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CÍRCULO DO MAL DE HITLER (12) – GLÓRIA DESPEDAÇADA
Interessante procurar saber como o mal pode se desenvolver e ameaçar todos os países do mundo. O que se passou na Alemanha Nazista sob o comando de Hitler e seus asseclas, abordado pela Netflix em uma série sob o título “Hitler’s circle of evil” serve como um bom campo para nossas reflexões.
XII
Em outra cervejaria da cidade, Dietrich Eckart, antigo mentor de Hitler, não tem ideia do golpe em ação. O melhor exemplo de como Eckart foi afastado do círculo íntimo é o fato de ele não saber sobre o golpe até receber uma ligação após a meia-noite. Um colega ligou perguntando onde ele estava e contando o que houve. O partido dominou.
Quando Eckart fica sabendo que von Kahr foi solto, ele prevê o perigo. Sabe que não pode confiar em von Kahr, e exclama: “Fomos traídos!”
Os instintos de Eckart estão certos. Von Kahr rapidamente reúne o exército. Em um instante, o jogo vira contra os nazistas. O golpe está paralisado e, ao amanhecer, Goring e o resto do círculo íntimo não sabem o que fazer.
Naquela manhã, Eckart vai à sede do Partido Nazista. As tropas SA estão entoando seu slogan “Acorde, Alemanha”. Mas Eckart, o homem que ajudou a começar tudo, foi deixado de fora do golpe. Então, seu antigo protegido chega. O carro de Hitler para com força em frente a Eckart. Hitler lhe dá um olhar raivoso e diz: “Entre no carro de trás e me siga.” Será a última vez que esses dois homens conversarão.
Para tentar manter o golpe, Ludendorff toma a iniciativa. Aproveitou o momento e disse: “Vamos marchar!” Os nazistas marcham ao centro de Munique em uma última tentativa desesperada.
Goring, Hitler, Ludendorff, todos juntos. E eles dão os braços. Mas as autoridades os aguardam. Goring é baleado na perna e fica gravemente ferido, não podia andar, só se arrastar. Foram encurralados em uma rua estreita. É um caos total. Os nazistas foram cercados e têm de fugir.
No tumulto, 16 nazista foram mortos e muitos ficaram feridos, e Hitler consegue sobreviver. Uma bala errou Hitler por uns 30 centímetros. Se tivesse ido para a direita, a história teria sido diferente.
Eckart vê o homem que ele moldou como O Grandioso fugir para se salvar. O golpe terminou em total desastre. Muito ferido, Goring foge para a Áustria, exilado de seu país como um homem procurado, com seus sonhos de glória despedaçados.
Rudolf Hess também foge para a Áustria. E Himmler volta para a casa da mãe. Ainda não era tão importante para atrais a atenção das autoridades. Rohm se entrega e é preso junto com Hitler. O golpe foi um completo fracasso, o círculo íntimo foi desfeito, o partido se dissolveu e o Fuhrer deles estava preso.
Ninguém imaginaria que essas pessoas tomariam o poder de novo e fariam o mundo entrar em uma guerra sangrenta. Juntos eles aprenderam uma lição valiosa. Esse tipo de política revolucionária não dava certo. Para subverter a democracia era preciso se tornar democrático.
Quando tudo parecia que iria dar certo, que os nazistas iriam tomar o poder pela força das armas, eis que uma jogada mal dada foi o suficiente para a perda da glória, que fugiu entre seus dedos e se despedaçou.
O homem que criou toda essa fantasia que se tornou um partido, cuja revolta e ressentimento se transformou em luta armada, capaz de matar os próprios irmãos para alcançar o objetivo do poder, ele não irá parar. A não ser que acontecesse algo que o tirasse dessa trajetória, como aquela bala que passou a poucos centímetro de sua cabeça.
Mas esse deve ser o processo evolutivo por onde estamos navegando, bons e ruins, e o próprio planeta. Por mais que o mal consiga adquirir poderes e se manter por algum tempo com ele, de alguma forma o bem se recupera e dar um salto qualitativo. Observamos isso com a derrota de Hitler e seus aliados, e uma melhora qualitativa nas relações humanas logo a seguir. Esperamos que o longo período que nosso país também ficou subjugado pelo mal que lhe sugou as energias, consiga agora se recuperar e trazer anos de progresso compensatório.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 11/03/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr