Muita gente nasce em local impróprio. Mas por que Jesus teve que nascer numa estrebaria? Por que precisou ter por berço aquela manjedoura babada pelas vacas? Aquele ambiente cheirando a bode e outras coisas?
Simbolicamente hoje é o dia que registra o nascimento de Jesus nessas condições. Mesmo que a Ciência coloque alguns reparos nessa história, o simbolismo do que ela representa não se alterará, sobreviverá até mesmo a recolocação dos registros dos dados. Permanecerá para sempre os paradigmas que Ele implantou e que começou pelo Seu nascimento em condições de aparência imprópria, pois tinha tudo a ver com o desenvolvimento de sua missão.
Com essa percepção, também faço considerações sobre as condições de vida do meu nascimento e desenvolvimento até chegar ao ponto que me encontro, com plena consciência da minha missão. Como Jesus, também nasci em família humilde e nesse ponto já posso ver que as propriedades das condições de nascimento dEle servem como o modelo mais próximo para a maioria dos seres humanos.
Os meus pais também eram trabalhadores assim como os pais dEle, com a diferença que os meus eram mais afetados pelos desejos da carne, principalmente meu pai que era dominado literalmente pelo desejo do sexo. Foi esse o principal fator que fez minha mãe ter separado dele e ter mudado para outra cidade. Levou-me consigo e por ter muitas dificuldades materiais, deixou-me aos cuidados de minha avó.
Foi no ambiente de trabalho de minha avó que me desenvolvi. Era uma boate cujos lucros principais proviam da administração e exploração dos desejos do sexo, da carne. Ela hospedava prostitutas que se apresentavam aos clientes como peças de carne em exposição num açougue. Eram escolhidas pela vitalidade da carne, ausência de gorduras, de ossos, de áreas machucadas... depois de escolhida a garota entrava num quarto com o cliente para ser degustada, comida mesmo, como eles falavam. Minha avó tentava me isolar desse ambiente “comercial” e desviar minha atenção para o trabalho e o estudo. Devido a sua personalidade forte conseguiu ter um bom êxito, mas as custas dos efeitos colaterais em minha personalidade, a timidez exagerada. Eu não conseguia perceber aquele “comércio de carnes” que acontecia ao meu redor, mas percebia o sentimento das garotas, coisas que os clientes não percebiam. Eu percebia que elas também tinham mães e delas tinham saudades, que ganhavam o seu dinheiro mandavam para os pais ou filhos quando os tinham que também desenvolviam o amor e que esse se colocava altaneiro muito acima do comércio das carnes, que poderiam se deixar abater na cama dos famintos, mas seu coração permanecia puro ao lado de quem amavam.
Naquela época eu não tinha condições de apreender tudo o que se passava ao meu redor, o abominável “comércio de carnes”, a nobreza do sentimento de amor. Depois de muito tempo, depois de ter saído daquele ambiente, depois de ter aprofundado meus estudos nas disciplinas acadêmicas, nas informações trazidas pela Ciência; depois de ter aprofundado meus estudos nos livros espirituais, nas informações trazidas pelos profetas, é que consegui resgatar o sentido histórico do passado em minha vida. Então eu pude ver a coerência e inteligência do que Jesus nos ensinou quanto a Lei do Amor e que meu próximo, seja ele quem for, e qualquer que seja o ambiente que o Pai o colocou para viver e evoluir, ele é meu irmão e semelhança de Deus.
Descobri assim a propriedade das condições do meu nascimento e desenvolvimento. Eu estava escolhido pelo Pai para considerar e absorver a essência do Amor Incondicional ensinado por Jesus, para o aplicar sem qualquer influência de qualquer forma de amor distorcida por quaisquer interesses egoístas, sem qualquer preconceito de natureza mundana ou eclesiásticas.
Assim como Jesus nasceu e se desenvolveu num ambiente de pobreza, violência e escravidão humana ao poder, para assim ser preparado para ensinar a Lei do Amor em contraponto à lei do revide, do olho-por-olho, dente-por-dente, seguindo com determinação a vontade do Pai, assim também nasci e me desenvolvi num ambiente de pobreza, indiferença e escravidão humana aos desejos da carne, para ser ensinado a colocar na prática a Lei do Amor Incondicional, da inclusão de todos os seres humanos, de tratar o próximo como o irmão que mesmo desconhecido é filho do mesmo Pai, e com a missão de seguir com determinação a vontade do Criador.
Hoje é o dia máximo da cristandade. Tudo envolto em forte simbolismo,amparado por alguns fatos reais. O nascimento de uma criança com toda a aureola de Messias, esperado como o salvador de toda uma raça que se mostrou em seguida o Salvador de toda a humanidade. Diversas correntes de pensamento passaram a interpretar de forma diferente o que Ele ensinou e daí o surgimento das diversas religiões cristãs. Todas consideram o Deus único, Pai do Messias e de todos nós. A principal lição que Ele nos deixou foi a de obedecer a Lei do Amor, representada na base pelo Amor Incondicional, e nos relacionamentos pelo comportamento de inclusão afetiva, evitando a exclusão egoísta. Infelizmente essas lições básicas do grande Mestre, ao qual tenho grande respeito e me considero seu discípulo, não são colocadas em prática. Podem até ser defendidas do alto dos púlpitos, dos palanques, mas quando chega a hora de a aplicar, somos inclinados a agir de acordo com o egoísmo que privilegia nossos parentes biológicos, nossos amigos e muitas vezes prejudicamos o próximo a quem não conhecemos.
O simbolismo do Natal serve para que eu possa fazer uma profunda reflexão, relembrar as lições do Mestre, verificar o que eu entendi, o que consigo colocar em prática. Ter a humildade de aceitar as lições vindas de todas as fontes, já que a verdade não é apanágio de uma só pessoa. Devo respeitar o trabalho da Ciência na busca e interpretação dos fatos e assim mostrar uma verdade mais precisa. Devo evitar a prepotência de que sou o dono da verdade, ou os meus amigos, ou os meus parentes, ou meus concidadãos... a verdade pode estar na experiência de um simples analfabeto dentro de algum aspecto que o mesmo aprofundou suas atividades e interesse na vida.
O simbolismo do Natal serve para reforçar o sentimento de humildade, de solidariedade, pois foi aquele menino nascido em uma manjedoura ao lado de animais e pastores, que influenciou tanto a humanidade que o tempo passou a ser contado a partir do seu nascimento, antes ou depois de Cristo. Suas lições, apesar de não serem praticadas pela maioria das pessoas,l, até mesmo pela maioria dos crentes, não deixam de ser defendidas em público.
Aproveito o simbolismo desta data para reforçar os meus votos de discípulo, de estudar sua lição sobre a Lei do Amor e de procurar a colocar na prática, inclusive dentro da minha própria vida, nos meus relacionamentos. Mesmo que eu seja repudiado por causa disso, até mesmo por pessoas com muito amor, não posso tripudiar dos esforços do Mestre, de procurar aplicar suas lições.
Sim, Mestre Jesus, podem tantos dizerem que não estás ao nosso lado, mas que um dia irás voltar... eu te vejo todo o dia na pele de um favelado, de um miserável, de um faminto, de um prisioneiro, de um hospitalizado... de um necessitado! Sei que estás ali à espera que eu aplique as lições que recebi. Sei que ainda não sou perfeito e que minhas notas não são as melhores, mas não sou um aluno displicente, Mestre, sei que devo me aplicar muito mais, e para isso peço ao Pai as forças necessárias.
Mestre, não tenho mirra, ouro ou incenso para lhe presentear neste dia, mas lhe coloco aos seus pés a lembrança de uma velhinha que ajudei a atravessar a rua.
A pontualidade pode ser considerada uma das diversas formas de Caridade, do respeito que devemos ter por quem nos espera. Mas como tudo que envolve nossa vida depende das considerações e do contexto que possa existir em determinado momento, é importante que não nos sintamos obrigados a executar algo que está escrito, que consideramos correto e desconsiderar os apelos da consciência.
Tenho um exemplo ocorrido ontem para justificar essa assertiva. Tinha um encontro marcado para visitar um amigo que prima pela pontualidade. Então, mesmo que assim não fosse, que ele não fosse tão pontual, seria a minha obrigação o ser. Acontece que na hora de sair de casa fui instado a dar uma carona inesperada a uma jovem que estava gestante, próxima de dar a luz, cerca de 15 dias. Mesmo assim ainda ia ao trabalho e teria que pegar 2 ônibus para chegar em casa, local próximo da casa do meu amigo. Foi nessa circunstância que minha amiga que estava indo comigo para a reunião ofereceu a carona, sabendo que eu não me oporia. Acontece que eu não iria lhe deixar no caminho de sua casa naquela circunstância. Desviei do caminho e entrei por estradas de difícil transito até chegar na sua humilde morada. Consequência, cheguei com bastante atraso na casa do meu amigo. Como ele é uma pessoa de profundos sentimentos cristãos, e nossa reunião tinha inclusive esse objetivo, de ver a melhor forma de servir ao Mestre Jesus, ele não teceu nenhum comentário sobre o atraso. Também não dei maiores justificativas, disse apenas de forma genérica que tinha entrado em ruas e mais rua se terminei por atrasar o nosso encontro.
Acredito que tenha sido uma ocasião onde a pontualidade foi ofendida, mas caridade foi respeitada. E tudo no maior silêncio, como o Mestre nos ensinou a fazer, tanto o meu amigo por não falar nada sobre o meu atraso e do meu silêncio sobre a ação da carona imprevista.
O nascimento de Jesus foi cercado de uma auréola de poder, que estava nascendo um Rei, que seria instalado um novo reino. E na verdade foi isso que Ele passou a ensinar, que Ele era filho de Deus e que veio instalar um novo Reino na terra. Só que esse reinado não era baseado na força das armas, no poder político que o deveria lançar. Era isso que todos esperavam, mas Jesus passou a explicar que a revolução não aconteceria no exterior, na subjugação dos adversários externos; Jesus ensinava que a revolução deveria acontecer de dentro para fora, deveríamos primeiro subjugar nossos adversários internos, todos com raiz no egoísmo.
