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A LÁGRIMA DO CORAÇÃO
Uma lágrima me desceu no rosto
Perguntei a ela porque fez isso
E com tristeza a ouvi dizer
O que jamais eu imaginei.

“Desculpe eu vir e te envergonhar
Mas é que eu cumpro ordens superiores
É teu coração que me produziu
É tua alma que me fez sair.

O coração disse que não é justo
Tanto consolar, e não ser consolado
Tanto compreender, e não ser compreendido
Tanto amar e não ser amado.

A alma que gerencia tudo
Percebeu que muita dor havia
E para não ressecar a vida
Transformou tudo em uma gota d’água

Mas cada dia outra gota havia
Até que hoje ela me fez sair
Para mostrar a ti, meu dono
Que há uma enchente alagando tudo.

Abobalhado eu ouvia isso
Como podia tal acontecer?
Se eu obedeço ao que o Mestre disse?
Se eu faço a vontade que o meu Pai quer?

Mas essa lágrima esclareceu
“Tu fazes tudo que teu Mestre ensina
Tu fazes tudo que teu Pai deseja
Mas não fazes o que teu corpo quer.

Então é justo que ele sofra
Pelos amores que não pode ter
Mas faças apenas um favor a ele
O ame tanto quanto amas a tantos.”

Era bem justo esse pedido
E logo uma lágrima minha
Desceu no rosto sem ter vergonha
Ao lado da lágrima do coração.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 07/09/2014


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr