Sióstio de Lapa
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FEITIÇOS
            Feitiço é uma forma de encantamento, geralmente de caráter negativo, que se joga sobre outra pessoa, geralmente um adversário. É um apelo feito ao mundo espiritual, mas com uma base material, um amuleto, um patuá, um despacho... A fé torna-se assim materializada, pois os feitiços, a petição ao mundo espiritual, necessita de algum tipo de moeda de troca, quer seja uma vela colorida ou não, uma galinha preta, um prego enferrujado, um sapo, etc.
            Por outro lado, a visão materialista pode ir ao outro extremo, a descrença. Podemos citar Karl Marx como o ícone desse tipo de ateísmo, quando passou a defender que “a religião é o ópio do povo”. Dessa forma, as revoluções de caráter comunista ou socialista, que tem como base as teorias marxistas, condena as igrejas e chega a perseguir os padres e até matar.
            Vemos assim que, a ignorância engendrou os feitiços por não dispor de lucidez espiritual, da mesma forma que essa falta de lucidez anula a existência do mundo espiritual e passa a perseguir quem o defende e pratica.
            Entendemos que o planeta passou por um estágio primitivo de relacionamentos, o que gerou as religiões primitivas. Aconteceu uma luta entre o instinto e a inteligência, com falsas concepções sobre a vida no astral. Os espíritos primitivos encarnados exigiam banquetes de sangue. As práticas goéticas (sistema mágico ritualístico para a evocação de espíritos malignos) se desenvolveram a partir desse clima de ignorância, até ser reprimido a ferro e fogo na Idade Média, com a estrutura social e eclesiástica do cristianismo recém aceito como religião oficial do império romano.         
            Apesar de muito barbarismo ter sido feito em nome do cordeiro de Deus, houve também a possibilidade de se desenvolver a Teurgia, o intercâmbio com espíritos lúcidos, com discernimento melhor sobre a vida extrafísica e capaz de conduzir o espírito encarnado a elevado princípios morais.
            O que aconteceria a nível de além-túmulo, após a morte do corpo físico, passou a ser interesse, e os primeiros pesquisadores, sem maturidade e precipitados, legaram à posteridade heranças comprometedoras. Os espíritos ligados à ignorância tradicional, se deixam dominar por fórmulas e patuás ineficientes, cultivando superstições e carregando amuletos inócuos, mentalizados com a finalidade de libertação de todos os males.
            Observamos nesse campo, as ações e reações... as fixações da mente em desalinho, atormentada por espíritos enfermos, situados além da forma física; ou as mentalizações que geram ações lamentáveis, frutos do comércio nefando de encarnados e desencarnados em vampirismo de longa duração, podem ter duas vertentes: tonarem-se inúteis um como o outro, na forma de feitiços, quando encontram espíritos tranquilos e de consciência reta; ou, causarem perturbações que, por natural processo de justiça transcendente, perturbam aos que se comprazem também em perturbar, que vibram na mesma sintonia.
            A história nos mostra como podemos perceber o esplendor da existência de Deus ao nosso redor, desde que desenvolvamos os sentidos para essa contemplação. Kepler, deslumbrado com as constelações do firmamento, exclamou: “Louvai ao Altíssimo celestes harmonias.... e tu, minh’alma...”; Lineu, naturalista famoso, tocado pelas leis da botânica, bradou: “O universo canta a glória de Deus”; Davi, no salmo 19, cantava: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.”; Epiteto, filósofo liberto de Nero, ensinava: “Pesquisai e achareis pois tendes a natureza a vos auxiliar na descoberta da verdade.”
            São essas colocações feitas por eminentes personalidades que nos levam a imaginar que estamos imersos dentro de Deus, com olhos brutalizados que ainda não conseguem perceber a luminosidade de sua existência.
            Este é o tempo de nosso aprendizado. Estamos matriculados na escola terrena com este objetivo. Ante os divinos Mestres, devemos descobrir o amor e vibrar com ele; se não conseguirmos compreender a grandeza do amor, então indaguemos aos que se enobreceram amando, e amando se libertaram de toda limitação , conseguindo paz.
            A luz do Evangelho trazida pelo Cristo conseguiremos rasgar os véus do ocultismo e iluminar nossas mentes e corações para a evolução espiritual. Tabus, amuletos, feitiços, superstições, ignorância, foram superadas e a razão esclarecida avançou o intelecto, elucidando as inquietantes indagações do pós-morte, representando os conceitos morais do Evangelho de maneira compatível com o bom senso, de modo a atender as exigências do pensamento moderno.
            Exaltando a doutrina do Cristo e difundindo-a sem amarras dogmáticas nem negociações com encarnados ou desencarnados, podemos reorganizar o domicílio mental e, livre de qualquer limitação, podemos estabelecer o primado do Espírito, na materialização dos elevados princípios do amor.
            Jesus, logo após a crucificação, retornou à estrada de Emaús para elucidar a Cleófas e companheiro, a glória imortal acima de todas as misérias humanas.
            É o momento de superar receios e aclarar dúvidas, nos libertar de qualquer feitiço ou crença primária, arrebentar os amuletos mentais da superstição e fazer luz no íntimo, alçando o pensamento e o coração ao amor, essência divina, trabalhando sem repouso, mesmo que aflito pelos estresses, não sintamos a alegria do serviço.
 
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 15/09/2018
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