Sióstio de Lapa
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MEU ÍCONE MANCHADO
Encontrei você, meu amor, e logo uma ternura imensa me envolveu, um desejo de fitar para sempre os seus olhos, e, quem sabe um dia seus lábios beijar.
Mas você era tão pura, tão inocente!
Como eu poderia ter esperanças, sendo tão pecador?
Porém, quis o destino que nossos corações se aproximassem tanto que fosse impossível ser separados... assim eu pensava!
E também, jamais poderia deixar nada manchar o seu halo angelical... Nada! Nem que de fora chegasse, nem que dentro de mim viesse.
Untei-a cuidadosa e delicadamente com o óleo aromático do amor. Qualquer sujeira, qualquer mancha era facilmente removida, somente com o acariciar de minhas mãos pelo seu corpo tão querido. Você era o meu ícone. O ícone da beleza, da perfeição, da honestidade, do companheirismo... Era o meu ícone mais valioso, mais limpo e mais brilhante e sempre estava fixado nas paredes do meu coração, no local de maior destaque.
Um dia encontrei-o manchado e sem preocupação maior pensei em limpa-lo como sempre fazia. Que surpresa! A mancha não saia e até dificuldades eu sentia em querer com minhas mãos voltar a deixá-lo imaculado.
Logo descobri que todo meu esforço era inútil. A mancha estava dentro do Ícone! Meu Ícone tinha se manchado por sua própria vontade e nem minhas lágrimas poderiam fazer a limpeza, como antes faziam quando uma sujeira maior a enodoava.
Agora, continuo com ele colocado em lugar de destaque nas paredes do meu coração, mas aquela mancha impede de eu ver toda a beleza que existia antes.
Meu Ícone manchado. Agora meus olhos já não brilham quando lhe fita, pois as lágrimas que limpam os olhos no exterior agora fazem rios que ninguém ver pelo meu interior.

(produzido em 19-04-02)
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 29/12/2011
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