Ao falar da mulher
Vem logo um sentimento
Que parte do coração
E corre como o vento
Se espalha pela cidade
E deixa em mim a saudade
Das que me deram alento

Primeiro foi minha mãe
Que me acolheu em seu ventre
Cuidou que eu me formasse
E me tornasse gente
Nascesse assim tão comum
Na terra do jerimum
De sol tão belo e tão quente

Depois eu fui encontrando
No mesmo lar que nasci
Mulheres que me amaram
E me fizeram feliz
Eram irmãs, eram tias
E outras categorias
Me deram uma diretriz

Ao chegar na escola
A moça da recepção
Me disse com um sorriso
E com ar de delação
A diretora é carrasca
A professora não tasca
Prepare o seu coração

Eu fiquei logo com medo
Rezei pra nossa senhora
Preciso passar de ano
Sem muita cera ou demora
Protege-me Virgem Maria
De tudo, da agonia
De um zero fora de hora

Mais uma vez as mulheres
Presentes na minha vida
Mostraram o bem e o mal
E que eu tenho a saída
Só basta eu estudar
E muito bem comportar
Que ficarei bem erguida

Ao sair da escola
Serei uma profissional
Aprenderei com modelos
Com mestra convencional
Ser competente e humana
Uma figura bacana
No mundo tradicional

E finalmente eu terei
Um lar e um companheiro
Para eu cuidar com amor
Da vida que vim primeiro
Agora gero o meu filho
Que seguirá o mesmo trilho
Do filho do carpinteiro