Encontro ao redor muita gente com diversas opiniões que sempre divergem em algum ponto, principalmente no que se trata da religião. Essa é uma questão que envolve a verdade fundamental, como fomos formados ou criados, a nossa origem e destinação. É um ponto de filosofia central para entendermos a vida. Um grupo diz que tudo que existe foi criado por Deus, e o outro diz que Deus não existe, tudo se formou dentro das leis probabilísticas do acaso. Só existe uma verdade, apenas um dos grupos está correto. Na atual condição do nosso psiquismo, não podemos provar nem uma ideia nem outra. Apenas os argumentos é quem pode nos ajudar a defender uma posição ou outra. Eu escolhi pela existência de Deus. Parece mais lógico para mim, que tudo que existe deve ter um Criador, mesmo que dentro do processo exista o mecanismo de reprodução e que obedeça a lei da evolução, que também é criada por Deus.
Tenho a impressão que a teoria da inexistência de um Deus com esse perfil criador da Natureza, deixa sempre aberta uma interrogação. A teoria mais aceita para a origem do universo é que tenha havido em determinado momento uma explosão magnífica, chamada de Big Bang, originou o universo que iniciou a expansão e continua a acontecer até a atualidade. Mas, de onde veio essa condição de acontecer essa explosão? O que existia antes dela? Não existe nenhuma resposta plausível!
Como a hipótese da existência de um Criador, com inteligência suficiente para a criação da natureza e todas as dimensões que sejam precisas, observadas ou não. Dentro desta criação nos situamos e com uma inteligência privilegiada comparada aos outros seres vivos que temos acesso e conhecimento. Mesmo assim, essa inteligência, racionalidade, poder cognitivo que possuímos, não é suficiente para alcançar a compreensão de como funciona a inteligência criadora.
Enfim, no meu entender, a hipótese de um Criador para toda a Natureza, inclusive nós, é a que melhor responde nossa busca da verdade real.
Onde está meu tesouro, aí está o meu coração. Esta frase eu ouvi como retirada da Bíblia. Aceito como verdade. Somos motivados na vida a determinados comportamentos que nos levam a atingir certo objetivo. A maioria das pessoas se envolvem em comportamentos materialistas que levam ao acumulo de bens materiais. Poucos se envolvem com os interesse espirituais, nem ao menos acreditam que exista essa dimensão e que tenha valores prioritários.
É certo que nossa existência neste mundo material implica em trabalhar, gastar tempo na aquisição de bens materiais. O corpo físico necessita de manutenção através dos alimentos, de proteção através dos abrigos, de educação, saúde, lazer, repouso, etc., toda uma gama de providências para que a vida material corra com harmonia. Acontece que evoluimos aos lado de outros seres biológicos, humanos ou não. A própria Natureza já estabelece uma competição natural entre todos os seres vivos, representados pelas figuras do predador e da presa. Dentro da própria comunidade humana também existe essa competição o que termina por causar os enormes desvios da normalidade, com a formação das massas de miseráveis e dos poucos poderosos que as manipulam e exploram. Esse comportamento visa apenas o acúmulo do poder material, temporal, em detrimento dos outros que não tiveram chance de alcançar esse poder manipulatório. O poder representado pelas moedas é o que constitui o tesouro material por tantos cobiçado e por poucos alcançado. No entanto a maioria das pessoas passa a maior parte do seu tempo em busca desse tesouro, o seu coração está sintonizado com ele, mesmo que ainda não o possua. Essa pessoa tende a fazer tudo ao seu alcance, até mesmo atos ilícitos, para alcançar esse tesouro.
O conhecimento do mundo espiritual, dos seus valores, e da precedência sobre o mundo material faz a pessoa ter outra compreensão. Foi por esse motivo que mudei a minha forma de sentir e de agir no mundo. Percebi que estou no mundo material cumprindo uma programação construida no mundo espiritual, onde a realidade não é virtual e passageira como é aqui. O mundo material serve apenas de escola, algumas vezes de hospital, para a educação do nosso espírito. Entendi que não posso agora me voltar com prioridade para as necessidades do mundo material e passar a ter um comportamento cumulativo, sem preocupação com as necessidades do próximo, que também é importante para o meu aprendizado espiritual. Assim, desloquei a qualidade do meu tesouro para as virtudes espirituais, pois é somente isso que eu conseguirei levar comigo quando terminar o meu tempo de aprendizado aqui no mundo material. Nada do que eu consiga acumular do mundo material, qualquer riqueza desse tipo ficará aqui, sendo administrado por outros. Hoje o meu coração está sintonizado com o tesouro espiritual, com o aprimoramento das virtudes. O trabalho no campo material serve apenas para manter a qualidade do meu modo de vida, jamais para acumular em detrimento do meu próximo. Também sei que todo recurso material que possuo pertence a Deus e que sou apenas o administrador que Ele confiou, que devo fazer prosperar o que tenho, mas com o sentido também de ajudar o próximo em suas necessidades.
E, acima de tudo, tenham amor, pois o amor une perfeitamente todas as coisas (Colossenses 3:14). Esta frase da Bíblia se contrapõe a outra frase neste mesmo livro: “Quem não gosta de estar na companhia dos outros, só estar interessado em si mesmo e rejeita todos os bons conselhos. O tolo não se interessa em aprender, mas só em dar suas opiniões” (Provérbios 18:1-2)
São frases como essas que encontramos nos livros sagrados e mundanos, na vida real e na filosofia, que mostra o caminho que podemos seguir com clareza. Todas as pessoas saudáveis, procuram seguir a estrada do amor, mesmo sabendo que ela pode se apresentar com muitos espinhos, mas sabe que é nesse caminho que existe o maior dos cimentos de relacionamentos. Mas o caminhar na trilha do amor incondicional vai encontrar pelo caminho dolorosos espinhos que faz a pessoa entrar em outra frase contida na Bíblia: “Muitas vezes quando o ciúme consome, a ira invade ou o medo prevalece, me refugio em pensamentos egoístas. Torno-me a antítese do cristão amável e gentil que sou chamado a ser e que procuro ser” (1 Tessalonicenses 4:9). Esquece completamente o que diz Efésios 4:2 – “Sejam sempre humildes, bem educados e pacientes, suportando uns aos outros com amor.”
Quando nos colocamos com firmeza na estrada do amor, qualquer tipo desagregador de ofensa, de sofrimento, de vaidade ou orgulho, será superado; o cimento do amor unirá qualquer tipo de pessoa por mais ranzinza que seja, pois também está em pleno funcionamento a capacidade de perdoar. Mas, se não temos essa firmeza de andar no caminho do amor, qualquer breve sentimento de frustração, de não poder ter aquilo que imaginamos que merecemos, faz com que despenquemos no abismo da raiva, do ressentimento
O amante incondicional com sua capacidade plena de amar, usa com frequencia esse cimento nos diversos relacionamentos, a capacidade de perdoar não deixa se perder os tijolos que se desprendem. Porém o caminho foi feito para ser percorrido, não pode se parar o ritmo da evolução. Aqueles que saem do caminho do amor, qualquer que seja o motivo, perderão essa essencia divina, mesmo que não seja exclusiva.
Fico às vezes a meditar, porque o egoísmo tem essa força tão estupenda sobre as pessoas, que mesmo sabendo da divina essência que o amor provoca, mesmo assim saem do clima dessa influência e entram em outros caminhos, aparentemente tão amplos, mas tão sombrios.
Jesus falava para seus discípulos assim: “Voces são o sal da terra... Voces são a luz do mundo... Assim brilhe a luz de voces diante dos homens.” Mateus, 5.13-14,16.
Sal e luz são duas das maiores necessidades nos lares. Certamente Jesus deve ter visto inúmeras vezes, sua mãe usar o sal na cozinha. Naqueles dias, antes de existir a refrigeração, o sal era usado normalmente com propósitos antissépticos e de preservação. Assim, Maria deixava peixe e carne mergulhados em água salgada e acendia lamparinas a óleo quando o sol se punha.
Jesus escolheu essas imagens para indicar a influência que Ele desejava que seus seguidores exercessem no mundo. O que Ele quis dizer? O que é legítimo para nós deduzir dessa sua escolha de metáforas? Acredito que Ele estava ensinando quatro verdades.
Primeiro, os cristãos são radicalmente diferentes dos não-cristãos. Ambas as imagens estabelecem as duas comunidades em contraste uma com a outra. Por um lado, há o mundo; por outro há voce, que deve ser luz na escuridão do mundo. Novamente, o mundo é como carne apodrecida e peixe em decomposição, mas voce deve ser o seu sal, detendo a deterioração da sociedade. As duas comunidades são tão diferentes uma da outra quanto a luz é da escuridão, e o sal, da corrupção.
Segundo, os cristãos devem penetrar na comunidade não-cristã. Embora espiritualmente e moralmente distintos, não devemos ser socialmente segregados. Uma lâmpada não traz nenhum benefício se for guardada no armário; e o sal não faz bem se ficar dento do saleiro. A luz deve brilhar na escuridão; o sal deve penetrar na carne. Ambos os modelos ilustram o processo de penetração.
Terceiro, os cristãos podem influenciar e mudar a sociedade não-cristã. Sal e luz são ambos mercadorias eficazes. Eles mudam o seu ambiente. Quando o sal é introduzido na carne, algo acontece: a deterioração bacteriológica é detida. Do mesmo modo, quando a luz é acesa, algo acontece; a escuridão é dissipada. Não apenas indivíduos podem ser mudados; sociedades também podem ser transformadas. É claro que não podemos tornar a sociedade perfeita, mas podemos melhorá-la. A história está cheia de exemplos de melhora social por meio da influência cristã.
Quarto, os cristãos devem conservar as características cristãs. O sal deve reter sua salinidade, caso contrário, será inútil. A luz deve reter seu brilho, caso contrário, nunca dissipará a escuridão.
E qual é a minha característica cristã? Praticar o amor incondicional de forma clara, transparente, honesta e principalmente nos relacionamentos interpessoais, que geram a família universal, inclusiva, solidária. Reconheço que sou radicalmente diferente do mundo em que estou inserido, que devo influenciar e mudar a sociedade, mundana, que diz acreditar no amor incondicional, mas não chega a lhe praticar. Devo manter minhas características, senão eu serei um inútil, devo brilhar e temperar, e não posso fazer isso escondido dentro de 4 paredes.
O salmo 31 da Bíblia aborda a felicidade do perdão e diz o seguinte: “Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argui falta, e em cujo coração não há dolo. Enquanto me conservei calado, mirraram-se-me os ossos, entre contínuo gemidos. Pois, dia e noite, Vossa mão pesava sobre mim; esgotavam-se-me as forças como nos ardores do verão. Então eu Vós confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: - sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade. E Vós perdoastes a pena do meu pecado. Assim também todo fiel recorrerá a Vós no momento da necessidade. Quando transbordarem muitas águas, elas não chegarão até ele. Vós sois meu asilo, das angústias me preservareis e me envolvereis na alegria de minha salvação. –Vou te ensinar, Dizeis, vou te mostrar o caminho que deves seguir; Vou te instruir, fitando em ti os Meus olhos: não queiras ser sem inteligência como o cavalo, como o muar, que só ao freio e à rédea submetem seus ímpetos; de outro modo não se chegam a ti. São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, Sua misericórdia o envolve. Ó justos alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração.”
Esta é uma lição importante para quem se reconhece como filho de Deus e que procura seguir Sua vontade expressa na consciência. Como Ele é onipresente está sempre na minha vida, nada do que eu faça ou deixe de fazer, passará despercebido por Ele. Então, se eu não tenho faltas, ou se tendo as cometido, as confesso e obtenho o perdão, então me sinto feliz, pois meu coração não há dolo, maldade. Mas se eu não confesso as minhas faltas, fico calado frente ao Pai, o tempo avança, a osteopenia ataca meus ossos, as dores me fazem gemer em constância. Então, se eu faço a confissão, não vou retirar os efeitos do tempo sobre minha biologia, mas os efeitos da culpa serão atenuados na minha consciência, as dores físicas não serão potencializadas pelas dores morais. Muitas angústias que atingirem a comunidade onde me insiro, não chegarão até mim. Deus se tornará assim o meu asilo das angústias, ao invés do aguilhão para as dores. Ficarei feliz, pois tenho a convicção de caminhar para a construção do Seu Reino.
Ele sempre está a dizer por várias formas de comunicação e até mesmo diretamente no meu cérebro, na minha mente, qual o caminho que devo seguir. Fico muitas vezes surpreso, pois sinto que tenho que atingir determinada meta e não sei como, tudo parece tão distante, até impossível de realizar. E de repente, as coisas se apresentam com as condições necessárias e suficientes para o trabalho começar. Nesse momento percebo a mão do Senhor na minha vida, colocando pessoas e coisas ao meu alcance, pessoas que também dividem objetivos semelhantes e que também seguem a Sua vontade. Então tenho que seguir a Sua observação, de que devo usar a inteligência privilegiada que Ele me deu, motivar a minha vontade com os argumentos necessários e fazer o que é preciso sem a necessidade de freios ou rédeas.
Reconheço a influência constante do Pai, a necessidade de caminhar por onde Ele indica, e o cuidado de conter os impulsos ou implementar as ações. É neste último ponto o grande problema, pois conter os impulsos ou implementar as ações envolve os interesse do corpo, que é essencialmente egoísta, sempre em busca do prazer e fugindo do desconforto, se coloca geralmente em oposição aos interesses do espírito. É o instinto sexual sempre pronto para entrar em ação, mas que deve ficar sob o controle do amor incondicional e a esse prestar serviço, jamais ir em busca do prazer pelo prazer! Por outro lado, e da maior importância, pois a este efeito do corpo sempre rendo, é a preguiça. Deixar de fazer o que é importante para o espírito, que é o principal interessado na minha evolução real, e ficar de repouso exagerado e que muitas vezes ultrapassa as necessidades que na realidade ele precisa. Este é um pecado que sempre estou cometendo e que às vezes tenho até a preguiça de pedir perdão ao Pai, pecado sobre pecado! Somente a extrema benevolência do Pai consegue perdoar tal iniquidade do filho. Portanto, ainda sou um usuário constante do pedido de perdão, e se não tenho vergonha de continuar a fazer isso é porque sinto que não há maldade no meu coraçao. Assim, com tudo isso, sinto que minha vida é feliz, mas somente porque tenho a felicidade do perdão do Pai!