A palavra profética de Deus anunciava que um menino iria nascer, que Ele iria ser o nosso governador, que seria o príncipe da paz. Esse governo do príncipe da Paz ainda não aconteceu. Porém várias etapas já foram cumpridas para o estabelecimento do Reino de Deus. Já houve o tempo da manjedoura, já houve o tempo da cruz, já houve o tempo do túmulo vazio. Há de chegar o tempo do Governo e com ele virá a paz, a solidariedade, o Amor Incondicional.
Jamais esse Reino será constituído se não limparmos os nossos corações de qualquer resquício de egoísmo, seja qual fora sua forma. Do amor romântico com sua forte carga de exclusão; da inveja sutil ou declarada do próximo tentado o desacreditar frente os significantes; do ciúme perverso de alguém que pode estar usufruindo de algo que poderia ser seu; da raiva destrutiva com o potencial de lesar moral ou fisicamente o outro... Podíamos alongar muito essa lista de sentimentos negativos, todos com o DNA do egoísmo. Esta é a revolução que o Príncipe da Paz veio dar início e possibilitar assim o início do seu governo. Até agora não conseguimos alcançar uma massa crítica para isso ter início. Temos exemplos de pessoas muito valorosas que com empenho mostraram que é possível praticar as lições do Mestre, mas esses exemplos não chegam a motivar a maioria para sua aplicação prática honesta e coerente. Muitas vezes usadas essas informações espirituais para o reforço material de uns poucos em detrimentos da massa. Mas Jesus permanece no comando e com certeza terá estratégias para superar essas dificuldades. Da minha parte, me coloco como seu discípulo e se for declarada uma guerra espiritual, como parece já está acontecendo, me apresento como voluntário para ser mais um combatente nas forças do bem e lutar para o estabelecimento do Reino de Deus no nosso mundo material, a partir da transformação para o bem de meu coração, o limpando de qualquer “sujeira” egoísta que identifique dentro dele.
O materialista sempre associa a fé com uma falsa realidade, algo que não existe, que é uma fantasia na cabeça dos crentes, alimentada por uma série de dogmas, por milhares, milhões! Defende que somente acredita naquilo que percebe por seus órgãos dos sentidos, ou no máximo, por aparelhos fidedignos. O mundo espiritual para o materialista é pura fantasia. Mas, vejamos só, como a fé pode transformar ou mesmo construir uma realidade. Vejamos o exemplo de Jesus Cristo. Defendia que era filho de Deus, uma fé que tentava passar para todos ao seu redor e que associado a isso deveria ter toda uma gama de comportamentos condizentes com essa filiação e com os irmãos, todos os seres humanos criaturas do mesmo Pai. No início houve muita dificuldade, o Mestre foi julgado e condenado a uma morte torturante, a crucificação. Os seus ensinamentos permaneceu existindo, passando de boca em boca, por quem o conheceu e por quem sem o conhecer aceitou a verdade do ensinamento, a verdade da fé que estava embutida nos ensinos. Várias pessoas também foram sacrificadas, supliciadas, mortas como objeto de diversão nos circos romanos. Este comportamento baseado numa fé se estndeu ao longo dos séculos e ao longo dos países, ao longo do tempo e espaço. Hoje moramos num continente que naquela época nem era considerada a sua existência, o continente americano, o Brasil. Mesmo assim os efeitos daquela fé atingem nossa comunidade e nosso comportamento coletivo. Estamos em plena época natalina, há toda uma transformação na sociedade que adquire aspecto mais solidário, existem mais doações, mais acolhidas, mais compreensão. Então podemos dizer que nossa realidade foi profundamente afetada por nossa fé. O clima coletivo é que devemos preparar o Natal que é data do nascimento do filho de Deus, Jesus de Nazaré. Mas existe uma diferença, quem mesmo assim não considera o mundo espiritual, participa da mudança coletiva, mas não consegue sentir Deus no coração, sentir Deus na sua vida.
Eu falo dessa forma como uma crítica aos materialistas de um ponto de vista bem interessante e bem conhecedor da causa. Digo assim porque até pouco tempo também eu era um materialista, conhecedor profundo do mundo acadêmico, onde a fé não tinha nenhum espaço. Mesmo agora depois que revi meu comportamento e percebi de forma racional que nada pode existir sem ter uma causa, e a causa última, inevitavelmente, é uma força organizadora, que arquiteta todo o universo. Essa inteligência superior, apessoal, que perpassa toda a natureza á a quem denomino de Deus. a essa concepção tenho que render minha prepotência e o aceitar como meu Criador, meu Pai, a quem devo respeito e amor. Então, a minha aceitação do mundo espiritual não está ainda devidamente amadurecida, em me entroso no mundo espiritual, mas sei que ainda não absorvo dele o que ele tem para oferecer.
Vivo hoje a realidade do Natal como uma homenagem ao nosso grande professor, Jesus, o espírito mais evoluído que já chegou até a terra. Mas sei que ainda falta muito para eu atingir o nível que o Mestre possa considerar como regular.