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Para defender a Santa Igreja Católica é preciso saber como está se procedendo os ataques, quem são os atores e quais são as instâncias deliberativas no campo administrativo para que a demolição da Igreja como foi construída no passado, venha acontecer. Vejamos o que nos diz o Capítulo II do livro “O Processo Sinodal, uma caixa de Pandora – 100 perguntas e 100 respostas”.

08 – Por que o Papa Francisco decidiu realizar duas assembleias?

De acordo com o plano inicial, a Assembleia Sinodal seria realizada em Roma em outubro de 2023. No entanto, ao final de Angelus no domingo, 16 de outubro de 2022, o Papa Francisco anunciou que a Assembleia realizará duas sessões, com um ano de diferença entre uma e outra.

A razão invocada é a necessidade de que “o tema da Igreja Sinodal, devido a sua amplitude e importância, seja objeto de discernimento prolongado não apenas pelos membros da Assembleia Sinodal, mas por toda a Igreja”. A primeira Assembleia será seguida por uma nova fase do compromisso do Povo de Deus com o que tiver sido discutido pelos delegados em Roma.

09 – O que aconteceria se número significativo de fiéis discordasse e rejeitasse as decisões do Sínodo ou do Papa?

A Constituição Apostólica Episcopalis Communio, com a qual o Papa Francisco modificou o Sínodo dos Bispos, parece conter uma contradição. Diz o parágrafo 5 que todo bispo é um discípulo “quando ele, sabendo que o Espírito é concedido a cada batizado, se coloca à escuta da voz de Cristo que fala através de todo o Povo de Deus, tornando-o infalível “in credendo”. Essa ideia é reforçada no parágrafo 7, que insiste no fato de que “o processo sinodal não tem apenas o ponto de partida, mas também o ponto de chegada no Povo de Deus”. Portanto, parece que a implementação das decisões do Sínodo depende de sua boa recepção pelos fieis, como sugere o site do Secretariado do Sínodo: “As diretrizes comuns (...), depois de terem sido aprovadas pelo sucessor de Pedro, são aplicadas nessas igrejas locais”.

No entanto, a seção IV, que trata da implementação do Sínodo, prevê que os bispos diocesanos “cuidam da recepção e aplicação das conclusões da Assembleia do Sínodo, recebidas pelo Romano Pontífice”(art. 19 par 1), e que as “Conferências Episcopais coordenam a aplicação das citadas conclusões no seu território” (Art. 19 par 2). Nada diz sobre o que aconteceria em caso de desacordo entre o Povo de Deus e os pastores com relação à aplicação concreta das orientações sinodais. Se a vontade dos pastores prevalecesse, todo o processo de escuta seria em vão, e a retórica da sinodalidade pareceria insincera. Se prevalecesse a vontade do Povo de Deus, a Igreja seria transformada em uma democracia de facto.

A ideia central é transformar a Igreja em uma democracia. Uma democracia feita por pessoas ditas que são o Povo de Deus, mas se comportam de forma diferente da vontade de Deus, onde todos sejam irmãos e que se amem uns aos outros como a si mesmo. Essa determinação do Pai divino foi seguida por algum tempo pelos reis católicos da Europa, mas que foram destituídos pelas revoluções libertadoras, iluministas, modernistas, socialistas, maçônicas. Hoje temos as nações com seus presidentes eleitos de forma democrática e que evoluem para regimes totalitários de perversa dominação, escravidão, sem direito de expressar a livre opinião, sem condições de interagir com a verdade.

 

Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 07/04/2024


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Imagem de cabeçalho: Sergiu Bacioiu/flickr