A LEI MAIOR
Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a Lei Maior que Jesus nos ensinou e que todas as outras a ela é subordinada. Sendo assim podemos corrigir nosso comportamento, as nossas próprias leis, quando observamos que tendemos a não aplicar ou mesmo nos afastar da Lei Maior. Como somos seres ignorantes colocados na escola da Terra para o aprendizado do Amor, a Lei Maior serve de constituição para, sob sua inspiração, escrever os regulamentos disciplinares do comportamento em cada fase de nossa evolução pessoal e social.
Assim acontece com a instituição do casamento e da noção de família. Um contrato que rege o relacionamento entre duas pessoas, geralmente de sexos diferentes, com o objetivo de prevenir contra abusos do homem, a parte física mais forte, contra a mulher a parte física mais frágil, e a proteção dos filhos. Surge a família nuclear que traz todos os benefícios protetores ao casal e seus filhos. Uma evolução, comparada ao nosso passado troglodita, mas que visto na ótica dos nossos atuais conhecimentos científicos, tecnológicos, espirituais, é uma fonte geradora de egoísmo, que por sua vez é a causa de tantos males que observamos em todas as áreas de nossa civilização. O Amor exclusivo que é a tônica do casamento e da família nuclear, hoje pode ser visto como um obstáculo à aplicação da Lei Maior, do Amor Incondicional, do amor não-exclusivo. Como, então, avançar no nosso processo cultural para corrigir as falhas do casamento e família nuclear sem no entanto eliminar o progresso que ele trouxe? Como passar do Reino Materialista alicerçado na família nuclear, para o Reino de Deus que deverá ser orientado sem restrições ou barreiras ao Amor Incondicional?
Violar a Lei do amor exclusivo, que alicerça o casamento e a família nuclear em favor do amor não-exclusivo que é mais coerente com o Amor Universal, parece um paradoxo à primeira vista, um retrocesso ao comportamento troglodita. Mas devemos focar nas motivações do troglodita de ontem, cujos impulsos eram dirigidos à satisfação de seus desejos pessoais sem se incomodarem com os interesses e desejos do outro. Usava sem cerimônia a Lei do mais forte. Para esses era imperativo uma lei rígida como o casamento que entre outros dispositivos desenvolve no campo espiritual a prática do amor exclusivo. À medida que evoluímos, que desenvolvemos a moral, a ética e recebemos lições de mestres como Jesus, Krishna, Buda, Confúcio, Sócrates entre outros luminares da filosofia e da espiritualidade, nos libertamos do jugo materialista. E aplicando o “amor ao próximo como a si mesmo” deixamos para trás o passado troglodita, por maior que seja a força física, política ou financeira que possuamos. “Jamais farei ao próximo aquilo que não quero que aconteça comigo”, esta é a bússola pessoal que cada um possui em sua consciência para aferir a todo momento e circunstâncias o quanto nos afastamos do comportamento do troglodita biológico que ainda habita em nós. Caso verifiquemos que esse troglodita está devidamente controlado pelo aparato moral, ético e espiritual, conquistado pela consciência, então podemos observar com clareza o obstáculo que o amor exclusivo representa na prática do Amor Incondicional, na total pureza que o caracteriza. Pode parecer contundente, revolucionário e até paradoxal, o estudante do Amor Incondicional defender a mudança de paradigma dentro da sociedade, do amor exclusivo para o amor não-exclusivo, pois isso seria a sinalização do coletivo retornar ao tempo das cavernas.
Não advogamos que essa mudança de paradigma seja aplicada a toda a sociedade, para todos os sujeitos. Existem, e infelizmente ainda é maioria, os trogloditas modernos cujas leis rígidas são necessárias para disciplinar seus comportamentos. Mas para o ser humano que ultrapassou e conquistou essa força biológica instintiva, material e egoísta, essas leis rígidas não fazem mais sentido. Não tem mais aplicação no seu comportamento, pelo contrário, agora são um empecilho ao seu desenvolvimento espiritual. Para essas pessoas que assumiram uma nova tomada de consciência é imperativo que o amor perca sua exclusividade frente a pessoas ditas especiais como cônjuges, pais, filhos etc. São especiais sim, pela consangüinidade, pelo companheirismo, mas não devem ter força afetiva para ficar acima próximo, seja quem for, que esteja ao alcance de nossas ações. Somente assim caminharemos em direção ao Reino de Deus, tão defendido pelos avatares que nos trazem instruções.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 25/12/2011