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TOLERÂNCIA (01)
            Tudo que acontece no mundo fica registrado em algum aspecto da natureza. Se alguma pessoa inteligente, munida de um bom aparelho captador de imagens, distante 2000 anos da Terra, direcionando suas lentes em nossa direção, iria perceber um homem caminhando nas estradas da Galileia, acompanhado geralmente por 12 discípulos, chamado de Jesus de Nazaré.

            Isso tudo dentro de uma perspectiva material, sem colocar aspectos transcendentais, espirituais, que são muito mais abrangentes que nossos recursos físicos.

            Há vários autores espirituais que trazem informações da época de jesus, que o conheceram pessoalmente, como Ramatis, que tem um livro muito interessante, “O Divino Peregrino”, colocando com detalhes a vinda do Mestre à Terra.

            Irei. A partir deste artigo, trabalhar as informações trazidas pelo espírito Shaolin através do médium João Nunes, das reuniões instrutivas que Jesus fazia com os discípulos na cidade de Betsaída, quando voltava de suas caminhadas, ensinando e curando, por vilas, cidades e sinagogas.

            No primeiro encontro, registrado por Shaolin, uma pergunta foi feita por Filipe, aquele que já tinha recebido uma resposta meio dura do Mestre e que foi registrada por João, 14, da seguinte forma: ...“Se vós, de fato, tivésseis me conhecido, teríeis conhecido também a meu Pai; e desde agora vós o conheceis e o vistes.” Solicitou-lhe Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso é suficiente para nós.” Então Jesus ministrou-lhes: “Há tanto tempo estou convosco, e tu não tens me conhecido, Filipe? Aquele que vê a mim, vê o Pai, como podes dizer ‘mostra-nos o Pai?’”... Foi mais uma bronca do Mestre, pois Ele acabara de falar sobre isso, que alguém estando a ver Ele, estava vendo o Pai.

            Desta vez, Filipe foi mais cuidadoso com a pergunta: “Mestre, era nossa intenção saber com mais propriedade espiritual, o que significa Tolerância, pois as vezes me confundo por desconhecer seus limites.”

            O Mestre explicou com paciência.

            - É um estado de alma que todos nós deveremos conquistar.

            - Ela por si só tem múltiplos valores, mas denuncia algum perigo. É como uma massa forte no alimento da vida, que pode exagerar a fermentação.

            - Não podemos viver sem a força da Tolerância que nos faz acalmar alguns impulsos inferiores.

            - Junto a ela devemos colocar a razão em evidência para que não passe dos limites.

            - A impaciência pode ser fatal, da mesma forma que o veneno disciplinado pode ser fonte de vida.

            - Sem controle, a Tolerância forma uma interrupção na mente que desconhece a disciplina, fazendo esquecer a justiça. Ela não pode passar das fronteiras delimitadas pelo bom senso.

            - Quando toleramos um desequilíbrio, aprovamos a desarmonia. Passamos a alimentar uma força contrária que elimina a paz.

            - Tolerar sem conhecimento de causa é estimular efeitos que podem ser perniciosos, favorecendo a conivência.

            - Desaprovar um ato alheio, ou mesmo nosso, não implica em usar a violência, tampouco o escândalo.

            - Pelas tuas próprias feições, ao conversar com alguém, é fácil de notar, no silêncio do coração, que não apoias tais ou quais atitudes.

            - Tolerância é palavra mais ou menos solta, que carece do empenho do coração e da inteligência enriquecidas na experiência do tempo e nas bênçãos do Pai Celestial.

            - Não esqueçais nunca da condescendência (que cede a vontade ou opinião alheia), mas se esquecer da educação, que cede na hora que a caridade deseja e que nega no momento em que o abuso quer dominar a humildade.

            - No instante em que duvidas até que ponto pode ir a Tolerância, procurai os recursos da oração com respeito e fé, que a inspiração divina vos dará a resposta, como o instinto de comer e de beber.

            - Aqueles que se esforçam em direção à Luz, tem a assistência dos Anjos.

            - Se queres viver em paz com os outros e com a própria consciência, procura disciplina a vossa Tolerância para convosco e para com vossos semelhantes, desde que faças tudo isso com e por amor.

            Depois de explicações tão pertinentes e profundas, quase ninguém no círculo da reunião, ouviu as murmurações de Filipe:

            “Meu Deus! Como é trabalhoso ser bom! Como é problemático ajudar aos outros dentro dos princípios da justiça e do amor! Talvez a Tolerância dentro dessas normas, não agrade a ninguém!
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 04/04/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr