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MESSIANISMO
               Quando troquei minha militância política partidária aqui no mundo material, pela militância espiritual, se é que posso chamar assim, também no mundo material, mas prestando contas diretamente com Deus, tendo Jesus, o Cristo, como mestre e dirigente, fui advertido por pessoas amigas da possibilidade de estar embarcando na canoa insana do messianismo. Que é isso?
               Messianismo é a crença na vinda ou retorno de um enviado divino, libertador, um messias, com poderes e atribuições que aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido.
               Acredito que eu não esteja encaixado nesse conceito. Não acredito na vinda desse enviado divino com essas características. Acredito que este enviado já veio, Jesus, e cumpriu a Sua missão de nos ensinar sobre o Amor e da construção do Reino de Deus a partir da transformação do nosso coração, da reforma íntima. Dessa forma, agindo com honestidade dentro dos Seus princípios, estaremos trazendo a fraternidade e justiça ao povo oprimido. Isso já está acontecendo com muitos.
               Mas, existe outro conceito para messianismo, e talvez dentro desse eu me encaixe melhor: sentimento de eleição ou chamado para o cumprimento de uma tarefa sagrada. Qual “tarefa sagrada” seria essa para a qual eu fui chamado?
               Amor Incondicional. Aprender, praticar e difundir a essência do Amor Incondicional em todos os meus relacionamentos, íntimos, familiares, profissionais, e sociais de forma geral, esta foi a “missão” que entrou na minha mente como “vontade do Pai” e que aceitei o Mestre Jesus como o instrutor mais próximo.
               Mesmo que eu não entre num clima de fanatismo extremo, que seja bem discreto em minhas ações, mesmo assim a minha prática tem mostrado o quão distante estou da imensa maioria dos meus amigos, parentes e confrades: nos relacionamentos íntimos, no trabalho profissional, no engajamento político partidário, etc.
               Como a Verdade, a transparência de minhas ações faz parte deste “comportamento messiânico”, eis porque estou fazendo esta reflexão e reconhecendo o messianismo tomando conta dos meus construtos mentais e se afastando da realidade, da cultura social. Isso acontece com a permissão cognitiva do meu livre arbítrio, da coerência que encontro no que estudo e do dever de aplicar na prática. É o caminho da insanidade? Acredito que não, pelo seguinte motivo. A prática majoritária, o comportamento egoístico da humanidade atual deve ser seguido como prova de sanidade? Devemos ler e estudar os livros sagrados, os princípios espirituais, a Lei de Amor, somente como regras utópicas que nunca poderemos alcançar? Devemos sempre dizer o que fazer, mas nunca fazer o que deve ser feito? Se podemos, com saúde mental, responder negativamente a essas três indagações, então estou dentro da “saúde mental”.
               Conclusão: sou um messiânico com saúde mental, aquele que procura colocar em prática o que aprendeu de positivo nos livros sagrados, que procura fazer a reforma íntima e ser a cada dia melhor, que procura evoluir com rapidez sabendo que um dia estará mais próximo do Criador, que sabe estar em descompasso com o mundo material, mas sintonizado com os valores espirituais... sei que não estou sozinho nessa labuta messiânica, muitos como eu já atuam por aí, cada um com suas missões, mesmo que sejam em menor número, muitos inconscientes de suas importantes tarefas. Talvez entre os meus amigos, até aqueles preocupados com minha sanidade mental, sejam também messiânicos e conduzindo missões mais pesadas que a minha.
 
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 16/12/2018


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr