OS SOFRIMENTOS DE CRISTO
Sexta feira da paixão é um dia especial para o mundo cristão. Lembra o momento máximo dos sofrimentos de Cristo, o embaixador do amor que em nome do Pai veio para nos ensinar. E esta foi a sua lição mais dura, pra todos nós que beneficiados por suas lições e ações, julgamos, decidimos e protagonizamos essa barbárie contra Ele. Mas foi a força dessa lição que dividiu o mundo em antes e depois de Cristo; que nos deu o Evangelho, as Boas Novas, que até hoje cresce em importância e tende a cobrir todo o mundo com sua orientação; que nos deu a inspiração de sermos ao mesmo tempo ovelhas e pastores, discípulos e professores, sempre com a obrigação de aprender e ensinar sobre a importância do mundo espiritual e que Deus deixa cada um de nós com uma missão, por mais simples e insignificante que possa parecer.
Não me canso de assistir a dramatização da vida de Jesus, e não canso de derramar lágrimas nesse momento mais crítico de sua paixão, do seu julgamento, açoites, até o ápice da brutalidade da crucificação. E por outro lado a Sua paciência, compreensão, tolerância, resignação, ternura... e AMOR por todos aqueles que faziam aquilo! Todas essas informações chegam ao cerne da minha alma, fazem uma revolução nos conhecimentos acadêmicos, religiosos e pressionam para um aperfeiçoamento da minha compreensão.
O que motivava a Cristo passar por tudo isso? Cumprir a vontade do Pai, na condição de filho muito amado, isto é, que o reconhece como Pai e tem condições morais de fazer a Sua vontade com o mínimo de interferência dos apelos da carne. Mesmo que Ele tenha passado por momentos difíceis, por saber com antecedência o que iria sofrer, que chegou a pedir o afastamento do cálice de tanto padecimento, mas logo recuperou a firmeza e disse com segurança: “mas que seja feita a Vossa vontade!”
Os sofrimentos identificam Jesus como o verdadeiro Messias. Ele havia ensinado de maneira clara que o Messias, o Filho de Deus deveria sofrer muitas coisas e entrar na glória através do sofrimento. O Evangelho de Mateus chama bem a atenção para esse fato na história da paixão, de retratar Jesus como o cumprimento do Antigo Testamento:
- Jesus foi traído por seus amigos? Trata-se do cumprimento do Salmo 41.9: “Até o meu melhor amigo, em quem eu confiava e partilhava do meu pão, voltou-se contra mim.”
- Ele foi dolorosamente repudiado e oprimido? Trata-se do cumprimento de Isaias 53.3: “Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento.”
- Ele manteve um silêncio nobre diante de seus juízes? Foi em cumprimento de Isaías 53.7: “Como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.”
- Ele foi esmurrado, açoitado, esbofeteado e cuspido? Foi em cumprimento de Isaías 50.6: “Ofereci minhas costas àqueles que me batiam, meu rosto àqueles que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e dos cuspes.”
Essas informações tão claras e verdadeiras impõem ao nosso raciocínio mecanicista e endurecido, a importância do mundo transcendental, de uma hierarquia de vida superior e eterna, mas enquadrada nas gradações de conhecimento e evolução moral que cada um possui. Mostra que quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais; que o conhecimento e o sentimento devem andar de mãos dadas, orientados sempre pelo Amor; que o sofrimento é a carteira de identidade do Filho de Deus que cumpre a Sua vontade, pois neste mundo onde o mal ainda predomina, o mal que o egoísmo e ignorância patrocinam, só encontram resistência no amor incondicional, e em consequência passamos a ser alvo do sofrimento.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 29/03/2013