Textos

GNOSTICISMO
            O escritor Richard D Foxe publicou em seu blog no Wordpress um texto muito interessante para a compreensão da vida e de nossa posição dentro dela. Como meu trabalho dentro deste espaço no Recanto das Letras tem o sentido de apreender as lições vindas de todas as direções para aperfeiçoar os meus paradigmas de vida e ao mesmo tempo repassar essas informações dentro da maior transparência possível dentro de minha vida cotidiana, servindo como uma espécie de cobaia para instrução concomitante dos leitores, irei reproduzir o trecho que melhor contribui para esse aprendizado.
            De acordo com a filosofia platônica, o progresso de criação nada é se não a cópia de “ideias” ou “imagens” existentes, antes da origem do tempo, na Mente de Deus. Para os Gnósticos, esse conceito é expresso por meio do termo “emanação”: Deus, localizado no centro do Universo não cria, mas emana, entidades chamadas Éons (faíscas divinas) cuja perfeição vai diminuindo na medida em que se afastam dele assim como acontece com a luz que enfraquece quando se distancia da sua fonte.
            Deus não emana Éons singularmente, mas em pares ativo-passivo (ou masculino-feminino) complementares que, juntos, constituem as Sigízias que, por sua vez, podem emanar outras Sigízias. Em sua totalidade as Sigízias configuram o domínio divino do Pleroma (a região da Luz) e caracterizam em si os diversos atributos de Deus.
            Das primeiras quatro Sigízias, totalmente espirituais, descendem os Éons inferiores até chegar à Alma e à Matéria que constituem o ser humano terrestre.
            Infelizmente, a Alma entrando em contato com a Matéria, foi corrompida por ela caindo nas trevas e tornando-se escrava do mal, da dor e da morte. Uma deterioração reforçada pelo olvido e pela ignorância da própria origem divina, mas que pode ser revertida mediante a Gnose.
            Dependendo do grau de consciência existem três categorias de seres humanos.
            Os Hílicos, escravos das paixões e das fraquezas da carne; os Psíquicos, ainda não totalmente perfeitos e os Pneumáticos, que renegaram a matéria e optaram pelo espírito. Cristo exorta os seus discípulos a tomarem consciência da origem divina de todos com essas palavras: “Jesus disse: Mas se não vos conhecerdes, então vivereis na pobreza e sereis a pobreza.” (Tomé, 3)
            Mas qual foi a origem do mal, de quem a culpa? Um estudo mais aprofundado da filosofia gnóstica revela detalhes intrigantes. O terceiro Éon inferior, cujo nome é Sophia, teve a presunção de gerar sozinha sem a ajuda do consorte. Como resultado, Sophia deu vida a um monstro, o primeiro arconte, o Demiurgo malvado (identificado com Jahvé do Antigo Testamento). O Demiurgo criou o mundo da matéria e criou também o homem tendo, como modelo, o Adão celeste (sempre presente na mente de Deus), mas dessa vez preso dentro de um corpo material.
            Em seguida, Sophia se arrependeu e Deus, visando o resgate da humanidade, enviou Cristo formando uma nova Sigízia cujos dois Éons eram: Soter (Cristo, o Salvador) e a própria Sophia (o Espírito Santo, a Noiva de Cristo).
            Então, para os Gnósticos, o Espírito Santo é expressão da potência e da vontade de Deus, sem deixar de ser hipóstase (substância) dele.
            Em síntese, Cristo foi enviado à Terra na forma de um homem (Jesus) para dar aos homens a Gnose necessária para que eles se libertassem do mundo físico e retomassem ao mundo espiritual.
            É óbvio que Jesus, sendo um Éon, era constituído de puro espírito; portanto não nasceu, não morreu e nem sequer ressuscitou.
            Jesus apareceu repentinamente na Galileia na forma de um ser humano, mas sendo intimamente uma entidade exclusivamente divina; o seu corpo, igual um Avatar, não passa de mera aparência. Consequentemente, morte e ressurreição representam eventos puramente simbólicos e o verbo ressuscitar significa “acordar para uma nova vida”, sendo que todo homem deve, com a ajuda de Sophia (o Espírito Santo) acordar e se conscientizar da sua origem divina.
            Não temos certeza científica da existência de Deus, da formação do mundo, da vida... Nossa mente sofisticada, comparada aos demais animais, elabora teorias que pretendem explicar tudo isso com o máximo de racionalidade. Temos assim a filosofia platônica tentado atingir esse objetivo.
            As faíscas divinas (Éons) são boas bases para sustentar uma compreensão do inatingível cientificamente.
            Deus emana essas faíscas que perdem perfeição a partir do distanciamento. Mas como é uma emanação, por natureza devem se afastar dEle, mesmo que percam a sua luminosidade quanto mais distante ficam, mas continuam pertencendo ao reino da Luz.
            Encontramos assim a Alma e a Matéria corporificados no ser humano. A Alma associada à Luz, à Deus, e a Matéria associada às Trevas, ao Demônio. Como o processo no qual estamos é uma emanação de Deus, é esperado que cada vez nos afastemos dEle e nos aproximemos das Trevas. Para reverter esse processo e fazer a Alma deixar a inercia de seguir para as trevas, era necessário um raciocínio superior às amarras da Matéria, representadas pelos instintos e impulsos. Esse raciocínio superior é adquirido pelas diversas experiências da alma nos corpos materiais. Neste momento o raciocínio se aproxima da Doutrina Espírita. Os diversos demônios significam apenas almas ainda presas dentro das energias materiais, e os avatares, como o Cristo, significam almas desapegadas da Matéria, que reconhecem a origem divina e fizeram o movimento de aproximação à Deus; que recebem dEle a missão de ensinar (gnose) aqueles mais sensibilizados o movimento de aproximação à Luz divina, cuja base é o Amor Incondicional.
 
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 19/02/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr