AMOR: INCONDICIONAL X ROMÂNTICO
No íntimo de nosso ser se desenvolve uma luta de titãs, duas forças poderosíssimas se enfrentam. Uma é o Amor Incondicional, reconhecido por todas as inteligências como a maior força do universo, a que está associada ao próprio Deus. A outra é o amor romântico, associada ao corpo biológico e seus instintos, principalmente o instinto da preservação da espécie, o instinto sexual. O espírito para o seu crescimento moral deve vir estagiar na carne e aprender a se comportar sob a pressão egoísta dos instintos. Acontece que todo o mundo espiritual de onde ele se desloca, é esquecido quando chega no mundo material. Muitos nem acreditam que tal mundo espiritual exista e que a vida se resume apenas no pequeno intervalo de tempo que passamos na terra. O amor incondicional que permeia todo o Universo termina por ficar obnubilado na consciência do espírito que se encontra encarnado. O indivíduo acredita que o seu corpo é a sua essência e que nada mais existe além dele. Dessa forma fica controlado quase completamente pelas forças instintivas e quando o amor romântico se apossa da sua mente na forma de paixão, pode cometer os maiores desatinos, inclusive matar a pessoa que é alvo do seu “amor”, inclusive destruir a si mesmo num impulso suicida. Porém quando a pessoa consegue alcançar a compreensão do mundo espiritual, da existência e da força do Amor Incondicional, por uma questão lógica o deixa no seu paradigma de vida como motor principal de sua vida. Então essa pessoa necessita subjugar a força do amor romântico aos princípios do amor incondicional em seu próprio íntimo. É o primeiro embate dos dois titãs. A luta é difícil, mas a pessoa consegue vencer os instintos, pois está ao lado da maior força do universo e tem a consciência de sua preponderância frente a qualquer outra força.
Agora, o embate maior é quando essa pessoa que já venceu os obstáculos íntimos e tem o Amor Incondicional como princípio de sua vida em todos os setores, estabelece relacionamentos com pessoas que não tem essa compreensão e nas quais prevalece em seu paradigma de vida o amor romântico como força prioritária e prática a orientar o seu comportamento. Pode até compreender que o Amor Incondicional é o mais importante para gerar uma sociedade saudável, fraterna, uma família universal, mas está mergulhada em leis e preconceitos que justificam e priorizam o amor romântico, sua exclusividade, sua família nuclear, o egoísmo que gera as misérias sociais. O militante do amor incondicional se ver cercado de pessoas dentro de seus relacionamentos, inclusive íntimos, e obedece ao princípio da inclusão, não há bloqueios para o fluir do amor, a não ser os de caráter éticos. Mas, em geral, as pessoas ao seu redor priorizam o amor romântico, o ciúme, a exclusão, a intolerância... Mesmo que tenham uma formação religiosa, das mais caridosas ou beatas, não conseguem ter a abertura para o fluir do amor incondicional no campo da sexualidade. É como se fosse um paredão que dividisse ideologias, como acontecia com o muro da vergonha na Alemanha. Essa pessoa dirigida pelo amor romântico faz sua auto critica severa, de um comportamento inadequado, imoral, pernicioso, com todo o apoio da sociedade ao redor, principalmente dos familiares.
Como se unir dessa forma um praticante do Amor Incondicional com um praticante do amor romântico? Torna-se impossível! É necessário que haja realmente uma conversão do amor romântico para o amor incondicional, de forma honesta e corajosa, pois caso contrário o desastre será certo. Não coloco a possibilidade do Amor Incondicional se converter ao amor romântico, pois isso é racionalmente impossível, é como se a verdade se convertesse em mentira. É mais provável o Amor Incondicional viver pela terra de forma solitária, apenas com companhias circunstanciais enquanto o fragor da batalha não lhe arrefece os ânimos.
Assim, o amante incondicional é cheio de características divinas, da inclusão, da tolerância, da fraternidade, da abnegação, da solidariedade, mas no entanto, cercado de pessoas cheias de amor romântico, fazem sofrer as que se aventuram na intimidade do relacionamento. Elas passam a sofrer quando sabem que o amante incondicional a deixa só naquele momento em que está ao lado de outra pessoa; desejam um relacionamento exclusivo e sofrem por não o alcançar. A alternativa mais racional no sentido de evitar o sofrimento, é que o amante romântico não entre na intimidade do amante incondicional. É importante que haja transparência quanto as características e as consequências do pensamento e comportamento de cada um, para que ninguém venha se sentir traído no ardor do sofrer.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 31/01/2013