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LAR...BORATÓRIO DA JUSTIÇA
Observamos que sempre existe algum tipo de problema dentro dos lares, às vezes com bastante gravidade. São irmãos que se antagonizam, cônjuges em lamentáveis conflitos, animosidade entre pai e filhos, farpas de ódio entre filha e mãe...
Os afetos conjugais que antes pareciam tão harmônicos, se transformam em azedume, os sorrisos filiais de antes se transformam em rituais de vingança, desabam entre os parentes tempestades verbais em discussões hostis.
Muitas vezes surgem agressões infelizes com consequências fatais, gerando tragédias nas paredes estreitas do domicílio. Também surgem enfermidades rigorosas exacerbadas pelo chicote da maldade.
Outras vezes, pais envelhecidos, com mãos enrugadas, sofrem sob o tormento de filhos dominados pelo ódio, ou são pais enfermos que se sentem açoitados por filhos obsidiados pela ira, ou são irmãos dependentes químicos e emocionais sofrendo agressões, queixas e recriminações.
A lei divina é incorruptível. Todos que geram dívidas tem que pagá-las. O infrator renasce ligado à infração que cometeu. A justiça determina que a sementeira é livre, devemos respeitar o livre arbítrio, mas a colheita é obrigatória.
O esposo negligente de ontem recebe no lar de hoje a filha ingrata e maldizente; a noiva irresponsável de ontem recebe hoje nos braços o esposo traído como o filho cruel; o companheiro do passado culposo hoje se vincula pela consanguinidade à vítima desesperada; o braço açoitador se imobiliza frente a visão de um retardado mental.
Os cobradores estão reencarnados junto às dívidas no aconchego do lar.
Chega o momento de acender a luz do Evangelho dentro do lar, amar a família problema da qual fazemos parte, exercitando humildade e resignação. Preservemos a paciência elaborando o curso do amor nos exercícios diários do silêncio entre os planos da piedade.
Sempre atento... não renascemos em determinada família-problema por acaso. Há sempre um planejamento. Escolhemos aqueles que dividirão conosco as aflições dos próprios desenganos. Solicitamos a bênção da presença dos que nos cercam para vencer as dívidas contraídas e rumar para o Pai. Sem essas pessoas faltariam as bases da justiça nos erros cometidos. Sem a exigência deles não seríamos dignos de compartilhar os avanços espirituais que nos espera.
São os parentes severos nos trajes de verdugos inclementes, a lição de paciência que necessitamos viver, aprendendo a amar os difíceis de amor, para nos candidatar ao amor que todos ama.
O amor que o Cristo nos ensinou deve brilhar em nosso espírito se transformando em farol de compaixão e sabedoria. É o remédio-consolo para as nossas dores no lar, o antídoto e o tratado de paz para o campo de batalha que pode se tornar o lar.
Devemos esgrimir com maestria as armas da fé e da bondade, apaziguando, compreendendo, desculpando, confiando em horas e dias melhores no futuro.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 17/08/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr