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MUDANÇA DE PARADIGMA 3 Consequências do conflito
Referente ao texto 2 da MUDANÇA DE PARADIGMA – Conflito paradigmático, recebi a seguinte avaliação da leitora TSL a quem muito agradeço e gostaria que ela continuasse a avaliar essa condição que foi e continua sendo tão importante em minha vida:

17/02/13 12:21 – TSL
Não sou homem, talvez por isso a minha opinião será diferente da
Masculina. Nunca trai e meu ex marido jura que nunca me traiu, pelo
menos eu nunca desconfiei ou descobri. Porém, desde adolescente tive a
seguinte opinião: quando traímos alguém, traímos a nós mesmos. Por
mais que você conte a investida da Glória, se você tem convicção no seu amor por sua esposa e por sua família, nada nem ninguém poderá mudar isso. Podemos sim, evitar e até recusar uma traição, somos humanos e dotados de raciocínio, nosso cérebro pode sim, controlar nosso desejo ou evitá-lo. O que acontece com as pessoas que traem é a certeza do perdão ou até de nunca serem descobertas. Outro dia, me falaram que os homens traem por instinto, respondi: quem tem instinto é animal, nós temos raciocínio, porquanto podemos sim, evitar trair e magoar aqueles que realmente nos ama, e repudiar aqueles que querem apenas uma parte do nosso corpo para satisfazer os seus instintos animais. Boa sorte amigo e lembre-se: "Deus odeia o pecado, mas ama o pecador", porém o adultério é pecado, até pensar em adulterar já se está pecando.

Eu estava vivendo o conflito da minha consciência com o desejo da carne. De respeitar a fidelidade no casamento ou de aproveitar os prazeres que a relação carnal podia trazer. Mas a minha mente analítica queria descobrir a coerência desse impedimento e assim alimentar minha consciência com novos argumentos. Eu era um estudante de medicina, vivia debruçado em livros de biologia, de psicologia, de natureza animal, da sociobiologia... também lia os livros sagrados de qualquer religião, a posição filosófica de diversos filósofos e místicos e entre esses eu destacava Osho. Eu percebia que isso que eu sentia, tão forte desejo sintonizado ao desejo de minha amiga, nada mais era que a força dos instintos que cada animal possui e nós como um deles não iria ser diferente. A diferença é que nossos primos animais não tem uma capacidade cognitiva tão desenvolvida quanto a nossa, que consegue construir culturas elaboradas e criar leis coercitivas para o bom andamentos das relações de toda natureza, principalmente as inter-pessoais no campo da intimidade. Eu estudava que nas diversas culturas humanas também existia uma diversidade de forma de conduta. Existia a nossa cultura ocidental do casamento monogâmico que diferencia da cultura poligâmica do oriente onde o homem de posses pode manter um harém com diversas mulheres; também diferencia da cultura do homem polar que na sua hospitalidade chega a oferecer sua mulher para dormir com o convidado. Eu via assim que o casamento monogâmico da cultura onde eu estava inserido, também não era respeitado pela maioria dos casais, principalmente os homens que sempre estavam se envolvendo com outras mulheres fora do casamento, nas relações extraconjugais, tão bem aceita pelo universo masculino e tolerado pelas mulheres. De forma geral era assim que funciona a minha cultura. Eu poderia logo cedo fazer o meu harém particular, encoberto pela mentira, como a maioria dos amigos e por isso se gabavam.  
Com essas informações cada vez mais eu quebrava a fortaleza da fidelidade, mas a palavra traição que acompanharia a minha aventura nesse campo extraconjugal, não soava bem na minha consciência, no meu senso de justiça. Eu não queria ser um traidor. Assim, passei a me sentir encurralado dentro da situação. Eu não repudiaria Glória, não iria lhe tratar mal, pois eu percebia que ela não queria fazer nenhum mal, nem a mim nem a minha família. O que ela desejava eu bem sabia, era sentir o prazer que nossos corpos podiam oferecer um ao outro. Também eu não poderia deixar o trabalho por esse motivo e ir em busca de outro, intuía que onde eu chegasse situação semelhante iria surgir. Então eu iria ficar fugindo a vida toda? Todas minhas argumentações eram favoráveis a que eu pudesse aproveitar as circunstâncias e trocar momentos de prazer com minha amiga. Mas tinha uma argumentação que era totalmente desfavorável. Eu estava casado com a mulher que eu amava e qualquer relação extraconjugal era considerado um pecado, um crime, uma traição. Se eu não fosse casado essa experiência de prazer não iria ser perdida, tenho certeza. Mas eu estava preso a um compromisso! Passei a ver minha esposa agora com outros olhos. Não era mais aquela pessoa meiga e doce com a qual casei, e sim a minha carcereira. Eu não vivia mais num lar, e sim numa prisão. Acabou o meu encanto com o casamento, de viver feliz com minha esposa até o fim da vida. Eu me esforçava para manter o mesmo comportamento de antes, com harmonia dentro de casa, expressões de amor, viagens, lazer... mas tudo agora estava contaminado pelo desgosto de não ser livre. Minha esposa em nenhum momento percebeu o que se passava comigo, o tamanho do conflito que estava instalado em minha consciência e que ela era o foco. Eu sei que ela não tinha culpa do que acontecia comigo. Mas crescia a ojeriza de mim em direção a ela, a cada dia o meu lar desmoronava.  

Qual seria seu comportamento, caro leitor(a)?
1) Acabava de vez com o casamento?
2) Continuava lutando pela fidelidade no casamento?
3) Sairia escondido com a amiga?
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 18/02/2013
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