Pai, compreende-me...
Sou como criança assustada, fraca, mas que sabe do que devo fazer, porém sem saber como fazer, se tenho sabedoria para aprender ou coragem para realizar.
Sei que Vós me criastes simples e ignorante, que me destes um corpo e milhões de planetas para me servir como escola ou hospital.
Escola para aprender como evoluir nos valores morais e hospital para curar minhas feridas quando por ignorância eu cometer erros, pecados.
Hoje, quarta-feira de cinzas, dia que começa a Quaresma, estarei entrando no deserto psicológico, parecido com aquele real em que o Mestre Jesus entrou e permaneceu durante 40 dias.
Deverei também ser testado, guardando as devidas proporções com o Mestre. Deverei ser tentado com as necessidades da carne e principalmente com os prazeres mundanos.
Meus dois principais adversários estarão à postos, a preguiça e a gula. Até hoje eu satisfiz a ambos numa espécie de acordo onde eu deixei-os liberados para a partir de hoje não ter maiores desculpas.
Por tudo isso, Pai, espero Vossa companhia por mais tempo do que já me dás, e maior amor do que Vós já me ofertais a cada dia de minha vida.
Espero também a presença do Mestre ao meu lado a cada momento, por mais simples que pareça as circunstâncias, para que Ele me intua com sua experiência em lidar com o mal, em qualquer aparência que ele tiver, em qualquer tentação que ele oferecer.
Espero, Pai, conquistar a graça de trabalhar com muita intensidade, determinação e coragem para que aconteça o vosso Reino de fraternidade, de justiça, de igualdade e de liberdade; compreender com toda a clareza e humildade que tudo pertence a Vós, acima e abaixo da terra; que sou apenas um administrador dos frutos materiais que colocas nas minhas mãos, e que sou agora chamado a construir um mundo onde todos tenham o que precisam, onde todos participem dos frutos dos trabalhos de suas mãos, onde tudo seja repartido, porque tudo é dom que nos ofereceis.
A partir de hoje, Pai, mais do que nunca, eu sou o instrumento da Tua vontade!