Ainda tentando atualizar a leitura diária, vi no livro “Pérolas de Sabedoria”, da fé Bahá’í, que o dia 20 de outubro, dia que eu nasci, era também o dia do nascimento do Báb. Fui na internet em busca em busca de conhecer quem era e encontrei uma página (http://www.bahai.org.br/religiao/Bab.htm) que transcrevo na íntegra.
A palavra Báb em árabe significa Porta.
O Báb foi a porta para um novo Reino - o Reino de Deus na Terra.
O Báb era ainda bem jovem quando revelou aos outros a Mensagem que Deus lhe dera. Tinha apenas 25 anos de idade. Uma bela cidade no sul do Irã, chamada Shiraz, foi o lugar de Seu nascimento.
As pessoas no Irã eram muçulmanas, e por isso ele recebeu um nome muito comum naquele país - Ali Muhammad. O Báb descendia do próprio Maomé.
O pai do Báb faleceu logo após seu nascimento. Um tio, o irmão de Sua mãe, criou-o. Quando criança foi enviado para um mestre, que lhe ensinou o Alcorão e as matérias elementares. Porém, desde a infância o Báb foi diferente das outras crianças.
Estava sempre fazendo perguntas difíceis de serem respondidas, dando Ele mesmo as respostas, o que deixava boquiabertas as pessoas mais velhas. Freqüentemente, enquanto as outras crianças brincavam ele se dedicava às orações, sentado à sombra de uma árvore ou em outro lugar silencioso.
Mais tarde, quando o Báb revelou Sua realidade como um Manifestante de Deus, tanto Seu tio como Seu mestre n’Ele acreditaram porque tinham-no conhecido desde a infância e visto a diferença entre Ele e as outras crianças. Seu tio até faleceu como um mártir da Causa de Deus revelada através de seu sobrinho, o Báb.
Antes do Báb declarar Sua Missão como um Mensageiro de Deus, existiram dois famosos mestres os quais disseram que, conforme previsto no Alcorão e nas tradições sagradas, o Prometido do Islã logo iria aparecer. Esses dois mestres foram Shaikh Ahmad e seu principal discípulo Siyyid Kasim. Em virtude de terem sido eles dois homens santos e muito instruídos, muitas pessoas acreditaram no que disseram e se prepararam para receber o Prometido.
Quando Siyyid Kasim faleceu, seus discípulos espalharam-se por diferentes lugares em busca do Prometido. Alguns deles, dirigidos por um jovem piedoso e muito culto, chamado Mullá Husayn, ficaram meditando, orando e jejuando durante quarenta dias, e então partiram para Shiraz.
Suas preces foram atendidas. Próximo ao portão de entrada de Shiraz. Mullá Husayn encontrou um jovem radiante de alegria que tinha vindo recebê-lo. Esse jovem não era outro senão o próprio Báb.
Convidou Mullá Husayn para ir à sua casa e lá, em de 23 de maio de 1844, o Báb declarou ser o Prometido.
Mullá Husayn sentira seu coração atraído para o Báb desde o primeiro minuto em que seus olhos O viram à entrada da cidade. Mas agora, quando Seu hospedeiro fizera tão grande revelação, Mullá Husayn pediu-lhe alguma prova pela qual pudesse conhecê-lo como sendo mesmo o Prometido.
O Báb disse que nenhuma prova seria superior aos versos divinos revelados por um Manifestante de Deus. E então, tomando de Sua pena e papel, escreveu Seu primeiro texto sagrado. Embora não tivesse freqüentado escola, exceto por um breve período na infância, o Báb, como todos os outros Manifestantes de Deus, estava dotado de um profundo conhecimento inédito, que era uma dádiva do Criador.
Escreveu com grande velocidade e enquanto escrevia cantava os versos com voz suave e celestial. Mullá Husayn não desejou mais nenhuma prova. Com lágrimas nos olhos, prostrou-se aos pés do Manifestante de Deus.
Mullá Husayn foi o primeiro discípulo do Báb, que lhe deu o título de Bábu’l-Báb, que significa a porta da Porta. Aquela noite marcou o início de uma nova era.
O calendário bahá’í começa naquele ano, 1844.
Não demorou para que outras pessoas também acreditassem no Báb. Alguns encontraram-no pessoalmente, outros leram Seus escritos sagrados, enquanto ainda outros, reconheceram-no através de sonhos e visões que tiveram sobre Ele.
O Manifestante de Deus é como o sol. Quando o sol se levanta todo o mundo o enxerga, menos aqueles que estão profundamente adormecidos. Mesmo os que dormem, mais cedo ou mais tarde, vêm a saber que o sol está brilhando.
A Mensagem do Báb foi dada primeiramente ao povo do Irã. Mas os mulçumanos de outros países não sabiam que o Seu Prometido já viera. Portanto, quando milhares de mulçumanos, de todos os países, se reuniram em Meca em peregrinação, o Báb viajou para esse lugar sagrado do Islã, a fim de dizer a todos que o objeto de sua adoração já se encontrava entre eles, que Ele, o Báb, era o Prometido.
Ninguém lhe deu ouvidos, mas o Báb completou Sua declaração, fazendo-a publicamente naquele centro de Fé muçulmana.
Quando retornava à Sua cidade natal, encontrou um grupo de soldados que vinha prendê-lo, pois os fanáticos mullás (padres muçulmanos) não queriam que Sua Fé se espalhasse. Esses mullás fizeram de tudo para extinguir a luz de Deus que ardia no coração do Báb.
Daquele dia em diante o Báb passou por incontáveis dificuldades: Sua vida, após a Declaração, curta, mas brilhante, foi vivida em sua maior parte nas prisões. O Báb esteve encarcerado em terríveis prisões, construídas nas montanhas onde fazia frio e em cuja região viviam poucas pessoas. Mas as correntes ou as prisões não puderam impedir que o Chamado de Deus se espalhasse.
Enquanto o Báb encontrava-se preso, Seus fiéis seguidores levaram Sua mensagem para todos os cantos do país e durante um curto período de tempo milhares de pessoas deram suas vidas por Sua Sagrada Causa.
O Báb era ainda jovem, com apenas 31 anos de idade, quando decidiram matá-lo.
Ele sabia que seria martirizado no caminho de Deus. Mas sentia-se feliz em sacrificar Sua vida para que se voltassem para Deus e buscassem seu reino de eternidade.
O dia do martírio do Báb foi 9 de julho de 1850.
Na manhã daquele dia, o guarda encarregado de levá-lo para ser executado foi falar com Ele na prisão. O Báb estava conversando com um de Seus discípulos, que escrevia Suas últimas instruções. O guarda lhe disse que chegara a hora e que os soldados estavam prontos, na praça central da cidade, aguardando ordens para a execução.
O Báb lhe disse que tinha de concluir Sua conversa com Seu discípulo antes de ser fuzilado. O guarda riu e disse que um prisioneiro não podia fazer o que bem entendesse. Disse-lhe o Báb que poder nenhum na Terra podia impedir que Ele terminasse Sua missão neste mundo e que iria terminar o que tinha de dizer ao Seu discípulo.
O guarda levou-O para a praça de execução. No caminho, um de seus discípulos, de nome Muhammad Alí Zunuzi, avançou da multidão jogando-se aos pés de seu amado mestre, implorando para ser executado com Ele. O guarda tentou afastá-lo, mas Muhammad Alí Zunuzi tanto implorou que lhe foi permitido morrer em companhia do Báb.
Na praça onde os soldados estavam esperando para desfecharem a carga fatal, uma grande multidão se reunira para assistir ao fuzilamento do Báb. Todos olhavam enquanto o Báb e Seu discípulo eram amarrados de tal maneira que a cabeça do discípulo repousava no peito do Bem-Amado.
Chegou o grande momento. Os tambores ecoaram, soaram os clarins, e quando estes sons diminuíram ouviu-se a voz do comando dizer "Fogo!"
Centenas de soldados puxaram os gatilhos. Espessa nuvem de fumaça cobriu toda a praça. O cheiro de pólvora era bem forte no ar. Assim que a fumaça foi desaparecendo, uma grande surpresa tomou contas de todos.
Não havia sequer um traço do Báb. E seu discípulo estava de pé, desamarrado e ileso. Ninguém sabia o que pensar. Muitos disseram ter ocorrido um milagre e que o Báb desaparecera para o céu, o pelotão de fuzilamento jamais presenciara coisa igual. Guardas foram enviados em várias direções, em busca do Báb. O mesmo guarda que trouxera o Báb da prisão voltou para lá e O encontrou sentado calmamente, concluindo Sua palestra com Seu discípulo, a qual havia sido tão rudemente interrompida, o Báb voltou-se para o guarda e, sorrindo, lhe disse que a Sua Missão na terra agora havia terminado e que estava pronto para sacrificar Sua vida para provar a veracidade de Sua missão.
Mais uma vez foi levado para a praça, onde o comandante do pelotão de fuzilamento recusou-se a executá-lo novamente. Retirou seus soldados e jurou que nada faria tentar tirar outra vez a vida daquele inocente e santo jovem. Outro regimento foi solicitado para levar a cabo execução e desta vez centenas de balas retalharam os corpos do Báb e de Seu devotado discípulo.
Sua divina face, porém, ficou intacta, sem ser atingida por nenhum tiro, e mostrava um leve sorriso de paz e felicidade, de alguém que havia dado Sua vida para proclamar o início de uma nova era para a humanidade.
O Báb foi um grande Manifestante de Deus. Em todos os Seus escritos disse que a finalidade de Sua vinda fora trazer as boas-novas de que em breve o Prometido de todos os tempos iria aparecer.
Advertiu aos Seus seguidores para ficarem atentos, a fim de reconhecerem "Aquele que Deus tornaria, manifesto".
Disse que deviam deixar todas as coisas de lado e seguir o Prometido, tão logo ouvissem Sua Mensagem. O Báb escreveu inúmeras orações implorando a Deus para que a Sua própria vida pudesse ser aceita como um sacrifício ao Bem-Amado de Seu coração, "Aquele a quem Deus tornaria manifesto".
Ele próprio referiu-se em Suas Escrituras à Ordem de Bahá’u’lláh e disse "feliz daquele que seguir a Bahá’u’lláh."
As preces do Báb foram atendidas e Sua promessa foi cumprida. Dezenove anos mais tarde Bahá’u’lláh declarou publicamente ser Ele o Prometido cuja vinda tinha sido anunciada por todos os Manifestantes de Deus em eras passadas.
Confesso que eu não conhecia essa história do Báb, apesar de já ter descoberto há pouco tempo a Fé Bahá’í. Fiquei surpreendido com a data do nascimento dele coincidir com aminha data de nascimento, ele em 1819, eu em 1952. Portanto 133 anos afastam os nossos nascimentos. Como ele foi executado em 09-07-1850, aos 31 anos de idade, faltava ainda 102 anos para o meu nascimento.
Impressionante como a convicção que Ele tinha de cumprir a vontade de Deus e que era a porta para o Reino de Deus, tem semelhança com a minha convicção com relação a vontade de Deus em minha vida e da construção do Seu Reino em minhas atividades.
Vou parar de fazer essas reflexões, fazer o paralelo de pessoas tão especiais comigo, pois reconheço que estou muito distante da determinação deles em obedecer e divulgar a vontade de Deus. Eles estão muito distantes de mim, apesar de tantas aproximações nas idéias...
Fui solicitado a contribuir com uma reflexão de fim de curso e foi uma oportunidade para que eu fizesse uma reflexão sobre o término do meu curso e a condução da minha vida no atual estágio. Então vou aproveitar muitas das palavras que utilizei e adequar à minha situação.
Vivemos num mundo cheio de pessoas amedrontadas, feridas e confusas... nós mesmos que pertencemos a esse mundo também sofremos dessas máculas. Cada pessoa deve ajudar ao próximo, e vice-versa: uma ajuda mútua, pois todos somos necessitados uns dos outros. Deus oferece oportunidades de crescer, adquirir conhecimentos e cada um ficar mais capacitado para servir, de acordo com suas tendências. Deus me mostrou caminhos e apresentou pessoas para que eu ficasse capacitado para melhor servir dentro do meu potencial e de acordo com a Sua vontade.
Confesso que no início da minha profissão eu não estava tão ligado com a vontade de Deus, mas tinha muito clara a importância do servir. Tanto que desviei em muitos momentos o trabalho dentro da profissão e cai em campo nas comunidades, dentro de um trabalho político. Acreditava que podia servir com mais amplidão ao próximo estando num cargo político. Percebi depois de várias tentativas que eu não conseguiria me eleger usando o discurso de “Dignidade Humana” a qual eu procurava seguir com fidelidade. Nunca troquei voto de eleitor nenhum por minhas habilidades profissionais ou o que de material eu poderia oferecer. Também não deixava de assistir, de ajudar quando necessário, mesmo que o voto daquela pessoa fosse para outro candidato. Isso não me preocupava, pois eu não tinha intenção de me locupletar no cargo que eu disputava. Entendia que eu iria exercer o cargo para beneficiar os eleitores, a população em geral e não a mim, o meu partido ou aos meus correligionários. Portanto, do ponto de vista individual, esse era até um favor que os eleitores faziam para mim quando não votavam em mim, pois fazia eu voltar a minha profissão onde o espaço que eu tinha para meu crescimento pessoal era bem maior.
Dessa forma compreendi que jamais seria eleito e eu não queria mudar o meu discurso somente para alcançar um cargo e não poder fazer o que minha consciência mandava. Então voltei a me dedicar com exclusividade à profissão e foi quando Deus, com o GPS divino que colocou na minha consciência, apontou caminhos bem interessantes. Em primeiro lugar, Ele me mostrou uma nova forma de política que se adaptava melhor aos meus princípios: a política divina ditada pela lei do Amor Incondicional e cujo Mestre maior, Jesus Cristo, é o governador do planeta. A partir daí passei a aprofundar cada vez mais meus estudos dentro dessa política. Hoje estou bem fortalecido dentro dessa conjuntura com conhecimentos; infelizmente a minha prática ainda é insuficiente. Mas tenho a convicção de que a vontade que Deus colocou na minha consciência e que eu procuro cumprir, tem um longo alcance na promoção de qualidade de vida da humanidade, pois procura construir o Seu Reino entre nós. Por enquanto sou apenas um militante da causa espiritual, do Mestre Jesus, mas espero que ainda nesta encarnação eu tenha condições de galgar postos mais elevados pelo trabalho desempenhado.
Esse foi o título do filme que assisti ontem, no canal Netflix. Trata de uma questão que considero um dos meus maiores erros, corrijo, o meu maior erro. Ter orientado o aborto de uma criança que não era meu filho, mas poderia ser considerado como tal. Nessa época eu pensava que a mulher tinha direito a decidir sobre o seu corpo, inclusive de tirar a vida que ela contribuiu para formar.
O filme traz a tona todos os argumentos que eu usava antes para defender o aborto e o direito da mulher que assim decidia. Termina por defender aborto colocando uma série de argumentos sociais, entre eles a multidão de crianças geradas, nascidas e que se desenvolvem sem carinho, proteção e muitas vezes à margem da lei, contribuindo para o enorme índice de criminalidade, miséria e injustiça social.
Eu não caio mais nessa armadilha. Desde que tomei consciência de que a vida se forma na concepção, que o ser gerado dessa forma, a partir de uma única célula, o ovo, já deve ter reconhecido o seu direito de vida e que ninguém pode eliminar sua vida sem ser considerado um criminoso, por qualquer argumento que apresente.
Sei que fui cúmplice de um assassinato no passado, um que estava bem próximo de mim e que me cabia a missão de protegê-lo e não matá-lo. Também fiz a mesma orientação a outras mulheres que me procuravam como médico e a outras também dei essa orientação. Tornei-me assim cúmplice de outros assassinatos. Mas, tenho como atenuante a esse passado criminoso, a minha posição de ser um mero conselheiro na questão. Pois se a mulher decidia ter o seu filho, apesar de todo conflito que gerasse ao redor, inclusive se me atingisse diretamente, mesmo assim eu acataria sua opinião, e se fosse o caso me responsabilizaria no que me cabia por aquela vida que estava em formação. O meu foco principal não era a defesa do aborto, era a defesa do direito da mulher decidir sobre seu corpo, o que poderia implicar até o assassinato de um ser humano. Este era o meu erro.
Hoje eu reconheço esse horrível pecado que a minha imaturidade cognitiva e espiritual me conduziu. A justiça dos homens não me alcançou, mas a justiça de Deus me considera como um detento vivendo numa espécie de condicional, cumprindo trabalhos comunitários para pagar a pena. Assim, reconheço a minha culpa e procuro agir com o máximo de Amor, talvez por isso eu tenha me associado de forma tão profunda ao Amor Incondicional, pois sei que este Amor cobre uma multidão de pecados. Foi isso que o Pai colocou na minha consciência, e como Ele viu que eu fazia tudo sem murmuração, adicionou uma tarefa extra, de usar esse Amor Incondicional para deixar uma espécie de demonstração para a coletividade humana como poderá ser construído o Seu Reino.
Hoje eu reconheço o valor da vida humana desde a concepção e uso todo meu poder de argumentação para defender essa vida que está sendo gerada, inclusive com meu próprio sacrifício material se isso for necessário e conveniente. E dentro dos meus relacionamentos mais íntimos procuro construir esse Reino de Deus, assim como o Pai sempre me está orientando.
Novamente um texto de Poh Fang Chia, publicado no “Pão Diário, 2013” no dia 30-10-13 chamou a minha atenção. Dizia o seguinte:
“Preguiçoso? Não eu. Sou atarefado. Acordo cedo e durmo tarde. Minha agenda é cheia do começo ao fim. Adoro o que faço e gosto de produzir. Devoro as listas de tarefas com a mesma intensidade com que jogo basquete.”
Identifico-me com essas palavras de um blogueiro cristão. É ótimo estar ocupado e produzindo, certo?
No entanto, se compreendermos o significado do verdadeiro discernimento demonstrado no livro de Provérbios, poderemos descobrir que somos apenas preguiçosos agitados. Eis a razão. Provérbios 10:5 descreve a pessoa ajuizada como ocupada e sábia. Em outras palavras, uma pessoa ajuizada usa a sua força e o cérebro. Analisa a situação e toma decisões sábias sobre seu trabalho. Sabe como agir e falar em situações diferentes. Não foge de desafios, mas os analisa com a ajuda de Deus. Sabe que sabedoria não é sinônimo de quociente de inteligência alto, mas de saudável temor ao Senhor. (9:10).
Uma pessoa de bom senso também se prepara em expectativa pela colheita. Tem uma meta clara a cumprir e toma as atitudes apropriadas no tempo certo para colher na melhor época.
Essa pessoa reconhece que a agitação não nos torna imunes à preguiça. As pessoas podem se ocupar e ainda assim não realizar algo de valor. Podem se ocupar, fazendo as coisas erradas na hora errada. E aquilo que realmente deveriam fazer, não o fazem.
O bom senso procede da análise, expectativa, ação apropriada e realização – proveniente da ação do Espírito Santo em nosso interior. Ao considerarmos nossos afazeres concentremo-nos nas prioridades e projetos que se originaram nos sábios planos de Deus. Ter zelo por Deus não significa apenas ocupar-se.
Esse texto traz a oportunidade de avaliar o que considero o meu principal adversário interno: a preguiça. Apesar de tantos que me conhecem não aceitarem esse meu diagnóstico, agora com este texto de Poh Fang Chia eu tenho condições de avaliar com mais precisão o que me preocupa. Não é o fato de ter diversas atividades ao longo do dia que eu estou livre da preguiça, posso estar simplesmente agitado. Tenho que ficar ocupado, mas com sabedoria. Devo seguir o conselho de usar o bom senso nas minhas ações, fazer a análise do que posso realizar, imaginar uma perspectiva para a ação, realizar a ação necessária a esses objetivos e sentir e obedecer a vontade de Deus manifestada na consciência.
Um aspecto do texto que não sintonizei, foi quanto o “temor ao Senhor”. Eu procuro ver Deus como o Pai amantíssimo que a tudo perdoa, compreende, conforta e ajuda, até mesmo com um simples clips que desaparece misteriosamente durante a leitura na cama, sugerindo levantar para procurar e em seguida fazer o que é necessário. Vejo nessas ações tão simples e tão misteriosas a mão de Deus a ajudar sem causar qualquer dano à minha vida, ao meu corpo ou ao meu espírito. Pelo contrário, só vejo ações positivas que procuram elevar o meu grau de consciência e purificar dos meus defeitos, usando sempre os recursos que Ele já me proporcionou.
Eu substituiria no texto, com tranqüilidade, temor por amor.
Fazendo a leitura atrasada dos meus livros de leitura diária devido a viagem à Curitiba-PR, encontrei no Pão Diário, dia 20-10-13, meu aniversário, esse texto escrito por Poh Fang Chia:
“Que há num simples nome? O que chamamos rosa, com outro nome não teria igual perfume?”, divagou Julieta para Romeu, na famosa peça de Shakespeare. Evidentemente ela não era hebréia. Pois o povo da antiga Israel achava que o significado por trás do nome de alguém tinha importância vital. Os pais escolhiam um nome cuidadosamente, baseando-se na personalidade, características ou caráter que eles viam em seu filho, ou o que eles desejavam para o futuro dele.
Isso me faz lembrar as condições em que se deu a escolha do meu nome. Sou o primogênito de minha mãe e de meu pai. Durante o nascimento, por vivermos numa cidade do interior, uma ilha salineira no Rio Grande do Norte, não existiam muitos recursos para o acompanhamento e parto das gestantes. A mortalidade infantil era altíssima. Pela minha condição de primogênito eu era uma das crianças de alto risco ao nascer. E foi isso que aconteceu. Minha mãe dentro de sua casa tinha a assistência apenas de uma parteira comunitária, uma curiosa. A minha cabeça grande que deveria passar pela primeira vez por um canal vaginal, já constituía um desafio. Mas a aventura tinha que ser iniciada. Logo foi observado que a incompatibilidade entre cabeça e canal do parto não iria promover a expulsão natural. Eu estava ameaçado de morte, e minha mãe também. Não existiam condições de fazer a cirurgia, a cesariana; não havia ferros para tentar puxar a cabeça avantajada. O tempo não sabia esperar... Só havia um jeito, tentar com as próprias mãos puxar tamanha cabeça e rezar pelo sucesso da ação. Tal atitude deveria ter um auxílio espiritual. Como estávamos no mês de outubro, o mês de São Francisco, minha mãe e demais parentes não tiveram dúvidas. Sentaram na mesa de negociação com ele e prometeram que se eu sobrevivesse, eu seria dedicado a ele, que o meu nome seria o dele. Feito o contrato, a parteira agora encorajada pelo apoio do santo, mergulhou suas mãos no canal vaginal e segurou com firmeza a minha frágil cabeça. Seus dedos mergulharam na fragilidade dos ossos do crânio que ainda não estavam calcificados e puxaram com vigor através do pescoço o resto do corpo. Foi um sucesso. Consegui sair vivo, minha mãe também escapou, mas deixou suas seqüelas físicas em minha cabeça, a marca dos dedos da parteira que ainda hoje posso sentir, e o meu pescoço que não encontra o centro da gravidade e quando eu vou fazer retratos o fotógrafo sempre orienta para corrigir a verticalidade do pescoço. Mas isso não importa tanto, ninguém que se disponha a observar com rigor irá perceber as marcas na minha cabeça ou o desvio do pescoço. O que importa mais é a herança do nome: Francisco. Não entendo bem porque não colocaram Francisco de Assis, já que seria o mais esperado, pois o santo é reconhecido mundialmente como tal. Preferiram privilegiar o aspecto “das Chagas” que também é uma característica do santo. Talvez prenunciando as chagas que eu iria ter não no corpo, mas sim na alma, por querer cumprir o desiderato de Deus em minha vida.
Confesso que a partir do momento que eu ia crescendo e conhecendo o mundo, nunca dei a devida importância ao meu nome. Mesmo porque poucos me chamavam por ele, sempre era com apelidos, carinhosos pela família ou irônicos pelos colegas: Chiquinho, Francisquinho, Titico, Dr. Satã, Já Morreu... são os que lembro agora. O meu nome mesmo eu só ouviria com mais freqüência na chamada da escola.
Mas foi durante o serviço militar que houve uma reviravolta com relação ao meu nome. Eu passei a ser chamado pelo sobrenome: era o marinheiro Rodrigues. Gostei. Era um nome mais austero. Continuei os meus estudos e consegui me graduar em medicina. Passei a ser conhecido de forma definitiva como o Dr. Rodrigues.
Acontece que um aspecto da minha vida passou a ter cada vez mais importância dentro de minhas prioridades: a vida espiritual. Então verifiquei todo esse passado e que eu tinha um compromisso firmado por minha família e agora estava sendo firmado também por mim. Passei a associar na minha marca o nome Francisco. Marcava meus livros não só com o Rodrigues de antes. Agora eu marcava como Francisco Rodrigues e dava muito mais valor ao Francisco, o nome de origem espiritual comparado ao Rodrigues de origem material, biológico, familiar.
Consegui perceber a vontade de Deus na minha vida, os caminhos que ele me ofereceu no passado, no presente e me oferecerá no futuro. Parece que Deus também referendou esse acordo feito no meu nascimento, pois me oferece oportunidades de conhecer o meu protetor em profundidade, inclusive colocando ao meu lado uma companheira vinda de um convento onde aprendeu a essência de São Francisco; permitiu a eleição de um papa que assumiu no primeiro momento o nome de Francisco e implementou no Vaticano a prática franciscana.
No passado São Francisco de Assis mostrou que poderíamos ser um exemplo do Cristo, assumindo a humildade, a pobreza, a castidade, o amor por toda a natureza. Deus colocou em minha consciência que eu deveria agora dar um passo além e procurar cumprir a promessa da construção do Seu Reino aqui na Terra, como nos céus. Assim, Ele me deu oportunidade de aprender aspectos científicos importantes da vida, tanto no campo material quanto no espiritual, de reconhecer toda a natureza como Sua criação e todos os seres vivos como irmãos, que podem conviver como uma só família, a família universal, sem exclusivismos, ciúmes ou intolerância com a ignorância dos mais fracos. Também colocou e continua a colocar ao meu lado tantas companheiras que de uma forma ou de outra contribuíram e ainda contribuem para a realização dessa tarefa, que só pode ser realizada com a inclusividade do Amor Incondicional. Da mesma forma que Ele confiou em Francisco de Assis, acredito que Ele confie em mim, mesmo porque tenho essa dívida do nascimento, na marca do meu nome. Só espero ter toda a determinação e coragem que meu protetor teve em Assis e que serviu de modelo para o resto do mundo.