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Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.

1 - O que é o Sínodo dos Bispos?

O Sínodo dos Bispos é um órgão permanente da Igreja Católica, externo à Cúria Romana que representa o episcopado. Foi criado pelo Papa Paulo VI em 15 de setembro de 1965, com o Motu Próprio Apostolica sollicitudo.

O Sínodo é convocado pelo Papa, que define sua agenda, e pode se reunir de três formas: Assembleia Geral Ordinária para assuntos relativos ao bem da Igreja universal; Assembleia Geral Extraordinária para assuntos urgentes; e Assembleia Especial para assuntos relativos a uma ou mais regiões. Tem ele um caráter puramente consultivo, mas pode exercer função deliberativa quando o Papa o conceder.

Até o momento foram realizadas quinze Assembleias Gerais Ordinárias do Sínodo dos Bispos. A 16a. se dará em 2023.

Este Sínodo aconteceu como previsto, de forma totalmente inusitada, com mesas circulares para evitar o surgimento da hierarquia. Cada integrante tinha o mesmo potencial de captar a graça do Espírito Santo e assim passar as informações mais coerentes com o ambiente democrático. A consagração dos pastores eclesiásticos perde o seu valor e qualquer leigo tem o mesmo potencial, independente de suas crenças. Fica escanteado o legado do Cristo.

2 – As conclusões de um sínodo são vinculantes?

Não. No passado, o documento final de um Sínodo dos bispos não tinha nenhum valor magisterial, porque sua função era dar sugestões ao Sumo Pontífice. O Papa reagia as ideias do Sínodo e publicava uma Exortação Apostólica pós-sinodal propondo as conclusões do Sínodo a toda a Igreja, às vezes com modificações significativas. Esse documento papal constitui Magistério. Após as reformas introduzidas pelo Papa Francisco a partir de 2015, o documento final torna-se diretamente parte do Magistério ordinário, se expressamente aprovado pelo pontífice. E se o Papa tiver concedido poder deliberativo previamente ao Sínodo, seu documento final se tornará parte do Magistério ordinário após ter sido ratificado e promulgado pelo Papa.

Uma forma sutil de tirar poder do pontífice e passar para a assembleia dos bispos. O poder que Jesus deu a Pedro, começa a se diluir.

3 – Pode um Papa ou sínodo episcopal mudar a doutrina ou as estruturas da Igreja Católica?

Não. Nem o Papa, nem o Sínodo dos Bispos, nem qualquer outro órgão eclesiástico ou secular tem autoridade para mudar a doutrina ou as estruturas da Igreja estabelecidas e confiadas em depósito por seu divino Fundador. O primeiro Concílio Vaticano declara: “A doutrina da fé que Deus revelou não é proposta às mentes humanas como uma invenção filosófica, mas foi entregue à Esposa de Cristo como um depósito divino para guarda-la fielmente e ensiná-la com magistério infalível. Portanto, esse significado dos dogmas sagrados que a Santa Madre Igreja declarou deve ser aprovado em perpetuidade, e nunca se deve retirar desse significado sob o pretexto ou com as aparências de uma inteligência mais completa.

A Congregação para a Doutrina da Fé afirma: “O Romano Pontífice está, como todos os fiéis, submetido à Palavra de Deus, à fé católica, e é garantia da obediência da Igreja: e, neste sentido, servus servorum. Ele não decide segundo o próprio arbítrio, mas dá voz à vontade do Senhor; que fala ao homem na Escritura vivida e interpretada pela Tradição; noutros termos, a episkopè do Primado temos limites que procedem da lei divina e da inviolável constituição divina da Igreja, contida na Revelação”.

Parece um limite sólido para ser destruído, mas como o avanço dos adversários é sorrateiro, usando os mesmos artifícios burocráticos que foram criados para a proteção, devemos ficar atentos, pois eles irão querer destruir essas instruções.

4 – Que mudanças o Papa Francisco introduziu no Sínodo dos Bispos?

O Papa Francisco trouxe mudanças profundas ao Sínodo dos Bispos, anunciadas por ocasião do 50o. aniversário de sua instituição em 2015.

Exprimindo o desejo de que o Povo de Deus seja consultado na preparação das assembleias sinodais, o Papa propôs um plano para criar uma nova “Igreja Sinodal” baseada na premissa: o Povo de Deus, graças ao senso sobrenatural da fé (sensos fidei), não pode se enganar (é infalível in credendo) e tem um “faro” para descobrir os caminhos que o Senhor indica à sua Igreja. A Igreja Sinodal comportaria uma escuta recíproca entre o povo fiel, o colegiado episcopal e a Sé de Roma para saber o que o Espírito Santo “diz às igrejas” (Ap 2,7) Para isso, todos os órgãos eclesiais nas paróquias, dioceses e Cúria Romana devem ficar conectados á base e partir sempre “do povo, dos problemas do dia-a-dia”.

A fim de envolver os fiéis, o Papa Francisco alterou o Sínodo dos Bispos com a Constituição Apostólica Episcopalis communio (15 de setembro de 2018). O Sínodo agora está dividido em três fases: a a fase preparatória, de consulta ao povo de Deus; a fase operativa, na qual as conclusões da assembleia, aprovadas pelo Papa, devem ser aceitas por toda a Igreja.

O Papa propôs um plano para criar uma nova Igreja? Então, a cabeça não é mais o Cristo? Agora teremos que depender do “faro” que o “Povo de Deus” tem para descobrir os caminhos que o Senhor (quem é esse novo Senhor? Pois o Cristo já deixou a orientação do Seu caminho desde o início) indica a sua Igreja (a nova Igreja). O Papa quer saber o que o Espírito Santo vai dizer para as Igrejas através do “Povo de Deus”, humanos que não conseguem seguir na trilha que o Cristo ensinou. Por quem será que esse “Povo” será inspirado? Pelo Espírito Santo ou pelas Potestades e Principados como preveniu o apóstolo Paulo? Muito provável que, pelo comportamento do Papa, este já esteja sendo inspirado por esse novo “Espirito Santo” e fortemente inspirado para aprovar as novas inspirações e faze-las ser aceitas por toda a Igreja ainda considerada Santa Apostólica Romana.

5 – Como o Papa Francisco justifica essa mudança radical no Sínodo dos Bispos?

Segundo o Papa Francisco, os bispos são ao mesmo tempo mestres e discípulos.

Mestres quando anunciam “a Palavra de verdade em nome de Cristo, cabeça e pastor”. Mas são também discípulos quando, “sabendo que o Espírito desce a cada pessoa batizada, ele ouve a voz de Cristo que fala por meio de todo o povo de Deus”. Assim, o Sínodo se torna um instrumento adequado para dar voz a todo o povo de Deus por meio dos bispos.

É esta inspiração que o Papa está tendo, que imagina ser do Espírito Santo que pode descer a cada pessoa batizada (como ele, eu e muitos dos meus leitores) e agora pode instruir aqueles que dantes já foram instruídos pelo próprio Cristo. É a invocação dessa democracia litúrgica que deve ser respeitada por toda a Santa Igreja Católica, segundo o Papa, e as instruções do Cristo devem ficar silenciadas como aconteceu há 2 mil anos quando Pilatos provocou esta mesma eleição democrática com o “Povo de Deus”.

 

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Enviado por Sióstio de Lapa em 07/04/2024
Alterado em 07/04/2024
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