Sióstio de Lapa
Pensamentos e Sentimentos
Meu Diário
19/11/2013 01h01
CRÍTICA AMIGA

            Encontrei meu amigo de infância após tantos anos. O tempo serviu, além do encanecer dos nossos cabelos, para fortalecer nossa amizade. Saímos juntos para visitar outros amigos e assim ampliarmos o leque das amizades. As conversas desenvolvidas em várias ocasiões sempre giravam em torno do nosso comportamento no passado e a compreensão do que estava acontecendo no momento atual e suas repercussões no futuro. Como não poderia deixar de ser entre amigos de tão forte profundidade, as críticas surgiram como irmãs siamesas dos comentários reforçadores da amizade. Não é que a crítica também não seja reforçadora da amizade, mas que é um instrumento importante, necessário e perigoso, tanto para quem faz quanto para quem recebe. É a crítica feita pelo amigo que vai em direção ao nosso ego e diz com outro olhar o que pode ser percebido pela sociedade e que não nos damos conta, porque a nossa autocrítica não alcançou aquela compreensão. É essa informação crítica que pode ser feita de forma pejorativa, corretiva ou condenatória; também pode ser feita de forma compreensiva, interrogativa ou educativa. Pode ser recebida de forma policialesca, repressiva ou chantagista; também pode ser recebida de forma carinhosa, reflexiva ou reformuladora. Todos esses elementos podem estar presentes na mensagem crítica e a amizade tem o papel de escolher os elementos mais positivos, tanto do lado emissor quanto do receptor, no momento apropriado, no local adequado. É uma arte conduzida essencialmente pelo coração e aproveitada totalmente pela razão.

            Assim, o encontro com meu amigo trouxe a oportunidade de ouro de ouvir suas críticas as quais procurarei colocar aqui aquelas mais importantes e que calaram mais fundo na minha compreensão de vida e do meu agir cotidiano.

            Primeiro, foi com o meu toque espiritual nas coisas da vida. Ele ficou surpreendido com minha forte espiritualidade, já que nós nunca tínhamos desenvolvido tanto interesse assim no passado. Ele via um conteúdo tão forte que até justificava a formação de uma igreja, de uma nova religião, mesmo porque esse conteúdo espiritual ele não via aplicação dentro de nenhuma das igrejas conhecidas. Ressaltou o quanto esse pensamento espiritual associado a uma divindade, Deus, se afastava do pensamento dele, pois como eu ele procurou esse Deus em vários templos, seitas e religiões e nunca encontrou. Hoje está situado de forma mais confortável na posição de ateu. Eu, de completo servo de Deus. Seus argumentos impactaram com os meus, seus paradigmas mostraram a divergência dos meus. A amizade no centro era a mediadora. Eu procurava compreender o pensamento dele, porque nós, usando a mesma razão, terminamos em caminhos tão díspares. Ele dizia que tinha a impressão que um ET tinha chegado perto de mim e com um raio fez mudanças tão fortes na minha cabeça que justificariam um comportamento tão diferente do dele e da comunidade, da cultura em geral.

            Bem que no aspecto de crer em Deus, eu estou ao lado da maioria. Ele é quem está ao lado da minoria que não acredita em Deus. Mas descobri com isso algo importante, até mesmo com relação a missão que Deus me deu de divulgar e exemplificar o Seu Reino. O poder de argumentação. Procurei na minha mente um argumento poderoso, racional e definitivo que mostrasse ao meu amigo da existência de Deus e não encontrei nada com essas características. Eu não iria discutir com ele colocando chavões da presença de Deus em nossas vidas sem uma base racional em que me apoiar, para não parecer que o meu único recurso era a fé. Isso não iria fazer nenhum efeito, pois a fé que ele tem é outra, a de que Deus não existe. Os argumentos racionais que a minha consciência aceita, a consciência dele rejeita. Procurei ainda ir um pouco nessa direção, procurei saber se ele entendia alguma coisa sendo criada sem uma causa. Ele percebeu logo que eu me referia ao universo, a tudo, a nós inclusive e trouxe à tona a raiz dos seus pensamentos: o caos. Tudo se formou a partir do caos que o tempo trouxe à organização que vemos hoje e que ainda pode ainda evoluir, mas que um dia tudo se deteriora e regride novamente ao caos, para dai tudo começar outra vez numa eterna ida e vinda de caos e organização. A inteligência superior que eu aceito como organizadora da existência, ele coloca como advinda do vazio do nada, da desorganização do caos. Eu posso provar que ele está errado e eu certo? Não tenho recursos científicos para provar essa tese. O meu único recurso é o racional, pesar as duas hipóteses na balança da coerência e verificar com a consciência qual pode ser a mais inteligente. Mas isso leva tempo e também uma posição desarmada. Nós temos que sentar um ao lado do outro, descartar nossas certezas, e avaliar com a razão ponto por ponto cada argumento que sustenta nossa fé. Nesse trabalho nosso único compromisso é com a coerência dos fatos e argumentos. Felizmente ele pretende vir morar em Natal, talvez no mesmo condomínio que eu também venha a morar. Teremos o tempo para iniciar esse trabalho tão belo e profundo que a amizade nos proporciona.

            O outro aspecto das críticas levantadas nessa visita me coloca agora no lado oposto da maioria. A questão de querer aplicar em todos os meus relacionamentos a lei do Amor Incondicional, principalmente com as mulheres. Trocar a exclusividade do amor romântico, que leva à família nuclear, base da sociedade atual, pela inclusividade do Amor Incondicional que leva a Família Universal, base do Reino de Deus. Parece até que eu me encontro isolado com esse pensamento e ações. Ele diz que eu nunca irei conseguir esse intento, e suas palavras fazem eco ao meu redor. Todos concordam com Ele. Acontece que o Deus que ele não acredita, e todos ao meu redor acredita, diz que eu posso ser o exemplo e portador dessa mensagem, uma espécie de continuador do Cristo, e que ninguém ao meu redor acredita. Então fico crucificado nesse paradoxo: o Deus que todos acreditam me dá uma missão baseada na Sua principal Lei do Amor, e que todos também aceitam o Amor como essência do Deus, mas ninguém aceita que possa ser aplicado nos relacionamentos e que ela consiga alterar nossa natureza animal que está sintonizada com o egoísmo. Essa é justamente a missão que o Deus que todos acreditam me dá: executar uma missão que ninguém acredita, mesmo que seja baseada em Sua Lei.   

            A outra crítica que ele levantou e que concordei de imediato foi com respeito a deixar estes textos que produzo neste espaço literário livres para a cópia dos interessados. A minha preocupação de reservar os direitos do que escrevo deveria ceder espaço para aqueles leitores como ele que tem interesse na leitura, mas que não tem o tempo necessário de ver tudo na tela como agora está colocado. Então, hoje mesmo, a partir deste texto, toda a minha produção no Recanto das Letras está livre para cópias. Espero que assim surja a maior oportunidade de críticas que contribuam para reorientar o meu pensamento e o tirar do erro ou da falsa interpretação de argumentos.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 19/11/2013 às 01h01
 
18/11/2013 01h01
QUE FALTA FAZ...

            A Família Universal proposta e ensinada por Jesus como base do Reino de Deus... Que falta faz!

            Não pude deixar de pensar assim quando terminei de ler um artigo postado na Coluna “Cena Urbana” de “O Jornal de Hoje, 13-11-13. Mostrava o caso da atriz Norma Bengell que ficou famosa com uma cena onde corria nua numa praia deserta, no filme “Os Cafajestes”. Foi considerada a mais bela e ousada cena do cinema brasileiro em 1962, sob os protestos da TFP (movimento social Tradição, Família e Prosperidade) nas ruas do Rio de Janeiro.

            “Sua vida de 78 anos, entre luzes e sombras, acabou nas trevas da velhice, doente e pobre. Prisioneira de uma cadeira de rodas num apartamento de Copacabana, vendendo seus objetos de algum valor para comprar remédio e comida. As últimas fotos mostram um rosto dilacerado pela dor da pobreza. O câncer de pulmão foi fatal, mas doía menos do que a vergonha de pedir aos amigos que pagassem seu plano de saúde, o mais duro papel que a triste pobreza fez representar.”

               Esse trecho poético e melancólico do colunista foi o que fez saltar da minha mente o título deste diário. Na condição de extremado defensor da Família Universal e da construção do Reino de Deus, logo pensei que se já estivesse estabelecido entre nós, não teríamos casos como esse.

            Lembrei também de uma crônica sobre Jesus e uma cortesã (puta, na linguagem chula dos dias atuais). Ela O viu pela primeira vez e ficou encantada. Logo foi despertado o amor romântico nas suas veias e fez o convite ao jovem rabi da Galiléia para que fosse até sua mansão, onde existiam perfumes deliciosos, caros óleos para massagens e carinhos para o seu corpo, pois uma forte chama de amor assim a atraia. O Mestre delicadamente rejeitou o convite, dizendo que não podia naquele momento, mas que não faltaria oportunidade no futuro. Ela foi embora frustrada e revoltada, pois nenhum homem havia rejeitado tal convite saído dos seus lábios sedutores.  Passaram cerca de dois anos, e o Mestre teve oportunidade de passar por aquela mesma localidade na missão de curar os enfermos e ensinar sobre o Reino de Deus. Foi informado que havia uma mulher acamada a necessitar de Seus préstimos e ao chegar na pocilga em que ela vivia, reconheceu naquela pústula de carne corcomida pela lepra, a cortesã do passado. Ela também O reconheceu e envergonhada perguntou porque agora Ele a procurou. Ele a toma nos braços e simplesmente responde com as palavras dela do passado: porque a forte chama do amor assim a te me atrai.

            Norma também no passado despertou o amor romântico em toda uma geração, no colunista e até mesmo em mim, mesmo que nunca a tenhamos visto pessoalmente, mas pelo seu trabalho neste filme em especial. Agora que se encontrava em situação difícil, nenhum desses amantes virtuais ou reais chegaram perto dela para devolver o amor que um dia ela despertou. Não estamos ainda preparados para o Reino de Deus como Jesus ensinou!

 

Publicado por Sióstio de Lapa
em 18/11/2013 às 01h01
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
17/11/2013 01h01
ESSÊNCIA DA AMIZADE

            A amizade é mais que afinidade e envolve mais que afeição. As exigências da amizade – franqueza, sinceridade, aceitar com a mesma seriedade as críticas e os elogios do amigo, lealdade incondicional e auxílio a ponto do sacrifício – são estímulos poderosos para o amadurecimento moral e o enobrecimento.

            A amizade genuína requer tempo, esforço e trabalho para ser mantida. A amizade é algo profundo. De fato é uma forma de amor. É a base, a sustentação do Amor Incondicional.

            A energia do Amor tende a se ramificar dentro de nossas sensações e sentimentos biológicos, influenciada pela raiz instintiva dos nossos corpos. É assim que surge o amor romântico, de forte apelo instintivo sexual, que ver o outro como um objeto de posse, de exclusividade afetiva, principalmente na relação íntima. Isso favorece a formação da família nuclear com todos os requisitos de ciúme e exclusivismo próprios do egoísmo. Essa relação assim constituída com tão forte exigência, parece deixar ambos os parceiros emparedados dentro do contexto social, onde o afeto não pode ser aprofundado ao nível da intimidade sexual por mais ninguém. Acontece que a força instintiva própria do mecanismo de sobrevivência embutida nos corpos, não se torna anulada pela presença do amor romântico. Quanto esse perde a sua força da paixão, que é o momento em que o indivíduo não tem interesse sexual por ninguém além da eleita, a consciência passa a sofrer influencias afetivas dos instintos por outras pessoas em busca de um sucesso reprodutivo que é característico da espécie. Com o tempo, existe a pressão cada vez mais forte que tende a romper o compromisso de exclusividade que foi a base do agrupamento familiar. Quando acontece essa quebra de compromisso, o choque é de forte intensidade emocional e o amor romântico rompido na sua base exclusivista, tende a se transformar na sua antítese: o ódio! É nesse momento que, se o Amor Incondicional não deixou de existir nas relações do casal, surge a amizade como elemento conciliador e reparador dos caminhos a seguir: o perdão pelo rompimento do contrato ou a compreensão da formação de novos relacionamentos sem a transmutação do amor. As pessoas que antes eram amantes do ponto de vista do amor romântico, agora se tornam amigos do ponto de vista do Amor Incondicional. A amizade segura a turbulência afetiva dentro dos interesses afetivos/instintivos de cada um e não deixa o sentimento positivo do Amor deteriorar para o lado negativo do ódio.

            Este é um dos exemplos mais fortes onde a amizade, derivativo mais importante do Amor Incondicional, mostra a sua importância em nossas vidas, ao segurar com maestria a positividade dos sentimentos.

            Existem outros exemplos que são comuns em minha vida, desde que assumi a prioridade do amor Incondicional em meus relacionamentos. Cada pessoa que se aproxima de mim é um amigo em potencial, por mais grave que seja sua situação, pois é considerado o meu próximo ao qual devo amar como a mim mesmo. Mas existem aquelas pessoas que o tempo consagra como amigos em profundidade, que se confunde com a minha própria vida, que seus interesses estão intimamente ligados aos meus. Não é um irmão biológico que a vida nos oferece através da genética e que são alguns; não é um irmão espiritual que Deus nos oferece através das oportunidades e que são todos. É um irmão que a amizade reforçada pelo tempo, coloca acima de qualquer um dos outros irmãos.

            Assim é o meu amigo que mora hoje em São Paulo e que o tempo o traz mais uma vez para perto de minha convivência, morar na mesma cidade, no mesmo bairro, talvez no mesmo condomínio. Essa amizade vem do tempo da infância, ultrapassamos as peripécias próprias da idade e seguimos os caminhos divergentes de nossas vidas com ela sempre presente e reforçada cada vez nos encontros ocasionais, de estudos, trabalho ou passeio que tínhamos oportunidade de fazer e que nos aproximava. Agora tenho a oportunidade de encontrá-lo mais uma vez e sinto a força da amizade mostrar sua pujança. Sentimos a alegria recíproca do reencontro como duas almas que se encaixam num momento mágico. Eu vejo assim, na prática, uma das realizações mais nobres do Amor Incondicional: a amizade incondicional!        

Publicado por Sióstio de Lapa
em 17/11/2013 às 01h01
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
16/11/2013 01h01
UM TOQUE DE HUMOR

            A mão de Deus orienta minha consciência mais uma vez para que eu consiga melhorar minha competência no sentido de fazer a vontade dEle. Ele sabe que uma dificuldade que apresento é o meu ar sisudo na minha forma de relacionamento, seja formal ou informal. Sempre admirei a capacidade de quem coloca o humor em suas palestras, aulas, apresentações. Sempre achei que o riso é um ótimo fator de interação da platéia com o apresentador, e por conseguinte, simpatia pelo conteúdo que é apresentado.

            Dessa forma, Deus veio em meu socorro e me fez parar anteontem num sebo, “Cata livros”, por volta das 21 horas, quando eu já estava indo para casa. Tinha apenas a curiosidade de ver o que havia de interessante. Não tinha nenhuma intenção objetiva de procurar algo que fortalecesse minha competência como um dos artífices da construção do Reino de Deus. Foi assim que passei a vista pelo livro “Um toque de humor”, escrito em 1990 por Malcolm Kushner (The light touch), EUA, e publicado no Brasil em 1998 pela Editora Record.  Resolvi levá-lo apesar do sub-título. “Como agir de forma espirituosa para obter sucesso nos negócios”. Sabia que a aplicação do livro era para melhorar a performance nos negócios materiais, nos quais não tenho prioridade, mas a palavra “espirituosa” que evoca espiritualidade me cativou e resolvi levá-lo.

            Agora, ao ler o capítulo inicial, percebo a “mão de Deus” sobre o meu aprendizado e onde Ele quer chegar: no mesmo lugar que eu quero, ser mais competente na construção do Seu Reino, e que passa pela exposição do que isso seja, do que é esse Reino de Deus. Assim, o humor como eu desejo, pode ser importante para atrair a atenção, criar entendimento, e aumentar a retenção da mensagem. Pode também aliviar tensões, melhorar relacionamentos e motivar as pessoas, se usado corretamente.

            Eu sei que para o cumprimento da minha missão eu não receberei nenhum dom de forma miraculosa, não serei competente em nenhuma forma de relacionamento por um presente divino. Eu tenho que me esforçar no aprendizado do que quer que seja útil para mim. Deus faz apenas chegar perto de mim o material necessário para que eu conserte minhas deficiências. É isso que chegou à minha consciência, que sinto que devo estudar com bastante atenção tudo que o autor tem que ensinar. Vou absorver logo de início a sua opinião de que o humor é um traço adquirido. É uma habilidade que se aprende, se desenvolve e se aperfeiçoa; que ter senso de humor significa olhar para as coisas de um ângulo original; significa perceber relações que outras pessoas não notam; significa exercer flexibilidade na própria maneira de pensar.

            Tudo isso se aplica aonde quero chegar, pois a construção do Reino de Deus implica na mudança de paradigmas profundamente enraizados e em nova forma de relacionamento inclusivista, fraterno e universal, mesmo que seja respeitado todo o vigor emocional das paixões românticas. A sensação de perda pode ser muito grande no primeiro impacto e o tempero do humor nessas explicações que se tornam necessárias, aliviará o choque e facilitará a compreensão.  

Publicado por Sióstio de Lapa
em 16/11/2013 às 01h01
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
 
15/11/2013 01h01
O SONHO DO BARCO

            Estava fazendo a leitura diária quando me lembrei do sonho do barco. Então decidi que iria somente terminar de ler o trecho da Bíblia que eu havia começado, para fazer o relato do sonho, antes que esquecesse. Interessante que no trecho final da leitura da Bíblia dizia o seguinte: “porque os sonhos que os tinham agitado tinham-nos informado antecipadamente, para que eles não perecessem sem conhecer a causa de sua desgraça.” (Sabedoria 18:19). Esse foi mais um reforço para fazer a descrição desse sonho e a sua interpretação.

