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SERVO E SERVIDOR
Às vezes nosso senso materialista impede que reconheçamos as lições e as ajudas que recebemos do mundo espiritual, principalmente nos momentos do sono físico, quando nosso corpo material repousa dos trabalhos realizados e a alma procura a sintonia daquelas outras, encarnadas ou não, que vibram procurando objetivos semelhantes da vida. Como o meu objetivo atual é o estudo da Lei de Deus e da melhor forma de sua aplicação na vida individual e coletiva, acordei hoje com a consciência mais clara com relação a alguns conceitos que às vezes não conseguimos esclarecer devidamente nas argumentações que nos envolvemos dentro do mundo material. Assim é com o conceito de servo e servidor que acredito ter sido o assunto da aula que recebi no meu último momento onírico.
Servidor todos nós somos neste mundo material. Servidor público é aquele que obedece a alguma instância do poder do estado, seja municipal, estadual ou federal; também a algumas de suas repartições satélites como autarquias, empresas mistas, etc. Servidor privado obedece a hierarquia de uma empresa constituída por uma pessoa ou por um grupo de indivíduos, que não tem relação direta com o estado na forma de captar os seus lucros ou remunerar seus servidores. Enfim, os servidores autônomos, que até tentam negar este conceito, de não se classificar como um servidor. Mas na realidade é. Qualquer profissional autônomo, seja qual for sua profissão, ao oferecer seus serviços no mercado tem o objetivo de conquistar clientes dentro da massa, o povo. Então parece muito com o servidor público que também oferece seu serviço ao público, só que aquele é administrado pela organização do Estado, e o servidor autônomo depende de sua própria organização.
Visto assim, todos desempenham um serviço na sociedade, dentro de sua maturidade. Os casos extremos, infância e velhice, não devem ser considerados, pois a infância é o momento da preparação do indivíduo para entrar no mercado de trabalho e a velhice é o momento do repouso merecido pelo trabalho realizado e a oportunidade de contribuir com sabedoria dentro do seu círculo de influência. Mas, dentro da maturidade ainda encontramos pessoas sem um serviço prestado à comunidade, que vive às despensas de outra pessoa, com a aparência de um parasita, são os ociosos. Esses casos existem, alguns moralmente críticos com ou sem amparo legal. Tem outras pessoas situadas num limbo ainda mais complicado. São pessoas que prestam serviços e são vistos como escravos, ociosos, preguiçosos, parasitas... mas como isso pode acontecer? Depende do olhar de quem as ver e até delas próprias. Primeiro vamos conceituar aqui como serviço, todo aquele trabalho realizado em prol de alguém, qualquer que seja o empregador, qualquer que seja a qualificação do trabalho realizado.
Conheço uma pessoa que mora com um parente e desenvolve tarefas de uma empregada doméstica, mas que não é remunerada como tal. Recebe casa, comida e demais itens de sobrevivência como uma pessoa da família, mas não como uma empregada. Porém, uma pessoa da família devia fazer esses serviços domésticos e ao mesmo tempo ser preparada para entrar no mercado de trabalho e ter condições de assumir sua vida com liberdade. Isso não acontece. Então perde a conotação familiar. Também não tem a condição de servidor, não recebe a remuneração financeira dentro desses critérios. Parece mais a antiga condição de escravo onde o feitor ou proprietário daquela pessoa a tinha como um objeto apenas para a realização de trabalhos pessoais sem a observação de qualquer outro direito, familiar (progressão para a vida com liberdade) ou profissional (remuneração justa dentro de uma vida independente). A situação se complica quando essa pessoa engravida de pai que não pode a assumir como companheira. Então diversos olhares se voltam para ela, a grande maioria com julgamentos morais condenatórios: vadia, irresponsável, ingrata, desavergonhada, puta... e por aí vai. Principalmente a parente que lhe abriga e se sente atingida por sua propriedade pessoal ter feito algo que não era de sua vontade e ainda ter que aturar a outra pessoa que está sendo gestada. Mesmo com toda essa tempestade de críticas, a pessoa continua a realizar seu “trabalho escravo”, sem o reconhecimento de sua condição especial de gestante, sem apoio na hora da maternidade, sem o cuidado que deve ter uma parturiente, uma mãe pós-gesta que amamenta e que deve cuidar do filho sozinha. Ainda tem gente que à distância e com outras motivações, que não possui e não deseja ter empatia, a condena com o argumento de que é uma preguiçosa, que usa o sexo para ter mordomias, que não procura trabalho. Como responder a pessoas que tem esse nível de argumentação, que não aceita explicações, que não se coloca no lugar do outro?
Nesse momento entramos num impasse no mundo material que não podemos resolver, pois somos incompetentes para modificar outras pessoas; elas mesmas é quem podem se modificar se assim desejarem. Mas, onde fica a harmonização dos nossos pensamentos e sentimentos dentro dessa injustiça que nossa consciência acusa? É nesse momento que se torna importante o reconhecimento da existência de outra dimensão da vida, a dimensão espiritual. Nessa dimensão a patrão é o próprio Deus, o criador da vida e o grande administrador universal. Somos todos suas criaturas, por isso somos considerados irmãos, temos o mesmo pai. Porém, o serviço que Ele propõe às suas criaturas, nem todos querem seguir, obedecer e até reconhecer. Quem assim o faz e tenta seguir Suas leis, podem ser considerados os Servos de Deus. Daí a diferença: no campo físico temos o servidor das diversas instâncias de patrões, públicos e privados; no campo espiritual temos o servo do Deus único.
É na condição de servo de Deus que encontramos harmonia para os pensamentos e sentimentos decorrentes da injustiça do mundo material; que temos a certeza que todos serão justificados de acordo com suas ações.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 26/12/2011
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