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PRESENTE DE REIS
Todos sabemos da história do nascimento de Jesus e dos presentes que ele ganhou dos Reis Magos do Oriente. A partir desse evento, presente ficou associado ao nome dos Reis Magos em nossa cultura ocidental.
Foi nesse dia tão tradicional que recebi um grande presente que no momento não reconheci como presente, mas depois verifiquei que era o que sempre eu estava a pedir a Deus: uma forma de eu colocar em prática as minhas intenções quanto ao desenvolvimento da minha vida, dos meus projetos acadêmicos, sociais, profissionais, espirituais... tanta coisa e o tempo passando e eu sentindo que estava parado sem sair do lugar. Então recebi o presente, minha vida foi colocada num eixo de agitação onde eu teria que conduzir de acordo com os meus pensamentos. Às vezes eu tinha até medo de ser atendido nas minhas orações de uma forma drástica, mas tudo aconteceu da melhor forma possível da seguinte forma.
Quem representou o papel dos três reis magos, no mesmo dia dedicado a eles, dia 06 de janeiro, foram Sofia, minha companheira, Eduardo e Alice meus filhos.
Eduardo criou a condição propícia, passou no vestibular e exaltou os ânimos de toda a parentada que vieram o cumprimentar e exigiam a participação de todos. Todos com exceção da irmã, Alice, da qual ninguém lembrava.
Alice por ser a minha filha rejeitada por Sofia, ser a filha da minha amante, morar do outro lado da cidade em casa humilde de um parente que a acolhia por favor, nunca teve o direito de ir na minha casa e nem mesmo telefonar.
Sofia por nutrir uma raiva de Manuela, mãe de Adriana, que nunca foi atenuada ao longo dos anos.
Essa foi a rede de relacionamentos e sentimentos que a espiritualidade usou para me dar o presente que eu sempre estava a pedir a Deus: condições para eu colocar em prática o Reino de Deus assim como eu o imaginava. Pelo meu comportamento conciliador eu nunca teria a iniciativa de romper um relacionamento com pessoas que tenho tão grande amor, como é o caso de Sofia e Eduardo. Sofria toda uma série de restrições imposta por Sofia, mas permanecia ao lado deles, até na condição de um simples amigo. Nessa condição eu me sujeitava a cumprir horários de chegada em casa, não trazer na casa que eu morava quem eu queria, nem telefonar para a minha filha, nem fazer sexo com a Sofia, mesmo que oficialmente nós ainda fôssemos casados. Todas essas limitações existiam sobre mim, mas mesmo assim eu me sentia bem ao lado deles. Não iria tomar a iniciativa do rompimento. Mas para eu expressar a essência do meu ser, eu teria que sair dessa condição, agora reconheço. Então nesse sentido, minhas orações foram atendidas, foram criadas as circunstâncias apropriadas para que eu tivesse a liberdade que era necessária para cumprir o que determinava minha consciência.
Eduardo passou no vestibular, e como a irmã não podia telefonar para sua casa e lhe dar os parabéns como tanto desejava, aproveitei a noite que era o dia de eu ficar fora de casa, e mesmo todos da família indo festejar com Eduardo num jantar, eu fiquei com Alice dividindo com ela o momento e tentando explicar a situação de isolamento em que ela se encontrava.
Sofia não tolerou essa decisão e no outro dia quando cheguei em casa ela falou que isso havia sido a gota d’água e pediu para eu sair de sua casa, senão me mataria. Tentei ainda dar alguma explicação, mas ela foi inflexível, nem os meus textos ela se disponha ler. Dizia que era tudo mentira. Então fui mesmo forçado a deixar a casa nessas circunstâncias. Somente depois que o crepitar das emoções foi se atenuando, foi que percebi a situação em que me encontrava: a liberdade que eu tanto pedia a Deus foi concedida. Como era o dia 6 de janeiro, dia consagrado aos Reis Magos, considerei este fato como um presente de Reis.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 30/12/2011
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