“Alguns parentes ou amigos tinham roubado de marginais (mafiosos) muitas pedras preciosas. Conseguiram um barco e junto com outros parentes meus e amigos, inclusive mulheres, se fizeram ao mar. Só consegui identificar com clareza somente o meu irmão gordo. As outras pessoas, mesmo não sendo diretamente identificadas, eu sinto que eram os meus irmãos que seguiam conosco.

“Resolvemos entrar no mar aberto e ir para distante, pois sabíamos que os marginais estavam à nossa procura que qualquer dia nos encontrariam. Saindo no barco para curtir a vida em outros locais distantes, eles dificilmente nos encontrariam.

“Depois de muito navegar percebi que estávamos numa espécie de praia, nas proximidades de um rio e que deixava espaço para banhistas e local para ficarmos na areia. Perguntei ao meu irmão que estava com o mapa na mão e ele disse que estávamos em algum local da França. Percebi que o barco estava sendo arrastado para a areia por um adolescente local, que talvez quisesse alguma gorjeta por seus serviços. Rejeitei a oferta e seguimos caminho por uma espécie de rio. Nesse ponto nós íamos a pé, não sei com quem, e o barco tinha ficado na água com algumas outras pessoas. Só que nós estávamos subindo e não percebemos que o barco não podia nos acompanhar, e quando verificamos onde estava o barco não o encontramos. Voltamos preocupados tentando o achar e depois de algumas peripécias, o encontramos numa espécie de delegacia local com o adolescente de antes acusando para o delegado, uma figura estranha, magra e com um estômago proeminente, como se tivesse feito redução e precisasse agora de uma plástica corretiva. Vi que ele acusava meu irmão de estar embriagado e eu disse que não era verdade, eu o tinha visto apenas com o mapa nas mãos. Fomos a procura dele que se encontrava na areia ao lado do barco, com uma latinha de cerveja nas mãos e aparência de embriagado. Vi que o delegado agora tinha autoridade de registrar nossas digitais e nossos rostos, numa espécie de Xerox onde o rosto ficava colado no aparelho e o perfil da pessoa era reproduzido. Tentei fazer algo para que o delegado não divulgasse essas imagens, pois temia que os marginais que deviam estar nos procurando conseguisse nos encontrar. Insinuei algo com referência a minha profissão e a necessidade que ele tinha de uma cirurgia, mas aparentemente não surtiu efeito.”

Não lembro mais do desenrolar, talvez tenha acordado... Mas já dá para se fazer uma boa interpretação. Tudo se encaixa nos textos anteriores que publiquei neste diário e que dizia respeito a não acompanhar os pecadores, os ímpios. A alegoria do barco é muito clara, eu havia embarcado num barco adquirido com o fruto de roubo e agora estava fugindo das prováveis conseqüências. Quer dizer que, se eu assumo participar da vida dos pecadores e do usufruto do seu trabalho, vou ficar também exposto as mesmas penas que cabem a esses. Mesmo que dentro do barco o meu comportamento seja exemplar, eu estou seguindo numa direção que é contrária a minha. Essa interpretação se afirma quando eu passo a caminhar na areia em direção ao alto e o barco não pode nos acompanhar. No entanto aqueles que estão dentro do barco podem fazer. Somente ia uma pessoa comigo, as outras estavam dentro do barco que se perdeu e foi parar na delegacia (juízo final).

Assim o Pai permite que eu seja esclarecido com mais profundidade sobre as minhas intenções de ficar perto dos pecadores no sentido de preparar o terreno para que a semente do Amor Incondicional possa germinar. O que eu devo fazer é caminhar a pé ao lado do barco, ensinando aqueles que queiram aprender. Posso até entrar no barco em algumas ocasiões para tentar sensibilizar alguém para sair e caminhar em outras trilhas, mas não permanecer dentro dele e fazer parte de sua tripulação. Tudo isso tem aplicação prática, pois nas reuniões que eu participo, profissionais, espirituais e principalmente familiares, ficar dentro do barco significa ficar dentro da roda de brincadeiras irônicas, lascivas, mas não pertencer a elas.    

Mais uma vez Deus permite a minha educação no campo espiritual, com o sonho que enviou para mim e com a advertência precisa da Bíblia, para que eu não pereça (deixe de cumprir minha missão e seja incluído no rol dos ímpios) sem saber a causa dessa desgraça.

Publicado por Sióstio de Lapa
em 15/11/2013 às 01h01
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Página 804 de 940