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MUDANÇA DE PARADIGMA 2 Conflito Paradigmático
Tudo corria bem até que iniciou um conflito em minha consciência em função do paradigma que eu obedecia. Eu trabalhava num hospital como estagiário de medicina e plantonista. Uma enfermeira que acompanhava o meu plantão desenvolveu uma amizade comigo, apesar de eu ser bastante tímido no relacionamento com as mulheres. Da amizade passou a surgir um jogo de sedução. Ela com palavras e atitudes românticas e eu com olhares complacentes. Daí passou de forma natural para insinuações de encontros românticos, com possibilidades sexuais. Ela era casada e eu também. Ambos sabíamos de nossa condição. Apesar dela não ter um bom relacionamento com o marido, eu tinha com minha mulher. Ela sabia disso, que eu tinha uma vida harmônica com minha família, que amava a minha esposa que não tinha intenção de lhe deixar ou trair com ninguém. Ela também não me exigia isso, apenas que nos encontrássemos e que pudéssemos namorar por alguns instantes. Isso não faria mal a ninguém. Esses eram os seus argumentos, colocados no meio de todo o jogo de sedução. Usava uma blusa decotada por baixo de sua blusa branca, suas pernas bem torneadas sempre estavam generosamente a mostra por baixo de uma saia curta. Seus lábios grossos, sensuais, sabiam colocar palavras que mesmo se referindo ao nosso trabalho carregavam uma forte dose de erotismo. Eu resistia a tudo isso com educação, usava sempre o meu refrão: eu amo minha mulher e não quero lhe trair. Mas apesar de falar assim, o comportamento de Glória (nome fictício como todos que usarei daqui para a frente) fazia o meu corpo reagir de forma automática. O desejo por ter aquele corpo que estava ali ao meu alcance era muito forte. Eu não dizia nada que lhe incentivasse, mas meu corpo se excitava e eu chegava a disfarçar para ela não perceber que eu estava excitado. Procurava ficar longe dela. Quando eu estava sozinho, no banho, por exemplo, e vinha a lembrança dela, vinha o desejo de masturbação fantasiando a situação que ela prometia. Mesmo assim eu me continha, até isso eu considerava uma traição para com a minha esposa.
Foi aí que começou o conflito. Minha consciência passou a indagar onde estava o erro. Se o caso só se restringia a mim e a Glória, era um momento de prazer entre nós. Não haveria consequências de traição para Elvira (minha esposa), pois o prazer estava entre mim e Glória, por que pensar em traição, se ela poderia nunca saber se isso aconteceu um dia? Eram argumentos fortes que chegavam à minha consciência, enquanto Glória estava ali, toda noite nos meus plantões, a lembrar o que eu estava perdendo. Meu olhar passou a ficar mais interessado no dela, seus artifícios de sedução cada vez mais me deixava excitado. Mas o sentido da traição estava presente no centro da consciência, apesar de todas as argumentações em contrário. Eu me mostrava firme ao longo do tempo, mesmo percebendo que eu estava cada vez mais envolvido naquele jogo de sedução. Queria sair e namorar com Glória, também eu não via onde isso poderia prejudicar a terceiros e avaliava que iria trazer um grande prazer para nós, para mim e Glória. Mas a consciência impedia, exibia o cartão vermelho da traição. O conflito estava instalado!

Como você se comportaria, caro leitor(a)?
1) Repudiaria Glória com altivez, mesmo ela sendo minha amiga e sempre interessada no meu bem estar?
2) Deixaria esse trabalho e procuraria outro emprego que não corresse o risco de trair minha esposa?
3) Sairia com ela, afinal minhas argumentações estavam corretas, o nosso prazer não iria causar mal a ninguém?
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 17/02/2013
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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr