmonia e solidariedade mútua.  

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em 21/10/2017 às 00h59
 
20/10/2017 00h59
HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA

            Durante grande parte da história as doenças mentais não existiram, eram apenas loucura. Os enfermos eram temidos e perseguidos. O tratamento não se diferenciava da tortura e do assassinato. Imaginava-se que eles se comportavam de forma estranha porque estavam possuídos por espíritos malignos ou pelo próprio diabo. Dessa forma, se imagina que o doente era atacado por forças estranhas e externas.

            A trepanação foi a primeira tentativa de se retirar a influência externa que havia se interiorizado. As aberturas no crânio tinham essa finalidade, deixar escapar os valores nocivos presos dentro do cérebro.

            Os romanos cunharam o termo lunático, pessoa influenciada pela lua, aluada, excêntrico. Diz-se de quem tende a divagar ou vive no mundo da lua. Tem como exemplo diversos imperadores, principalmente Calígula que chegou a dar o título de senador ao seu cavalo e mandou matar a própria mãe.

            O tratamento cristão das pessoas edemoniadas, possuídas por espíritos malignos, mostra um paradoxo. Enquanto Jesus conseguia curar essas pessoas com a simples imposição das mãos, os seus seguidores na idade média colocava essas pessoas na fogueira, o espirito do fogo do inferno era combatido com igual veneno, o fogo das fogueiras que consumiam suas carnes.

            No século XVI foi adotado a sangria, pois acreditava-se que nos fluidos vitais dos indivíduos se abrigava as enfermidades. Foi um tratamento que se tornou popular entre os médicos, que podiam usar também as ventosas para formar bolhas que deveriam ser perfuradas em seguida.

            Também foi usada uma cadeira giratória que produzia a força centrífuga necessária para deslocar esses fluidos nocivos do centro do corpo para a periferia, para os membros, onde, supostamente, eles não poderiam causar tantos efeitos.

            No século XVII surgiram os manicômios, uma instituição que até hoje, apesar das críticas, continua existindo. São três as instituições que podem abrigar os doentes mentais: o primeiro, o manicômio, é o local onde ficam em grande número, colocados por determinação judicial, sem a autoridade médica para dar alta. Atualmente existem os Hospitais de Custódia para fazer esse serviço. A segunda instituição é o asilo, local que ficam os doentes mentais que não tem para onde ir, sem referência familiar e muitas vezes sem raciocínio para conduzir suas vidas. Atualmente existem as Residências Terapêuticas para cumprir essa função. E a terceira instituição é o Hospital Psiquiátrico, responsável para acolher a pessoa doente mental em crise, controlar a urgência e retornar a pessoa à comunidade ou a outra instituição após um prazo de até 30 dias. Infelizmente, por incapacidade do Estado suprir a comunidade com as instituições necessárias, o Hospital Psiquiátrico continua a abrigar pacientes com características asilares e manicomiais, independente da vontade dos seus funcionários, e por isso continua a ser, injustiçadamente, criticado por isso.

            Nesses manicômios, enormes, os doentes ficavam, sem outra alternativa, muitas vezes amarrados ou trancados em celas. Uma ação mais humanitária foi vista no final do século XVIII, no ano de 1795 com Philippe Pinel, na França, no Manicômio da Salpêtrière, onde ordenou que os loucos fossem retirados das correntes e das celas fortes.

            No século XIX, com a publicação em 1801 do livro “Tratado médico filosófico sobre a alienação mental ou mania”, tem início a Psiquiatria moderna. Pinel foi o primeiro a classificar as diferentes formas de psicose e sintomas como alucinações, ausências, delírios e outros. Aboliu tratamentos como cárceres, sangrias, surras e banhos frios, propondo o tratamento humanizado e amigável do paciente.

            Mas continuava a procura de uma forma de tratar os transtornos mentais. Franz Mesmer defendia que se podia canalizar a energia mental do paciente através dos olhos, deixando o paciente em transe. Foi criado o Mesmerismo, ou Magnetismo Animal.

            Jean Charcot deu maior credibilidade ao transe magnético criando a Hipnose que fazia desaparecer sintomas histéricos de conversão (paralisia, movimentos automáticos, cegueira, etc.). Explorava os pensamentos mais profundos do paciente e os sintomas desapareciam enquanto durava o transe. Como conclusão, os sintomas eram aparentemente neurológicos, mas a doença não era somática.

            Um dos alunos de Charcot, Sigmund Freud, percebeu que não era necessário a hipnose para atingir os problemas mais profundos do paciente. Desenvolveu um método de ouvir o paciente que ficava deitado num divã e suas respostas a estímulos desencadeados pelo terapêutica, em associação de ideias, e iria construindo uma verdade que estava registrada no inconsciente. Assim, concluiu que a gênese da doença estava no psiquismo e que tinha origem nos primeiros anos de vida. Desenvolveu os construtos de id, ego e superego, e também do consciente, subconsciente e inconsciente. Deu o nome de Psicanálise a esse trabalho pelo qual trazia à consciência do doente, o psíquico que há recalcado nele.

            Mesmo assim, a Psicanálise servia para quem tinha tempo e dinheiro para investir. As demais pessoas, a massa da população, não tinha acesso e continuava as tentativas de encontrar uma forma de controle dos seus sintomas. Continua a hidroterapia para levar conforto ou o similar a uma bofetada como forma de impactar o paciente.

            No século XX, 1917, descobriu-se que a introdução de vírus atenuados da malária, outra doença grave e fatal, era capaz de curar devido a febre elevada que gerava, os doentes de sífilis que atingiam o estágio terciário da doença, demenciavam e caminhavam para a morte. Foi a primeira vez que se conseguia um sucesso no campo da biologia. Isso fez os pesquisadores olhar para outras possibilidades, e verificou-se que paciente epilépticos que sofriam de convulsões não apresentavam a mesma estatística de psicoses que se observam nos pacientes que não sofriam convulsões. Então se procurou desenvolver convulsões nos pacientes psicóticos com substâncias como Insulina e Cardiazol. Foi atingido o sucesso na cura desses pacientes graves, principalmente os depressivos, mas a letalidade do procedimento era alta. Na procura de deixar o método mais seguro se chegou à Eletroconvulsoterapia (ECT) que trouxe maior sucesso, mas também maior número de abusos. Era usado em alguns serviços como método de castigo e da orientação terapêutica de ser aplicada um número ideal de 12 sessões, chegava-se a um número exorbitante de 300 sessões, com graves prejuízos ao cérebro do paciente. Também em países como a Rússia comunista foi usada como método de tortura em presos políticos, o que causou punições nos médicos que faziam o procedimento.

            Outros estudos continuavam sendo feitos, como aqueles de Franz Gall que mapeou o crânio no estudo das protuberâncias para diagnosticar diversas doenças ou tendências mentais. Não era ainda o correto mas se estava trilhando o caminho certo. Um acidente com um funcionário de ferrovia, que trabalhava instalando trilhos com o uso de dinamite, teve um acidente e o bastão de aço atravessou o seu crânio destruído a área frontal do cérebro. Após sua recuperação descobriu-se que ele havia mudado a personalidade e comportamento. Então foi imaginado que o mesmo poderia ser feito com pacientes mentais para melhorar o seu comportamento. Egas Moniz desenvolveu a técnica da Lobotomia que teve bastante sucesso e por ser econômica frente a internação do paciente em hospitais, foi usada em larga escala e o seu autor foi laureado com o prêmio Nobel de Medicina.

            Felizmente, chegamos à época dos psicofármacos com o uso da Clorpromazina em 1952, que promoveu, sem decretos oficiais, uma verdadeira desocupação dos hospitais. Foi seguida por outras substâncias que colocaram definitivamente a psiquiatria dentro do contexto médico, com o estudo das neurociências, principalmente da neuroquímica.

            Atualmente, apesar dos avanços da psicofarmacologia e das técnicas de psicoterapias, ainda nos debatemos com a insuficiência dos serviços e de uma resposta definitiva sobre o mecanismo de ação que gera a doença mental.

            Uma perspectiva promissora no futuro é a associação do mundo material com o mundo espiritual e a aplicação pratica do Evangelho ou qualquer outro livro sagrado que oriente para as ações do amor, na terapia individual, familiar ou grupal dos pacientes.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 20/10/2017 às 00h59
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