A terra sempre foi palco de violências, injustiças... Mas sempre houve pessoas que trouxeram informações e com suas atitudes nos ensinaram a corrigir nossos comportamentos perversos. Um dos maiores exemplos ao nosso alcance foi dado por Jesus através dos evangelhos escritos por seus discípulos. Temos assim as condições para a formação de um grupo de pessoas conscientes de seu papel humano com a missão de corrigir as próprias falhas em primeiro lugar, e depois, da maior importância também, ajudar o próximo nas suas deformidades existenciais, tanto como explorado como quanto explorador.

Assim, encontramos a ONG “Médicos sem Fronteiras” que no melhor estilo cristão dedicam suas vidas com todo o espírito humanitário à comunidades vítimas da miséria humana, apesar de todos os riscos que podem correr. Lemos no noticiário o seqüestro de duas médicas pelos grupos em conflito na região onde elas serviam. Observamos assim o choque de mundos, não só daqueles que se digladiam pelos bens e benesses materiais, poder financeiro e político, mas principalmente, daqueles que à parte dos interesses materiais, faz o confronto do bem com o mal, da verdade com a ignorância, do egoísmo com a fraternidade.

Parece que nós, distantes da área de conflito, sejamos apenas expectadores da cena, mas não é verdade. Por mais que estejamos envolvidos em nossos problemas pessoais e locais, sempre estamos sendo exigidos a atuar ou não, com amor, tolerância, fraternidade e justiça. É a natureza de nossas ações, positivas ou negativas, que nos colocam de um lado ou do outro do conflito. Temos a oportunidade de obter o alimento espiritual pelos textos e biografias dos grandes mestres; pelo sacrifício e exemplos de pessoas simples ao nosso redor. Não ficamos também omissos e indiferentes ao esforço e sacrifício de nossos colegas médicos ao redor do mundo. Deixamos fluir para suas mãos os recursos financeiros que necessitam e também, para seus corações, as palavras, sentimentos e lágrimas de solidariedade que com certeza irão alimentar as suas forças, assim como os seus exemplos alimentam nossa fé no destino humano. Esperamos que as mãos que hoje com metralhadoras ceifam vidas humanas que ontem eram ceifadas pelos dentes dos leões nas arenas romanas, um dia possam enxugar com arrependimento as lágrimas que a ignorância produz.

Obrigado, Médicos sem Fronteiras, pela coragem, pela fé, pelo idealismo; por estarem de corpo e alma onde só estamos de coração!

Texto produzido em outubro/2011