PRESTANDO CONTAS COM O CRISTO – FIDELIDADE
Sei que ao regressar ao mundo espiritual irei prestar contas com o Cristo, ou quem Ele determinar, sobre os atos que pratiquei aqui na Terra, no mundo material, encarnado num corpo físico sujeito a tantos instintos, tantas forças que tenho como dever domesticar.
Um dos comportamentos que tive e que até hoje recebo críticas sobre a justiça, ética e moral que ele mostrou e que merece, até neste momento. Merece mais uma reflexão da minha parte, enquanto ainda estou encarnado neste mundo material, para ver se, eu me considerando errado, ainda tenho como reparar os prejuízos.
Esse comportamento que quero prestar contas é com respeito à fidelidade que prometi a minha primeira esposa, no ato do meu casamento. Passei bastante tempo mantendo esse compromisso de fidelidade, cerca de seis à oito anos. Foi quando nos estudos espirituais me deparei com o conceito de Amor Incondicional e que considerei importante, verdadeiro e necessária à sua prática. Nesse mesmo momento passei a receber convites de uma colega de trabalho para namorarmos, incluindo o sexo. Isso ia de encontro ao meu compromisso de fidelidade com minha esposa, e, claro, recusei. Mas os convites continuaram insistentemente e isso fez eu entrar em novas reflexões colocando em jogo o conceito de Amor Incondicional ensinado pelo Cristo e também pela bússola comportamental que Ele nos ensinou para não sairmos do caminho da ética e da justiça: “fazer ao próximo o que quero que façam a mim”.
Dentro dessa nova perspectiva, passei a considerar que o convite que eu estava recebendo devia aceitar, pois o Amor Incondicional não estava sendo agredido, pelo contrário, incentivava. Da mesma forma que minha colega desenvolveu o desejo de namorar comigo, eu também tinha por ela o mesmo desejo. Pode ser dito que isso não era amor, que era puro instinto, mas o instinto foi também feito pelo Criador dentro da gente para que pudéssemos usá-lo. O que importava saber era: esse namoro entre nós dois era ruim para qualquer um de nós? Claro que não! Poderíamos responder. Iria nos dar prazer. Não havia promessas ou recompensas em função disso. Ambos sabíamos nossas condições de vida e que o namoro seria bom para nós. Se o nosso universo fosse só este, Mestre, eu não estaria agora aqui procurando esta prestação de contas. Mas existia as minhas circunstâncias de vida e as da minha colega. Eu sabia que ela era casada e que o marido tinha diversas experiências afetivas como essa que ela estava querendo ter comigo. Isso justificava o lado dela. Acontece que eu tinha uma esposa fiel, que cumpria o que havia prometido desde o nosso casamento. Se eu saísse com essa colega para namorar, iria quebrar o compromisso de fidelidade. Mas, o Amor Incondicional estava me liberando, eu poderia seguir a vossa bússola comportamental, amado Mestre, desde que eu não considerasse os compromissos com minha esposa.
Este foi o meu dilema. Até onde eu poderia ignorar a liberdade que o Amor Incondicional me dava, por respeitar um compromisso que o amor condicional, romântico, um dia elaborou? Eu iria viver até os fins dos meus dias, como estava escrito na promessa, por respeitar esse amor romântico, condicional a uma pessoa? Mesmo que eu percebesse que a cultura funcionasse dessa forma, que a maioria mostrava um cumprimento a essa promessa para a manutenção do casamento, mesmo que por trás houvesse a quebra de fidelidade. Eu não queria participar dessa hipocrisia.
Fiquei muito tempo paralisado dentro desse dilema, até que um dia resolvi quebrar essa fidelidade e sair com minha colega para namorar. Para compensar o meu senso de justiça, aceitei implicitamente que a minha esposa tinha o direito de ter o mesmo comportamento que eu, pois assim fazendo também estava seguindo os parâmetros do Amor Incondicional. Mas acontece que, apesar de todos esses cuidados éticos, conceituais, eu não pude evitar o sofrimento que a minha esposa padeceu por causa de minha decisão. Até hoje ela coloca de forma amargurada, a perversidade do meu comportamento, de não ter tido cuidado com a felicidade dela, procurando atender apenas aos meus desejos carnais.
Eis, Mestre, minha prestação de contas no campo da Fidelidade. Eu sei que Vós, como filho mais evoluído do Pai, que consegue sondar nossos corações, sabe que eu não tinha intensões de ferir ninguém, e sim de praticar o Amor Incondicional, da forma que aprendi e compreendi. Teria que ser fiel, principalmente ao Amor Incondicional, assim entendia.
O que fiz, Mestre, foi certo ou errado? A minha consciência, onde está escrita a lei de Deus, não me acusa. Mas eu recebo tantas críticas, acusações, e tantas recriminações, principalmente daquela que se sente mais prejudicada, a minha primeira esposa, que resolvi recorrer a Vós.
Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 28/09/2019