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HOMEM ANJO
Durante o processo evolutivo do espírito, a partir da sua condição de completo ignorante, vamos observar a conquista lenta e gradativa do necessário para atingir a condição pura, perfeita, a condição de anjo.
Na minha corrida e caminhada da Praia do Meio à Praia de Ponta Negra, consegui visualizar e comparar movimentos que podem representar as duas primeiras fases evolutivas, a primeira onde predomina o movimento do cavalo, a força dos instintos, da biologia. Na segunda fase, identifiquei o movimento do caranguejo como a saída do espírito de sua “toca” mental e conduz o movimento do corpo virado para o leste, para o nascer do sol, astro que representa Deus em muitas civilizações, como o poderoso Egito.
O meu corpo forçado a se movimentar virado para o astro-rei, é uma prova da força do espírito sobre a competência da força biológica, instintiva, representada pelo cavalo, que segue sempre em linha reta.
Assim, nessas duas fases, podemos considerar a força do corpo e a força do espírito empatados no movimento que se repete até a chegada ao objetivo. Como poderia ser representada a terceira fase, onde o espírito já tem o predomínio total sobre o corpo e pode ser considerado puro, perfeito... um anjo?
Refleti que essa condição que deveria envolver todos os movimentos ocorridos durante a corrida e caminhada, tanto os movimentos de Marcha Militar (cavalo), quanto de Polichinelo (caranguejo), e também os movimentos da corrida em si.
Dentro dessa abrangência, com o espírito em completo controle sobre o corpo, posso imaginar que as limitações corporais do cansaço e limites físicos, podem ser superados. Então, a corrida se tornaria menos penosa, o avanço mais rápido. Claro, essa condição eu não alcancei e talvez jamais alcance nesta atual encarnação, neste planeta. Mas fica a promessa de que isso um dia pode ser alcançado, como algumas pessoas que por bilocação podem estar em dois lugares distintos.
Para atingir essa condição, sei que muitas lutas irão ser travadas entre o meu corpo e o meu espírito. Deverei administrar os prazeres do corpo para que não ocorra exageros, para que não seja provocada doenças ou quaisquer outros problemas que atrasem o desenvolvimento do espírito. E não é só isso, o espírito está consciente que deve exigir do corpo uma cota de sacrifício, tanto para controlar seus impulsos e melhorar a capacidade funcional do corpo, quanto na ajuda aos semelhantes, que implica a sair da zona do conforto.
Esta luta na qual o espírito mostra a prevalência nos dias da Quaresma, devem ser ampliados para outros momentos e até se tornar o hábito. A forma de lutar com tanto afinco só nesse período e logo que passa os 40 dias volto a ter a mesma complacência com os prazeres do corpo, devo ter cuidado, e manter o controle das rédeas sobre esses desejos carnais, por bem mais tempo. Só assim, a terceira fase do homem anjo pode surgir e permanecer.  
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 22/04/2019


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr