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GUERRA DE NARRATIVAS
            Observamos que os últimos textos postados neste espaço trazem narrativas diferentes de uma mesma situação política. Isso sempre acontece nos conflitos humanos, desde a antiguidade. Um texto assinado por Hélio V. Ramos Filho e Marcelo O. Dantas, ambos embaixadores de carreira, com o título “Guerra de Narrativas no Exterior, vem explicar como isso acontece.
            A Guerra de Narrativas no Exterior
            Em meados do século 3, quando o Cristianismo era uma religião proscrita, o teólogo Alexandrino Orígenes produziu seu mais famoso tratado – Contra Celsum. Nesse texto, respondeu, com serenidade e apuro filosófico, aos ataques feitos pelo neoplatonista Celsus, que via na difusão das idéias cristãs um ameaça aos fundamentos da civilização romana. A contra narrativa de Orígenes prevaleceu. E o caminho foi aberto à expansão da nova fé.
            A memória desse episódio serve de alegoria para a guerra de narrativas que hoje trajamos. Guardado o devido respeito aos embates da patrística, assistimos em nosso país a ascenção de um surpreendente fenômeno de massas, consagrado por 56 milhões de eleitores. A chegada de Jair Bolsonaro ao poder, no entanto, vem sendo questionada – urbi et orbi – por novos “Celsos”.
            Os novos “Celsos” têm-se esforçado em difundir a falsa ideia de que o presidente eleito representaria uma ameaça aos fundamentos da democracia ocidental. Pintam-no como um extremista de direita, inimigo dos direitos humanos e do meio ambiente – um militarista disposto a oprimir minorias e solapar as liberdades civis. Em sua eleição, veem o triunfo do populismo irracional, a ser confrontado por uma aliança liberal-progressista.
            Essa visão alarmista e fantasiosa – difundida em artigos de opinião, manifestos intelectuais, propagandas eleitorais e entrevistas a redes de televisão – ganhou o mundo. Alguns dos principais veículos de informação do planeta passaram a acompanhar o processo político brasileiro, preocupados com a possibilidade de um “novo Trump” chegar ao poder no maior país da América Latina.
            Computados os resultados das urnas, a histeria não recuou. Órgãos respeitáveis, como The New York Times, The Economist e a revista Foreign Affairs continuaram a repetir o discurso difamatório, sem qualquer respaldo em dados da realidade. Um ex-chanceler chegou ao ponto de conceder entrevista à rede CNN para dizer que o país estaria “talvez de volta a um regime autoritário, com alguns traços fascistas”.
            Os criadores dessa narrativa parecem haver passado as últimas décadas em sono profundo. Como no conto “Rip Van Winkle”, roncavam alheios a tudo, enquanto a violência tomava conta das cidades brasileiras, as empresas públicas eram saqueadas e a economia do país mergulhava na maior crise de sua história. Nenhuma menção é feita aos desmandos de governantes que financiaram ditaduras, superfaturaram obras inúteis, sucatearam os serviços públicos e devolveram dissidentes a regimes opressores. Mais grave ainda, nada de bom se diz sobre o trabalho da operação Lavajato, o bom funcionamento das instituições brasileiras e o despertar da cidadania. Somos tratados como uma república de bananas, que embarcou na aventura de eleger um líder caricato.
            A estratégia dos novos “Celsos” é clara: utilizar o front internacional para desacreditar, isolar e minar o governo Bolsonaro. Pretendem, com isso, provocar o desgaste da imagem do Brasil junto aos governos estrangeiros e organismos internacionais – e negar a legitimidade dos resultados eleitorais de outubro – de modo a pavimentar seu caminho de retorno ao poder. Exercício semelhante foi levado adiante, com sucesso, na desconstrução do governo Temer. Almejam agora repetir a dose.
            O Itamaraty não pode permitir que isso aconteça. Temos um governo, eleito de forma democrática e constitucional. Esse governo terá de ser defendido e viabilizado na cena internacional. A narrativa difundida pelos adversários do presidente eleito precisa ser desmontada, com urgência, por nosso serviço exterior. Não se trata de afinidade política, mas simples dever de ofício.
            Ao governo eleito cabe definir, o quanto antes, a equipe que assumirá o comando do Itamaraty. De imediato, será necessário anunciar as diretrizes de política externa do novo governo e pôr em marcha a agenda de viagens do presidente eleito. Em paralelo, deve-se conceber e implementar uma estratégia efetiva de comunicação com o público externo. Artigos difamatórios precisam ser respondidos com firmeza, sem tergiversações.
            O bom diplomata precisa entender e respeitar o país que representa. O fenômeno Bolsonaro não nasceu apenas do sentimento de contrariedade da população brasileira com o colapso da nova república. Sua eleição representou a emergência de um novo Brasil – mais conservador e cioso de seus valores. Uma nação que aspira por maior segurança pessoal e melhores oportunidades de trabalho, com setores produtivos que anseiam por segurança jurídica e liberdade para empreender.
            Esse novo Brasil viu em Jair Bolsonaro a possibilidade de livrar-se dos excessos da agenda progressista. O voto do “mito” galvanizou a recusa do politicamente correto; empolgou os exasperados com a irracionalidade do laxismo legal e a insensatez da agenda de costumes da esquerda. Esses 56 milhões de brasileiros promoveram pela primeira vez no país, uma efetiva alternância de poder.
            Semelhante fenômeno precisa ser explicado no exterior. Chegou a hora de colocarmos ordem na Casa e darmos um basta à narrativa que enxovalha a imagem do Brasil. Parafraseando um conhecido adágio militar romano, poderíamos dizer, diante dos desafios internacionais do novo governo: “Si vis pacem, para Celsum”. Se o governo Bolsonaro quiser a paz no front internacional, deve preparar-se para enfrentar os novos “Celsos” – com a mesma habilidade e sabedoria que o iluminado Orígenes teve ao defender a fé cristã.
            Excelente texto! Coloca de forma didática e pragmática a construção de narrativas que cada um pode fazer, alguns distorcendo a verdade para alcançar benefícios pessoais.
            Aproveito a “deixa” para construir também minha narrativa, usando as informações vindas do mundo espiritual, que a Terra vai ser promovida de mundo de Provas e Expiações, para mundo de Regeneração, onde o bem prevalece sobre o mal. Foi sugerido também que o Brasil seria a Pátria do Evangelho, que já é, e Coração do Mundo.
            A eleição de Jair Bolsonaro, um homem fortemente religioso, foi tida como uma espécie de milagre, ter alcançado o poder sem o conchavo com forças trevosas ou apadrinhamento de poderosos da mídia e das empresas. Recebeu a notícia da vitória com a humildade que caracteriza os homens intuídos pelo divino e se fé merecedor de proteção extrafísica a ser salvo de faca covarde por um comando que até hoje não foi esclarecido.
            Portanto, estamos preparados para ingressar numa administração mais ética e justa, onde os nomes que estão sendo escolhidos até agora representam uma mudança verdadeira do estado de caos que nos encontrávamos.
            Cabe agora a nós, pessoas de bem, que não estamos mancomunados com as trevas nem hipnotizados pelos construtores de falsas narrativas, a desmontar os castelos de mentiras que querem construir para solapar a verdade e o nosso destino enquanto país.
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 25/11/2018
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