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CARIDADE E DOUTRINA ESPÍRITA (CRUZADA (38)
         As lições que Jesus trouxe à Terra terminaram sendo deturbadas e aplicadas de forma enviesada em muitas igrejas. Chegou-se a um ponto onde formaram-se exércitos para lutar e derramar sangue em nome do Cristo, para a recuperação da Terra Santa, Jerusalém. Mais próximo dos nossos dias, observamos a morte na fogueira promovido pela inquisição, justificada por expulsão dos demônios que obcecavam as vítimas.
A essência do Amor que o Cristo veio nos ensinar foi perdida. As diversas igrejas elaboram formas rígidas de comportamento, dogmas acima de qualquer refutação lógica, que afasta pessoas honestas que percebem incoerência no que é dito e no que é praticado.
Foi preciso que o véu entre o mundo espiritual e o material fosse rompido de certa forma, que aparecesse diversos fenômenos espirituais, muitos deles levados na brincadeira para que alguém com uma percepção crítica e metodologia científica conseguisse perceber a inteligência que existia por trás dos fenômenos e que era possível a comunicação. Dessa forma foi codificado por Allan Kardec toda estrutura racional do mundo espiritual, ensinos promovidos por Espíritos Superiores, capitaneado pelo Espírito da Verdade, que entendemos ser o próprio Jesus, pela qualidade das informações transmitidas, tendo como pilar central desses ensinamentos, o mote: “Fora da caridade não há salvação.”
Em função disso toda uma complexa rede de atitudes foi exemplificada na aplicação dessa Caridade: a fome, deve ser mitigada com urgência, mas devemos mostrar a importância do Evangelho; a pessoa desnuda deve ser vestida, mas com a aplicação da bondade em nossas ações; o enfermo precisa da nossa ajuda para receber o remédio do corpo, mas também do remédio para a alma; um coração crucificado por uma série de problemas deve ser socorrido, mas com o ensino de meios próprios para superar o problema; atender o choroso em sua penúria, mas informando recursos para estancar as lágrimas; e atender o órfão necessitado, mas com atitude acolhedora e virtudes como lições.
Os caminhos que temos à nossa disposição são variados, mas sempre estará em qualquer margem desses caminhos os necessitados a nos estenderem as mãos, explícita ou implicitamente. Portanto, devemos seguir por qualquer um desses caminho que escolhermos, aplicando o conhecimento do Evangelho que nos renovou a mente e consolou o coração. Devemos homenagear o anjo da Caridade, distribuindo o que podemos.
Quando estamos intuídos de fazer a Caridade como Jesus ensinou, estamos movidos por uma Fé legítima, capaz de enfrentar a Razão face à face, em qualquer época, em qualquer lugar. Já foi dito que, “A Razão sem Fé fica louca e a Fé sem Razão fica cega.”
A Caridade tem em muitos casos um “Regime de Urgência”, mas não podemos permitir o acomodamento, temos que dar o necessário esclarecimento para que a pessoa não fique motivada a viver somente com essa Caridade, tipo Bolsa Família, e não queira se desenvolver, ficar independente e não necessitar mais desse tipo de assistência.
Dar o pão ao esfomeado pode ser um dever imediato, retirá-lo da miséria proporcionando a sustentabilidade para manter-se é dever evangélico. Dar um tecido ao corpo despido é gratificante, mas sem esquecer a orientação para agasalhar a alma. Dar o medicamento para o corpo doente é ação de urgência, mas sem esquecer a diretriz evangélica. Dar o socorro ao aflito, mas mostrando o roteiro cristão para superar os problemas e aceitar com galhardia e sabedoria o sofrimento.
É preciso atenção constante ao que se passa nas margens do nosso caminho. É preciso ouvido aguçado e o auxílio necessário para atender ao anjo da Caridade que está sempre ao nosso lado.
Se amparamos o órfão, mostremos à ele a conduta espírita. Se damos auxílio à viuvez solitária, ofertemos também a Doutrina Espírita, como forma de Evangelho Redivivo.
A Caridade e a Fé estão sempre juntas. Lembremos da lição de Jesus ao falar com a samaritana no poço. Pedia para ela um gole d’água, e em troca lhe daria a água viva dos seus ensinamentos, um tipo de água que irá matar a sede de quem toma para sempre, de qualquer tipo de situação que possa nos angustiar.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 04/05/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr