VOIS SOIS DEUSES
(Livro de autoria de Arandi Gomes Teixeira/J.W.Rochester, Editora Correio Fraterno, 2011)
Esta história se passa nos primeiros anos da Era Cristã. Uma época que estava na memória recente do povo judeu e dos romanos que o dominavam, de um certo filho de carpinteiro que se dizia ser o Messias, o filho de Deus e por isso foi levado ao martírio e morte pela crucificação induzido pelos próprios sacerdotes de sua fé.
O foco da história é mais sobre os romanos e um judeu. Entre os romanos se destaca a figura de Sibila, uma bela jovem criada como agregada na casa de um patrício romano. Detentora de extraordinária beleza e inteligência, ela sabe com maestria se esquivar das investidas sensuais, tanto do filho do patrício que lhe abriga e protege, quanto de um outro agregado que mora na mesma residência e que é filho de um amigo desse patrício. O judeu, chamado Ben Azir, tem ideais nobres e vive uma vida clandestina, como guerreiro, lutando pela justiça. Até que um dia conhece Sibila e acontece o amor à primeira vista entre eles em posições ideais tão diferentes. A partir daí vemos todo uma esgrima de situações onde o amor executa um papel central na transformação de valores. Entra como pano de fundo a filosofia cristã, do ideal do amor incondicional e de luta pela justiça, não pela espada, mas pela compreensão, tolerância e perdão. Observamos ao longo de toda a trama, de toda uma riqueza de diálogos filosóficos, como a personalidade do perverso e inconsequente se torna sensível frente à demonstração do amor incondicional. O retrato mais claro dessa força que o amor executa é quando, Adriano, que ama Sibila do fundo da alma, termina por entrar com ela, que é cristã, no circo romano para ser trucidada pelas feras. Adriano reconhece que não tem nem reconhece a fé que move Sibila para aquela arena, sabendo que vai ser trucidada, mas mesmo assim com os olhos brilhando de fé e com um cântico de louvor nos lábios, assim como fazem os seus demais companheiros de desdita. Adriano fica até o último momento na posição de protetor, mesmo sentindo suas carnes rasgadas pelos dentes afiados e sua mente sem fé que aqueles crentes demonstravam, mas o seu coração repleto de amor o irmanava naquela situação com todos os outros.
Um momento cheio de lirismo sanguinolento, emoções constritivas, sentimento de empatia, compaixão... impossível conter as lágrimas!
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 15/07/2012
Alterado em 13/10/2012